Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Desemprego cai para 7,5% em abril, menor taxa para o período desde 2014 (Crédito: Arquivo / Agência Brasil)
Estadão Conteúdoi
A
massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 23,046
bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 313,137
bilhões, uma alta de 7,9% no trimestre encerrado em abril de 2024 ante o
trimestre terminado em abril de 2023. Os dados são da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o
trimestre terminado em janeiro de 2024, a massa de renda real subiu 1,1%
no trimestre terminado em abril, R$ 3,296 bilhões a mais.
O
resultado foi impulsionado tanto pelo crescimento no número de
trabalhadores ocupados quanto pelo aumento no rendimento pago a quem
estava trabalhando, apontou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e
Rendimento do IBGE.
Renda médio mensal subiu para R$ 3.151
O
rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 0,8%
na comparação com o trimestre até janeiro, R$ 25 a mais, para R$ 3.151.
Em
relação ao trimestre encerrado em abril de 2023, a renda média real de
todos os trabalhadores ocupados subiu 4,7%, R$ 143 a mais.
A renda
nominal, ou seja, antes que seja descontada a inflação no período,
cresceu 2,4% no trimestre terminado em abril ante o trimestre encerrado
em janeiro. Já na comparação com o trimestre terminado em abril de 2023,
houve elevação de 9,0% na renda média nominal.
Segundo Adriana
Beringuy, a renda do trabalhador cresceu puxada pela expansão do emprego
formal, que tem remuneração mais elevada que ocupações informais.
Um
dos casos que mais causou rebuliço no início da Operação Lava Jato diz
respeito à renúncia a diversos mandatos de defesa por parte da então
advogada criminalista Beatriz Catta Preta, que vinha ganhando
protagonismo fechando acordos de delação premiada com a força-tarefa de
Curitiba. Ela foi responsável, por exemplo, pela primeira delação da
Lava Jato, a de Paulo Roberto Costa.
Em 2015, após negociar pelo menos outras oito colaborações e
faturar milhões de reais em honorários, ela decidiu fechar o escritório
e ir morar no exterior alegando ter sofrido “ameaças veladas” por parte
de interlocutores de congressistas que seriam implicados nas
investigações por seus clientes. Entre eles estaria Eduardo Cunha, então
presidente da Câmara dos Deputados.
Agora, nove anos após sua saída repentina da Lava Jato, diálogos apreendidos pela Operação Spoofing e acessados pelo Jornal GGN revelam
que Catta Preta chegou a pedir socorro aos procuradores de Curitiba
antes de tomar a decisão de abandonar a própria carreira para proteger a
si e sua família.
A conversa – leia ao final – confirma que a advogada não só
tinha medo das ameaças que recebeu para não depor à CPI da Petrobras,
como teria se oferecido ao então procurador Carlos Fernando dos Santos
Lima para relatar extraoficialmente os casos de “violência” dos quais
seus algozes seriam “capazes”.
Carlos Fernando: O seu receio é o de comparecer à CPI? Beatriz Catta Preta:
Também, a mesma pessoa está soltando as mentiras na imprensa e
alimentando a CPI, para os interesses de uma pessoa só. Sei do que são
capazes e relato a violência a vocês de forma extra oficial.
Além das alegadas ameaças, Catta Preta também demonstrou preocupação com a possibilidade de virar alvo da CPI. “Não posso ser transformada em investigada.”
Na troca de mensagens, os procuradores conversaram sobre as razões
que teriam levado Catta Preta a abrir mão das defesas. Carlos Fernando
chegou a mencionar que, além da pressão da CPI, o marido de Catta Preta também teria “problemas”, e advertiu aos colegas: “Por isso insisto sempre que devemos ficar de fora da escolha do advogado. Isso sempre é complicado.”
A frase confirma o que por muitos anos foi denunciado na Lava Jato: que
procuradores selecionavam ou barravam defensores de alguns réus.
O pedido de ajuda
Os apelos de Catta Preta aos procuradores de Curitiba ocorreram um
dia após ela anunciar o encerramento de sua carreira em uma entrevista
ao Jornal Nacional, em 30 de julho de 2015. Carlos Fernando expôs no
grupo com os colegas a mensagem recebida por ela no dia 31.
“Preciso de proteção a mim e minha família. A insistência do
Presidente da CPI em me ouvir é encomendada. Mesmo com o Supremo dizendo
que não devo falar à CPI, ele está dando declarações de que manterá
minha convocação. Sou apenas uma advogada. Não posso ser transformada em
investigada. Se permitirem minha ida à CPI, eu e minha família não
teremos mais espaço neste País”, escreveu Catta Preta.
“Não tenho proteção ou segurança. Jornalistas estão
amedrontando todos os meus familiares. O que está acontecendo é pessoal.
Preciso realmente da ajuda da PGR [Procuradoria-Geral da República]”, concluiu. Carlos Fernando, por sua vez, prometeu encaminhar o caso à PGR.
Além de Carlos Fernando, Deltan Dallagnol também teria recebido as mensagens privadas de Catta Preta.
Em 2016, o jornalista Lauro Jardim
revelou o teor de uma conversa privada entre Catta Preta e os
investigadores da Lava Jato. Ela relatou ter se sentido ameaçada pelo
doleiro Lúcio Funaro, tratado pela Lava Jato como operador de Eduardo
Cunha, ao chegar em casa e vê-lo sentado no sofá brincando com seus
filhos. Funaro era ex-cliente de Catta Preta e, por isso, teve acesso a
sua intimidade.
Confira trechos da Spoofing abaixo:
26 Jul 15
11:58:28 Orlando SP Cf, o q Catta preta disse a vc para renunciar aos mandatos? 13:02:55 O que ela me perguntou foi se haveria possibilidade de reavaliar as condições do Júlio sem quebrar o acordo. 13:03:56 Ela disse que não queria ser advogada do Júlio se fossemos pedir a rescisão do acordo. 13:05:28 Disse a ela que enquanto não ajuizassemos um pedido de justificação, seria sempre possível um novo acordo. 13:05:36 Orlando SP Ok.
Welter, vi q vc enviou o meu e-mail sobre Leonardo para o adv dele!!!
Aquele em q digo q Leonardo “parece q vende mais do que tem”!!! 13:06:07 Orlando SP Qual o motivo da renúncia ? 13:06:19 Orlando SP Pressão? 13:07:00 Athayde Vamos precisar do augusto em breve no caso angra. Ele pagou uma das intermediarias. Pelo q sei ele ta sem adv, ne? 13:08:40 Nem
ideia. Mas realmente ela tinha o marido por trás. Ela chegou a me dizer
que ela é o marido insistiam para que Júlio dissesse a verdade. 13:09:16 Creio que foi a manobra do Congresso, fora o marido ter problemas. 13:09:56 Por isso insisto sempre que devemos ficar de fora da escolha do advogado. Isso sempre é complicado.
30 Jul 15
19:40:52 Diogo Catta Preta deu entrevista para o JN. Disse que foi ameaçada pelo Eduardo Cunha
1 Jul 15
13:36:24
Dr., bom dia. Preciso de proteção a mim e minha família. A insistência
do Presidente da CPI em me ouvir é encomendada. Mesmo com o Supremo
dizendo que não devo falar a CPI ele esta dando declarações de que
manterá minha convocação. Sou apenas uma advogada. Não posso ser
transformada em investigada. Se permitirem minha ida à CPI, eu e minha
família não teremos mais espaço neste País. Isso é uma atrocidade! Tenho
filhos pequenos, que por conta das declarações deste Sr. estão sendo
apontados e discriminados na escola e pelas famílias dos amiguinhos. Não
tenho proteção ou segurança. Jornalistas estão amedrontando todos os
meus familiares. O que está acontecendo é pessoal. Preciso realmente da
ajuda da PGR. 13:36:40 Recebido de Catta Preta. 13:46:16 [31/7
13:36] carlos fernando: Vou encaminhar para a PGR. [31/7 13:36] Beatriz
Catta preta: Foi para o Sr , Dr douglas e Dr Deltam , voces precisam me
ajudar , tem nome e sobrenome, objetivo e motivo. Estou presa minha
casa , em SP , tenho receios de sair , preciso de ajuda! [31/7 13:40]
carlos fernando: É preciso delimitar exatamente o que acontece. O seu
receio é o de comparecer à CPI? [31/7 13:42] Beatriz Catta preta:
Tambem, a mesma pessoa esta soltando as mentiras na imprensa e
alimentando a CPI, para os interesses de uma pessoa só. Sei do que sao
capazes e relato a violencia a voces de forma extra oficial [31/7 13:42]
Beatriz Catta preta: O Dr Figueredo não esta errado nos memoriais que
apresentou na defesa do Julio.
Duas
medidas provisórias (MPs) foram editadas anteontem destinando mais R$
6,7 bilhões para a importação de arroz beneficiado pela Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo nota da Conab, a União
destinou até agora R$ 7,2 bilhões para a importação de até 1 milhão de
toneladas de arroz como forma de enfrentar as perdas nas lavouras em
razão das enchentes no Rio Grande do Sul.
O produto
adquirido pela Conab será destinado à venda direta para mercados de
vizinhança, supermercados, hipermercados, atacarejos e estabelecimentos
comerciais. Esses estabelecimentos deverão vender o arroz exclusivamente
para o consumidor final – que deverá pagar no máximo R$ 4 pelo quilo do
cereal.
O
ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), negou um recurso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e do
seu candidato a vice em 2022, Walter Braga Netto, contra a decisão que
declarou a inelegibilidade dos dois. O motivo da condenação foi o uso
das comemorações do Bicentenário da Independência em Brasília e no Rio
de Janeiro para fins eleitorais.
A defesa queria que o
recurso fosse analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Antes
disso, é preciso que o presidente do TSE analise se a ação cumpre os
requisitos para ser enviada ao Supremo. Moraes entendeu que não. “A
controvérsia foi decidida com base nas peculiaridades do caso concreto,
de modo que alterar a conclusão do acórdão recorrido pressupõe
revolvimento do conjunto fático-probatório dos autos, providência que se
revela incompatível com o recurso extraordinário”, afirmou na decisão,
que foi publicada hoje e assinada na última sexta-feira, 24.
O
programa Nova Indústria Brasil, lançado no início deste ano, é a grande
aposta do governo Lula para reverter o processo de desindustrialização
que afeta a economia brasileira nas últimas décadas. Depois de alcançar
mais de 21% nos anos 1980, a participação da indústria de transformação
no Produto Interno Bruto (PIB) caiu para algo em torno de 10% em 2023,
segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp).
Focada em inovação, modernização e transição energética, a
nova política tem potencial para inverter esse movimento, desde que as
propostas sejam implementadas conforme descritas no programa. “Trata-se
de uma política pública moderna, que redefine escolhas para o
desenvolvimento sustentável, com mais investimento, produtividade,
exportação, inovação e empregos, por meio da neoindustrialização”, disse
o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, Léo de Castro.
Hoje, na comemoração do Dia da Indústria, o que setor pede é celeridade
na adoção dessa nova agenda.
Por
mais que o Brasil tenha tentado estratégias semelhantes – e as
condições em relação ao século passado, principalmente, serem outras -, e
o mundo ter se voltado para a inovação atrelada à economia de baixo
carbono até antes da pandemia, a questão agora é saber como acelerar
processos e evitar os erros do passado.
“Essa retomada da política
industrial no Brasil ocorre, na verdade, com atraso, mesmo quando
comparada com países da América Latina e outras nações em
desenvolvimento. O mundo mudou muito em relação aos anos 90 e à forma
como os países usam suas políticas, por exemplo, no comércio
internacional. O exemplo mais categórico disso são os Estados Unidos com
o plano Biden”, afirma o economista Marco Antônio Rocha, professor do
Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Segundo o pesquisador, desde pelo menos 2012, o planeta, e
principalmente os países desenvolvidos, já definiu os alicerces da
chamada indústria 4.0.
CNI cobra agilidade
Além de
chegar atrasado ao “baile” da inovação industrial – e os próprios
dirigentes da CNI cobraram, nas últimas semanas, mais celeridade na
implantação do Nova Indústria Brasil -, é preciso que os gestores fujam
do que não deu certo no passado, segundo o economista Armando Castelar,
professor da FGV Direito Rio e do Instituto de Economia da UFRJ e
pesquisador associado do FGV IBRE. “O mais importante para que esse novo
plano para o setor não volte a fracassar é entender que simplesmente
proteger as empresas de baixa produtividade não vai tornar o setor mais
competitivo a médio prazo.” A vocação de uma política industrial,
segundo o pesquisador, deve ser exatamente o contrário.
“A
principal causa da perda de participação da indústria de transformação
no PIB é seu fraco desempenho em termos de produtividade: essa tem, de
fato, caído”, diz Castelar. Segundo ele, os planos anteriores para o
setor buscaram compensar isso com medidas de proteção contra importações
mais baratas e competitivas, via barreiras às importações, exigências
de conteúdo local e subsídios diversos, em especial via financiamento
público com juros reais muito baixos ou mesmo negativos. “Essas medidas
buscavam compensar a baixa produtividade, mas não aumentá-la”, avalia
Castelar.
Mergulhar
profundamente nas águas da inovação é uma das premissas essenciais para
que as empresas brasileiras consigam ganhar terreno na participação do
PIB, segundo Rocha, da Unicamp. “A questão da incorporação da agenda
climática na indústria, tão exigida hoje, por exemplo, não pode ser um
mantra. É um esforço que depende da modificação da estrutura produtiva
do País, do investimento em ciência, tecnologia e inovação, itens que,
historicamente, fazem parte de políticas nacionais.”
Se há um
plano sobre a mesa com diretrizes modernas, e que aponta para setores
industriais específicos, existem outros processos ainda mais delicados a
serem atacados, segundo Rocha. “Para tudo o que vem sendo construído
funcionar precisa, primeiro, de uma coordenação muito bem articulada das
ações transversais relacionadas às compras públicas e ao fomento
industrial e de inovação. O PAC deve dialogar muito bem com os esforços
previstos na política relacionados, por exemplo, ao desenvolvimento de
tecnologias para cidades resilientes, como as infraestruturas verdes. A
segunda questão, e que mais me preocupa, é a capacidade fiscal do
Estado. O fluxo de recursos, nesses casos, precisa ser estável.”
Sobre
essas camadas mais elementares de uma política industrial existem
outras igualmente importantes. A exacerbada competição internacional
exige que investimentos vultosos sejam feitos, tanto do lado do governo
quanto do lado privado. Sob pena de os setores nacionais ficarem
pendurados apenas nos subsídios, sem terem resultados positivos para
apresentar.
“Essa questão de atingir a competitividade
internacional é um pouco mais complicada. Precisamos dobrar o nosso
investimento em infraestrutura e dobrar os recursos em pesquisa e
desenvolvimento de novos produtos. Isso apenas para atingirmos o
benchmark”, afirma o pesquisador do Unicamp. Chegar a esse patamar,
segundo os dados internacionais, significa ficar, ainda, atrás de países
que estão no topo da inovação tecnológica global, caso de Estados
Unidos, China, Alemanha e Coreia do Sul.
As perspectivas do Nova Indústria Brasil
1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança
alimentar: fabricação de equipamentos para agricultura de precisão e
máquinas e ampliação da capacidade produtiva da agricultura familiar
para a produção de alimentos saudáveis
2. Complexo econômico
industrial da saúde: ampliar a participação da produção no País de 42%
para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas,
equipamentos e dispositivos médicos. E contribuir para fortalecer o SUS e
melhorar o acesso à saúde
3. Infraestrutura, saneamento, moradia e
mobilidade sustentáveis: ampliar em 25 pontos porcentuais a
participação da produção na cadeia da indústria do transporte público
sustentável
4. Transformação digital da indústria: investir no desenvolvimento de produtos digitais e produção nacional de semicondutores
5.
Bioeconomia, descarbonização e transição e segurança energéticas:
aumentar o uso da biodiversidade pela indústria e reduzir em 30% a
emissão de carbono da indústria nacional
6. Tecnologias para
soberania e defesa nacionais: ações voltadas ao desenvolvimento de
energia nuclear, sistemas de comunicação e sensoriamento, sistemas de
propulsão e veículos autônomos e remotamente controlados
Brasileiro Henrique Dubugras, da Brex, tem 26 anos e US$ 1,5 bilhão (Crédito: Reprodução/Facebook/Henrique Dubugras)
Estadão Conteúdoi
Um
dos primeiros trabalhos de James Reggio na Brex, há pouco mais de três
anos, foi criar o aplicativo da fintech de gestão de despesas
corporativas californiana, avaliada em US$ 12,3 bilhões. “Um dos
primeiros engenheiros que contratamos no Brasil se juntou ao nosso grupo
e percebeu que estávamos fazendo algumas escolhas talvez pouco
amigáveis ao usuário”, diz Reggio, que hoje é o chefe de engenharia
(CTO) da Brex. “Ele fez então uma apresentação de diferentes aplicativos
de fintechs e bancos brasileiros – e eu me lembro claramente dele nos
mostrando como o Nubank resolveu o cadastro do cliente e o processo de
integração de uma forma mais fácil do que o Brex -, o que mudou nossa
perspectiva.”
Reggio diz que esse foi apenas um, de dezenas de
momentos, nos quais viu na prática o ganho de ter culturas diferentes
trabalhando juntas – sendo que a brasileira tem um tempero especial
nesse caldeirão. Além dos fundadores da companhia, Pedro Franceschi e
Henrique Dubugras, terem nascido no País, hoje a Brex tem 100
funcionários, ou cerca de 10% da mão de obra, no Brasil.
É
uma fatia tão importante que esta semana três, dos oito executivos
seniores da companhia, estiveram no País em uma série de reuniões com a
equipe, bem como para buscar mais gente para se juntar aos quadros. “Por
sermos uma empresa totalmente remota, é importante ter esses momentos
para construir cultura e garantir que as mensagens sobre o negócio e
para onde estamos indo sejam consistentes”, diz Heather Dunn, que
comanda a área de pessoas (CPO) da Brex. “Temos diferentes princípios
sobre a velocidade que nos movemos, como operamos, o que esperamos de
nossos gestores, os tipos de objetivos e como os alcançamos, e isso é
construído nesses encontros.”
O “jeito Brex”, diz Reggio, é ter
alto grau de autonomia individual para atender o cliente, com a famosa
cabeça de dono. “Podem parecer apenas palavras da moda, mas o objetivo é
direcionar o próprio trabalho para entregar tanto para o cliente quanto
para o negócio, em vez de ter um modelo organizacional muito
centralizado e de cima para baixo”, diz ele. “Usamos esses momentos para
disseminar conhecimento e garantir que todos estejam remando na mesma
direção.”
Além da visita dos chefões ao País, periodicamente todos
os 1.100 funcionários são levados a encontros em São Francisco. Além de
conhecer de perto a empresa em que trabalham, também se aproximar de
seu público-alvo. Apesar de dizerem que parte dos 30 mil clientes são
globais, todos têm base nos EUA. Isso porque a Brex começou oferecendo
soluções – como gestão de gastos, despesas, viagens e cartões
corporativos – para empresas nascentes do Vale do Silício. O alcance
aumentou nos últimos sete anos, principalmente depois da quebra do SVB, o
Sillicon Valey Bank, conhecido como o banco das startups, no ano
passado.
Com a expansão rápida e menos recursos para o setor, a
Brex também teve de fazer cortes e enxugar operações. Só em janeiro,
foram demitidos 20% dos funcionários. “Houve um tempo em que todas as
startups estavam recebendo muito financiamento e podiam tentar várias
coisas”, afirma Camilla Matias, chefe operacional (COO) da Brex. “Mas
nos últimos anos, todas as empresas de tecnologia passaram a buscar a
eficiência e o caminho para a lucratividade.” Uma das mudanças foi
reduzir níveis hierárquicos e aproximar os gestores da operação – e esse
movimento fez parte da visita dos executivos ao País.
A
partir de agora, diz ela, o movimento é no sentido de executar projetos
para o crescimento da empresa. Além de menos recursos no mercado, a
Brex começou a enfrentar mais concorrência de todos os lados. “Uma coisa
comum às startups é arrecadar fundos pelo mundo todo, sendo boa parte
nos Estados Unidos”, diz Camilla. “Então, elas precisam ter uma conta lá
e o fato de termos mais concorrentes hoje em dia significa que provamos
a existência de um modelo de negócios bem sucedido.”
Flexibilidade e salário menor
Com
mais desafios, diz ela, a flexibilidade brasileira é um diferencial.
“Como qualquer empresa que cresce tão rápido como a Brex, é preciso
mudar prioridades às vezes”, diz ela. “Não temos medo de tentar. Se não
der certo, tudo bem. Vamos tentar novamente na outra semana.” Para ela,
adaptabilidade é uma característica muito fácil de encontrar no Brasil,
mais do que em outras partes do globo. “Aprendemos desde crianças no
Brasil a sermos flexíveis e positivos”, afirma. “É uma vantagem e
tanto.”
O salário menor do brasileiro, mas ainda acima da média do
mercado na Brex, é outro atrativo. Camilla diz que a empresa se
beneficia da diferença, mas investe no longo prazo, o que inclui se
adaptar às exigências legais e ter uma estrutura de recursos humanos e
advogados no País, bem como melhorar o inglês dos funcionários e até
mesmo ajudar no visto e na visita às reuniões nos EUA.
“Poderíamos
ter uma estrutura em que apenas o líder, à frente de um time local,
falasse bem o inglês, como fazem muitas empresas maiores”, diz ela. “O
desenvolvimento é mais rápido, não há choque cultural, mas acho que foi
uma dessas decisões intencionais que trouxeram enormes dividendos.”
Além
de aproximar o time local, a visita dos executivos também significou
novas contratações no País. Além de um líder para pessoas local, a Brex
também busca cientistas de dados no Brasil. “Começamos a investir bem
cedo em aprendizado de máquina e inteligência artificial”, diz Reggio.
“Um de nossos principais diferenciais foi a capacidade de conceder
linhas de crédito a negócios que anteriormente não podiam ser avaliados,
e usamos aprendizado de máquina e IA para fazer isso.” Com o advento
dos novos modelos generativos, a ideia é intensificar esse uso.
Com
as transformações do mercado, a Brex perdeu algumas posições no ranking
das empresas mais disruptivas do mundo, da CNBC. Após ter ficado em
segundo lugar por dois anos, apareceu em quarto, na lista divulgada este
mês. “Estamos muito felizes porque estamos entre os cinco maiores
disruptores, no ano passado houve muito barulho em torno de IA (que
estão à frente da Brex na lista) e muitos de nossos competidores estão
atrás da gente”, diz Camilla. “Isso significa que continuamos sendo
relevantes com o passar do tempo e vários de nossos clientes estão no
ranking. Se eles crescem, nós crescemos com eles. Simples assim.”
Além
do Brasil, o Canadá, fora dos EUA, é o país no qual a Brex mais
contrata. Segundo Reggio, a cultura de engenharia canadense emergiu nos
últimos 10 anos. Pessoas que conseguiam empregos de engenharia de
software preferiam trabalhar para grandes bancos e empresas, mas a
cultura de empreendedorismo e capital de risco têm emergido no País, num
fenômeno bastante recente.
O
Laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga (LAMEFF) da Universidade
Federal do Ceará (UFC) criou tecnologia mais barata e renovável para
extrair hidrogênio verde, considerado uma fonte energética alternativa
aos combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, que provocam
aquecimento global.
Em pesquisa de doutorado no Programa de Engenharia e Ciências Materiais da UFC, o físico Santino Loruan criou uma
membrana de quitosana para uso em eletrolizadores que separam na água
(H2O) as moléculas de hidrogênio do oxigênio. O hidrogênio vira gás
combustível e pode ser usado como fonte de energia.
A
membrana de quitosana é feita a partir da casca de camarão ou de
caranguejo, fartamente encontrada no litoral brasileiro, e substitui uma
membrana sintética (nafion) importada e de custo mais elevado.
Diferente da membrana nafion, a membrana de quitosana não polui o
ambiente quando descartada.
Membrana Quitosana no laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará – LAMEFF/UFC
Na
pesquisa, o eletrolizador foi ativado com uso de energia limpa (energia
solar), o que tornou todo o processo ambientalmente sustentável e por
isso o combustível gerado é chamado de “hidrogênio verde”. Ao ser gerado
por energia solar, o hidrogênio se torna um vetor energético de fonte
limpa.
Eletrolisador no laboratório de Mecânica da Fratura e Fadiga da Universidade Federal do Ceará – LAMEFF/UFC
Conforme
o engenheiro Enio Pontes de Deus, coordenador do LAMEFF e orientador de
Santino Loruan, “o hidrogênio, na verdade, não tem cor nenhuma. É um
gás inerte e incolor, o elemento mais abundante na atmosfera. Ele é
verde porque é obtido com fonte renovável.”
A membrana de
quitosana foi patenteada pela Universidade Federal do Ceará. “Nós
patenteamos essa membrana. Hoje ela é um produto, uma tecnologia
nacional, que entra no mercado, e passa a competir com outras
membranas”, descreve Enio Pontes.
A invenção da membrana será uma
das inovações apresentadas na Conferência Internacional das Tecnologias
das Energias Renováveis (Citer), que ocorre de 3 a 5 de junho, em Teresina (PI).
A
conferência reunirá 180 palestrantes de diversos países, em 45 painéis
de formato híbrido (participações presenciais e remotas). A expectativa
dos organizadores é que a conferência receba 10 mil pessoas, inclusive
empresários que possam se interessar pela produção industrial da
membrana criada na UFC e outras inovações brasileiras.
A entrada é
gratuita. Além de empresários, pesquisadores e especialistas em energia
renovável esperam atrair público leigo que possa ter interesse por
ciência. “Nós precisamos dar acesso à população sobre a produção
científica, para colaborar com a conscientização sobre a importância da
ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do país e para o
desenvolvimento da humanidade”, defende Ana Paula Rodrigues, presidente
do Instituto de Cooperação Internacional para o Meio Ambiente e uma das
idealizadoras da conferência.