sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Veja quais são as cidades com as maiores economias do Brasil; o 8° lugar vai te surpreender

 


Entre os 185 municípios do país, 132 perderam e 53 aumentaram sua participação no PIB nacional entre 2020 e 2021 

 

Patrick Fuentescolaboração para a CNN

Onze municípios correspondem por quase um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo os dados mais atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2021. Os primeiros lugares podem parecer mais óbvios: São Paulo, que tem 9,20% de participação na economia nacional, Rio de Janeiro, na vice-liderança, com 3,99%, Brasília, em terceiro, com 3,18%, seguidos de Belo Horizonte, Manaus e Curitiba, com pouco mais de 1% de participação cada.

Na sétima posição, vem Osasco, na Grande São Paulo, que subiu de 16ª para 7º lugar em menos de dez anos, enquanto passou a atrair a sede de grandes empresas do setor de tecnologia, como Mercado Livre e Uber. O movimento da oitava posição, no entanto, foi mais gritante. Maricá entrou na lista como a oitava maior economia do país, tendo ocupado o 26º lugar em 2020 e, em 2002, o 354°.

Marica (RJ) foi o município com maior ganho de participação no PIB do país em 2021, alta de 0,5 ponto percentual (p.p.).

Veja os municípios com maior participação no PIB

  • 1º – São Paulo (R$ 828,9 bilhões)
  • 2º – Rio de Janeiro (359,6 bilhões)
  • 3º – Brasília (286,9 bilhões)
  • 4º – Belo Horizonte (105,8 bilhões)
  • 5º – Manaus (103,2 bilhões)
  • 6º – Curitiba (98 bilhões)
  • 7º – Osasco (86,1 bilhões)
  • 8º – Maricá (85,1 bilhões)
  • 9º – Porto Alegre (81,5 bilhões)
  • 10º – Guarulhos (77,3 bilhões)

O bom desempenho de Maricá (RJ) se deve à extração de petróleo e gás. Em 2021, ano que o estudo usa como referência para o ranking, a cidade de Maricá recebeu R$ 1,33 bilhão em royalties, além de R$ 1,55 bilhão devido à participação especial devida pelas concessionárias pela exploração do petróleo e gás natural.

A compensação financeira é realizada à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios beneficiados pelas empresas que produzem pela exploração desses recursos não renováveis.

Municípios perdem espaço

Por outro lado, alguns municípios perderam participação no PIB.

É o caso de Curitiba (PR), que foi de 5º para 6º lugar no ranking e Porto Alegre (RS), que foi de 6º para 9º. São Paulo, Rio, Brasília, Belo Horizonte também perderam participação, apesar de terem mantido o lugar no ranking.

Luiz Antonio de Sá, analista de Contas Regionais do IBGE, explica que os cinco municípios que tiveram sua participação reduzida foram influenciados pela categoria de serviços.

“As atividades financeiras de seguros e serviços relacionados em São Paulo e Porto Alegre, administração pública em Brasília e Belo Horizonte, e atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços relacionados no Rio de Janeiro”, ressalta de Sá.

Entre as 185 concentrações urbanas do país, 132 perderam e 53 aumentaram sua participação no PIB nacional entre 2020 e 2021, confirmando a tendência de desconcentração.

“Os resultados expressam uma recuperação econômica das capitais e outras agregações com maior participação no PIB brasileiro que, por terem como atividade principal os serviços presenciais, foram fortemente afetadas pela pandemia de Covid-19. No entanto, apesar do aumento nominal desse grupo de municípios em 2021, a participação deles no PIB ainda está aquém do patamar de 2019”, explica de Sá.

 

Engie e dinamarquesa Vestas planejam turbinar energia eólica no Brasil

 


Em meio às incertezas do setor, Vestas investe R$ 130 milhões para desenvolver nova turbina e firma acordo de R$ 2,5 bilhões com Santander; Engie Brasil injeta R$ 13,6 bilhões em renováveis

 

 


A energia produzida pelos ventos é abundante no Brasil, além de ser a mais barata e a que gera maior retorno financeiro para a economia do país (Crédito: Philippe Turpin)

Se na última década, sobretudo a partir de 2012, quando a energia eólica no Brasil cresceu exponencialmente com novos parques, demanda em leilões e o interesse de indústrias em uma nova fonte renovável e competitiva, desde 2022 o setor vem desacelerando com a redução significativa na demanda por energia.

Com a crise no ar, a Vestas, maior fabricante de turbinas eólicas do mundo, e a Engie Brasil, empresa líder em energia renovável no país, sopram a favor do fortalecimento da fonte.

Entre as medidas

• a Vestas vai investir R$ 130 milhões para fabricar novos modelos de turbinas, além de ter firmado um acordo com o banco Santander, que garante R$ 1 bilhão em financiamento para fornecedores.
• Já a Engie vai desembolsar R$ 13,6 bilhões em geração de energia renovável entre 2024 e 2025, contemplando projetos eólicos e solares.

As medidas prometem turbinar novamente a maior fonte de energia renovável para a matriz elétrica nacional e acelerar a transição energética.

Na última sexta-feira, 9, a Vestas detalhou seu pacote de iniciativas para desenvolver a modalidade no Brasil, com aporte da ordem de R$ 130 milhões. Com isso, a companhia dinamarquesa passará a produzir uma turbina de última geração, a V163-4,5, em sua fábrica em Aquiraz, no Ceará.

Mais de 80% dos materiais devem ser produzidos no Brasil, com o objetivo de assegurar o desenvolvimento de tecnologias nacionalmente.

O novo modelo, considerado mais eficiente para velocidades de vento médias a baixas, será produzido paralelamente às turbinas V150, já desenvolvidas pela empresa no país.

Eduardo Ricotta CEO da Vestas para a América Latina (Crédito:Divulgação)

“Vemos um potencial riquíssimo e estamos confiantes com a transição energética no Brasil. Precisamos investir e assegurar uma indústria nacional forte”, disse Eduardo Ricotta, CEO da Vestas para a América Latina, durante o evento de anúncio do pacote.

Além disso, a companhia fechou um acordo com o Banco Santander, firmado inicialmente em R$ 1 bilhão, mas que pode ser ampliado para até R$ 2,5 bilhões, para disponibilizar condições competitivas de liquidez aos fornecedores do setor eólico.

O programa busca aumentar as estratégias financeiras para a cadeia de suprimentos do setor de atuação da Vestas, com a possibilidade de antecipar recebíveis com vantagens progressivas. O critério estipulado é a performance ESG de cada empresa.

A Vestas também anunciou a assinatura de um Protocolo de Intenções com o Governo do Ceará para incentivar o desenvolvimento de novos projetos de geração de energia eólica no estado.

“Vemos um potencial riquíssimo e estamos confiantes com a transição energética no Brasil. Precisamos assegurar uma indústria nacional forte e aumentar a segurança energética.”
Eduardo Ricotta, CEO da Vestas para América Latina

Já a Engie Brasil, que atua em geração, transmissão e comercialização de energia elétrica, transporte de gás e soluções energéticas, vai investir R$ 13,6 bilhões em geração de energia renovável no Brasil entre 2024 e 2025.

• Na geração, foi concluído o comissionamento dos 70 aerogeradores do Conjunto Eólico Santo Agostinho (RN), totalizando 100% da capacidade instalada (434 MW), sendo que, destas, 69 já estão em operação comercial e uma em teste.
• Além disso, entraram antecipadamente em operação comercial 15 unidades geradoras do Conjunto Eólico Serra do Assuruá (BA). O projeto, com conclusão prevista até o final de 2025, terá 846 MW de capacidade instalada.
• Também foram registrados avanços nas obras do Conjunto Fotovoltaico Assú Sol (BA), que totalizará 752 MWac (895 MWp) após seu término, estimado para 2025.


O Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia, está operando comercialmente desde 6 de agosto, após autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Esta primeira ativação comercial representa 8% da capacidade instalada total. Ele será composto por 24 parques eólicos, com 188 aerogeradores e capacidade instalada total de 846 MW.

O projeto recebeu investimentos de R$ 6 bilhões e vai gerar 3 mil empregos diretos e indiretos. “O início antecipado da operação comercial de Serra do Assuruá é um marco na implantação de um dos maiores projetos de energia eólica já construídos em fase única pelo Grupo Engie no Brasil e no mundo, com conclusão prevista até o final de 2025”, afirmou o presidente da companhia, Eduardo Sattamini.

Em consonância com sua estratégia de crescimento, a Engie Brasil finalizou o primeiro semestre de 2024 com volume recorde de investimentos em geração renovável. Com R$ 2,1 bilhões alocados no trimestre, a companhia já soma R$ 5,6 bilhões investidos nos primeiros seis meses do ano, sendo R$ 3,1 bilhões para novos projetos, R$ 2,4 bilhões para a aquisição de conjuntos fotovoltaicos operacionais, além de investimentos complementares na modernização de usinas hidrelétricas e na manutenção e revitalização do parque gerador.

Setor

Durante o anúncio da Vestas, o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira disse que “o Brasil aposta na compatibilidade da sua pluralidade energética para crescer” e que serão feitos mais investimentos na busca pela transição energética. A matriz elétrica brasileira está em ritmo de crescimento em 2024.

Em julho, a expansão obtida no ano chegou aos 6,5 gigawatts (GW), com a entrada em operação de 183 usinas, segundo os dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no dia 8 de agosto. Somente em julho, a ampliação da oferta foi de 0,87 GW, diante do início da operação de 10 centrais solares fotovoltaicas (0,49 GW) e de 17 usinas eólicas (0,38 GW). As usinas que passaram a operar em 2024 estão instaladas em 15 estados nas cinco regiões do país.

Flavia ValsaniElbia Gannoum Presidente da Abeeólica está otimista com a aprovação do PL das offshore, que vai ampliar a oferta dessas usinas (Crédito:Flavia Valsani)

Vantagem

Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), afirmou à DINHEIRO estar confiante no crescimento da fonte para os próximos anos, por ser a mais abundante e mais barata. “É a fonte que mais cresceu nos últimos 10 anos, e que mais vai crescer nos próximos 15”, disse.

Além disso, há ainda o fator econômico. Segundo a executiva, o Brasil produz 80% dos materiais utilizados nas unidades geradoras. “Para cada R$ 1 investido, é devolvido R$ 2,9 ao PIB, gerando emprego e renda no Brasil, diferente da Solar, que gera empregos na China”, completou.

Também há uma expectativa pela aprovação, pelo Senado, do PL que regulamenta as Eólicas Offshore (no mar). Atualmente, as usinas eólicas no Brasil são todas no continente (onshore), e têm uma capacidade instalada de 32,4 GW, e 55,2 GW de capacidade total. “As offshore já somam mais de 200 GW de pedidos de licenças para o IBAMA.

As petroleiras serão as grandes investidoras nessas unidades geradoras, diante da necessidade de transição energética, o que também fará o Brasil ser o maior produtor do mundo de hidrogênio verde. Além disso, essas usinas no mar têm potencial para ser instaladas ao longo de toda a costa brasileira, não somente no Nordeste”, completou.

 

 https://istoedinheiro.com.br/engie-e-dinamarquesa-vestas-planejam-turbinar-energia-eolica-no-brasil/

Dólar não tem como cair abaixo de R$ 5,30 e BC vai subir juros, avalia Roberto Padovani

 


Roberto Padovani, economista-chefe do BV (Crédito: Divulgação/BV)

 

O Brasil vive um bom momento, porém as medidas do governo para aquecer a economia estão pressionando a inflação e os juros. Por conta das finanças pressionadas, o dólar deve ir muito abaixo de R$ 5,30 e o Banco Central deve subir os juros.

A avaliação é do economista-chefe do BV, Roberto Padovani, que em entrevista ao site IstoÉ Dinheiro, apontou os fatores que devem levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a elevar a taxa básica de juros já a partir da próxima reunião, em 17 e 18 de setembro.

O BV estima que o BC irá elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 11,5%, até janeiro de 2024. Também projeta um corte de juros nos EUA ainda neste semestre. Juntas, as duas medidas devem levar a inflação brasileira a um patamar mais próximo do centro da meta, de 3%. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 12 meses encostou em 4,5%, o teto da meta.

Padovani considera, porém, o atual patamar de câmbio excessivo. Nesta quinta-feira, 21, o dólar fechou em alta de 1,96%, cotado a R$ 5,589. A visão do economista é de que acontecerá uma correção nos próximos meses, para um patamar ao redor de R$ 5,30.

Confira os principais trechos da entrevista

As máximas históricas atingidas pela bolsa brasileira são um sinal de que a economia brasileira vive um bom momento?

Eu acho que sim, mas não é a principal explicação. O bom desempenho que a gente tem visto no mercado nas últimas semanas tem muito a ver com uma redução da tensão financeira global, a leitura de que o banco central norte-americano vai começar a cortar taxa de juros, e a gente já vê esse corte na Europa.

A economia brasileira tem mostrado um crescimento mais forte, mais resiliente, em virtude de reformas que foram feitas, do setor exportador muito pujante, mercado de trabalho aquecido. Isso torna o país mais estável e reforça a atratividade aos capitais. Então acho que é uma explicação dupla, mas eu colocaria mais peso no elemento externo.

Caso o corte de juros nos EUA neste segundo semestre se concretize, qual será o impacto na economia brasileira?

O cenário global afeta a economia brasileira hoje por meio de dois canais. O primeiro é que existe uma desaceleração em curso na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos. Essa desaceleração faz com que os preços de matérias-primas tenham uma tendência de queda. Isso poderia em tese afetar a economia brasileira, porque somos exportadores de matérias-primas. Mas o Brasil tem se mostrado muito mais resistente ao choque no setor exportador. Então isso acaba afetando menos.

O segundo canal é um canal financeiro. Nesse cenário de menor demanda, menor pressão em custos e queda da inflação no mundo, os bancos centrais sentem-se à vontade para cortar juros.

Cortar juros favorece fluxos de capitais. O Brasil se torna mais atrativo. Isso equilibra a taxa de câmbio e, junto com preços das commodities em queda, reduz a pressão de custo nas empresas. Então o cenário global hoje favorece o Brasil na medida em que reduz a pressão de custos e, portanto, ajuda a gente ter uma inflação um pouco mais confortável.

Que fatores estão mantendo o câmbio no patamar em que ele está hoje?

São 25 anos que a gente opera com regime de câmbio flutuante no Brasil, então a gente conseguiu já aprender muita coisa. Ao colocar as informações no nosso modelo, o aprendizado é que o câmbio deveria estar oscilando ao redor de R$ 5,30.

Ano passado, a gente tinha uma visão muito parecida com a que a gente tem hoje. O câmbio operava em R$ 4,90. A gente tinha uma leitura naquele momento de que havia muito otimismo.

A partir do segundo trimestre de 2024, o mercado internacional mostrou mais instabilidade, mais turbulências. Isso foi um gatilho para correção desse otimismo. Só que os movimentos nos mercados financeiros nunca são lineares. Nos anos 1980, os economistas chamaram de overshoot: você corrige o câmbio, mas exagera nessa correção.

A gente está vendo uma correção do câmbio refletindo os fundamentos. Só que não é uma correção linear, tranquila. Ela é muito instável, mas faz parte do mundo financeiro. Então, a gente deve caminhar para uma maior estabilidade na casa de R$ 5,30 a partir de agora.

Em julho, o IPCA encostou na meta de 4,5% no acumulado de 12 meses. Podemos esperar novas altas da Selic este ano?

No mundo desinflacionário, a nossa inflação está num patamar elevado basicamente porque o governo vem estimulando muito a economia com gasto público. O gasto público afeta a economia por meio de dois canais: um é estímulo de demanda, mas tem um canal financeiro.

Como esse aumento de gasto público está acontecendo por meio de dívida, isso gera pressão nos mercados. Por isso o dólar, na nossa opinião, não tem como ir abaixo de R$ 5,30.

Quando você tem esse dólar que não recua também, você não traz alívio para o curso das empresas. Ele está recuando em relação aos R$ 5,70, aos exageros, mas a gente não acha que o canal cambial vai ser um fator importante para desinflamar a economia, porque você tem a situação fiscal.

Portanto, o que o BC vai tentar fazer é adequar esse ritmo de demanda, subindo o juros, encarecendo o crédito, tentando esfriar o consumo.

Neste cenário, dá para ter crescimento econômico com combate à inflação?

Eu acho que sim. Porque a função do BC é suavizar os ciclos. É uma questão teórica o que você falou. Será que o governo está estimulando excessivamente a economia? Como é que a gente consegue avaliar isso? A gente não sabe.

Aparentemente a economia brasileira vem mostrando bons sinais e crescimento, mas o que a gente ao final do dia faz é olhar o comportamento dos preços. É isso que vai dizer se a economia está muito aquecida ou não. E essa dificuldade de levar a inflação para a meta é um sinal de que está excessivamente aquecida.

O que o BC faz é regular ciclos de curto prazo. O que vai explicar crescimento para valer no Brasil não tem muito a ver com o BC. Tem a ver com as condições de produção da economia. Para que o país cresça mais ele tem que ter oferta de mão de obra qualificada, oferta de energia elétrica, infraestrutura.

O crescimento do Brasil depende de variáveis que não estão no controle do BC. Para te dar um exemplo muito prático, uma coisa que pode favorecer o crescimento no Brasil é a reforma tributária que está sendo negociada agora no Congresso.

Em que patamar você enxerga a Selic no final deste ano ou do próximo?

Como a gente não está trabalhando com um cenário de alta inflacionária, é muito mais uma discussão sobre convergência para o centro da meta. A gente imagina que vtenha um ciclo moderado. Um cálculo estatístico de referência é que talvez subindo um ponto percentual seja suficiente.

Como existe uma imprecisão no cálculo, uma regra de bolso dos bancos centrais do mundo é que, quando você não tem uma inflação clara, você se move lentamente.

A gente acha que um ritmo de 0,25 ponto porcentual é compatível com isso. Então o cenário que a gente montou no banco é de ciclo de um ponto percentual com quatro altas de 0,25 p.p., três altas das reuniões que restam nesse ano e uma última alta em janeiro de 2025, já com o novo presidente do BC.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Galípolo reitera: ‘Esse BC não hesitará em subir a taxa de juro, se for preciso’

 

O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, manteve nesta quinta-feira, 22, a ênfase das suas últimas falas, fez algumas correções nas interpretações de seu discurso feitas pelo mercado financeiro, mas deixou claro que “esse BC não hesitará em subir a taxa de juro, se for preciso”.

Galípolo participou nesta quinta-feira do 32º Congresso e Expo Fenabrave, onde falou por quase uma hora e aproveitou para desconstruir, ponto por ponto, os tópicos das suas falas que o mercado teria interpretado erroneamente.

Na questão da assimetria dos balanços de riscos, que não só ele falou, mas que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) também tratou, o diretor disse ser equivocada a interpretação que a associa com um guidance.

“Não há nenhuma relação de percepção de balanço de risco assimétrico com um guidance. Dizer que balanço de risco está assimétrico não quer dizer que estabelecemos um guidance”, disse Galípolo para uma plateia repleta de pessoas ligadas ao setor automotivo, sempre deixando claro que não muda nada nas suas falas dos últimos dias.

“Reafirmo todas as minhas falas dos últimos dias. Não há nenhuma modulação nas minhas falas”, reiterou o diretor de Política Monetária do BC, para quem um possível aumento da taxa de juro continua sobre a mesa e que isso não deixa nenhum diretor da autarquia desconfortável.

O que deixa o BC desconfortável, nas palavras do diretor, é a possibilidade de a inflação ficar acima do centro da meta.

Galípolo repetiu a analogia que sempre faz do BC com “aquela pessoa chata que no melhor da festa pede para baixar o som e corta as bebidas” para enfatizar que a disposição de o BC aumentar juro, se preciso for, será guiada por critérios técnicos.

Ele disse que o BC não está endossando a abertura da curva de juros, mas passou a mensagem de que a projeção do BC de inflação a 3,2% no horizonte de 18 meses está sim acima da meta e que o crescimento da economia tem surpreendido.

“Não estamos torcendo para economia parar de crescer, mas esperamos que desacelere. O crescimento tem nos surpreendido e o BC é o chato da festa que baixa o som e corta a bebida”, afirmou o diretor, lembrando que as comunicações da autarquia tem indicado também que o Copom está e continuará na dependência da dados para tomar suas decisões. “Queremos absorver todos os dados para chegarmos ao Copom com informações, até para elevar juro. O BC tem que fazer como música de Paulinho da Viola; no nevoeiro o marinheiro leva o barco devagar”, disse ao se referir ao samba ‘Argumento’, do cantor e compositor Paulinho da Viola.

Outro ponto que Galípolo fez questão de reforçar é que a posição do BC em aguardar dados não quer dizer a mesma coisa que se esperar um dado específico. Neste caso ele avalia que é um equívoco traçar uma relação mecânica entre o nível da taxa de câmbio com o nível da taxa de juro.

Por fim, o diretor disse que algumas dúvidas decorrem do fato de ser a primeira vez que todos estão convivendo com o Banco Central [formalmemte] autônomo. E num BC autônomo, de acordo com ele, é natural que todos os diretores falem e as pessoas os queiram ouvir. “Num BC autônomo, isso é natural”, disse.

PwC será suspensa na China e pagará multa por auditoria na Evergrande, diz agência

 

Os órgãos reguladores chineses provavelmente vão impor uma suspensão de negócios, por seis meses, a grande parte da unidade de auditoria da PricewaterhouseCoopers na China continental, como penalidade por seu trabalho na incorporadora imobiliária Evergrande, de acordo com cinco fontes com conhecimento do assunto.

As fontes afirmaram que a PwC Zhong Tian — entidade de contabilidade registrada e principal braço onshore da PwC na China — será atingida pela proibição em seus negócios relacionados a valores mobiliários, afetando seu trabalho com clientes, incluindo empresas listadas, companhias com IPO em andamento e fundos de investimento na China continental, disseram as fontes.

A expectativa das fontes é de que a empresa também seja condenada a pagar uma multa de pelo menos 400 milhões de iuans (56 milhões de dólares). Combinada com a suspensão dos negócios, essa seria a penalidade mais severa já recebida por uma das quatro grandes firmas de contabilidade na China, acrescentaram as fontes.

No caso mais recente, a filial da Deloitte em Pequim foi multada em 211,9 milhões de iuans em março do ano passado e suas operações foram suspensas por três meses, após terem sido encontradas sérias deficiências em sua auditoria na China Huarong Asset Management.

As penalidades da PwC, que estão sendo tratadas principalmente pelo Ministério das Finanças da China (MOF), o principal órgão regulador das empresas de contabilidade no país, ainda não foram finalizadas, disse uma das fontes.

“Como essa é uma questão regulatória em andamento, não seria apropriado comentar”, disse um porta-voz da PwC. O MOF não respondeu imediatamente a pedidos de comentários.

A China Evergrande Group foi acusada, em março, de uma fraude de 78 bilhões de dólares. A PwC auditou a Evergrande por quase 14 anos, até o início de 2023.

As fontes afirmaram que os reguladores chineses devem anunciar as penalidades contra a PwC nas próximas semanas.

As iminentes penalidades da PwC levaram a um êxodo da clientela e provocaram cortes de custos e demissões em massa na empresa nos últimos meses, segundo fontes.

Como parte das penalidades, a PwC será impedida de assinar certos documentos importantes para clientes na China continental, tais como resultados trimestrais e pedidos de IPO, bem como de realizar outros serviços relacionados a emissões de títulos, disseram as fontes.

A suspensão dos negócios também poderia afetar a PwC Zhong Tian, como um todo, impedindo a empresa de aceitar novos clientes estatais ou listados internamente nos próximos três anos, de acordo com as regulamentações chinesas.

No ano passado, os órgãos reguladores nacionais reiteraram que as empresas estatais e as empresas listadas na China continental deveriam ser “extremamente cautelosas” quanto à contratação de auditores que tenham recebido multas ou outras penalidades nos últimos três anos.

Nos últimos meses, pelo menos 50 empresas chinesas, muitas das quais são estatais ou instituições financeiras, deixaram de contratar a PwC como auditor ou cancelaram planos de contratar a companhia, de acordo com dados analisados pela Reuters.

O maior cliente de auditoria listado na China continental da PwC, o Bank of China, disse na segunda-feira que planeja contratar a EY para sua auditoria anual de 2024. Em junho, o banco declarou que seu contrato de serviços com a PwC seria apenas para a revisão do relatório intermediário.

A PwC também era a aditoria responsável por analisar os balanços da Americanas antes do escândalo da fraude contábil no Brasil.

China assume liderança no mercado automotivo da América Latina

Funcionário verifica carros importados da China na chegada ao porto de San Antonio, em Valparaíso, Chile, em 13 de agosto de 2024

 Funcionário verifica carros importados da China na chegada ao porto de San Antonio, em Valparaíso, Chile, em 13 de agosto de 2024 - AFP

Com algumas dúvidas, Claudio Pérez comprou o seu primeiro carro familiar de origem chinesa. Dois anos depois, o caminhoneiro chileno não se arrepende da compra e afirma que seu próximo veículo também será fabricado na China.

“A marca chinesa é estigmatizada, mas o caminhonete é impecável, não tive problemas”, diz Pérez, 47 anos, que trocou os carros coreanos por um modelo chinês da marca Jetour.

Ele não se convenceu a princípio devido à má reputação dos primeiros modelos chineses, mas precisava comprar um carro com urgência. Recebeu a indicação da marca e não se arrepende.

As montadoras chinesas pisaram no acelerador e, com alternativas que aliam preço e qualidade, conseguiram conquistar o mercado da América Latina, superando Estados Unidos e Brasil.

Nos últimos cinco anos, a China quadruplicou as vendas para a região. Se em 2019 vendeu automóveis por 2,18 bilhões de dólares (8,78 bilhões de reais na cotação da época), em 2023 atingiu 8,56 bilhões de dólares (41,43 bilhões de reais na cotação da época), 20% do total medido em dinheiro, para se tornar o principal fornecedor da América Latina, segundo o International Trade Center (ITC, em inglês).

Os Estados Unidos, que ocupavam o primeiro lugar até 2021, chegaram a 17%, enquanto os carros fabricados no Brasil caíram de 14% para 11% no ano passado.

No mercado emergente de veículos elétricos, o domínio é maior: 51% das vendas na região correspondem a carros do gigante asiático, enquanto praticamente todos os ônibus elétricos são chineses.

“O crescimento dos fabricantes de automóveis chineses nos últimos anos tem sido exponencial, graças a melhorias significativas na qualidade, tecnologia e design”, disse à AFP Andrés Polverigiani, gerente de inteligência de marketing automotivo da consultoria Nyvus.

Competir de igual para igual

Nenhum outro mercado fora da Ásia tem uma participação tão alta de automóveis desta origem, prova da importância da China, segundo parceiro comercial da região, nas economias latino-americanas, segundo o ITC.

Na União Europeia e nos Estados Unidos, dois mercados com uma forte indústria automotiva, a imposição de tarifas a impediu de avançar com maior força.

Embora pequeno, o mercado chileno é considerado um dos mais competitivos do mundo. Praticamente livres de tarifas devido a uma ampla gama de acordos comerciais, 80 marcas de 28 origens oferecem mais de 600 modelos de veículos.

O desembarque de carros chineses nos portos do país parece incessante.

“Um carro chinês aqui compete com as mesmas características de um americano ou europeu. As tarifas mais baixas também levaram a preços muito competitivos”, destaca o presidente da Associação Nacional Automotiva do Chile, Diego Mendoza.

No ano passado, os carros chineses representaram quase 30% das vendas no país.

Assim como no Chile, Equador, Peru e Colômbia, a aposta da China é dominar o mercado, enquanto no Brasil e no México, os grandes fabricantes regionais, a China busca vender e também produzir.

A gigante BYD está construindo a maior fábrica de carros elétricos fora da Ásia em Camaçari, na Bahia, com capacidade para produzir 150 mil veículos por ano. A GWM também comprou uma fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis (leste de São Paulo) para produzir 100 mil unidades elétricas por ano.

“O Brasil é um país com grande volume de vendas, ainda com baixa presença de veículos elétricos e baixa presença de chineses. Se eu fosse executivo de uma empresa automotiva chinesa, também veria o mercado brasileiro com muito interesse”, comenta à AFP Cassio Pagliarini, especialista da Bright Consulting.

Mais pelo mesmo preço

A China conseguiu atrair consumidores após se associar a grandes fabricantes, em alianças que permitiram baixar processos de produção e melhorar tecnologias.

“As pessoas os testavam e os adotavam de acordo com suas preferências”, diz Rubén Méndez, gerente de marketing da Movicenter, onde carros são vendidos no Chile.

Em relação aos preços, José Carlos De Mier, representante da Nyvus no México e em Porto Rico, explica que “em alguns países da América Latina, as marcas de origem chinesa oferecem mais pelo mesmo preço”.

Na América Latina, os automóveis chineses permitiram o acesso ao primeiro veículo a segmentos da população de média ou baixa renda e a expansão de tecnologias mais limpas em cidades poluídas como Santiago, Bogotá ou Cidade do México, explica Sebastián Herreros, economista da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

“Todos os nossos países têm que avançar rapidamente para a eletromobilidade devido a um desafio quase de sobrevivência e a China é um parceiro ideal: tem a escala de produção e a capacidade de vender a preços convenientes”, acrescenta Herreros.


Arrecadação federal cresce 9,55% em julho e bate recorde, mostra Receita

 

 Relembre moedas comemorativas lançadas pelo Banco Central | CNN Brasil

 

Da redação com Reutersi


(Reuters) – A arrecadação do governo federal teve alta real de 9,55% em julho sobre o mesmo mês do ano anterior, somando 231,044 bilhões de reais, em novo recorde para o mês, informou a Receita Federal nesta quinta-feira.

No acumulado de janeiro a julho, a arrecadação foi de 1,530 trilhão de reais, 9,15% acima do registrado nos primeiros sete meses de 2023, já descontada a correção pela inflação.

Segundo a Receita, o desempenho positivo do mês foi influenciado “pelo comportamento das variáveis macroeconômicas, pelo retorno da tributação do PIS/Cofins sobre combustíveis, pela tributação dos fundos exclusivos e pela atualização de bens e direitos no exterior”.

Como destaque no ganho real no mês, a arrecadação com os tributos PIS/Pasep e Cofins registrou crescimento real de 22,04%, a 45,260 bilhões de reais, resultado explicado, segundo o fisco, por um maior volume de vendas e serviços no país, retomada da contribuição do setor de combustíveis e exclusão do ICMS da base de cálculo desses impostos.

Também houve forte crescimento real na Receita Previdenciária em 6,04%, a 53,559 bilhões de reais.

O PIS/Pasep e o Cofins também influenciaram positivamente na arrecadação do período de janeiro a julho, com alta real de 19,25%%, a 302,463 bilhões de reais.

Nesse período acumulado do ano, a Receita novamente destacou a arrecadação com a Receita Previdenciária, que teve ganho real de 5,45%, a 371,698 bilhões de reais, justificado pela alta da massa salarial de 6,88%.

Ainda nos sete primeiros meses do ano, o fisco relatou um crescimento real de 17,83% no recolhimento de IRRF-Rendimentos de Capital, a 81,934 bilhões de reais, decorrente de projeto de lei aprovado no ano passado que determinou a tributação de fundos exclusivos de investimento.

Do lado negativo para o período, o fisco voltou a citar a calamidade no Rio Grande do Sul, que provocou uma perda de arrecadação de 7,3 bilhões de reais de janeiro a julho.

Em julho, os recursos administrados pela Receita, que englobam a coleta de impostos de competência da União, avançaram 9,85% em valor ajustado pela inflação frente a um ano antes, a 214,792 bilhões de reais. No período de janeiro a julho de 2024, o ganho foi de 9,07%, totalizando 1,450 trilhão de reais.

Já as receitas administradas por outros órgãos, com peso grande dos royalties sobre a exploração de petróleo, avançaram 5,71% em julho frente ao mesmo período de 2023, a 16,252 bilhões de reais. No acumulado de janeiro a julho, esses recursos tiveram alta real de 10,71%, totalizando 79,431 bilhões de reais.

(Por Fernando Cardoso)