quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Haddad diz que não mudou meta fiscal: ‘Tivemos derrota no Congresso de R$ 40 bi’

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Rio de Janeiro

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 16, que não tem intenção de mudar a meta fiscal do governo. Ele reiterou que a alteração do alvo de resultado primário em 2025 – de um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0% em 2025 – é reflexo de uma derrota de R$ 40 bilhões no Congresso Nacional.

“Não tenho intenção (de mudar meta). Quando as pessoas falam ‘você mudou a meta do ano que vem’, não foi isso que aconteceu. Nós tivemos uma derrota no Congresso Nacional, uma derrota importante de R$ 40 bilhões. Uma coisa é fechar os olhos para essa derrota, não fingir que ela existe e ficar enganando a sociedade. Outra coisa é ‘olha, tenho uma meta, mas resultado não consigo perseguir se não houver harmonização dos Poderes'”, afirmou o ministro durante evento promovido pelo Valor Econômico.

Apesar dessa derrota, ele reiterou que tem ocorrido uma harmonização entre os Poderes, já que o Congresso aprovou diversas medidas enviadas pela equipe econômica, mesmo com alterações. Ele afirmou que a Fazenda conhece os gargalos e desafios, mas tenta construir as soluções pelo caminho da política.

“Temos projeto (para o País), ele pode dar certo com tudo que estamos vendo, ele pode dar certo. As pessoas precisam concorrer para que ele dê certo”, defendeu Haddad.

Regra expansionista

Haddad negou que o arcabouço fiscal seja uma regra expansionista. “Não penso que o arcabouço seja expansionista, penso que inteligentemente introduziu na legislação brasileira cláusulas anticíclicas, o que era um problema da Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF]”, disse o ministro durante o evento. Ele observou que as despesas, pelas regras da LRF, despencavam em ciclos de retração econômica. “A LRF tinha essa deficiência. O que fizemos foi corrigir isso.”

O ministro salientou, no entanto, que o Executivo não é único poder da República, de modo que é preciso um trabalho pedagógico para que os demais poderes entendam que os limites do arcabouço valem para todos. Ao mencionar a “tese do século”, que trata da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins, Haddad disse que o Judiciário tomou medidas que acarretaram a expansão da dívida pública em 10% do Produto Interno Bruto (PIB).

Além disso, o ministro voltou a dizer que, não fosse a desoneração da folha de pagamentos, cuja manutenção foi defendida pelo Legislativo, o País chegaria ao fim deste ano com equilíbrio fiscal. “Não estaríamos discutindo a questão fiscal.”

Por que o BC deve voltar a subir juros hoje e qual o impacto disso na economia?

 


Sede do Banco Central em Brasília

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgam no começo da noite desta quarta-feira, 18, a decisão sobre a taxa de juros da economia, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano. A expectativa é que a decisão será pelo início de um novo ciclo de aperto monetário, com aumento de 0,25 ponto percentual (p.p.). Se ele se concretizar, e a taxa for a 10,75%, será o primeiro aumento desde agosto de 2022.

Um aumento nos juros a essa altura é uma decisão na contramão de outros BCs pelo mundo. O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, também decide hoje sobre seus juros, muito provavelmente por um corte. Na semana passada foi o Banco Central Europeu que reduziu sua taxa. E ainda, segundo monitoramento da Reuters, cerca de metade de 18 mercados emergentes monitorados pela agência já começaram a cortar os juros neste ciclo.

A taxa de juros é um instrumento de política monetária que impacta na inflação, em geral, se usa em dosagens para tentar conter o avanço de preços que pode refletir no bom andamento da economia do país. A meta de inflação definida para 2024 é de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 p.p. para mais (4,5%) ou para menos (1,5%).

Reprodução/Banco Central

Contudo, o cenário brasileiro está composto hoje por uma economia aquecida, refletida no PIB do segundo trimestre de 2024  – que surpreendeu até mesmo o governo ao ficar 1,4% maior que em relação ao trimestre anterior – e uma projeção de inflação para fora do teto da meta.

O Boletim Focus desta semana, documento semanal do Banco Central com as projeções do mercado para a economia, aponta para uma inflação anual maior que nas edições anteriores, de 4,35%, a nona alta semanal consecutiva. Para 2025, a projeção também subiu e passou de 3,92% para 3,95%.

Soma-se ainda um mercado de trabalho forte, com recorde de 102 milhões de pessoas empregadas, levando a taxa de desemprego oficial para um de seus menores níveis históricos, e com incremento de renda, ainda que pequeno.

Toda essa conjuntura acende o alerta para aumento dos riscos inflacionários, deixando a decisão do Comitê ainda mais inclinada para um aperto monetário e que, provavelmente, se seguirá nas próximas reuniões.

O governo também segue com dificuldades para fechar suas contas, trazendo ainda mais incertezas para o cenário fiscal. O Focus aponta para um déficit primário de 2024 em 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB), distante da meta deste ano, de déficit zero, com tolerância de 0,25 p.p. para mais ou para menos. O próprio governo espera obter um déficit primário de R$ 28,8 bilhões em 2024, exatamente em linha com o piso do alvo.

Juros altos

E se por um lado a taxa de juros mais alta ajuda a conter a pressão inflacionária, por outro impacta diretamente na atividade econômica. A elevação da taxa básica, por exemplo, contribui para a desvalorização do real em relação ao dólar.

Reforça, ainda, a desconfiança do mercado na capacidade do governo de cumprir a meta fiscal, essa última sob escrutínio do mercado no momento, lembrando que juros mais altos impactam na dívida pública, já que grande parte dela está indexada à Selic.

Juros maiores significa crédito mais caro. E, com o crédito menos acessível, os diferentes setores da economia têm dificuldade para investir e fazer crescer a atividade econômica. O setor industrial, por exemplo, que com desempenho praticamente estagnado – entre pequenas altas e baixas – esbarra nas taxas de juros mais alta na hora de acelerar investimentos para impulsionar produtividade.

O crédito fica mais caro também para os consumidores e trabalhadores. Seja para aquisição da casa própria, carro ou qualquer outro consumo mais vultoso, e pode deixar as famílias mais endividadas.

+ ‘Lula poderia fazer mais para sinalizar compromisso com redução de gastos’, diz Ricupero

Um cenário de juros mais alto mexe ainda com os investimentos no país. Alguns tipos de investimento, aqueles de renda fixa e principalmente os atrelados à Selic, passam a ser mais interessantes. E empresas deixam de captar dinheiro na bolsa e afasta investidores da renda variável.

Dois presidentes

Além da grande expectativa pela confirmação do início de um novo ciclo de aperto, a reunião que se encerra nesta quarta-feira, 18, contará com “dois presidentes” do BC. Além do oficial, vem ganhando cada vez mais lupa a comunicação feita pelo atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que foi indicado no fim de agosto pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, como o novo comandante do BC a partir de 2025.

Galípolo tomará posse do cargo em janeiro se for aprovado em sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, marcada para 8 de outubro. Nas últimas semanas, o postulante percorreu gabinetes da Casa para se reapresentar aos parlamentares. Ele contou também com a ajuda de Campos Neto. Esta é a primeira vez que ocorre uma transição deste tipo por causa da lei de autonomia operacional do BC, de 2021.

*Com informações de Reuters, Estadão Conteúdo e AFP

Oportunidades de Promoção Comercial para pequenas e médias indústrias brasileiras

 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Juros: melhora do câmbio alivia pressão vinda dos Treasuries e taxas têm viés de baixa

 

84.200+ Cotação De Juros fotos de stock, imagens e fotos ...

Os juros futuros fecharam a terça-feira com viés de baixa, após serem pressionados para cima ao longo da manhã pelo ambiente externo e pelo risco do cenário fiscal. O alívio coincidiu com a melhora do câmbio, com o dólar se firmando abaixo de R$ 5,50, também na segunda etapa, que não teve maiores novidades no noticiário que justificassem o abandono da cautela.

Os rendimentos dos Treasuries seguiram em alta até o fim do dia, em meio a dados de atividade surpreendentes, mas que não chegaram a abalar a confiança do mercado no corte de juros em 0,5 ponto porcentual pelo Fed amanhã. As apostas para o Copom também desta quarta-feira seguem consolidadas numa alta de 0,25 ponto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,945%, de 10,961% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,78%, de 11,83% ontem. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,81% (11,85% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2029 ficou estável em 11,96%.

Nas mesas de renda fixa, o exterior foi visto hoje como o grande driver para os negócios. As taxas começaram o dia rondando a estabilidade, mas passaram a avançar em meados da manhã, acompanhando a reação da curva dos Treasuries a dados acima do esperado do varejo e produção industrial nos EUA, em dia também de leilão de títulos de 20 anos com demanda abaixo da média. No fim, da tarde, o yield da T-Note de dez anos estava em 3,645%.

À tarde, ainda que a curva americana tenha seguido sob pressão, o avanço das taxas locais perdeu fôlego, aparentemente em linha com a descida do dólar até a casa dos R$ 5,48. O nível atual da moeda americana é bem mais baixo do que no último Copom (R$ 5,65) e inferior também aos R$ 5,55 do cenário de referência citado no comunicado de julho, para o qual a projeção de inflação no horizonte relevante (primeiro trimestre de 2026) era de 3,4%, com trajetória para juros extraída da pesquisa Focus à época. O dólar à vista encerrou em R$ 5,4882.

Se a melhora do câmbio não é capaz de dissipar as apostas em aperto da Selic, ao menos endossa a ideia de que a dose de 0,25 ponto estaria de bom tamanho para começar o ciclo. Não são poucos os economistas que acreditam que pelos fundamentos e, principalmente em razão do corte de juros nos EUA, o Copom deveria manter a Selic a 10,50%. Mas, após a comunicação difusa desde a última reunião, vai aumentar a taxa para fortalecer a credibilidade da instituição antes de Gabriel Galípolo, cuja indicação ainda tem de passar pelo Senado, assumir o comando.

Neste grupo está a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese. “Eles vão subir muito por conta da promessa que estão fazendo de subir. Mas necessidade não teria. Temos uma taxa de juros absolutamente restritiva, juros real elevadíssimos, num momento em que o mercado de trabalho começa a dar alguns sinais de que pode entrar em uma inflexão”, afirma, lembrando ainda que a inflação corrente não “está ruim”. Por isso, o Copom deve optar por um aumento mínimo, de 0,25 ponto, que já será ainda mais difícil de justificar se o Fed aplicar uma dose maior, de 0,5 ponto, na redução do juro amanhã. “Nesse caso, eu não queria estar na pele do Copom”, diz Veronese.

Um fator que deve ser citado no balanço de riscos do Copom é o cenário fiscal, que vem piorando desde que a seca que assolou o País provocou uma série de incêndios, demandando ação mais efetiva do governo federal, o que colocou à mesa a possibilidade de socorro via uso de crédito extraordinário.

“O planejamento e a execução fiscal do governo têm efeitos diretos e indiretos sobre a decisão da taxa de juros no Brasil. No curto prazo, o principal impacto se dá na taxa de câmbio, por meio do prêmio de risco embutido nos juros pagos pelos títulos brasileiros”, destacam Renato Chaim e Tarik Barat, da PRX Capital, que preveem alta de 0,25 ponto na Selic amanhã, de forma a levar a uma transição suave, e, assim, dar mais tempo de adaptação aos agentes econômicos

Eleições 2024: Você sabia que é possível fazer microdoações aos seus candidatos a vereador e a prefeito?

 


Entenda como apoiar seu candidato por meio de ‘vaquinha virtual’ reconhecida pelo TSE como mecanismo de arrecadação oficial

 

 

Poupança tem saque líquido de R$ 87,819 bi em 2023

Falta pouco mais de um mês para o primeiro turno das eleições municipais de 2024, que ocorrerá dia 6 de outubro. O Brasil terá cerca de 455 mil candidatos a vereador, prefeito e vice-prefeito. O eleitor terá papel crucial para além do ato de votar. Isto porque, neste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) definiu com mais clareza as regras para o financiamento coletivo – as chamadas ‘vaquinhas virtuais’.

Ficou definido que as microdoações de eleitores pessoas físicas estarão limitadas a R$ 1.064 por operação e até 10% do rendimento bruto recebido em 2023 pela pessoa que se dispuser a contribuir com o candidato de sua preferência.

O TSE estabeleceu, ainda, que o microdoador individual precisa realizar o repasse de recursos por meio de plataformas digitais especializadas em financiamento coletivo. O objetivo é que a operação seja protegida tanto para quem doa quanto para o candidato seja transparente, como prestação de contas à Justiça Eleitoral.

João Reis, CEO da Azul Pagamentos, uma das principais plataformas de microdoação homologadas pelo TSE, afirma que outra vantagem do serviço é que o dinheiro não utilizado pelo candidato deverá ser devolvido ao doador. “Essa regra torna o processo de doação mais transparente, pois exige que o candidato apresente contas e arrecadação compatíveis. É mais segurança para o eleitor que apoia um candidato”, afirma.

O executivo destaca que uma das vantagens para os candidatos é que a ferramenta digital ajuda na prestação de contas ao TSE. “Imagine um candidato com centenas de doações tendo de repassar em até 72 duas horas as informações para a Justiça Eleitoral. Seria um prazo desafiador. O bom é que a plataforma de financiamento coletivo faz isso pela campanha”, diz.

Saiba mais em:


https://www.azulpagamentos.com.br/

Haddad vê crise de dependência de jogos no país e diz que governo busca soluções

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em reunião no Palácio do Planalto

 

BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que há uma “pandemia” no Brasil relacionada à dependência psicológica causada por jogos, ressaltando que o governo busca soluções para o problema.

Segundo ele, a regulamentação do tema não está relacionada à arrecadação tributária, mas à questão de saúde pública.

Nesta terça, a Fazenda informou que irá suspender a partir de outubro as empresas de apostas de quota fixa que ainda não pediram autorização para funcionar.

“Não tem nada a ver com arrecadação. Isso tem a ver com a pandemia que está instalada no país e que nós temos que começar a enfrentar, que é essa questão da dependência psicológica dos jogos”, disse em entrevista a jornalistas.

“Estamos vendo a necessidade premente de começar a colocar ordem nisso e nos associarmos ao Ministério da Saúde, há muitos relatos de problemas de saúde.”

De acordo com o ministro, a pasta trabalha na regularização do setor, argumentando que o problema não foi atacado pelo governo anterior. Segundo ele, o processo prevê o controle de publicidade e patrocínios, além da proibição de uso de cartão de crédito ou outras formas de endividamento nos jogos online.

“Temos que salvaguardar as famílias, vamos pedir o apoio da sociedade civil também para enfrentar esse problema, o nosso objetivo aqui é tratar desse assunto com a cautela devida… Vamos antecipar as ações governamentais”, disse.

A lei que regulamenta essas apostas foi aprovada pelo Congresso no fim do ano passado, mas depende de uma série de medidas infralegais para a implementação completa.

A suspensão de casas de aposta que não pediram autorização para operar, anunciada nesta terça, foi uma maneira de antecipar a triagem das companhias, que seria feita em janeiro de 2025, explicou em nota o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena.

“Têm vindo à tona muitas operações policiais envolvendo empresas que atuam no mercado de apostas de forma criminosa. Essa foi a forma que encontramos de não aguardar até janeiro para começar a separar o joio do trigo. Queremos proteger a saúde mental, financeira e física do apostador”, disse.

(Por Bernardo Caram)

Índice de Atividade Econômica Regional do Nordeste sobe 3,1%, mostra FGV

 Índice de Atividade Econômica Regional do Nordeste sobe 3,1%, mostra FGV


O Índice de Atividade Econômica Regional (IBC-R) do Nordeste cresceu 3,1% no primeiro semestre ante o mesmo período de 2023. O resultado superou o avanço de 2,1% registrado na atividade econômica nacional no mesmo período. Os cálculos são do Boletim Macro Regional Nordeste, divulgado nesta terça-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

No mês de junho, o IBC-R do Nordeste recuou 1,0% ante junho de 2023, enquanto o do Brasil cresceu 1,4%. No segundo trimestre de 2024, houve um crescimento de 0,5% na atividade econômica nordestina ante o segundo trimestre do ano passado.

“O Nordeste do Brasil ainda enfrenta grandes desafios econômicos e sociais. Em 2021 representava cerca de 27% da população brasileira, mas com apenas 13,8% de participação do PIB nacional, sendo que esse patamar vem se mantendo quase que inalterado nas últimas décadas, refletindo dificuldades em superar um atraso histórico. A renda per capita da região em 2023 equivalia a apenas 62% da média nacional e concentrava 55% da população em extrema pobreza do Brasil”, avaliou a FGV, em nota.

No mês de junho de 2024, a indústria do Nordeste registrou uma queda de -6,0%. As principais perdas ocorreram nos parques fabris da Bahia (-5,4%) e Pernambuco (-5,2%), enquanto o Ceará (1,6%) foi o único Estado a computar crescimento. No acumulado do ano, a produção industrial nordestina encolheu 0,4%.

“A confiança do empresário industrial na região também apresentou queda, atingindo 48,7 pontos em julho, abaixo da média histórica”, ressaltou a FGV.

Já o mercado de trabalho local permaneceu mostrando bons resultados: o saldo de empregos no Nordeste foi positivo em 45.904 novos postos de trabalho em junho de 2024, a maior geração de empregos do ano. Ceará, Bahia e Pernambuco lideraram a criação de vagas.

No acumulado do primeiro semestre, foram gerados mais de 142 mil empregos formais no Nordeste. A taxa de desocupação caiu para 9,4% na região no segundo trimestre de 2024.

Para Isadora Osterno, coordenadora técnica do Boletim Macro Regional, os dados mostram que a tanto a economia quanto o mercado de trabalho nordestino estão “performando bem”.

“Nossa atividade econômica vai bem, mas o ponto é que a indústria nordestina não consegue ter bom desempenho, a indústria nordestina não vai tão bem”, ponderou Osterno. “A desocupação vem caindo trimestre após trimestre. Chegamos ao menor nível da série histórica, que mostra uma dinâmica interessante do mercado de trabalho do Nordeste. O ponto é que a atividade econômica vem bem, a indústria não tão bem, mas o mercado de trabalho vem bem”, resumiu.

Embora a taxa de desemprego esteja nas mínimas históricas no Nordeste, o resultado ainda foi consideravelmente mais elevado na região do que a média nacional, que ficou em 6,9% no segundo trimestre.

“Principalmente entre os menos escolarizados, você observa uma dificuldade desse extrato da população em acessar o mercado de trabalho”, justificou João Mário de França, pesquisador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste do Ibre/FGV.

Apesar da persistência de alguns obstáculos, a região Nordeste tem se destacado em inovação e sustentabilidade, apontou a FGV.

“O agronegócio, por exemplo, cresce com a expansão da agricultura irrigada, enquanto o Nordeste lidera a produção de energia eólica e solar no país. O setor de turismo também impulsiona a economia regional, contribuindo para o desenvolvimento local”, citou a Fundação, em nota.

Entre 2021 e 2023, no pós-pandemia, a extrema pobreza caiu à metade no Brasil, sendo o Nordeste responsável por 50% dessa redução, apontou a FGV. “Você tem um movimento positivo do Bolsa Família reduzindo a extrema pobreza”, explicou França.

Quanto ao mês de julho, a FGV informou que a balança comercial do Nordeste apresentou um superávit de US$ 102 milhões, depois de seis meses de déficits consecutivos. Os Estados do Maranhão e do Ceará lideraram as exportações, puxadas por commodities agrícolas e semiacabados de ferro e aço.

“As exportações nordestinas ainda dependem fortemente de commodities, especialmente soja, celulose e alumina. A China e os EUA são os principais parceiros comerciais da região”, apontou a FGV.