quinta-feira, 27 de junho de 2024

BRAZIL JOURNAL: Odebrecht Engenharia pede recuperação judicial

 


Logo da Odebrecht, em São Paulo

A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) está protocolando hoje um pedido de recuperação judicial — tentando reestruturar uma dívida pesada de US$ 4,6 bilhões.

Como parte do processo, a OEC levantou US$ 120 milhões (R$ 650 milhões ao câmbio de hoje) por meio de um DIP, que será usado para pagar parte das dívidas e reforçar seu caixa. Esse tipo de empréstimo garante a preferência no recebimento dentro do processo de RJ.

A companhia não divulgou quem é o investidor por trás do DIP, mas a especulação no mercado é de que seja o BTG Pactual.

A OEC tem 60 dias para apresentar seu plano de recuperação judicial, que depois terá que ser votado em assembleia pelos credores.

No ano passado, a OEC fez uma receita de cerca de US$ 800 milhões, mas teve um prejuízo de mais de R$ 700 milhões. Hoje, a OEC tem 31 obras em andamento, 21 no Brasil e 10 no exterior.

Leia mais no Brazil Journal.

 

https://istoedinheiro.com.br/brazil-journal-odebrecht-engenharia-pede-recuperacao-judicial/

Quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara, diz Lula

 


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira aqueles que apostam no fortalecimento do dólar contra o real e chamou de “cretinos” quem associou a aceleração da alta da moeda norte-americana na véspera a declarações dele sobre a área fiscal.

“Quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara”, disse Lula em discurso durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o “Conselhão”.

“Quem apostar em derivativo vai perder dinheiro nesse país”, acrescentou.

Na quarta-feira, o dólar superou a barreira dos 5,50 reais, com a cotação de fechamento atingindo o maior valor em dois anos e meio, após declarações de Lula ao portal UOL demonstrando resistência a realizar cortes de gastos, dando preferência ao ajuste fiscal pelo lado da receita — algo que vêm sendo criticado por economistas do mercado.

O movimento da moeda norte-americana na véspera também foi favorecido pelo avanço firme do dólar no exterior.

“Os cretinos não perceberam que o dólar tinha subido 15 minutos antes de eu dar a entrevista”, disse Lula, ao criticar o que chamou de “a manchete de alguns comentaristas” que faziam a associação do movimento do mercado com suas falas.

Mais tarde nesta quinta-feira, em entrevista à rádio Itatiaia, Lula voltou a negar que tenha tido responsabilidade pela alta do dólar. “Que o dólar subiu, subiu, mas não foi por causa da minha entrevista”, afirmou.

(Por Fernando Cardoso e Eduardo Simões, em São PauloEdição de Pedro Fonseca, Alexandre Caverni e Isabel Versiani)

Escândalo da Selic: instituição fez previsões divergentes no mesmo período, comenta mercado

 


"Instituição que botou 8% no anonimato, no relatório do Broadcast, onde tem que mostrar o nome, colocou 4,5%na mesma data", diz Edu Moreira
 





 

Eduardo Moreira já tinha denunciado no ICL Notícias — 1ª Edição que o Relatório Focus — um dos principais instrumentos para estabelecer a taxa Selic de juros — é passível de manipulação, por manter em anonimato os bancos e instituições financeiras que fazem os prognósticos. Ele apontou divergência entre as previsões que bancos fizeram sem se identificar e as publicadas na pesquisa da Broadcast, em que todos sabem quem fez a análise.

Em algumas edições do Focus, como na do dia 20, houve instituição financeira que estimou juros futuros a 8%, enquanto no Broadcast nenhuma delas foi a mais de 3,5%, 4,5%.

No programa de hoje, Eduardo tornou público os comentários que são feitos nos bastidores do mercado.

“O mercado todo sabe quem colocou 8% e eu sei quem colocou 8%. Eu sei, mas não posso dizer. E todo mundo que é do mercado e me assiste, ou tem um amigo que assiste, sabe que eu sei”, revelou o criador do Instituto Conhecimento Liberta. “Essa é a bomba do dia: a mesma instituição que botou 8% no anonimato, no relatório do Broadcast, onde tem que mostrar o nome, colocou 4,5%na mesma data”.

Segundo Eduardo, esse é o comentário que corre no mercado.

“Ou seja, se o Banco Central liberar essa informação, o que todos nós vamos descobrir? Que foi uma manipulação. Se naquele relatório que o cara não informa o nome ele bota 4,5%, e no que não mostra o nome ele bota 8%, é manipulação”, ressalta Edu.

Por meio da Lei de Acesso a Informação (LAI), o ICL Notícias fez ao BC pedido para identificar qual (ou quais) instituições destoou (ou destoaram) das demais com a previsão de 8% para o futuro. A resposta ainda não veio, mas o BC negou pedido semelhante feito pelo site Brasil de Fato.

Transparência zero do BC

O BdF, então, protocolou um pedido ao BC baseado na LAI solicitando acesso à base completa de previsões enviadas por bancos que basearam todas as edições do Boletim Focus em 2024. O órgão negou acesso aos dados argumentando que eles são “informação passível de gerar vantagem competitiva a outros agentes econômicos”.

Segundo o BC, dados como esses não podem ser divulgados. Isso, inclusive, está previsto no decreto que regulamentou a LAI (Decreto 7.724, de 2012).

O BdF recorreu da decisão questionando como as previsões dos bancos poderiam “gerar vantagem competitiva”. O BC argumentou que os dados são produzidos por profissionais, com apoio de estudos e pesquisas desenvolvidos nessas instituições. “Dar publicidade a esses dados pode ter implicações diversas, que podem resultar em vantagens/desvantagens competitivas para as instituições participantes ou outras, concorrentes. Esses dados constituem propriedade intelectual, que possibilita a quem a detém auferir eventuais benefícios, diretos ou indiretos.”

O BC, aliás, divulga periodicamente um ranking dos cinco bancos que mais acertaram previsões enviadas para o Focus. O BdF pediu acesso ao ranking completo, considerando que o banco (ou bancos) que exagerou propositalmente em sua previsão poderia aparecer nas últimas colocações.

O BC negou acesso. “O ranking Top 5, tal como foi concebido, pressupõe a divulgação das instituições que obtiveram melhores resultados com as suas projeções. Os participantes estão cientes e de acordo e não há, portanto, quebra de confidencialidade quando o BC faz a divulgação”, argumentou. “A divulgação dos rankings completos traria impactos bastante diferentes. Esse tipo de exposição não foi previsto pelos participantes, que não autorizaram a divulgação de seu resultado nessas condições.”

Brecha para manipular a Selic

No dia 24 de maio, no ICL Notícias — 1ª Edição, Eduardo chamou atenção para o problema. Um dos componentes usados para definir a taxa de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) é a expectativa do mercado em relação à inflação. Em casos de expectativa de inflação alta, a prática mais comum é não baixar ou até subir os juros. E vice-versa.

Essa expectativa de mercado é medida por um levantamento que se chama Relatório Focus, ou Boletim Focus, feito por questionário enviado aos bancos e agentes financeiros para que respondam qual a previsão do mercado. Os participantes ficam no anonimato, só Banco Central sabe quem respondeu e qual resposta deu.

Essa falta de transparência possibilita a eventual ação de algum banco ou instituição que queira manipular a Selic.

 

 https://iclnoticias.com.br/escandalo-da-selic-instituicao-fez-previsoes/

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Entenda o que muda com decreto de meta contínua de inflação a partir de 2025

 


Marcos Strecker: "A pressão sobre o ministro não vai diminuir, já que as dúvidas sobre a fidelidade do governo Lula ao plano de austeridade de Haddad nunca se dirimiram por completo" (Crédito:Mateus Bonomi)

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quarta-feira, 26, decreto que formaliza a adoção de uma meta contínua de inflação a partir de 2025, com centro do alvo e o intervalo de tolerância definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mediante proposta do ministro da Fazenda.

O novo sistema para substituir o modelo atual de busca pela meta em cada ano-calendário foi normatizado um ano após o anúncio de sua adoção pelo governo. A aguardada regulamentação, com detalhes sobre a dinâmica do novo modelo, foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta.

+  Reancoragem das expectativas de inflação é essencial para ajustes na Selic, diz BC

+ IPCA-15: Prévia da inflação desacelera em junho, mas atinge 4,06% em 12 meses

De acordo com a medida, a meta será representada por variações acumuladas da inflação em doze meses, apuradas mês a mês. A partir de 1º de janeiro de 2025, será considerado que a meta foi descumprida quando essa inflação acumulada se desviar por seis meses consecutivos da faixa do intervalo de tolerância.

A meta e o intervalo de tolerância continuarão sendo fixados pelo Conselho Monetário Nacional.

O texto também define que a partir de 2025, o BC divulgará trimestralmente um Relatório de Política Monetária, que conterá o desempenho da nova sistemática de meta para a inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.

Em caso de descumprimento, o BC divulgará publicamente as razões do ocorrido no Relatório de Política Monetária e em carta aberta ao Ministro da Fazenda, com a descrição detalhada das causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.

A mudança ocorre 25 anos depois de o CMN ter estabelecido, pela primeira vez, uma meta de inflação a ser perseguida pelo BC. Em resolução de junho de 1999, o CMN definiu o sistema, dando início ao chamado “regime de metas”.

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 está definido em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A publicação do decreto ocorre antes da reunião do CMN, na qual o colegiado deve fixar a meta contínua de inflação com alvo em 3%. O encontro do CMN está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h.

O que muda na meta de inflação

O CMN, que reúne os ministros da Fazenda e do Planejamento e também o presidente do Banco Central, define, periodicamente, uma meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano. Cabe ao Banco Central perseguir essa meta, usando os instrumentos de política monetária ao seu alcance – sendo a taxa de juros (Selic) o principal deles.

Até agora, a meta de inflação era válida para o ano-calendário. Ou seja, o que importava era que estivesse dentro da meta em 31 de dezembro, mesmo que ficasse fora durante todo o ano. A partir de 2025, quando o Banco Central terá um novo presidente, essa meta passará a ser contínua, como já ocorre na maioria dos países que adotam o sistema de metas de inflação. Isso significa que o BC terá de olhar permanentemente para a meta, e não apenas para o resultado no fim do ano.

Para os especialistas, a mudança para a meta contínua pode ajudar o Banco Central a administrar choques inflacionários. Entre março de 2021 e agosto de 2022, por exemplo, o Copom elevou os juros de 2% ao ano para o atual patamar de 13,75% ao ano para tentar combater o aumento da inflação em função dos choques provocados pela pandemia.

Outro ponto destacado é o de que o novo regime reduz o risco de populismo econômico. Para deixar a inflação nos limites estabelecidos pela meta no fim do ano, muitos governantes optavam por segurar tarifas de transporte público, preços de combustíveis e de energia elétrica.

O BC tem demonstrado preocupação com um processo contínuo de desancoragem das expectativas do mercado para a inflação, que têm se afastado do centro da meta mesmo diante de dados benignos na inflação corrente.

O mais recente boletim Focus do BC, que capta projeções de mercado, apontou para uma inflação de 3,85% em 2025, atual foco da política monetária, já que alterações nos juros básicos geram efeito defasado na economia. Um mês antes, a estimativa estava em 3,75%.

Embraer recebe certificação global Great Place to Work

 


Embraer recebe certificação global Great Place to Work
(Foto: Reprodução)

O Grupo Embraer, com sede em São José dos Campos, informou, nesta terça-feira (25), que recebeu a certificação global Great Place to Work, que atesta a qualidade do ambiente de trabalho e coligadas em diferentes países.

A conquista é resultado de uma pesquisa global com colaboradores, que avaliaram – de forma voluntária e anônima – diferentes dimensões da cultura organizacional. A certificação obtida vale para as operações no Brasil, na China, nos Estados Unidos, na França e em Singapura.

Em um comunicado, a empresa afirmou que “trata-se de um trabalho que progride acompanhando as mudanças no mercado e respeitando as particularidades culturais de cada país”.

Sobre a certificação Great Place To Work

O Great Place To Work é uma consultoria global que apoia organizações a obter melhores resultados por meio de uma cultura de confiança, alto desempenho e inovação.

Em 2023, foram certificadas 2307 empresas. Mais de 117 mil práticas foram avaliadas.

Sobre a Embraer

A Embraer é uma empresa aeroespacial global com sede no Brasil, especificamente em São José dos Campos.

Fabrica aeronaves para clientes da aviação comercial e executiva, defesa e segurança e agrícola. A empresa também fornece serviços pós-venda e suporte por meio de uma rede mundial de entidades de propriedade integral e agentes autorizados.

Desde sua fundação, em 1969, a Embraer já entregou mais de 8.000 aeronaves. Em média, a cada 10 segundos uma aeronave fabricada pela Embraer decola em algum lugar do mundo, transportando mais de 145 milhões de passageiros por ano.

A Embraer é líder na fabricação de jatos comerciais de até 150 assentos e é a principal exportadora de bens de alto valor agregado do Brasil.

A empresa mantém unidades industriais, escritórios, centros de distribuição de serviços e peças nas Américas, África, Ásia e Europa. A sede da APAC da Embraer está localizada em Singapura e a sede na China está em Pequim.

De olho em shoppings, Habib’s anuncia modelo de franquias em formato quiosque

 


O Habib’s anunciou o lançamento de novas franquias em formato de quiosques, com objetivo de aumentar sua presença em shoppings centers e alavancar o crescimento da empresa através de unidades com menor custo de investimento.

Hoje, a empresa conta com pouco mais de 300 unidades pelo Brasil, número próximo aos 307 que possuía em 2018 segundo o ranking das maiores franquias do Brasil divulgado pela ABF. Foi a última vez que o restaurante apareceu na lista. Para efeitos de comparação, o McDonald’s, líder do segmento, fechou o ano passado com 2.662 lojas.

+ABF Franchising Expo 2024: veja datas, preços e atrações da feira de franquias

Cerca de 70% das unidades de Habib’s são hoje restaurantes no modelo “de rua”, e apenas 30% estão em shoppings centers. A expectativa é equilibrar este potencial até 2028, quando a empresa espera ocupar cerca de 400 lojas em shoppings centers de todo o Brasil.

Cardápio enxuto para quiosque

O primeiro quiosque aberto, no Shopping Metrô Tucuruvi, serviu de teste para o modelo de negócio. A partir dos erros e acertos dele, foram criados dois modelos, um interno e outro externo.

Ambos os formatos oferecem o mesmo cardápio, com sete sabores de esfihas, sorvetes de casquinha, sundae e milk shake, além de água, refrigerante e suco. Um forno especial com velocidade 10 vezes maior do que um convencional busca garantir que os produtos sejam assados na hora – uma esfiha demora em torno de 5 minutos, segundo a empresa.

Quanto vai custar as franquias

Os dois novos modelos são os mais baratos já disponibilizados pelo Habib’s. Para ambos, a taxa de franquia é de R$ 60 mil.

  • Quiosque interno
    Investimento inicial: a partir de R$ 440 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 7,5 m2 + 15 m2 de área de apoio
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 140 mil a R$ 200 mil
    Retorno do investimento: a partir de 20 meses
  • Quiosque externo
    Investimento inicial: a partir de R$ 460 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 7,9 m2 + 15 m2 de área de apoio
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 140 mil a R$ 200 mil
    Retorno do investimento: a partir de 21 meses

Modelos antigos

O Habib’s já oferecia quatro modelos de franquia. A taxa de franquia de todos é de R$ 130 mil. Os três primeiros são para ambientes internos, como shopping centers e galerias. O quarto prevê saída para a rua.

  • Loja 100% fast
    Investimento inicial: a partir de R$ 950 mil (já inclusa taxa de franquia)
    Metragem: a partir de 65 m²
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 250 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja 100% fast com salão
    Investimento inicial: a partir de R$ 1,2 milhão
    Metragem: a partir de 80 m² (prevê um salão para até 30 lugares)
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 300 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja convencional fast
    Investimento inicial: a partir de R$ 1,5 milhão
    Metragem: a partir de 185 m² (prevê um salão de até 90 lugares)
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 450 mil
    Retorno de investimento: a partir de 30 meses
  • Loja convencional rua
    Investimento inicial: a partir de R$ 3,5 milhões
    Metragem: loja a partir de 350 m² – terreno a partir de 1.300 m²
    Faturamento médio/mês: em torno de R$ 650 mil
    Retorno de investimento: a partir de 40 meses


Entenda o que muda com decreto de meta contínua de inflação a partir de 2025

 


Marcos Strecker: "A pressão sobre o ministro não vai diminuir, já que as dúvidas sobre a fidelidade do governo Lula ao plano de austeridade de Haddad nunca se dirimiram por completo" (Crédito:Mateus Bonomi)

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quarta-feira, 26, decreto que formaliza a adoção de uma meta contínua de inflação a partir de 2025, com centro do alvo e o intervalo de tolerância definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mediante proposta do ministro da Fazenda.

O novo sistema para substituir o modelo atual de busca pela meta em cada ano-calendário foi normatizado um ano após o anúncio de sua adoção pelo governo. A aguardada regulamentação, com detalhes sobre a dinâmica do novo modelo, foi publicada no Diário Oficial da União nesta quarta.

De acordo com a medida, a meta será representada por variações acumuladas da inflação em doze meses, apuradas mês a mês. A partir de 1º de janeiro de 2025, será considerado que a meta foi descumprida quando essa inflação acumulada se desviar por seis meses consecutivos da faixa do intervalo de tolerância.

A meta e o intervalo de tolerância continuarão sendo fixados pelo Conselho Monetário Nacional.

O texto também define que a partir de 2025, o BC divulgará trimestralmente um Relatório de Política Monetária, que conterá o desempenho da nova sistemática de meta para a inflação, os resultados das decisões passadas de política monetária e a avaliação prospectiva da inflação.

Em caso de descumprimento, o BC divulgará publicamente as razões do ocorrido no Relatório de Política Monetária e em carta aberta ao Ministro da Fazenda, com a descrição detalhada das causas, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito.

A mudança ocorre 25 anos depois de o CMN ter estabelecido, pela primeira vez, uma meta de inflação a ser perseguida pelo BC. Em resolução de junho de 1999, o CMN definiu o sistema, dando início ao chamado “regime de metas”.

O centro da meta oficial para a inflação em 2024, 2025 e 2026 está definido em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A publicação do decreto ocorre antes da reunião do CMN, na qual o colegiado deve fixar a meta contínua de inflação com alvo em 3%. O encontro do CMN está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h.

O que muda na meta de inflação

O CMN, que reúne os ministros da Fazenda e do Planejamento e também o presidente do Banco Central, define, periodicamente, uma meta para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano. Cabe ao Banco Central perseguir essa meta, usando os instrumentos de política monetária ao seu alcance – sendo a taxa de juros (Selic) o principal deles.

Até agora, a meta de inflação era válida para o ano-calendário. Ou seja, o que importava era que estivesse dentro da meta em 31 de dezembro, mesmo que ficasse fora durante todo o ano. A partir de 2025, quando o Banco Central terá um novo presidente, essa meta passará a ser contínua, como já ocorre na maioria dos países que adotam o sistema de metas de inflação. Isso significa que o BC terá de olhar permanentemente para a meta, e não apenas para o resultado no fim do ano.

Para os especialistas, a mudança para a meta contínua pode ajudar o Banco Central a administrar choques inflacionários. Entre março de 2021 e agosto de 2022, por exemplo, o Copom elevou os juros de 2% ao ano para o atual patamar de 13,75% ao ano para tentar combater o aumento da inflação em função dos choques provocados pela pandemia.

Outro ponto destacado é o de que o novo regime reduz o risco de populismo econômico. Para deixar a inflação nos limites estabelecidos pela meta no fim do ano, muitos governantes optavam por segurar tarifas de transporte público, preços de combustíveis e de energia elétrica.

O BC tem demonstrado preocupação com um processo contínuo de desancoragem das expectativas do mercado para a inflação, que têm se afastado do centro da meta mesmo diante de dados benignos na inflação corrente.

O mais recente boletim Focus do BC, que capta projeções de mercado, apontou para uma inflação de 3,85% em 2025, atual foco da política monetária, já que alterações nos juros básicos geram efeito defasado na economia. Um mês antes, a estimativa estava em 3,75%.