O
diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse
nesta quarta-feira, 10, que as expectativas de inflação para 2025, 2026 e
2027 continuam estacionadas em 3,5%, 0,5 ponto porcentual acima do
centro da meta, de 3%. Esses dados sobre as estimativas dos agentes
financeiros fazem parte do relatório de mercado Focus divulgado
semanalmente pela autoridade monetária.
Ainda
sobre a inflação doméstica, o diretor disse, em evento virtual
promovido pelo JPMorgan, que a inflação doméstica de serviços caiu, mas
em ritmo menor que bens industriais.
O
diretor afirmou também que o ambiente global continua volátil, mas um
pouco menos adverso do que no momento da reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) anterior.
Ele citou, por exemplo, que os
núcleos de inflação têm caído em diferentes regiões e que será
importante acompanhar de perto os próximos índices. “Tem havido avanço
na desinflação de núcleos em várias regiões”, disse.
O
diretor, o primeiro do BC a se pronunciar publicamente em 2024, pontuou
que o ambiente global continua requerendo cautela por parte das
economias emergentes, ainda que elas apresentem processo de desinflação
mais claro.
De
qualquer forma, Guillen comentou que os bancos centrais das principais
economias têm ficado atentos e atuantes para trazer os preços para
patamares mais baixos.
Pressão local de salários
O
diretor disse que o Copom continua a acreditar que não há significativa
pressão dos salários, ainda que os dados apresentados sejam diferentes
entre si. Enquanto o Caged revela certa manutenção da renda, a Pnad
mostrou uma leve elevação.
De forma geral, o diretor disse
que o mercado de trabalho no Brasil passa por alguma transformação.
Ainda não está claro, segundo ele, se isso é fruto da aprovação da
reforma trabalhista. “Há dificuldades de dimensionar”, comentou.
Impacto no crédito
Guillen
também afirmou que os impactos da política monetária no crédito estão
em linha com as expectativas. Em dezembro, o Copom cortou a Selic pela
quarta vez consecutiva em 0,50 pp, para 11,75% ao ano.
O
colegiado manteve a sinalização de que o ritmo de corte de 0,50 ponto
porcentual continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões,
no plural.
Na
coletiva do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente
do BC, Roberto Campos Neto, enfatizou que essa mensagem vale para dois
encontros: de janeiro e março de 2024.
Câmbio
O
diretor do BC disse ainda que, como a autoridade monetária não tem uma
meta de câmbio, não houve razões para intervenções em 2023. Ele lembrou
que o BC não fez nenhuma intervenção no mercado cambial no ano passado e
que isso ocorreu pela primeira vez desde 1999, quando o País adotou o
sistema de câmbio flutuante dentro do tripé econômico, que leva em conta
também metas de inflação e a área fiscal.
“Quando intervimos no mercado? Quando o mercado requer alguma intervenção”, minimizou o diretor.
Ele
salientou que alguns países sofreram mais com o câmbio no ano passado,
mas que o comportamento no Brasil ocorreu dentro do desejável.