segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Atividade supera expectativas e volta a crescer em agosto, aponta ‘prévia do PIB’ do BC

 


Prédio do Banco Central em Brasília

 

A atividade econômica brasileira superou as expectativas e voltou a crescer em agosto, dando continuidade à resiliência mostrada na primeira metade do ano, embora o dado do mês anterior tenha sido revisado para baixo.

O Banco Central informou nesta segunda-feira que o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,2% em agosto sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado.

A leitura foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de estabilidade, marcando uma retomada ante a queda de 0,6% de julho. No entanto, esse dado foi revisado pelo BC de recuo de 0,4% informado antes.

Os dados do IBC-Br mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice teve alta de 3,1% em agosto, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 2,5%.

Depois de surpreender com resultados melhores do que o esperado no primeiro semestre, a expectativa é de que a economia perca um pouco de força na segunda metade do ano diante da redução de estímulos fiscais.

Economia aquecida e Selic

A economia aquecida é um dos pontos de atenção do Banco Central devido à pressão inflacionária. No mês passado, o BC elevou a taxa de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75%, e deve realizar novos aumentos nas duas últimas reuniões do ano.

A autoridade monetária ainda revisou sua projeção para o PIB deste ano a um crescimento de 3,2%, ante patamar de 2,3% antes. Isso depois de o Ministério da Fazenda ter previsto expansão de 3,2% da economia.

Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que a expectativa para a expansão do PIB este ano é de 3,01%, indo a 1,93% em 2025.

Em agosto, a produção industrial do Brasil voltou a crescer, a uma taxa de 0,1% sobre o mês anterior. No entanto, as vendas varejistas tiveram queda de 0,3%, ainda que menor do que a esperada, e o volume de serviços frustrou a expectativa de ganhos para marcar uma retração de 0,4% em agosto.

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Cidade no interior de SP planeja maior prédio do mundo; entenda projeto

 

Morar em Sorocaba: como é, onde ficar? | Direcional

 

A prefeitura de Sorocaba, no interior de São Paulo, planeja construir, com a iniciativa privada, o maior prédio do mundo no centro da cidade, de 723 mil habitantes. O projeto foi anunciado nesta quarta-feira, 10, pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).

A proposta é revitalizar o centro construindo o mega-edifício residencial e comercial para atrair investimentos e turistas. Segundo o prefeito, o projeto se encaixa em uma proposta de valorização do centro, região que sofreu esvaziamento populacional nas últimas décadas.

Conforme o anúncio da prefeitura, o futuro arranha-céu terá 170 andares, o que representa cerca de um quilômetro de altura. O plano sorocabano se inspira no projeto do que é atualmente o maior edifício do mundo, o Burj Khalifa, nos Emirados Árabes, com 828 metros de altura e 163 andares. No Brasil, o maior prédio é o Yachthouse, em Balneário Camboriú (SC), com 290 metros e 81 andares.

Já em Sorocaba, o edifício mais alto é o Ícone, com 141 metros de altura e 45 andares, mas está localizado fora do centro, no bairro Jardim Faculdade, na zona sul da cidade. A cidade se expandiu verticalmente nessa região, principalmente nos Altos do Campolim. Na região central, predominam prédios de médio porte, com no máximo 30 andares.

Reeleito nas eleições do último domingo, 5, em primeiro turno para um segundo mandato, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) disse ao Estadão que o projeto faz parte de um plano da prefeitura de revitalizar o centro da cidade, que completou 370 anos. Ele disse que a mega-construção está no contexto de outras iniciativas de valorização do centro, como a recuperação de prédios históricos e a melhoria na mobilidade. A antiga estação ferroviária será restaurada para receber o Trem Intercidades, projeto do governo estadual, que ligará Sorocaba à capital.

Com as obras do prédio, Manga prevê a criação de 5 mil vagas de trabalho diretas e indiretas e um investimento de R$ 2 bilhões pela iniciativa privada, com apoio do poder público. “Nós estamos fazendo a revisão do Plano Diretor, que não é mudado há dez anos, para retirar o limite de altura das construções apenas na região central. Vamos dar também isenção de outorgas e taxas para atrair investimentos”, disse.

Segundo ele, empresas que ainda não foram reveladas manifestaram interesse em construir o mega-edifício, com apoio do município em relação às licenças. Uma empresa de engenharia realizou os estudos de revisão do Plano Diretor. Para mudar o plano está prevista a realização de audiências públicas. Nas próximas semanas, o projeto será apresentado à Câmara de Vereadores.

Atualmente, a região central da cidade abrange o perímetro formado pelas avenidas Dom Aguirre, Afonso Vergueiro, Eugênio Salerno, Moreira César e Juscelino Kubistchek de Oliveira. Segundo o prefeito, os técnicos da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (Seplan) fizeram análises em conjunto com a empresa parceira na revisão do Plano Diretor e a região estaria preparada para receber um prédio desse porte.

Marçal lançou plano semelhante na capital

Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, o candidato Pablo Marçal (PRTB) anunciou que, caso fosse eleito, pretendia construir o maior prédio do mundo na cidade, também com 1 quilômetro de altura. Marçal ficou em terceiro lugar e está fora do segundo turno da disputa na capital. Na última segunda-feira, 7, o prefeito de Sorocaba, inclusive, convidou Marçal para assumir o cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Econômico na próxima gestão, que iniciará em janeiro de 2025.

Se for erguido como quer o prefeito, o prédio de Sorocaba vai superar em muito o Senna Tower, que a construtora FG Empreendimentos pretende construir em Balneário Camboriú, cidade famosa pelos edifícios gigantes. O projeto catarinense, cujo nome homenageia o piloto da Fórmula 1 Ayrton Senna, que faleceu há 30 anos, prevê uma altura de 509 metros, o que o colocaria como o maior edifício residencial do mundo, segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, em português).

O conselho mantém o site The Skyscraper Center, com o ranking dos maiores arranha-céus do planeta.

Lista atual dos dez maiores prédios do mundo:

1 – Burj Khalifa, em Dubai, Emirados Árabes: 828 metros – 163 andares

2 – Merdeka 118, em Kuala Lumpur, Malásia: 679 metros – 118 andares

3 – Shanghai Tower, em Xangai, China: 632 metros – 128 andares

4 – Makkah Royal Clock Tower, em Meca, Arábia Saudita: 601 metros – 20 andares

5 – Ping An Finance Center, em Shenzhen, China: 599 metros – 115 andares

6 – Lotte World Tower, em Seul, Coreia do Sul: 555 metros – 123 andares

7 – One World Trade Center, Nova York, Estados Unidos: 541 metros – 94 andares

8 – Guangzhou CTF Finance Centre, em Guangzhou, China: 530 metros -111 andares

9 – Tianjin CTF Finance Centre, em Tianjin, China: 530 metros – 97 andares

10 – Citic Tower, em Pequim, China: 527 metros – 109 andares

Fonte: The Skyscraper Center

Haddad é vaiado em evento de corretores e mediador pede palmas para quem o vaiou

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi vaiado quando se levantou para discursar no 23º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, na noite de quinta-feira, 10. Após as manifestações, o mediador do evento pediu uma salva de palmas para os críticos do ministro, afirmando que era uma honra ter Haddad no evento.

O momento em que Haddad é vaiado está sendo compartilhado por políticos que integram a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um deles foi o vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União).

Veja o vídeo:

O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, interrompeu o discurso e pediu “uma salva de palmas” para os críticos. Segundo o presidente da entidade, que é uma das organizadoras do evento que está sendo realizado no Rio de Janeiro até este sábado, 12, o episódio representou “a democracia se manifestando”.

“Eu queria, em primeiro lugar, pedir uma salva de palmas para aqueles que vaiaram o ministro. É a democracia se manifestando, isso é bonito. O mais bonito ainda é nós termos, em um evento do setor de seguros e dos corretores de seguros, o ministro de Estado da Fazenda”, afirmou

Após a manifestação da plateia, Haddad rebateu os autores das vaias e disse que a contribuição dele como professor universitário “supera muitas pessoas” que eles admiram. Ao longo do discurso, o ministro da Fazenda detalhou a sua relação com o setor de seguros e destacou a contribuição dele para a criação da tabela Fipe.

“Não sei quantos políticos trabalharam para o setor de seguros, mas eu tenho certeza que a contribuição que dei como professor universitário supera muitas pessoas que vocês admiram e que talvez não tenham entregado absolutamente nada durante a sua vida pública”, afirmou Haddad.

‘Temos de tirar de alguém’, diz Lula sobre aumento da faixa de isenção no IR

 


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu, nesta sexta-feira, 11, o aumento na taxa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física, uma promessa sua de campanha. Segundo o presidente, “nós temos de tirar de alguém” para isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil do IRPF.

“Você não pode fazer com que pessoas que ganham R$ 5 mil paguem IRPF, enquanto os que têm ações na Petrobras recebem R$ 45 bilhões em dividendos sem pagar Imposto de Renda”, disse o presidente da República.

A declaração se deu em entrevista do presidente à rádio O Povo/CBN de Fortaleza. O presidente da República foi além da promessa de isenção de quem ganha até R$ 5 mil e defendeu que, “no futuro, (temos de) isentar mais”.

Lula justificou que “não pode cobrar 27% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança que não pagam”.

“Na minha cabeça, salário não é renda. Renda é quem vive de especulação, esse sim deveria pagar Imposto de Renda. Esse que faz transferência de dinheiro para parente e paga só 4%”, argumentou Lula.

O presidente afirmou que esse debate sobre a carga tributária tem de ser “público”, e não “escondido”. “Nós temos de tirar de alguém. Não tem de ser um debate escondido, tem de ser público”, declarou.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Gastos de turistas estrangeiros no Brasil devem ser recorde em 2024, aponta WTTC


Setor deve trazer US$ 169,3 bilhões para a economia do Brasil em 2024, o que significa aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019

 

 

Turismo

Julia Simpson, presidente e CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC): "Nós esperamos que a economia global cresça a 2,4% todo ano durante os próximos 10 anos e nosso setor está crescendo a 3,7%" (Crédito: Divulgação)

O setor de turismo brasileiro está em crescimento e pode se consolidar como uma potência global com a promoção de destinos para os turistas internacionais e um compromisso cada vez maior com práticas sustentáveis. É o que afirma Julia Simpson, presidente e CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Segundo a última Pesquisa de Impacto Econômico (EIR), elaborada pela WTTC em parceria com a Oxford Economics, a expectativa é de que o Brasil registre US$ 7 bilhões em gastos de turistas estrangeiros neste ano, um recorde e aumento de 9,5% em relação a 2019, antes da pandemia. Já as despesas do turismo interno também devem atingir novo recorde, de US$ 112,4 bilhões, aumento de 11,2% sobre 2019. Além disso, o setor deve contribuir com US$ 169,3 bilhões para a economia no Brasil em 2024, o que significa um aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019. Em entrevista à DINHEIRO, Simpson detalhou as projeções da organização para o turismo nacional, destacando as principais oportunidades e os desafios. Confira:

Como você avalia o cenário do setor de viagens e turismo globalmente?
A contribuição do setor para a economia global deve crescer 12% em 2024, em relação a 2023, chegando a mais de US$ 11 trilhões e compondo assim 10% do PIB global. Estimamos também que neste ano 348 milhões de empregos estarão ligados ao setor. Isso mostra que, mundialmente, o turismo emprega 1,5 vezes a população do Brasil, de 215 milhões de habitantes. Atualmente, analiso todo cenário como positivo, repleto de oportunidades e avanços. Nós esperamos que a economia global cresça a 2,4% todo ano durante os próximos 10 anos e nosso setor está crescendo a 3,7%. Então, nós somos um setor que registra avanços mais rapidamente do que a economia.

E a contribuição do setor para o Brasil?
Em 2023, a contribuição à economia do setor de viagens e turismo foi maior do que em 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19. O Brasil foi uma das mais rápidas economias que se recuperou nesse sentido. Hoje, a área representa 7,7% da economia nacional, com uma contribuição de US$ 165,4 bilhões. Durante 2023, a atividade reforçou também a sua força de trabalho com 91 mil postos adicionais aos registrados em 2019, atingindo um total de 7,76 milhões de postos de trabalho em todo o território nacional. Da mesma forma, os gastos com turismo internacional atingiram US$ 6,8 bilhões, 5,7% acima do valor de 2019. Já os gastos nacionais registraram um máximo histórico com mais de US$ 111 bilhões.

Os números devem crescer até o fim deste ano?
Sim. Em 2024, o setor deve contribuir com US$ 169,3 bilhões para a economia no Brasil, o que significa um aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019. Além disso, estima-se que o setor deve representar mais de 8 milhões de empregos no País, ou seja, 8,1% do total. Esses são dados da nossa última Pesquisa de Impacto Econômico (EIR) 2024, feita em associação com a Oxford Economics.

Qual a estimativa para o turismo brasileiro para os próximos anos?
A projeção é que em uma década, ou seja, até 2034, o setor no Brasil contribua com US$ 194,6 bilhões para a economia, sendo assim, 7,4% do PIB nacional. Também será um pilar para a geração de empregos, proporcionando trabalho a 9,44 milhões de pessoas, o que representa 9% de todos os postos. Até 2034, 9,2% da força de trabalho no Brasil será representada pelo setor de viagens e turismo. A geração de empregos é importante para o País.

Quais são os desafios e oportunidades para o crescimento?
Primeiro, enquanto globalmente, o setor de viagens e turismo vai expandir mais rápido do que a economia, isso não vai acontecer no Brasil. Durante os próximos 10 anos, a economia brasileira deve avançar a 1,9% e o setor a 1,4%. Isso é muito peculiar. Outra questão é que o turismo internacional ainda representa apenas 5,9% de tudo o que é gasto por viagens em território nacional. É um número baixo, mas vejo como uma oportunidade para impulsionar e fazer o setor crescer. O México é um destino no qual US$ 40 milhões são provenientes dos visitantes internacionais. É um bom exemplo para o Brasil.

Como promover o turismo internacional?
É preciso mostrar que o País é um lugar seguro, com boa infraestrutura e oportunidades. Acredito que atrair a geração Z e promover viagens de luxo são maneiras de atrair esses visitantes. Ambas as áreas estão crescendo, então é o momento do País investir mais na sua promoção, há muita coisa boa por aqui, a questão é justamente como se posicionar para avançar ainda mais.

E esse tipo de turismo na região?
Um ponto positivo é que na região, países como a Colômbia, também têm olhado para esse tipo de turismo. No Caribe, por exemplo, 80% dos gastos vêm de turistas internacionais. Então, é um mercado com muito potencial, sendo possível que toda a América Latina continue crescendo. Observo que a Embratur [Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo] está fazendo um trabalho fantástico nessa linha, buscando maneiras para promover o País no exterior.

O Brasil sai na frente quando…
Quando o assunto é atração, beleza natural. É um dos países mais diversos do mundo, onde tem cidades fantásticas e uma natureza impressionante. A Amazônia é um exemplo disso. A cultura e a gastronomia também são ótimas e diversas, de norte ao sul do País. Essa pluralidade é algo único e especial do Brasil, um país com uma história rica, que tem museus fantásticos, uma arquitetura maravilhosa, entre outras vantagens. Todos esses fatores são oportunidades a serem explorados pelo governo.

A sustentabilidade é essencial para o crescimento do turismo?
Sim, porque crescemos justamente com a sustentabilidade. Temos vários aspectos quando falamos do tema. Há o impacto sobre o ambiente e as questões de greenhouse, e sobre o planeta em termos de natureza, comunidades e cultura. Esse último é muito importante tanto para empregos como para proteger e incentivar a cultura local. No caso do Brasil, a sustentabilidade é um pilar essencial para o crescimento, precisamos que os países ricos entendam o valor da região e trabalhem coletivamente para preservar a natureza. Isso é muito importante. Nós [WTTC] podemos contribuir com o consumo de água e a agricultura de forma sustentável, em como deve se usar os alimentos, etc. Há várias sinergias do setor com a sustentabilidade, e tudo isso é fundamental para crescer.

Como as tecnologias emergentes, especialmente a Inteligência Artificial (IA), podem transformar o setor?
É interessante porque a Inteligência Artificial pode definitivamente ajudar a própria sustentabilidade, através de recursos para proteger o meio ambiente e estratégias, como mostrar para hotéis e outros agentes dessa cadeia como ser mais sustentável, quais práticas são boas ou não. Para a hotelaria, por exemplo, há IAs que realmente monitoram os gastos e oferecem soluções para redução em relação a comida e água. Essa tecnologia também está sendo usada na área do marketing, o que é legal para os países como o Brasil, que pode utilizá-la para atrair a geração Z por meio de experiências virtuais antes da viagem acontecer. Além de eliminar tarefas repetitivas. A IA está mudando o turismo.

 

Governo apresenta proposta para regular big techs e colocará CADE como ‘xerife’

 


Ministro defende que big techs contribuam com inclusão digital caso taxação avance

O Ministério da Fazenda apresenta nesta quinta-feira, 10, uma proposta de regulação para as “big techs” (as gigantes globais da tecnologia) no Brasil, com o objetivo de evitar práticas predatórias de grandes plataformas digitais ao limitar ou encarecer o acesso de consumidores a produtos e empresas. A proposta se baseia em regras para a atuação dessas plataformas já aplicadas em dez países, notadamente EUA, Alemanha, Inglaterra e Austrália, além da União Europeia.

Procurada, a Brasscom, entidade que reúne as big techs no Brasil, afirma que “buscará entender os detalhes da proposta, em conjunto com todas as suas empresas associadas, e não se manifestará nesse momento”.

Hoje, não há uma regulação para a conduta dessas empresas no Brasil e, durante consulta pública realizada no primeiro semestre deste ano, o governo colheu reclamações de empresas quanto à cobrança de taxas e de limitação de acesso de consumidores por big techs como Google, Apple, Amazon e Meta (dona do Instagram e do WhatsApp).

Veja aqui a síntese das medidas propostas.

Cade ‘xerife’

Pela proposta, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) passa a ser o regulador da atuação dessas empresas, que deverão abolir certas práticas, como dar preferência à aparição de produtos vendidos por sua própria plataforma ao consumidor ou fazer exigências em cláusulas de exclusividade.

Embora as regras devam alcançar as redes sociais, como a Meta, a equipe econômica quer restringir o debate apenas à regulação concorrencial, evitando discussões como o cerceamento à liberdade de expressão que bloqueou o avanço de projetos como o PL das Fake News, de moderação de conteúdo e de direitos autorais no Congresso.

A proposta da Fazenda é que as empresas a serem alvo das regras sejam definidas previamente, de acordo com critérios como faturamento e sua relevância em múltiplos mercados, além da inegável dominância demonstrada em número de usuários. Esses critérios deverão ser descritos em projeto de lei, que o governo avalia qual caminho legislativo tomar: ou propor um novo texto ou aproveitar um que já esteja em tramitação e fazer uma contribuição.

A expectativa é de que apenas big techs sejam objeto dessa avaliação prévia de conduta, a exemplo das sete grandes que estão sob lupa na legislação aprovada na Europa em 2022: Google, Meta, Apple, Amazon, Booking, ByteDance (TikTok) e Microsoft. Elas foram denominadas “gatekeepers” na legislação europeia, ou seja, funcionam como porta de entrada para empresas e consumidores ao mercado e, por isso, passaram a ser reguladas.

O Brasil, no entanto, deverá adotar uma regulação diferente da europeia. Na equipe econômica, fala-se em um “modelo intermediário”, que traçará regras de conduta prévias para as empresas, mas adaptadas ao negócio de cada uma delas e em atenção a problemas específicos identificados pelo Cade. A complexidade da legislação europeia foi apontada como um excesso de burocracia e empecilho à inovação, o que o governo brasileiro diz querer evitar.

Além de regras fixadas em lei, a proposta é atualizar as regras que monitoram condutas anticoncorrenciais já existentes no Cade, por meio de portarias do Poder Executivo. Neste caso, seria possível exigir informações da atuação das empresas no âmbito digital, em caso de fusões e aquisições, e atualizar esses parâmetros para que focalizassem apenas grandes empresas com dominância inegável no meio digital.

Nesta quinta-feira, 10, a Fazenda apresenta um relatório com a experiência de outros países na regulação das big techs, além de um compilado de queixas e contribuições (foram 301) reunidas entre janeiro e maio deste ano. Essas informações fundamentam a proposta de regulação a ser impulsionada pelo governo brasileiro.

Queixas se avolumam

Entidades que representam empresas de cartões de crédito e fintechs (startups do setor financeiro) enviaram reclamações sobre a taxa de 30% cobrada por vendas em aplicativos e de jogos online e no pagamento por aproximação feitas pela Apple.

A dona do Tinder, aplicativo de namoro, se queixou de exigências da Apple que resultam na “pior experiência do usuário, menos segurança, preços mais elevados, coleta desnecessária de dados dos clientes, menor escolha do consumidor e menor inovação”.

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert) fez referência ao acúmulo de dados que colocam plataformas digitais em vantagem em relação a concorrentes e a “critérios obscuros” na distribuição de conteúdo jornalístico na internet, sem justa remuneração aos veículos de comunicação.

O Centro de Jornalismo e Liberdade do Open Market Institute, entidade sem fins lucrativos americana, elencou ações na Justiça americana que dão conta de um monopólio do Google em buscas na internet, na publicidade digital e em vendas digitais feitas na Amazon.

Eduardo Lopes, presidente da Zetta, entidade que reúne fintechs como Nubank, Mercado Pago e PicPay, afirma que o tema é importante e entrou no radar de empresas de diferentes setores porque essas plataformas se tornaram parte da vida das pessoas. Ele defende, no entanto, que a regulação não freie a inovação.

“Somos pró-inovação e novas tecnologias, o problema todo está em práticas abusivas de empresas que abusam de suas posições dominantes. É para isso que temos de olhar”, afirma ele. “O problema é quando há uma centralização excessiva que inibe a capacidade de outros inovarem porque se cria travas artificiais”.

Após doar 60% de sua fortuna, Elie Horn lança ‘Think Tank do Bem’ para ‘acordar as pessoas’

 


Filantropo e fundador da Cyrela, empresário reuniu grupo com empresários e intelectutais para se dedicar a concretizar ou ampliar ideias com foco em ações sociais 

 

 

Think Tank do Bem: Grupo formado por empresários e intelectuais e liderados por Elie Horn (Crédito: Melissa Binder/Divulgação)

“Falo com pessoas do bem”, assim o fundador da Cyrela, Elie Horn, conta como começou sua jornada para criar o Think Tank do Bem, que foi lançado na última terça-feira, 8, em São Paulo, e que reúne figuras da política, economia e negócios do país.

A proposta do Think Tank é tão simples quanto desafiadora: fazer o bem juntos. “É uma elite de pessoas no sentido financeiro, cultural, intelectual etc. E quando essas pessoas, que são voluntárias, se reúnem para fazer o bem, aí, nasce mais bem”, relatou Horn em entrevista ao site IstoÉ Dinheiro.

A ideia é que o Think Tank possa criar e desenvolver ideias no Brasil para melhorar o país, disse ele, que fez questão de ressaltar: “mas sem política, não tem política”. As áreas de atuação serão as mais variadas, como saúde, educação, clima, violência ou abuso contra menores, por exemplo.

Segundo Horn, o maior desafio para se fazer o bem é “acordar as pessoas”. Ele acredita que todos temos um bem interior, mas é preciso se conscientizar disso, “mas leva tempo”. Ele diz que a mídia tem papel fundamental para a espalhar o bem. “Se a mídia for conivente com o bem e ajudar divulgar o bem, teremos um país melhor”.

O empresário se considera “um positivo por natureza” e diz acreditar que “Se você trabalha, você produz. Pode ser ganhar mais ou menos, mas se ganha”.

Ele relata também que houve “zero” resistência das pessoas a quem ele recorreu para formar o Think Tank. “Devo ter ligado para umas 50 pessoas, 25 aceitaram. O índice é maravilhoso”, avalia.

O Think Tank se propõe a debater e reunir ideias, incluindo as que já estão em ação, para potencializar as soluções com foco em fazer o bem, melhorando a vida de pessoas e comunidades. “O objetivo é ir além dos debates, transformando discussões em ações práticas que proporcionem soluções efetivas e criem um legado duradouro de transformação social”, disse Alexandre Cruz, sócio da Jive Investments, durante o lançamento do Think Tank.

Os conselheiros do Think Tank do Bem são:

● Sr. Elie Horn, fundador da Cyrela
● Alexandre Cruz, sócio da JiveMauá
● Amanda Klabin, sócia da Klabin Irmãos SA
● Ana Amélia, consultora de Relações Institucionais e ex-senadora
● Angela Almeida, gestora do Instituto Humanitas 360
● Antonio Quintella, presidente da Canvas Capital
● Aron Zylberman, diretor-executivo do Instituto Cyrela
● Basilio Jafet, vice-presidente do Secovi-SP
● Beatriz Bellandi, executiva da Maringá Turismo
● Bianca Grechi, gestora da Canvas Capital
● Celia Parnes, ex-secretária estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo
● Celso Loducca, publicitário e fundador do VentreStudio
● Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein
● Eduardo Alcalay, presidente do Bank of America Brasil
● Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal
● Fabio Barbosa, CEO da Natura&Co
● Flavio Rocha, presidente da Riachuelo
● Guilherme Benchimol, fundador e presidente do Conselho de Administração da XP Inc.
● Helen Russo, diretora da XP Investimentos
● Heloisa Morato, diretora da Coruja Capital
● Ingrid Baumann, sócia da Jive Investments
● José Galló, fundador da Quartz Investimentos
● Lilian Ishisato dos Santos, executiva da Ânima Educação
● Luiz Fernando Figueiredo, chairman da JiveMauá e presidente do Instituto Fefig
● Marcelo Khayath, sócio da QMS Capital
● Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo
● Mario Fleck, sócio da AcNext Capital
● Patrícia Villela, presidente do Instituto Humanitas360 e conselheira de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
● Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação
● Renata Moura, sócia da Integration Consulting, conselheira do Instituto Akatu e Membro da PWN (Professional Women’s Network)
● Rodrigo Hübner Mendes, CEO do Instituto Rodrigo Mendes
● Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein
● Sonia Hess, ex-presidente da Dudalina

Vale destacar que o apoio dos participantes é pessoal, sem conexão direta com as empresas em que atuam, e trata-se de uma contribuição voluntária de tempo e ideias, sem envolvimento financeiro.

Melissa Binder/Divulgação

“O Think Tank do Bem não tem a audácia em definir o que é o bem. Porém as ideias estruturantes e pequenas ações que podem contagiar os outros. Nossa missão é ampliar a cultura de fazer o bem por meio da disseminação de ideias e iniciativas que favoreçam a sociedade. Não vamos inventar a roda. Tem muita iniciativa e ideias e ONGs muito boas. Temos um compromisso intelectual com as ideia, divulgá-las e fazer com que sejam implementadas”, explica Alexandre Cruz.

Segundo Alexandre, o Think Tank se propõe a ser um catalisador de ideias e iniciativas. “O papel desse grupo é levar ideias e iniciativas a setores mais capazes de implementar, com mais ferramental, para ampliar iniciativas, muito boas, que já existem”. Até o final do ano, ele diz, divulgarão os projetos e ideias e as metas de como atingir resultados.

Alexandre contou ainda que uma das metas também é aumentar a cultura de doação do país, e que ela seja mais permanente. “A ideia é dobrar o volume de doação que o Brasil tem, acho que hoje está 0,2% do PIB em volume doado. Queremos mais que dobrar isso”.

Doação de fortuna e vida registrada em livro

Em 2025, Elie Horn vai completar dez anos na lista dos super-ricos que prometeram doar parte de sua fortuna ainda em vida. Foi em 2015 que Elie Horn e sua esposa, Suzy, entraram na lista do projeto The Giving Pledge, programa criado em 2010 por Bill Gates (Microsoft) e Warren Buffett (Berkshire Hathaway) para estimular bilionários a doar ao menos metade de suas fortunas ainda em vida para causas beneficentes.

Com o compromisso de direcionar 60% de seus recursos para doações, Elie e Suzy foram os primeiros brasileiros a entrar na lista. Mais tarde, em 2021, foi a vez de David Vélez, fundador do Nubank, ao lado de sua esposa, Mariel Reyes.

Em julho Ele Horn, prestes a completar 80 anos, lançou o livro “Tijolos do Bem”, pela editora Sêfer. A obra narra a trajetória de sua vida, e tem como principal objetivo incentivar os leitores a praticar a doação para os necessitados.

“Neste livro não veremos simplesmente a história de um empresário de sucesso. Aqui estão descritos o sentir e o pensar desse homem, uma pessoa dedicada à filantropia”, escreve Roberto Setúbal, do Itaú, no prefácio.

O livro foi escrito por Sarita Mucinic Sarue, colega da comunidade judaica, a partir de mais de uma centena de depoimentos e reflexões colhidas em conversas com Horn ao longo dos últimos quatro anos.

Sim para a taxação de grandes fortunas e distribuição de renda

Em uma entrevista passada, Elie Horn disse que é a favor da taxação das grandes fortunas, desde que esse dinheiro recolhido vá diretamente para os pobres e que não seja “mal gasto”. Mas o que seria, para ele, dinheiro mal gasto? A resposta: ineficiência.

Questionado sobre os programas sociais com foco em distribuição de renda, Elie avalia que “toda ideia que ajude a melhorar o nível social dos pobres é boa. Desde que o dinheiro ‘vá lá’ e não seja desperdiçado no meio do caminho”.

Já um projeto de renda mínima, por exemplo, ele acredita que precisa de uma política econômica certa. “Para ter dinheiro para distribuir, precisa ter políticas certas, econômicas. E no Brasil, nem sempre a gente acerta. É preciso também ter sequência. Tanto política como em ações de saúde e educação basicamente.”