quarta-feira, 3 de julho de 2024

‘Novo RG’: 8 milhões de brasileiros já têm a Carteira de Identidade Nacional; saiba como tirar

 



Carteira de Identidade Nacional

Somente 3 estados não começaram a emitir o documento (Crédito: Divulgação/ Ministério da Gestão)

A nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) já pode ser obtida em 23 estados e do Distrito Federal. De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, mais de 8 milhões de brasileiros já possuem o novo documento.

O estado que mais emitiu o documento é o Rio Grande do Sul (RS), com mais de um milhão de unidades. Em segundo lugar está Santa Catarina (SC), com cerca de 900 mil, seguido por Minas Gerais (MG), com mais de 850 mil.

O “Novo RG” será o único documento de identificação de brasileiros aceito em território nacional a partir de 28 de fevereiro de 2032. Até lá, ainda poderá ser utilizado o RG dos estados.

Os estados que já estão emitindo o documento são: Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Segundo o governo federal, há previsão da Bahia, de Roraima e de Amapá aderirem ainda no mês de julho.

O estado de São Paulo anunciou que segunda-feira, 1º, não irá mais emitir no estado o antigo Registro Geral (RG), e que passará a emitir somente a nova Carteira de Identidade Nacional.

Onde emitir a CIN?

A Carteira de Identidade Nacional é emitida pelos estados, por meio dos seus respectivos institutos de identificação, como Poupatempo e delegacias, da mesma forma que ocorre atualmente.

O que muda com o novo documento?

A nova Carteira de Identidade Nacional segue o disposto na Lei nº 14.534/2023, sancionada pelo presidente Lula, que determina o CPF como número único para identificação do cidadão nos bancos de dados de serviços públicos. O documento será integrado nacionalmente já que antes cada cidadão poderia ter até 27 RGs diferentes, um por unidade da federação.

Até quando eu preciso emitir a Carteira de Identidade Nacional?

O RG antigo é válido até o dia 28 de fevereiro de 2032.

O novo documento vai valer como Carteira Nacional de Habilitação?

O documento poderá, a pedido, conter outros números de documentos, os quais poderão ser verificados a partir da leitura do QR code. Em seu formato digital, os documentos estarão concentrados no aplicativo GOV.BR. Ressalte-se que não haverá revogação dos outros documentos, entretanto a nova Carteira de Identidade estará apta a ser o documento único no Brasil.

Documento será impresso?

Sim, além da emissão do modelo físico, o modelo digital da nova Carteira de Identidade estará disponível no aplicativo GOV.BR. Saiba mais sobre o “novo RG” na página da Carteira Nacional de Habilitação.

terça-feira, 2 de julho de 2024

O multimilionário mercado das camisas de futebol

 

Empresas de material esportivo como Adidas gastam milhões todos os anos em patrocínios nos uniformes de futebol. Mas será que isso vale a pena?O futebol é uma gigantesca máquina de dinheiro que vale bilhões, começando com a venda de camisas. Para algumas empresas, usar o futebol para projetar sua marca é algo que vale muito dinheiro.

O objetivo é tornar as marcas mais conhecidas e melhorar a imagem junto aos clientes.

Por exemplo, os principais fornecedores de material esportivo, como a Adidas ou a Nike, pagam centenas de milhões para equipar as equipes. Em troca, sua logomarca aparece nos uniformes, o que pode impulsionar as vendas de outros produtos esportivos produzidos por elas.

Adidas e Nike disputam seleção alemã

O marketing esportivo nos uniformes é uma fonte bastante lucrativa de renda para os times de futebol. “As camisas são os itens mais adquiridos pelos torcedores. É por isso que elas possuem o papel mais proeminente nas vendas de mercadorias associadas aos times e seleções nacionais”, explica o consultor de marketing esportivo Peter Rohlmann. Segundo diz, nenhuma outra seleção recebe valores tão altos de patrocínio de material esportivo como a da Alemanha.

A Adidas fornece material esportivo para a Associação Alemã de Futebol (DFB) há 70 anos. Após a Nike se prontificar a gastar muito mais com a equipe alemã do que sua concorrente, a empresa americana venceu a concorrência e substituirá a Adidas como fornecedor oficial a partir de 2027.

Não está claro quão altos serão os valores envolvidos. As partes optaram por manter a confidencialidade, segundo afirma o portal de internet da DFB. No entanto, o diretor da DFB Andreas Rettig disse que a oferta da Nike era impossível de ser rejeitada.

Segundo relatos de veículos como a revista empresarial alemã Handelsblatt, a Adidas teria pago recentemente 50 milhões de euros (R$ 305 milhões) à DFB, sendo que a Nike deverá investir o dobro disso no futuro.

Contratos com valor recorde

Valores ainda mais altos são pagos para os grandes times, diz Rohlmann. A Adidas ampliou seu contrato de dez anos com o Manchester United da Inglaterra por um valor estimado em 120 milhões de euros, sendo que, no caso do Real Madrid, a empresa paga em torno de 150 milhões.

Essas somas tão altas se devem ao fato de os clubes jogarem ao menos quatro vezes mais do que as seleções nacionais, o que faz com que suas camisas sejam vistas com frequência maior nos campos de futebol.

“Nenhum fornecedor de material esportivo estará apto a ganhar esse valor somente com as vendas”, observa Rohlmann, Trata-se, amplamente, de melhorar sua visibilidade, uma vez que as seleções nacionais estão particularmente arriscadas de serem eliminadas no início dos torneios dos quais participam.

“O que é mais questionável do que nunca é se esse patrocínio vale mesmo a pena para as empresas”, avalia o professor Markus Voeth, da Universidade de Hohenheim. “Isso raramente gera qualquer efeito direto sobre as compras. Apenas cerca de 12% de pessoas pesquisadas buscam primeiramente as marcas que patrocinam a Eurocopa ao consumir produtos ou serviços.”

As parcerias com as grandes associações de futebol não satisfizeram as expectativas dos fabricantes num período de 15 anos. O CEO da Adidas, Bjørn Gulden, afirmou em junho ao jornal alemão Frankfurter Sonntagszeitung que “todos os fornecedores têm prejuízos com esses contratos, se observamos do ponto de vista comercial. Anteriormente, pensava-se que as vendas de camisas iriam disparar, o que não aconteceu”, diz Gulden.

“Isso é algo lógico. Presumamos que a Alemanha vença a Eurocopa. Isso quer dizer que o mundo inteiro comprará camisas da seleção alemã? Não, são principalmente os alemães que as compram.”

Estratégia de marketing fura bolha da Adidas

A plataforma alemã de comparação de preços de produtos e serviços Check24 não é um dos maiores patrocinadores da Eurocopa. Sem pagar dinheiro algum a DFB, o portal conseguiu se envolver nos negócios do futebol com uma ideia é bastante simples: distribuir camisas da seleção alemã, não importando o fato de elas não terem o logo da DFB. Essas camisas possuem a águia símbolo da República Federal da Alemanha e o logo da empresa de materiais esportivos Puma. No peito, em tamanho grande, aparece a logomarca do Check24.

Os interessados pagaram pelas camisas com seus dados pessoais – endereço, telefone e email – ao baixarem o aplicativo da plataforma em seus celulares. Depois de receber as informações, a empresa enviava as camisas. Após distribuir em torno de cinco milhões de unidades, a Check24 encerrou a campanha.

O fundador da plataforma, Henrich Blase, afirmou à revista Finance Forward que esta foi a maior campanha de marketing já realizada pela empresa.

Sascha Raithel, professor de marketing da Universidade Livre de Berlim, calcula que a produção e o envio tenham custado ao menos dez euros por camisa. “Por cinco milhões de camisas, podemos calcular algo como 50 milhões de euros apenas com a produção das camisas e logística.”

O Check24 também realizou uma campanha publicitária, inclusive com comerciais em vários canais de televisão. Segundo Raithel, isso pode ter aumentado os custos para até 100 milhões de euros.

Dados, downloads e atenção da mídia

Em troca, o Check24 passou a ser comentado em todo o país, inclusive na imprensa. O aplicativo do site se tornou o mais baixado em todo o país durante semanas. A plataforma coletou uma quantidade enorme de dados que pode utilizar para atingir potenciais clientes. Esses dados podem facilmente ser vendidos a outras empresas, diz Rohlmann.

O Check24 oferece comparações de preços para serviços financeiros, seguradoras, empresas de energia, telecomunicações, viagens, compras e outros. O serviço é livre de taxas para os usuários. A empresa se financia através de comissões dos acordos fechados por ela.

Raithel avalia que o maior perigo para a plataforma será a falta de novas promoções. “Se não tiverem uma promoção sensível para manter os clientes, haverá um alto risco de que uma grande parte desse investimento acabe sendo jogado pela janela. As pessoas poderão esquecer a coisa toda e não haverá lealdade por parte dos clientes”, alertou.

Vendas da Adidas em alta

Segundo uma pesquisa da Universidade de Hohenheim, uma em cada cinco pessoas na Alemanha deseja comprar uma camisa da seleção alemã. É questionável, porém, se a Adidas teria vendido menos camisas em razão da campanha do Check24.

O mais item vendido pela empresa até o momento é a camisa branca da seleção alemã. “A camisa rosa é o uniforme número 2 mais vendido na história dos uniformes da DFB”, confirmou o porta-voz da Adidas, Oliver Brüggen à emissora alemã ZDF. O fato de alguns modelos terem se esgotado significa que a demanda pode ter sido maior do que o esperado.

Fintech Revolut chega a 45 milhões de clientes no mundo e quer dar passos mais largos no Brasil

 

Revolut: Fintech Inglês, Rodadas de Investimento e IPO | Tag ...

A fintech inglesa Revolut chegou a 45 milhões de clientes no mundo em junho, acima dos 38 milhões que fechou 2023, mostra balanço divulgado nesta terça-feira, 2. O banco digital, que começou a operar no Brasil no começo do ano passado, não revela números do mercado local, mas afirma passar por um momento “bastante positivo” no mercado brasileiro e quer dar “passos mais largos”.

“Estamos entusiasmados ao ver a adoção de nossos produtos no Brasil e a enorme oportunidade que ainda existe para nós no mercado”, afirma o CEO da Revolut no Brasil, Glauber Mota, em nota à imprensa. No ano passado, o Revolut recebeu autorização do Banco Central para ser uma Sociedade de Crédito Direto, ficando assim regulada no mercado brasileiro. “Estamos preparados para darmos passos mais largos”, completa o executivo.

A fintech teve um receita de US$ 2,2 bilhões em 2023, crescimento anual de 95%, enquanto o lucro antes dos impostos chegaram a US$ 545 milhões. No ano passado, o banco digital adicionou 12 milhões de novos clientes e teve aumento de 38% nos depósitos, para US$ 23 bilhões.

Além dos mercados europeus, o Revolut afirma ver “grande potencial” em novos mercados, como nos Estados Unidos, Austrália, Cingapura, Japão, Nova Zelândia e Brasil. O mercado brasileiro foi o primeiro do grupo na América do Sul. Com isso, a fintech chegou a 38 países.

O Revolut prepara lançamento de operações na Índia e México, este último mercado aliás disputado pelo Nubank, o maior concorrente do Revolut na região, onde é bem maior. O Nubank chegou recentemente a 100 milhões de clientes nos países que opera – Brasil, México e Estados Unidos.

Assim como no Nubank, o marketing ‘boca a boca’ tem funcionado no Revolut: “70% dos nossos clientes chegaram até nós de forma orgânica ou foram indicados por alguém que eles conhecem”, ressalta o banco inglês em seu balanço. Em pequenas empresas, foram adicionadas 20 mil clientes. Ao todo, os clientes fizeram US$ 870 bilhões em transações em 2023, aumento de 58%.

Haddad diz que comunicação melhor sobre arcabouço e BC acalmará mercado

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista a jornalistas em Brasília

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira que não há possibilidade de o governo mexer no imposto sobre operações financeiras (IOF) em operações de câmbio, e afirmou que a melhor maneira de conter a desvalorização do real ante o dólar é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do Banco Central.

“Não, não há”, respondeu Haddad ao ser questionado por jornalistas em Brasília sobre eventual possibilidade de o governo tomar medidas para alterar a atual regra de incidência do IOF sobre o câmbio para contar a alta da moeda norte-americana.

“Eu acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central quanto em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso. Autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal, é isso que vai tranquilizar as pessoas”, afirmou.

Nesta terça, por volta de 12h20, a divida norte-americana era negociada na casa dos R$ 5,67 para a venda.

As falas de Haddad acontecem após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais cedo em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, nas quais Lula disse que fará “alguma coisa” para conter a alta do dólar, mas que não adiantaria qual medida seria tomada para não “alertar meus adversários”.

Na entrevista, Lula afirmou também que teria reuniões para tratar do assunto quando retornasse à Brasília na quarta-feira. Haddad, por sua vez, disse que a pauta do encontro que terá com Lula será “exclusivamente uma agenda fiscal”.

“A nossa agenda com o presidente amanhã (quarta) é exclusivamente uma agenda fiscal. Não sei de onde saiu esse rumor (de mudanças no IOF sobre câmbio), mas aqui na Fazenda estamos trabalhando em uma agenda eminentemente fiscal com o presidente”, assegurou o titular da Fazenda.

Nas várias entrevistas a emissoras de rádio de todo o país que tem concedido frequentemente, Lula quase sempre ataca o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem acusa de ter “viés político”, e também reclama do fato de ter de esperar o fim do mandato de Campos Neto para indicar um presidente para o BC.

Na entrevista desta terça, Lula também disse que a alta recente do dólar ante o real “não é normal” e afirmou que o que está acontecendo é um ataque especulativo à moeda brasileira, admitindo que a desvalorização da divisa nacional o preocupa.

Na segunda-feira, o dólar à vista fechou cotado a 5,6538 reais na venda, em alta de 1,13%, no maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

Cresce o mercado de trabalho em estabelecimentos locais com mudanças pós-pandemia

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O varejo de proximidade, caracterizado por estabelecimentos menores e estrategicamente localizados, viu seu mercado de trabalho expandir de forma significativa no Brasil. Segundo a FecomercioSP, baseando-se nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), a variação do estoque de empregos nos chamados “varejos de vizinhança” foi mais de três vezes superior à taxa geral registrada por todo o setor no período de 40 meses.

Durante o período de dezembro de 2020 a abril de 2024, o varejo nacional registrou aumento de 12,1% no número de empregos formais, totalizando 764.056 novas vagas. Em contraste, o varejo de mercadorias – especificamente lojas de conveniência – liderou esse crescimento, com salto de 43,7% no número de vagas, passando de 23.037 para 33.095 novos postos de trabalho, segundo o Caged.

Além das lojas de conveniência, outros segmentos do varejo de proximidade também apresentaram crescimento expressivo no mercado de trabalho. O varejo de doces, balas, bombons e produtos similares registrou aumento de 38,8% no número de empregos, seguido pelos setores de bebidas (38,1%), materiais hidráulicos (34,8%) e elétricos (30,5%).

“Embora o avanço dessa modalidade de comércio já fosse conhecido, a pandemia foi um fator determinante para acelerar os seus efeitos”, apontou a Fecomercio. “A transformação social ocorrida no período, frente à redução da mobilidade de consumidores e aos avanços do home office e do trabalho híbrido, levou o comércio, principalmente dos grandes centros, a se ajustar a essa nova realidade, na qual os consumidores buscam mais praticidade”, completou.

Contudo, a federação de comércio paulista alerta que embora esse tipo de negócio esteja alinhado com as mudanças de hábitos dos consumidores, também há desafios operacionais, em especial no longo prazo. “Ainda que essas lojas trabalhem com margens menos apertadas, elas convivem com um tíquete médio menor valor médio das compras em relação aos negócios maiores, o que traz o desafio de os empreendedores sustentarem também um maior giro de clientes”, finaliza.

Tragédia no RS reforça necessidade de resiliência financeira, afirma diretora do BC

 

Mulher que chega à chefia tem o papel de puxar, estender a ...

A diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta do Banco Central, Carolina de Assis Barros, disse nesta segunda-feira, dia 1º, que a tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul reforça a importância de se atingir resiliência financeira.

A afirmação consta em um discurso da diretora em evento da Global Partnership for Financial Inclusion (GPFI), uma iniciativa do G20. O discurso, em texto, foi enviado pela assessoria do BC, já que o encontro, em Fortaleza (CE), é fechado à imprensa.

“A resiliência financeira deve ser, mais do que nunca, um resultado chave buscado por meio de esforços globais relacionados à inclusão financeira e ao bem-estar financeiro”, diz um trecho do discurso.

Ela lembrou que mais de 94% da atividade econômica do Rio Grande do Sul foi afetada pelas enchentes e que o aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, deve continuar fechado até dezembro. “Infelizmente, sabemos que essa catástrofe não é um caso isolado”, disse.

Barros elencou três iniciativas da GPFI para criar um ecossistema inclusivo e sustentável, que permita às famílias e empresas atingirem a resiliência financeira, a estabilidade e o bem-estar financeiro.

Um dos pontos citados pela diretora foi a preparação de um novo plano de ação para financiar micro, pequenas e médias empresas. Segundo Barros, isso inclui endereçar a “percepção enganosa” de um maior risco associado a elas, adequando serviços financeiros às suas necessidades e melhorando a disponibilidade de dados confiáveis.

“Superar esses desafios requer esforços conjuntos de governos, instituições financeiras e empreendedores”, ela disse.

Outro ponto, segundo a diretora, é avançar na “última milha” da inclusão financeira, criando produtos e serviços com responsabilidade e proteção aos consumidores. Em terceiro, ela citou a importância de se considerar o bem-estar financeiro como um guia para a inclusão financeira.

Cenário para o Brasil é sólido, mas gastos preocupam, diz economista do JP Morgan

 


Cassiana Fernandez, economista-chefe do banco para Brasil e América Latina, conversou com exclusividade com a IstoÉ Dinheiro

 

 

A Selic não deve trazer novidades até o final de 2025. Assim avalia a economista-chefe do JP Morgan, Cassiana Fernandez sobre a taxa básica de juros, que, em suas projeções, deve ficar em 10,50% até o final do próximo ano. Isso porque, o próprio BC indicou no comunicado da mais recente reunião do Copom que, “em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025”.

O que deve continuar mexendo no cenário econômico brasileiro, para ela, é como o governo vai fazer essa “passagem” entre uma situação avaliada por ela como positiva – “os fundamentos da economia brasileira estão bastante sólidos”- para um crescimento do PIB, redução de gastos, redução da dívida pública e a forma de distribuição desse crescimento no país.

Cassiana afirma que o país começou o ano com um momento bastante construtivo para a economia. Com a inflação na meta, com espaço para o BC cortar juros, e com as contas externas muito sólidas. Mas, de abril para cá, alguns eventos importantes ocorreram, que levaram a uma reversão do cenário de 2023.

“Não foi um ator específico, foi uma combinação de todas as coisas acontecendo em sequência em pouco espaço de tempo. Dois meses muito quentes”.

Primeiro, houve uma mudança no cenário externo; o Fed [banco central dos EUA] ia começar a cortar juros em março, mas depois chegou a cogitar um movimento até de alta.

Teve a intervenção direta na Petrobras, como foi comunicada a distribuição de dividendos, a mudança da meta de 2025 – “a equipe econômica surpreendeu e conseguiu manter a meta de 24”.

E aí a decisão dividida do Copom. “Isso foi um agente relevante para o mercado, porque colocou em dúvida a condução da política monetária, até pela forma como tudo foi comunicado; isso em um cenário externo mais difícil, principalmente de 2024-2025 para frente. Acabou levando a uma depreciação da moeda, então coloca em dúvida sobre a dinâmica da inflação”, diz.

E, o outro evento relevante, as enchentes no Rio Grande do Sul. “Um estado responsável por 15% da nossa produção agrícola, [há a expectativa] sobre o que vai acontecer com os preços das commodities, qual vai ser o impacto em atividade econômica e em relação à demanda do aumento dos gastos públicos – o que é justificável”.

E no aumento de gastos que pairam as expectativas sobre o Brasil. “Em alguma coisa vai ter que ceder, pois, cumprindo as regras atuais, seguindo essa dinâmica que estamos vendo [de aumento de gastos], vai precisar cortar outros gastos e começa a ficar preocupante, até o curto prazo.”

Confira a seguir os principais pontos da entrevista:

No balanço entre os dados econômicos, e as expectativas e incertezas do mercado, como avalia a economia brasileira hoje?

Os fundamentos da economia brasileira estão bastante sólidos. O crescimento econômico, o mercado de trabalho bastante sólido, a dinâmica da inflação favorável… o próprio BC fala isso, e, principalmente, a dinâmica das contas externas. Então, os números são bastante sólidos. Até o endividamento das famílias chegou a cair.

Pelos fundamentos da economia, pelo menos até agora, não justifica essa piora na performance do desempenho dos ativos brasileiros.

Quando olhamos o horizonte de investimentos, e quando olhamos médio prazo, também tem muitas oportunidades [para o Brasil], não só a discussão geopolítica, a segurança energética, alimentar, o potencial do Brasil na produção de commodities, tanto em energia, como agricultura, discussão de transição enérgica… há um potencial enorme de investimentos. E olhando o balanço setor privado, os balanços das empresas privadas, não estão tão alavancadas. Ainda é um cenário bastante sólido. Mas ainda temos problemas.

Primeiro, a dívida pública, ainda muito alta. Depois, o crescimento potencial, se haverá, e, então, a distribuição desse crescimento como será.

Temos que analisar a situação como estará em 1-2-3 anos. O problema é essa travessia, se vamos conseguir entregar todo esse potencial, desses investimentos, se vamos materializar isso. E daí a dinâmica no curto e médio prazo para frente começa a chamar a atenção.

O mercado começa a ver uma piora muito grande em relação à percepção da condução da política econômica como um todo, e qual é a sustentabilidade desse cenário que hoje é construtivo. A piora foi principalmente no campo das expectativas.

Mas, por outro lado, tem a questão fiscal, que dá o contrapeso negativo…

Do ponto fiscal, o que incomoda, é que o crescimento real, mesmo que os números fiscais acabaram surpreendendo positivamente, mas foi mais do lado da receita, por mais que o país tenha distorções em relação à arrecadação. O que incomoda é que os gastos, principalmente os mandatórios, que para mudar, precisam de emenda constitucional, que estão crescendo a um ritmo mais forte, gastos com Previdência, Educação e Saúde.

E o que fazer diante desse desafio de impulsionar crescimento, ao mesmo tempo cortar gastos e cumprir com as metas fiscais?

Em alguma coisa vai ter que ceder, pois, cumprindo as regras atuais, seguindo essa dinâmica que estamos vendo [de aumento de gastos], vai precisar cortar outros gastos e começa a ficar preocupante, até o curto prazo.

Por exemplo, a ajuda ao Rio Grande do Sul. Ninguém vai questionar essa ajuda, esse ‘aumento de gastos’. Mas o ponto é saber que em momento de bonança, tem que deixar espaço para as adversidades, ter espaço para política fiscal no contraciclo.

O que deixa os economistas mais preocupados, é que quando está bem, quando tem choque positivo, não vê a dinâmica melhorar nos momentos positivos. Não pode justificar que não cumpriu a meta porque deu ajuda.

A partir de todo esse contexto, vê positivamente a mais recente decisão do Copom, de manter a taxa de juros em 10,50% ao ano?

Nas condições que tinha, foi a melhor decisão possível – e muito bem comunicada. Voltar a ter unanimidade foi muito importante, não só no voto em si, mas no diagnóstico da economia.

O discurso público dos membros desde a última reunião já indicava que eles estavam mais alinhados, e tinham percebido as consequências da reunião dividida.

E vemos a taxa em 10,5% até o final de 2025. O próprio BC coloca que as projeções para a inflação de preços administrados são de 4,4% em 2024 e 4,0% em 2025. ‘Em cenário alternativo, no qual a taxa Selic é mantida constante ao longo do horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025‘, diz o comunicado. Logo, se mantiver nessa constante, de 10,50% isso entregaria uma inflação no final de 2025 de 3,1%.

E o dólar para o final deste ano ao redor dos R$ 5,30.

E para os juros nos EUA?

O banco hoje espera um corte em novembro. Ainda temos maior resiliência da inflação, portanto os juros ficarão mais altos.