segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Crédito para aéreas precisará de prazos estendidos; analistas veem demandas adicionais

 Fotos de Aeroporto guarulhos, Imagens de Aeroporto guarulhos ...


O setor de companhias aéreas poderá ter acesso, ainda neste ano, a uma linha de crédito específica via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O objetivo é reverter a crise que tem se intensificado no setor desde 2020. No entanto, para que haja chance de efeito, não só os juros deverão ser mais baixos, como os prazos para pagamentos precisarão ser estendidos, avaliam analistas. Ainda assim, outros fatores deverão ser observados para que as novas dívidas sejam equacionadas e o fôlego para as operações se torne duradouro.

A nova fonte de empréstimos é uma das três medidas que estão sendo discutidas pelo governo federal, conforme já anunciado pelo ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Para que seja viabilizada, a linha de crédito via BNDES precisa de um fundo garantidor. Uma das possibilidades é de que isso seja feito com recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), já em discussão no Congresso por meio do projeto de lei 3.221/2023. Outro caminho citado recentemente por Costa Filho é a criação de um novo fundo, sendo específico para as companhias e sem ligação com o Fnac.

Ainda não se tem detalhes sobre as condições da futura linha de crédito – volume de recursos, juros e prazo para pagamento. Contudo, pelas próprias características do BNDES, a expectativa é de taxas menores que a praxe de mercado e com facilitação de pagamento. “As empresas terão uma injeção de capital relevante para que possam manter e até ampliar a sua operação, buscando recuperar o potencial de ganho de receitas de maneira sustentável”, diz o advogado Marcelo John Cota de A. Filho, do escritório Schiefler Advocacia.

As companhias que operam no mercado doméstico brasileiro têm reportado prejuízos bilionários nos últimos anos. Os representantes dizem que a situação foi agravada durante a pandemia de covid-19, com baixa nas operações, aumento do querosene de aviação (QAV) e até dificuldades na aquisição de novas aeronaves por problemas nas cadeias de suprimentos. Com exceção da demanda por voos, que tem aumentado paulatinamente, os outros dois problemas seguem assombrando o setor.

“As aéreas necessitam de grandes volumes de capital para manter suas operações e aumentar a capacidade de oferta. Diante de circunstâncias críticas com volume de receitas baixo, contrair dívidas ao obter créditos para financiar essas operações pode ser uma medida necessária. Inclusive, essa contratação pode ser mais favorável que eventual emissão de debêntures ou de ações com a diluição de capital”, observa o advogado Eduardo Teixeira Farah, que atua na área de direito aeronáutico pelo NHM Advogados.

Resultados

Os analistas consultados chamam a atenção para a necessidade de que a linha de crédito seja acompanhada por outras medidas, o que inclui não só ações de Estado, mas também de ajustes nas estratégias das próprias companhias. “Embora forneça fôlego, não é uma garantia de recuperação. Isso dependerá também das estratégias de negócios adotadas por cada companhia aérea com os recursos captados através do crédito”, afirma o advogado Marcelo John Cota de A. Filho.

Já na parte de medidas adicionais que demandam ação do Estado, os analistas citam itens como a melhoria dos serviços aeroportuários, das rotas atuais, a ampliação da concorrência e a redução do preço do querosene de aviação. O governo promete que no pacote de medidas a ser anunciado estará contemplado o preço do querosene e ação para reduzir o número de processos judiciais de passageiros contra companhias, outra reclamação do setor.

Dúvidas sobre fonte garantidora

O advogado Rodrigo Figueiredo, sócio do escritório RVF Advogados, diz que é necessário lembrar que, em que pese o apoio do governo, o fundo garantidor para a nova linha de crédito pode demorar a se concretizar. “Na legislação atual, os recursos do Fnac não poderiam ser destinados a instrumentalizar garantias em empréstimos às companhias aéreas – e seria um risco jurídico significativo desviá-los para esse fim sem a devida autorização legal”, explica.

Em entrevista publicada na sexta-feira, 26, o autor do PL 3.221/2023, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), afirmou ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que ainda falta o governo se organizar internamente sobre o projeto e iniciar o trabalho político para a aprovação. Contudo, um dia antes, Costa Filho falou pela primeira vez sobre a possibilidade de, em vez do Fnac, criar um fundo específico para as companhias.

Segundo o ministro, a proposta de criação do novo fundo está sendo estudada pelo governo e deve ser apresentada em dez dias. A ideia, conforme Costa Filho, é de que esse fundo conte com recursos de R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões, mantendo a função de servir como garantidor para a linha de crédito via BNDES.

“Ainda não está claro se o governo empregará esforços políticos para aprovação urgente da matéria no Congresso ou se, à míngua de aprovação dessa matéria pelo Legislativo, o próprio Executivo desde logo buscará regular o assunto, por meio de medida provisória, uma vez declarando a relevância e urgência do tema”, avalia Figueiredo. Nesse cenário, o advogado lembra que o tema tem potencial para criar rusgas entre o governo e os parlamentares.

O próprio autor do projeto de lei que flexibiliza o uso do Fnac disse que existe resistência entre deputados federais e senadores sobre as aéreas. “Tem um grupo que fica batendo no setor porque em dezembro e janeiro já costuma ter aumento de tarifas. Mas também falta o governo ter uma iniciativa, agir de forma integrada dentro do Palácio do Planalto, na Casa Civil”, afirmou Carreras.


quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Receita usa IA para identificar R$ 1 bi em bitcoins não declarados no Imposto de Renda 2023

 


Segundo o Fisco, os dados foram coletados por meio de técnicas tradicionais e uso de inteligência artificial

Segundo o Fisco, os dados foram coletados por meio de técnicas tradicionais e uso de inteligência artificial (Crédito: Receita Federal/Divulgação)

 

A Receita Federal informou que identificou mais de R$ 1 bilhão em bitcoins não declarados no Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) de 2023. O montante corresponde a 25,1 mil pessoas físicas que possuem bitcoins e não fizeram a declaração do criptoativo.

Segundo o Fisco, os dados foram coletados por meio de técnicas tradicionais e uso de inteligência artificial. Cada uma das 25 mil pessoas que teriam posse de bitcoins possuíam, ao menos, 0,05 bitcoin, o equivalente a cerca de R$ 10 mil em valores atuais. Todos os estados da federação têm residentes não declarantes de bitcoins, mas a maior concentração fica nas regiões centro-oeste e sul.

Também de acordo com a Receita, 181 pessoas com posse de bitcoins estariam no exterior. A depender de novas avaliações do órgão, eles poderão ser dispensados de entregar a declaração no Brasil.

De todas as declarações de imposto de renda entregues pelas pessoas físicas em 2023, foram identificados 237,3 mil investidores em bitcoins, com um montante acumulado de R$ 20,5 bilhões.

Os dados apontam que mais da metade, 50,9% dos declarantes, fizeram investimento de até R$ 1 mil. O valor de até R$ 10 mil foi informado por 80,6% das pessoas físicas. Há, também, investidores que indicam ter mais de R$ 1 milhão em bitcoins.

Estímulo à conformidade dos bitcoins

Com o objetivo de facilitar o correto preenchimento da declaração de imposto de renda, a Receita Federal afirmou que disponibilizará dados de bitcoins e outros criptoativos na declaração pré-preenchida em 2024, assim como fez no ano passado.

Além disso, a fiscalização avalia realizar ação de estímulo à autorregularização dos dados informados no ano passado, incentivando a conformidade, sem a imposição de multas que são devidas no caso de abertura de procedimentos fiscais.

“Haja vista o surgimento de criptoativos que possuem valor individual muito baixo, ao contrário do que acontece com bitcoins, e acompanhando a dinâmica do mercado, a Receita Federal promoveu ajustes no leiaute da declaração utilizada para captação de dados”, afirmou a Receita, em nota.

O órgão também salientou que avaliações periódicas realizadas sobre criptoativos constatou um crescimento significativo dos stablecoins. As stablecoins, também chamadas de moedas estáveis, são criptomoedas pareadas em algum ativo estável ou cesta de ativos, de modo a controlar a sua volatilidade. Uma stablecoin pode ser atrelada a uma criptomoeda, a uma moeda fiduciária, a metais preciosos, como ouro e prata, ou a commodities, como o petróleo.

Distribuição de não declarantes de bitcoins por UF:

Fonte: Receita Federal

JLR investe US$ 1,2 milhão em startup brasileira que reaproveita baterias de lítio

 

Capital da InMotion Ventures, braço de investimentos da Jaguar Land Rover, será usado na expansão da Energy Source, inclusive, para o atendimento de clientes internacionais



A estratégia Reimagine da JLR envolve o lançamento de nove novos veículos elétricos até 2030, e ser carbono zero até 2039 (JLR)

A estratégia Reimagine da JLR envolve o lançamento de nove novos veículos elétricos até 2030, e ser carbono zero até 2039 (JLR)

 

A JLR, dona das marcas Jaguar e Land Rover, por meio do seu braço de venture capital InMotion Ventures, na Inglaterra, anunciou investimento de 1,2 milhão de dólares (cerca de 5,9 milhões de reais) na Energy Source, startup brasileira que oferece soluções para reparo, reutilização e reciclagem de baterias de lítio.

Esse é o primeiro investimento da InMotion Ventures no Brasil, onde a equipe busca capitalizar o crescente ecossistema de startups do país e ampliar seu foco para além do Reino Unido e dos Estado Unidos.

Os recursos serão utilizados para acelerar a expansão das operações da Energy Source, que está em estágio inicial, permitindo que a startup continue atendendo a clientes globais no futuro, a partir de sua planta industrial de 4.500 metros quadrados, localizada em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo.

O investimento está alinhado com o roteiro global da JLR de eletrificação e ambições de sustentabilidade para permitir uma economia circular para baterias de veículos. A eletrificação das marcas Range Rover, Defender, Jaguar e Discovery está no centro da estratégia Reimagine (reimaginar, na tradução) da companhia, com a ambição de atingir o carbono líquido zero até 2039.

"Reparar, reutilizar e reciclar baterias de lítio é fundamental para a estratégia Reimagine da JLR, e é por isso que este é um primeiro investimento importante para nós no Brasil. A participação no capital da Energy Source coloca a JLR no caminho para o desenvolvimento de um ecossistema de veículos elétricos de ponta a ponta", diz Igor Murakami, diretor de novos serviços e inovação aberta da JLR.

Mais luxo, mais sustentabilidade

A JLR assumiu o compromisso de seguir as metas aprovadas pela iniciativa Science Based Targets initiative (SBTi) até 2030, buscando diminuir em 46% as emissões de gases que causam o efeito estufa em todas as suas operações e reduzir, em média, 54% as emissões por veículo ao longo de toda a cadeia produtiva.

Com a previsão de lançar nove carros elétricos até 2030, a empresa reconhece a importância de abordar o impacto ambiental e o ciclo de vida das baterias para alcançar suas metas de sustentabilidade.

Segundo Paulo Manzano, CMO do grupo JLR no Brasil e na América Latina, em entrevista ao podcast Clube CMO da EXAME, esse é o momento mais disruptivo do mercado ao longo dos mais de um século de indústria automobilística.

Em 2023, a marca também adotou uma nova identidade corporativa, quando passou a se apresentar como JLR. “Viramos uma house of brands. Deixamos de ser uma fábrica de automóveis que faz carros de luxo. E passamos a ser uma empresa de luxo que fabrica automóveis”, afirmou João Oliveira, CEO da Jaguar Land Rover no Brasil, na ocasião.

O executivo ainda destacou que a eletrificação é prioridade para a companhia. “Todo ano virão produtos eletrificados novos. Temos fábrica no Brasil (em Itatiaia, no Rio de Janeiro), onde produzimos Discovery Sport e Evoque, e temos um estudo para que ela possa começar a fornecer modelos elétricos, inclusive para outros mercados, como os Estados Unidos.”

A startup brasileira Energy Source oferece soluções para reparo, reutilização e reciclagem de baterias

Desafios dos fabricantes de veículos elétricos

A Energy Source iniciou as atividades no Brasil em 2016 e logo se tornou a primeira empresa da América Latina a fabricar baterias estacionárias de lítio de segunda vida para energia solar, telecomunicações, sistemas de segurança, entre outros.

A startup evoluiu para se posicionar como um balcão único para baterias de lítio e, atualmente, como uma indústria completa de transformação de metais. Nos últimos sete anos, produziu aproximadamente 10 MW/h de baterias, reciclou 700 toneladas de baterias não reutilizáveis e reparou outras 5 toneladas delas, evitando que 1.600 toneladas de carbono fossem emitidas na atmosfera.

Com uma oferta que cobre todos os serviços de pós-produção, a Energy Source está enfrentando os principais desafios dos fabricantes de veículos elétricos (OEMs): gerenciamento de baterias no final de sua vida útil e otimização do ciclo de vida. A empresa oferece reparos locais para prolongar a vida das baterias existentes, evitando que os OEMs substituam um componente que pode representar até 70% do preço de venda do veículo elétrico.

Os sistemas de armazenamento de segunda vida da empresa permitem que os fabricantes explorem novas fontes de receita e oportunidades de economia de energia, como a instalação de estações de carregamento renováveis alimentadas por bateria em varejistas.

Além disso, suas operações de reciclagem de baterias possibilitam que os fabricantes recuperem materiais de alto valor das células gastas, aumentando a circularidade e reduzindo a necessidade de novas atividades de mineração.

"A minha visão é impulsionar um progresso substancial na resposta aos desafios da eletrificação da frota e no avanço da indústria eletrônica. A parceria com a JLR e a InMotion Ventures não é apenas uma escolha, mas o caminho ideal para concretizar as nossas ambições. Juntos, vamos aproveitar a experiência e os recursos coletivos, preparando o caminho para o próximo passo significativo na nossa jornada em direção a soluções impactantes", conclui David Noronha, CEO e fundador da Energy Source.

Créditos

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Graduada em Jornalismo, com MBA em Marketing Digital pela FGV e passagens por veículos como Estadão e Época Negócios. Escreve sobre marketing e atua em projetos especiais como a Melhores e Maiores, Exame CEO e o Clube CMO

Com importação do Brasil, indústria do lítio ganha força na Alemanha

 

País terá primeira refinaria em larga escala e seu papel será fundamental na nova geração de veículos elétricos; operação começa em maio


Segundo Scherer, o primeiro módulo poderá produzir 20 mil toneladas de hidróxido de lítio/ano, o suficiente para fabricar meio milhão de baterias de carro (AFP) (AFP/AFP Photo)

Segundo Scherer, o primeiro módulo poderá produzir 20 mil toneladas de hidróxido de lítio/ano, o suficiente para fabricar meio milhão de baterias de carro (AFP) (AFP/AFP Photo)

Conhecida no passado pelos desastres ambientais derivados da indústria e mineração, a cidade de Bitterfeld-Wolfen caminha para se tornar um local-chave na ambiciosa transição ecológica da Alemanha com a implantação da primeira refinaria de lítio em larga escala do país. 

Assim como a extração, a refinaria tem o objetivo de desempenhar um papel fundamental para os planos europeus na missão de explorar e aprimorar as próprias matérias-primas necessárias para alimentar uma nova geração de veículos elétricos.

A fábrica começará a produzir o lítio, um pó branco, em maio. A operação de refino contará, inicialmente, com o lítio importado do Brasil.

Este material é um dos metais necessários para fabricar baterias elétricas, das quais a Europa deseja reduzir sua dependência de importação.

O aumento da demanda por baterias era "previsível", explica Stefan Scherer, diretor da AMG Lithium, uma empresa que "se juntou à onda" e lançou o projeto da refinaria de lítio há mais de quatro anos.

Bitterfeld-Wolfen, leste da Alemanha, a cerca de 140 quilômetros de Berlim, foi escolhida por sua "proximidade com os clientes".

A Europa considera sua dependência de importações de metais raros como uma desvantagem crescente, em um contexto de tensões geopolíticas - especialmente com a China.

Potencial de produção

Apesar de não ser o maior produtor de lítio bruto, a China possui grande parte da capacidade global de processo, assim como produção de baterias.

Segundo a Cepal, Chile, Bolívia e Argentina formam o chamado "triângulo do lítio", pois possuem 56% do total mundial do metal.

No ano passado, a União Europeia apresentou propostas para garantir o fornecimento e aumentar a extração e transformação de matérias-primas, essenciais para a indústria europeia.

O objetivo é assegurar 40% do refinamento de matérias essenciais em seu território.

Scherer afirma que o primeiro módulo poderá produzir 20.000 toneladas de hidróxido de lítio por ano, o suficiente para fabricar meio milhão de baterias de carro. Outras unidades poderiam ser acrescentadas durante o tempo para atingir 100.000 toneladas, "até 20%" da demanda na Europa.

Para a indústria alemã, e especialmente para os fabricantes de automóveis, a deslocalização da produção de lítio "aumenta sua resistência em caso de tensões na cadeia de suprimentos internacional", segundo o especialista em mobilidade elétrica do think tank Transport and Environment, Yoann Gimbert.

Projeto de mina

Em Zinnwald, município próximo à fronteira com a República Tcheca, um projeto apoiado pela AMG quer completar a cadeia produtiva, com a exploração de um promissor depósito de lítio.

O objetivo de extração de 10% fixado pela UE demonstra a dificuldade de abastecer-se localmente com grandes quantidades de lítio.

Embora a extração seja apenas uma solução parcial, a nova capacidade de processamento traçada na Europa poderia "satisfazer totalmente a demanda", afirma o analista da IW Consult, Cornelius Baehr.

No entanto, em sua opinião, a implementação dos projetos atuais ainda é incerta, e o tempo de inauguração das novas instalações - entre cinco e dez anos - significa que o objetivo da UE para 2030 "não será fácil de alcançar".

Créditos

Agência de notícias

Agence France-Presse é uma agência de notícias francesa.

Inadimplência das famílias é a menor em quase dois anos

 

Apesar disso, endividamento cresceu em janeiro



Supermercado em São Paulo (Leandro Fonseca/Exame)

Supermercado em São Paulo (Leandro Fonseca/Exame)

 

O percentual de famílias com dívidas, em atraso ou não, ficou em 78,1% em janeiro deste ano. A taxa ficou acima dos 77,6% de dezembro e dos 78% de janeiro de 2023. Dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira (1º) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

A parcela de famílias inadimplentes, isto é, aquelas endividadas que têm contas e dívidas em atraso, recuou em janeiro. Os 28,3% registrados no mês são o menor percentual desde março de 2022. Em janeiro de 2023, a taxa havia sido 29,9%, enquanto em dezembro, ficou em 28,8%.

O total de famílias que não terão condição de pagar suas contas ficou em 12% em janeiro deste ano, abaixo dos 12,2% de dezembro, mas acima dos 11,6% de janeiro de 2023.

As famílias com renda de cinco a dez salários mínimos foram as únicas com redução no endividamento. Por outro lado, também foi a única faixa de renda com aumento da inadimplência.

Por meio de nota divulgada à imprensa, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, afirmou que, de uma forma geral, a pesquisa de janeiro mostra um cenário positivo para este ano.

“As pessoas estão conseguindo, aos poucos, quitar suas dívidas para contrair outras e adquirir novos produtos, planejar viagens, enfim, voltar a consumir com mais fôlego”, destacou Tadros.

Entre os principais responsáveis pelo endividamento do consumidor estão o cartão de crédito (86,8%), os carnês (16,2%), o crédito pessoal (9,7%) e os financiamentos de casa e de carro (8,4%).

Créditos

Agência de notícias

Agência da Empresa Brasil de Comunicação. Informações sobre política, economia, esportes, cidadania

Brasil investe mais de 30 bilhões de dólares em transição energética em 2023, diz BloombergNEF

 

Maiores investimentos globais estão concentrados nos setores de transportes elétricos, energia renovável e redes elétricas. Estudo divulga ainda os países com investimentos mais relevantes

 


Transição energética: Brasil está entre os 10 países que mais investem em soluções sustentáveis para alcance das metas de redução de carbono (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

Transição energética: Brasil está entre os 10 países que mais investem em soluções sustentáveis para alcance das metas de redução de carbono (onlyyouqj/freepik/Divulgação)

 

O Brasil é o quinto país entre as dez principais economias para investimento em transição energética e, de acordo com a pesquisa Energy Transition Trends 2024 da organização de pesquisas sobre mercados globais, BloombergNEF (BNEF), foram investidos US$ 34.8 bilhões em energia renovável e captura e armazenamento de carbono (do inglês, carbon capture and storage ou CCS) durante 2023. 

Também estão na lista de investimento relevantes em soluções de transição energética, países como: China, EUA, Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, Japão, índia e Itália. A China, por exemplo, lidera com US$ 676 investidos em 2023, correspondendo a quase 40% do total global. Mas quando consideradas conjuntamente, os EUA, o Reino Unido e a União Europeia totalizam US$ 718 bilhões. Já o investimento global alcançou a marca de US$ 1,77 trilhão.

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Apesar de substancial, segundo o estudo, o nível dos investimentos atuais não é suficiente para alcançar a neutralidade de carbono até metade do século. Seriam necessários US$ 4,8 trilhões por ano entre 2024 e 2030 para que os governos se alinhem com o Cenário NetZero da BNEF, com base no estudo New Energy Outlook 2022

“Os gastos com investimentos na transição energética cresceram 17% no ano passado, mas precisam crescer mais de 170% se quisermos chegar ao Net Zero nos próximos anos. Só uma ação determinada por parte dos decisores políticos pode desbloquear este tipo de mudança radical”, afirma Albert Cheung, Vice-CEO da BNEF.

Os setores com maiores investimentos

Ainda segundo o relatório da BNEF, o setor que concentra a maior parte deste investimento é o ramo de transportes elétricos, seguido do setor de energia renovável – o líder de 2022 –  e redes elétricas. 

O setor de energia renovável registrou um aumento de 8% (alcançando US$ 623 bilhões), por conta dos investimentos na construção de instalações eólicas, geotérmicas e solares – além da produção de biocombustíveis. Já o investimento em redes totalizou US$ 310 bilhões. Outro setor de crescimento foi o hidrogênio, captura e armazenamento de carbono e armazenamento de energia. 

Tecnologia climática e transição energética

De acordo com o estudo, o capital levantado por empresas focadas no clima e na transição energética foi de US$ 84 bilhões em 2023. Mas o número diminuiu nos últimos dois anos, visto que as empresas arrecadaram US$ 168 bilhões em 2021 e US$ 127 bilhões no ano seguinte.

Além disso, foram usados mais de US$ 820 bilhões para financiamento da transição energética pelo setor público, o que correspondeu a um aumento de 4% em 2023 – seguidos das instituições financeiras com US$ 176 bilhões e dos governos com 141 bilhões. 

 


https://exame.com/esg/brasil-investe-mais-de-30-bilhoes-de-dolares-em-transicao-energetica-em-2023-diz-bloombergnef/

Repórter de ESG

Graduada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, entrou na EXAME como trainee do programa Imersão EXAME em 2022 e hoje atua como Repórter de ESG. Atuou também nas áreas de assessoria de imprensa e social media.

Com Selic a 11,25%, onde estão boas alternativas de investimentos?


Com Selic a 11,25%, onde estão boas alternativas de investimentos?

Mesmo com corte na Selic, Brasil ainda é o segundo país que melhor remunera investimentos em renda fixa entre os países emergentes. (Crédito: Freepik)

 

Nesta quarta-feira, 31, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) realizou um novo corte na taxa básica de juros, a Selic. Essa é a quinta redução seguida no índice e analistas preveem novos cortes nas próximas reuniões. Mas, afinal, com a taxa atual em 11,25% ao ano, onde estão boas alternativas de investimentos?

Para especialistas do mercado financeiro, mesmo com o corte progressivo da taxa Selic, o Brasil continua remunerando bem os investidores. Segundo o CEO da Multiplike, Volney Eyng, o País ainda é o segundo que melhor remunera na comparação com outros países emergentes, perdendo apenas para o México.

Ele explica que com a taxa Selic em 11,25%, os investimentos em renda fixa acumulam uma perda de 37% em rentabilidade no último ano. Ainda assim, há muitas oportunidades em detrimento da renda variável.

“O Brasil tem a segunda maior taxa de juros real do mundo, perdendo apenas para o México, com 6,49%. A nossa está em 5,95%. Historicamente, os países emergentes e os países do BRICS precisam pagar uma taxa maior, visto que são economias menos desenvolvidas. Esse panorama é bom para o investidor e obriga a renda fixa a remunerar bem. O juro real é a taxa Selic descontada a inflação, e isso é o que literalmente o investidor acaba ganhando líquido, sem perder o poder de consumo”, diz Eyng.

Para o economista, a renda fixa ainda está na preferência dos investidores, embora tenha perdido rentabilidade, devido à proteção que oferece.

“Com os juros sendo reduzidos, a renda variável tende a ganhar escala, mas, por enquanto, o investidor tem buscado proteção e isso o leva à renda fixa. Os títulos de dívida do governo são um bom ativo”, comenta.

Ainda de acordo com Eyng, investidores devem recorrer aos ativos que contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ou investir em títulos públicos. “Os mais sofisticados podem buscar Fundos de Investimentos em Direito Creditório (FIDC)”, destaca.

Alternativas de investimentos

Na avaliação do sócio da gestora de recursos Equus Capital, Felipe Vasconcellos, para os investidores mais conservadores, títulos de renda fixa, especialmente os pré-fixados, podem ser uma boa alternativa, especialmente se considerarmos o cenário de que a Selic vai seguir na sua trajetória de queda, chegando num piso de 9% ou, em um cenário mais otimista, de 8,5% a 8%.

“No entanto, partindo dessa mesma premissa, essa queda nas taxas de juros pode impulsionar o retorno de ativos tidos como mais arriscados, como ações e ativos ilíquidos, com fundos de private equity ou de venture capital. Um investidor com uma visão de longo prazo, com uma tolerância de risco um pouco maior, deveria aproveitar esse momento para montar posições nesse tipo de ativo”, analisa.

Segundo o economista e CEO da Corano Capital, Bruno Corano, não é porque os juros caíram, por enquanto, um pouco, que o juro real que a Selic oferece deixou de ser interessante. Ainda assim, ele recomenda algumas alternativas.

“Primeiro, vale trabalhar na curva longa dos juros por meio dos títulos do Tesouro e, segundo, ficar muito atento para os ativos de renda variável, que têm mais volatilidade e seguem com uma janela de oportunidade. A questão é ter habilidade para selecionar. Estamos falando sobre ações, FIIs e de vários outros títulos de renda absolutamente variável com marcação a mercado”, indica.

Questionado se ativos de risco podem ganhar maior atratividade com a queda da Selic, Corano confirma e acrescenta que o cenário pode ficar ainda mais vantajoso se a taxa básica de juros dos Estados Unidos cair nos próximos meses.

“Já começou o que o brasileiro gosta de chamar de rally, um aquecimento bem forte em dezembro, que foi demonstrado por vários ativos, em particular na bolsa brasileira. Essa movimentação deve seguir conforme os juros se movimentarem. Especialmente quando os juros americanos apresentarem a primeira queda”, afirma.

Diferenças entre Renda Fixa e Renda Variável

Renda fixa e renda variável são duas categorias de investimentos que se diferenciam principalmente em relação à previsibilidade dos rendimentos.

Na primeira, os investimentos são conhecidos por oferecerem retornos mais previsíveis, pois os investidores geralmente conhecem antecipadamente a forma como os rendimentos serão calculados. Ela oferece uma taxa de juros fixa ou variável, geralmente definida no momento da aplicação. Os títulos de renda fixa incluem CDBs, Tesouro Direto, Letras de Crédito, entre outros. Em geral, a renda fixa é considerada menos arriscada do que a renda variável, mas os retornos também podem ser mais moderados.

Já a renda variável tem como característica principal investimentos sujeitos as mudanças do mercado, com rendimentos não previsíveis. O valor dos ativos pode variar significativamente ao longo do tempo. Diferentemente da renda fixa, não há garantia de retorno. Os investimentos em renda variável incluem ações, fundos imobiliários, opções, commodities, entre outros.

Entretanto, a renda variável pode oferecer retornos mais significativos, mas isto está associado a um maior risco de perda, pois os preços dos ativos podem ser influenciados por diversos fatores, incluindo condições econômicas, políticas e de mercado.