quarta-feira, 8 de maio de 2024

Haddad diz que crédito para compra de bens materiais a moradores do RS deve ser amplo

 

Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 8, que a medida de estruturação de linhas de crédito especiais para a população do Rio Grande do Sul deve ser “ampla” em relação aos bens materiais que poderão ser financiados. Haddad não detalhou quais produtos estariam incluídos, mas disse que o momento exige uma providência “abrangente”, permitindo uma avaliação posterior mais concreta sobre o que efetivamente será necessário.

“É amplo, primeiro, temos que fazer medida ampla para depois fazer avaliação concreta sobre o que vai precisar. Mas, assim, pelo que estamos vendo no noticiário, imagens deixam claro que muitas vezes estamos falando de reconstrução de uma vida toda. Precisamos ter muito cuidado, claro, acompanhamento, transparência, já falei que conversei com o presidente do TCU sobre isso, mas a tragédia exige providência mais abrangente”, disse Haddad a jornalistas, ao ser questionado sobre que tipos de bens materiais estão sendo considerados.

O ministro encaminhou na terça-feira, 7, à Casa Civil um projeto de lei sobre crédito subsidiado que será ofertado à população do Estado gaúcho afetada pelas enchentes.

Há ainda uma proposta que trata da suspensão da dívida do Rio Grande do Sul com a União.

terça-feira, 7 de maio de 2024

Itaú está com ‘algum excesso’ de capital e pode ter dividendo extraordinário, diz CEO

 


Agência do Itaú Unibanco

Agência do Itaú Unibanco (Crédito: Divulgação / Itaú Unibanco)

 

Reutersi

O Itaú Unibanco vem trabalhando com “algum excesso” de capital e, mais próximo do final do ano, com mais informações disponíveis, fará uma calibragem para, eventualmente, fazer um pagamento de dividendo extraordinário, afirmou nesta terça-feira o presidente-executivo do banco, Milton Maluhy Filho.

“A nossa política será trabalhar com o capital adequado para fazer frente aos desafios, para crescer o banco, investir no negócio, esse é o nosso objetivo central”, disse o executivo em coletiva de imprensa após a divulgação do balanço na véspera, acrescentando que o Itaú não tem meta de pagamento de dividendo.


“Tendo sobra e excesso (de capital), a ideia é distribuir sim e fazer um novo dividendo extraordinário, se for o caso”, afirmou.

O Itaú encerrou o primeiro trimestre com um índice de capital nível 1 – Basileia III de 14,5%, acima dos 13,5% apurados um ano antes. O Índice de Capital Principal (Common Equity Tier I) – Basileia III encerrou o período em 13%, de 12% no mesmo período de 2023.

O executivo citou que ainda existem incertezas no radar, principalmente no ponto de vista regulatório, o que explica manter um certo colchão. Ele ressaltou, contudo, que todas as mudanças regulatórias por vir são de magnitude “absolutamente absorvíveis” dentro das simulações do banco.

Nos primeiros três meses do ano, o Itaú apurou um lucro líquido recorrente de R$ 9,77 bilhões, crescimento de 15,8% ano a ano, em resultado marcado por melhora na rentabilidade, com expansão da carteira de crédito e queda na inadimplência.

O CFO Alexsandro Broedel ressaltou que o Itaú não tem sacrificado o crescimento do banco por conta de reduções de custos, citando que o banco tem buscado eficiência e, ao mesmo tempo, investido em novos negócios e tecnologia.

Maluhy Filho acrescentou que o banco continua atento a oportunidades de crescimento inorgânico (M&A), com a mesma disciplina de alocação de capital, mas ponderou que o Itaú Unibanco está bastante confortável com o tamanho, com a disciplina e com a capacidade de crescimento orgânico.

Às 11h18, as preferenciais do Itaú tinham elevação de 0,9%, a R$ 32,71, enquanto o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,7%. Veja cotações.

Inadimplência

O CEO também afirmou que espera certa estabilização dos índices de inadimplência olhando para frente, talvez uma leve queda, mas acrescentou que vai depender do ritmo de crescimento de carteira de crédito e do mix onde essa carteira será construída.

“Mas o banco está super confortável com os indicadores, eu acho que o pior da crise já ficou para trás no nosso caso há bastante tempo”, disse. “Daqui para frente, talvez, eu espero menos reduções, são sutis os efeitos, mas uma estabilidade nesses patamares eu acho que é bem adequado para a gente continuar crescendo com qualidade”.

No primeiro trimestre, a carteira de crédito total ajustada apurou uma expansão de 2,8%, para 1,18 trilhão de reais em março, enquanto o índice de inadimplência de 90 dias caiu de 2,9% para 2,7%. O custo do crédito totalizou 8,793 bilhões de reais, queda de 3,2% ano a ano.

De acordo com Maluhy, tal movimento na inadimplência foi desencadeado por uma ação direcional do banco, de redução de exposição em determinados segmentos que o Itaú entende serem menos interessantes.

A queda na inadimplência ocorreu devido à menor inadimplência do segmento de pessoas físicas no Brasil, principalmente nas carteiras de cartão de crédito, crédito pessoal e veículo, de acordo com os números divulgados na véspera pelo maior banco brasileiro.

“Embora o ajuste do Itaú no apetite ao risco provavelmente limite o crescimento… acreditamos que isso provou criar valor em uma base ajustada ao risco”, afirmou o Goldman Sachs em relatório a clientes enviado no final da segunda-feira assinado por Tito Labarta e equipe.

“Os ROE também permaneceram saudáveis em todos os segmentos, com o varejo em 23,0% e o corporativo em 28,0%. Acreditamos que os resultados serão bem recebidos e reforçarão as perspectivas de crescimento de lucros e distribuição de dividendos.”

 

Com alta na receita e nas encomendas, Embraer reduz prejuízo no 1º trimestre

 


Pátio da Embraer (Crédito: Embraer / Divulgação)

A Embraer registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 63,5 milhões no primeiro trimestre de 2024. O número representa uma redução de 86% em relação ao resultado negativo de R$ 460,5 milhões reportado no mesmo período do ano passado.

O lucro líquido atribuível aos acionistas da Embraer e o lucro líquido por ADS foram de R$ 142,7 milhões e R$ 0,1943 nos três primeiros meses de 2024, comparados a prejuízos de R$ 368,3 milhões e R$ 0,5014, respectivamente, entre janeiro e março de 2023.

O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 233,7 milhões, mais do que quadruplicando o resultado de R$ 53,9 milhões do primeiro trimestre de 2023. A margem Ebitda ajustada ficou em 5,3% ante 1,4% um ano antes.

O Ebit ajustado ficou em R$ 33,8 milhões, revertendo o número negativo em R$ 163,9 milhões do mesmo período do ano passado. A margem Ebit ajustada ficou em 0,8% ante 4,4% negativos no primeiro trimestre de 2023.

Já as receitas líquidas totalizaram cerca de R$ 4,5 bilhões no trimestre, alta de 19% em relação ao ano anterior. A companhia destaca o desempenho do segmento de Aviação Executiva, com crescimento de 2,6 vezes ano sobre ano – a maior receita e número de entregas para um primeiro trimestre dos últimos 8 anos.

A carteira total de pedidos atingiu US$ 21,1 bilhões – o maior nível dos últimos 7 anos. A da Aviação Comercial registrou um aumento de US$ 2,3 bilhões (+26% em relação ao trimestre anterior).

Juiz de garantias não é só um dever, mas uma necessidade da Justiça, avaliam advogados

 

Quem é (e o que faz) o juiz de garantias, mudança que o STF ...

O Conselho da Justiça Federal publicou a Resolução CJF nº 881/2024, que dispõe sobre a implementação do instituto do juiz das garantias e a tramitação de investigações, ações penais e procedimentos criminais na Justiça Federal a partir de agora. Em agosto do ano passado, o plenário do Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do juiz de garantias, que deverá atuar apenas na fase do inquérito policial.

Ele será responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais dos investigados. A partir do oferecimento da denúncia, a competência passa a ser do juiz da instrução.

Para o advogado criminalista Fernando Hideo Lacerda a regulamentação do juiz das garantias atende a determinação do STF. Segundo Hideo, o Supremo reconheceu a constitucionalidade da reforma processual penal que instituiu o juiz das garantias “como órgão responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário”.

“Em linha com a regulamentação pioneira por parte do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o Conselho da Justiça Federal agiu corretamente e adotou as providências necessárias à adequação das leis de organização judiciária dos Tribunais Regionais Federais visando à efetiva implantação e ao regular funcionamento do juiz das garantias em todo o país”, considera o criminalista.

Os tribunais têm prazo até dezembro, que poderá ser prorrogado por 12 meses, para regulamentar o juiz das garantias, possibilitando a implementação do novo sistema em todo o país a partir das diretrizes fixadas pelo Conselho Nacional de Justiça.

A advogada Carolina Carvalho de Oliveira, especialista em Direito Penal Econômico, afirma que a Resolução deixa a critério dos tribunais regionais a definição das varas competentes com a confirmação de que a denúncia será distribuída para juízo diverso daquele da apuração. “Está oficialmente consagrada a criação do juiz de garantias na esfera federal que diverge do juiz da instrução e julgamento do processo.”

Carolina Carvalho pontua que “o juiz das garantias será responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal, pela salvaguarda dos direitos individuais, bem como da determinação do trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento”.

Daniel Bialski, mestre em Direito Processual Penal, afirma que a regulamentação é mais um passo para colocar vigente o juízo de garantias, “que não só é um dever, mas uma necessidade da nossa Justiça”.

Mas Bialski faz um alerta. “Como isso, na prática, vai ser executado? Já que a Justiça Federal, diferentemente da Justiça Estadual, não tem varas distintas, uma para comandar inquéritos policiais e providências cautelares e as outras varas onde seriam distribuídos os processos. Há que se aguardar esta definição para que todos esses expedientes possam ter o respeito e a obediência à determinação, não só legislativa, mas também disposta no julgamento do STF.”

O advogado constitucionalista Adib Abdouni entende que a normatização é uma evolução importante da legislação processual penal introduzida pela Lei 13964/19 (pacote anticrime). “Na esteira do que decidido pelo STF nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade números 6298, 6299, 6300 e 6305, sua implantação é atribuição típica de organização judiciária de competência aos tribunais”, observa.

Para ele, a Resolução 881/24 estabeleceu diretrizes uniformes, no âmbito da Justiça Federal, que “buscam vencer, com segurança jurídica, as dificuldades administrativas de sua execução e funcionamento, a assegurar as garantias e o controle de legalidade da investigação criminal, assim como preservar os direitos individuais de investigados”.

“A competência do juiz das garantias cessa com o oferecimento da denúncia e, por conseguinte, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. A Resolução debruçou-se sobre a atuação dos magistrados, a distribuição dos feitos criminais a juízo diverso daquele do procedimento apuratório, assim como para aclarar a excepcionalidade do emprego de videoconferência para a realização da audiência de apresentação de pessoa presa, tudo a conferir segurança jurídica à nova sistemática implementada”, afirma Adib.

"Não tem mais volta", diz Nobre sobre catástrofes climáticas

 

Em entrevista à DW, climatologista Carlos Nobre aborda o desafio de preparar cidades brasileiras para eventos climáticos extremos, e estima que 3 milhões de pessoas teriam que ser retiradas de áreas de risco.Enquanto pessoas ilhadas ainda aguardam resgate e mais de 300 municípios do Rio Grande do Sul nem conseguem calcular o prejuízo causado pelas enchentes, cientistas alertam que eventos com chuvas extremas chegaram para ficar.

O que chama a atenção, diz Carlos Nobre, climatologista brasileiro que fez carreira no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), é que essas tragédias estão acontecendo mais cedo do que se previa. Em 2007, o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) da ONU previu que esses fenômenos se tornariam recorrentes por volta de 2030 ou 2040.

A antecipação se deve ao aumento rápido da temperatura média do planeta: em 2023, o recorde de aquecimento foi batido, com 1,5° C a mais que no período pré-industrial. Em 2024, o calor acima da média continua.

“Os modelos indicavam que, quando a gente atingisse 1,5°C, já deveríamos esperar fenômenos muito extremos, de chuvas muito intensas e prolongadas, como vimos no Rio Grande do Sul”, afirma Nobre.

O desafio, aponta o cientista, será adaptar as cidades e retirar cerca de 3 milhões de brasileiros que vivem em áreas de risco. “Aumentar a resiliência e ter uma política de adaptação às mudanças climáticas é um investimento de centenas de bilhões de reais”, diz ele em entrevista à DW.

DW: As tragédias recentes que vimos no Brasil, como a enchente em Santa Catarina no fim de 2023, a seca extrema na Amazônia e a catástrofe recente do Rio Grande do Sul estão de alguma forma interconectadas? Quais relações a ciência consegue traçar?

Carlos Nobre: Essas tragédias têm uma interconexão, sem dúvida. Começando pela bacia do rio Taquari, no centro-norte do Rio Grande do Sul: ela registrou o maior recorde de chuvas e inundações em setembro de 2023. Ali, houve uma relação direta com o El Niño, que estava se desenvolvendo, provocado pelo aquecimento acima do normal no Oceano Pacífico Equatorial.

O El Niño induz uma seca na Amazônia e um aumento da velocidade do jato subtropical, que passa sobre o Uruguai, Paraguai, centro-leste da Argentina e Sul do Brasil. Quando o vento desse jato fica mais forte, a uma altura de 10 a 15 quilômetros, ele faz com que as frentes frias parem ali. Chove muito. O El Niño faz com que esse jato subtropical forte induza chuvas muito fortes no Sul do país.

Essa chuva extrema que vimos semana passada no Rio Grande do Sul, que chegou até o sul de Santa Catarina, é um fenômeno meteorológico um pouco diferente. É um sistema de ondas de todo o Hemisfério Sul entre a região subpolar e as latitudes subtropicais. Esse sistema na última semana estava quase que estacionário, o que a gente chama de bloqueio atmosférico. Havia esse sistema de baixa pressão ao sul e outro de altíssima pressão ao norte. Quando tem um bloqueio de alta pressão, o ar fica mais quente e impede a formação de nuvens. Como está muito quente, cria esta onda de calor, ou domo de calor. No sul, a baixa pressão traz as frentes frias, que ficam estacionadas porque há este sistema de bloqueio.

O El Niño já está numa fase de perder força, o jato subtropical já não está muito forte. Mas, sim, tudo isso tem a ver com o aquecimento global. Os oceanos bateram todos os recordes de aquecimento da história desse o último período interglacial, ou seja, dos últimos 125 mil anos. E quando o oceano está muito quente, evapora muita água e essa água é a fonte de energia para todos os sistema de chuva e indução de áreas de seca. O El Niño existe há milhões de anos, sempre induziu chuvas fortes no Sul, mas bateu-se o recorde agora.

As previsões climáticas feitas anos atrás previam mais chuvas extremas para o Sul do Brasil. Elas estão acertando?

Os modelos matemáticos climáticos rodados há muitos anos já previam. Os modelos com aquecimento global mostram um aumento da chuva anual no Sul do Brasil. Um aumento de 10% a 20%.

O que chama a atenção é que isso está acontecendo de forma muito mais antecipada. Se a gente pegar o relatório do IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] de 2007, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz, eu estava inclusive entre os autores, ele indicava que este tipo de fenômeno poderia acontecer por volta de 2030, 2040. Mas eles [fenômenos dos eventos climáticos extremos] já se anteciparam muito.

No ano passado atingimos o recorde de aquecimento, a temperatura média global já subiu 1,5° C mais quente que o período pré-industrial. Este ano continua quente. A temperatura média do planeta em fevereiro e março de 2024 já bateu 1,56°C mais quente, é o recorde histórico.

Os modelos indicavam que quando a gente atingisse 1,5°C nós já deveríamos já esperar fenômenos muito extremos de chuvas muito intensas e prolongadas como vimos no Rio Grande do Sul.

Com o planeta já perto deste 1,5°C de aquecimento, eventos como este no Sul vão ficar mais frequentes? O que o Brasil tem que fazer para lidar com isso?

Se os oceanos continuarem muito quentes, sim, já estaremos muito próximos de 1,5 ºC. E podemos passar de 1,5 ºC antes de 2030 de forma permanente.

Nesse caso, extremos climáticos ficam mais frequentes em todo mundo. Torna-se essencial acelerar a implantação de soluções para adaptação a estes extremos. No caso de chuvas extremas, o enorme desafio de remover brasileiros de áreas de altíssimo risco como essas destruídas no Rio Grande do Sul. E construir e reconstruir infraestrutura resiliente aos extremos.

O que é preciso para melhorar a capacidade de prever eventos extremos no país, cada vez mais recorrentes?

A capacidade de previsão meteorológica melhorou muito. Isso tem muito a ver com o desenvolvimento científico, com a criação do Cptec [Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos], que fez os primeiros modelos atmosféricos climáticos. E temos o Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais], que utiliza as previsões meteorológicas de todo o mundo, inclusive as do Inpe.

Praticamente, consegue-se prever com vários dias de antecedência esses fenômenos extremos. Às vezes, os modelos matemáticos não conseguem prever recordes, mas eles preveem muita chuva.

Aquele evento extremo de fevereiro de 2023 no litoral norte de São Paulo, o maior volume de chuvas em 24 horas no Brasil, 600 milímetros, os modelos não conseguiram prever. Os modelos previram 300 milímetros. Em vários lugares do Rio Grande do Sul, choveu 800 milímetros em seis dias. Quando a chuva passa dos 200 milímetros já há um enorme risco. O Cemaden repassou essas informações.

É claro que há muito o que fazer. O Inpe tem um modelo regional chamado ETA e ele pode ser rodado com uma resolução de 3 quilômetros. Os modelos com essa resolução espacial conseguem simular melhor a distribuição geográfica da chuva. Isso é importante para ver o risco de desastres para áreas de risco, deslizamento, inundações. O ETA já existe, seria importante retomar o papel dele.

Como reconstruir as cidades destruídas nesta condição de aquecimento do planeta e mudanças climáticas?

É o maior desafio. É o desafio da resiliência, da adaptação. No Brasil, a redução do desmatamento já reduz as emissões e contribui globalmente na luta contra a emergência climática. Tudo isso é importantíssimo e o Brasil pode ser um dos líderes.

Mas estes eventos extremos não têm mais volta. Eles vão acontecer com essa frequência. Ondas de calor que levam a uma quantidade imensa de mortes, secas que levam a queda de produtividade e da agricultura, problemas de abastecimento de água e, lógico, esses eventos de chuvas extremas, deslizamentos, enxurradas, tudo o que a gente viu no Sul.

Aumentar a resiliência e ter uma política de adaptação às mudanças climáticas é um investimento de centenas de bilhões de reais. O Cemaden já fez um estudo e está refazendo com base no censo de 2022. Este novo estudo deve mostrar que mais de 3 milhões de brasileiros têm que sair das áreas de risco.

Por exemplo, aqueles municípios na beira do rio Taquari no Rio Grande do Sul e outros, na planície, na área ciliar do rio. Não pode ter pessoas! Esses eventos vão continuar acontecendo!

Tem também as comunidades que vivem nas encostas, normalmente com pessoas muito pobres. Elas correm um enorme risco por causa dos deslizamentos. É um desafio muito grande buscar, a médio prazo, outros locais seguros para esses brasileiros viverem.

Logicamente, precisamos melhorar muito o nosso sistema de resposta. O Cemaden dá o alerta de risco para as Defesas Civis, e tem que haver uma eficiência muito grande. É claro que, até agora, este trabalho já salvou vidas e retirou mais de 20 mil pessoas das zonas de risco no Sul. Isso mostra que dá para ser feito.

É preciso reagir imediatamente ao alerta do Cemaden, instalar sirenes em todo o Brasil, planejar a saída e o alojamento para todas essas pessoas, sistema de alimentação. Temos visto no Sul uma mobilização muito grande da sociedade civil, voluntários. Temos um enorme desafio pela frente.

 

 https://istoedinheiro.com.br/nao-tem-mais-volta-diz-nobre-sobre-catastrofes-climaticas/

 

Vendas da Tesla na China caem em abril; rivais reportam vendas mais altas

 

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As vendas da Tesla na China caíram em abril, ao passo que os seus rivais chineses informaram vendas mais altas, à medida que o mercado de veículos elétricos do país se recupera de um início lento de ano.

A fabricante de veículos elétricos dos EUA vendeu 62.167 carros fabricados na China em abril, uma queda de 18% em comparação com o ano anterior, mostraram dados preliminares da Associação de Automóveis de Passageiros da China (CPCA, na sigla em inglês) nesta terça-feira. As vendas da Tesla caíram 30% em relação a março.

A CPCA estimou que as vendas totais de automóveis elétricos de passageiros na China aumentaram 33% em relação ao ano anterior, para cerca de 800 mil unidades em abril, ou 2% menos que em março.

A Tesla manteve a sua posição como o segundo maior vendedor de veículos elétricos da China em abril, depois da BYD, que vendeu mais de 300 mil unidades – um aumento de 49% em relação ao ano anterior e de 3,45% em relação a março. A BYD, apoiada por Warren Buffett, ultrapassou a Tesla como a maior vendedora mundial de veículos elétricos no último trimestre de 2023.

A Changan Automobile e a Geely Auto ficaram em terceiro e quarto lugar, com 51.682 e 51.428 veículos vendidos na China, respectivamente. A Li Auto vendeu 25.787 unidades em abril, enquanto a Seres, apoiada pela Huawei, vendeu 25.496 unidades. A Xiaomi juntou-se ao grupo pela primeira vez depois de lançar o seu primeiro EV em março, registando 7.058 unidades vendidas. Fonte: Dow Jones Newswires.

Governo de SP inclui vídeo do MBL em apostila digital do Ensino Médio e depois retira material do ar

 


Conteúdo integrava parte das aulas de língua portuguesa da 2ª série e abordava 'importância do grêmio e do protagonismo juvenil na escola'. Secretaria da Educação diz que material foi removido e caso é investigado.

 

Renato Feder, secretário da educação, e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo — Foto: Rodrigo Rodrigues/ g1

Renato Feder, secretário da educação, e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo — Foto: Rodrigo Rodrigues/ g1

 

O governo de São Paulo incluiu um vídeo do MBL (Movimento Brasil Livre) sobre grêmios estudantis em uma das aulas disponibilizadas nas apostilas digitais de língua portuguesa da 2ª série do Ensino Médio.

Os slides com o vídeo do movimento político foram produzidos pela Secretaria da Educação, comandada pelo secretário Renato Feder. Questionada, a pasta afirmou que o conteúdo já foi removido e apura o caso.

"A Secretaria da Educação informa que a referida aula foi retirada da plataforma e seu conteúdo completamente editado a fim de se adequar aos protocolos pedagógicos da rede. Uma apuração preliminar foi instaurada para responsabilizar os envolvidos e um novo protocolo de revisão de aulas e demais conteúdos foi estabelecido."

O vídeo estava dentro do material “Ler para conhecer: protagonismo na escola”. A ideia, conforme relatado na própria cartilha, era “refletir sobre a importância do grêmio e do protagonismo juvenil na escola”.

Publicado em 2019, o material do MBL fazia parte do projeto “MBL Estudantil”, um braço do grupo, lançado naquele ano, para rivalizar com a União Nacional de Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), além de "combater" o que eles chamam de “doutrinação” de professores.

Nas imagens, a narradora fala sobre as funções dos grêmios estudantis e como eles funcionam. Em seguida, ela comemora a expansão do MBL nas escolas do país.

"Hoje, o MBL estudantil já está em mais 3.000 escolas e nós já temos oito grêmios estudantis que os nossos alunos já ganharam", diz ela, que se apresenta como Julia.

Segundo o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil), um dos fundadores do MBL, o grupo voltado aos jovens foi extinto porque era “desnecessário termos um braço estudantil já que naturalmente boa parte do nosso público é estudante”.

Ele ainda afirma que no ano seguinte, em 2020, o movimento se dedicou a lançar a Academia do MBL, com cursos sobre fake news e formação de novas lideranças.

Representação no MP

A deputada estadual professora Bebel (PT) entrou com uma representação no Ministério Público pedindo providência sobre o conteúdo, com responsabilização dos responsáveis pela sua elaboração e suspensão da sua distribuição.

No documento, ela argumenta que "as escolas estaduais não podem fornecer material didático, apostilas ou qualquer outro de conteúdo oficial, com relação a qualquer assunto que seja, que possa veicular propaganda de partidos políticos ou de grupos que, de alguma maneira, possuam linhas ideológicas. O ensino público não deve professar doutrinas estabelecidas em prol de determinado modo de pensar, seja esse qual for".

Recuos, polêmicas e erros em material

A gestão de Feder é marcada por diversas idas e vindas e polêmicas à frente da educação estadual.

No ano passado, o governo chegou a anunciar que não iria aderir ao material didático e pedagógico do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD), do Ministério da Educação (MEC), e que a rede teria apenas conteúdo digital, e não mais livros impressos, a partir do 6º ano do ensino fundamental.

Após a repercussão negativa, porém, a gestão de Tarcísio recuou nas duas decisões: voltou a aderir ao programa e a oferecer livros impressos.

Em setembro de 2023, a Justiça de São Paulo mandou a Secretaria estadual da Educação suspender a liberação do material didático digital após terem sido constatados graves erros no conteúdo.

Um dos slides afirmava que a cidade de São Paulo tem litoral. Em outro, constava que a água pode transmitir Parkinson, Alzheimer e depressão caso esteja contaminada por mercúrio, agrotóxicos, remédios e produtos químicos em geral.

Já na disciplina de matemática, em aula para o 6° ano do ensino fundamental, foi encontrado erro em uma conta básica de divisão. Em vez de 36 dividido por 9 ser igual a 4, o resultado apontava 6.

Inteligência artificial

No mês passado, o governo de São Paulo anunciou que planeja implementar um projeto-piloto para utilizar uma plataforma de Inteligência Artificial, como o Chat GPT, nas atualizações do material digital usado por professores dos últimos anos do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio.

A secretaria diz que a IA será usada para aprimorar aulas já produzidas "com a inserção e novas propostas de atividades”, e que o conteúdo gerado passará pela avaliação e edição dos professores em duas etapas diferentes, além de checagem de direitos autorais e de design.

O governador defendeu o uso da tecnologia "para facilitar a nossa missão".

A decisão é alvo de críticas de educadores e especialistas em educação, que temem a substituição dos professores pela ferramenta e o empobrecimento do ensino, além de aumentar a possibilidade de erros e informações inverídicas.

Por Thaiza Pauluze, GloboNews e g1 SP 

 

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