segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Com 40 marcas e retorno de Herchcovitch, SPFW chega à sua 58ª edição

 


Com quase três décadas de história e mais de R$ 1 bilhão em investimentos, São Paulo Fashion Week acontece entre os dias 14 e 21 deste mês

 

 

A última SPFW, realizada em abril, foi encerrada com desfile de mix de cores, estampas e brilho da Amapô (Crédito: Nelson Almeida)

 

São Paulo abre as portas para mais uma edição da São Paulo Fashion Week (SPFW N58), que promove desfiles de marcas brasileiras entre os dias 14 e 21 de outubro, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, no Iguatemi São Paulo e em locações especiais da capital paulista. A edição “As Joias da Rainha” celebra o passado, presente e futuro da moda com uma homenagem à jornalista, editora e diretora criativa Regina Guerreiro, em uma grande exposição com curadoria de Renato de Cara.

A maior semana de moda da América Latina ocorre há 29 anos. São 57 edições e mais de R$ 1 bilhão em investimentos, além de já ter recebido mais de três milhões de pessoas. Depois de quase três décadas, a passarela se transforma cada vez mais com produções e desfiles plurais, que valorizam aspectos da moda nacional, trazendo nomes renomados, como Alexandre Herchcovitch e João Pimenta, além dos estreantes Normando e Dario Mittman. “Essa edição enfatiza a força e a tradição da moda brasileira. É um diferencial. Uma das maiores expectativas é o retorno de Alexandre Herchcovitch”, disse à DINHEIRO Maya Mattiazzo, professora do Hub de Moda e Luxo da ESPM.

O tão aguardado retorno de Alexandre Herchcovitch, um dos mais importantes estilistas brasileiros, com mais de 30 anos de carreira, é uma das atrações desta edição, que reúne 40 marcas selecionadas pelo SPFW, entre elas Amapô e Lilly Sarti. O estilista é responsável por abrir a temporada, no espaço da Secretaria Estadual de Cultura, no Complexo Cultural Júlio Prestes, no centro da capital paulista.

Outro destaque que retorna à passarela é a Another Place. Nesta temporada, a marca pernambucana de moda agênero apresenta a coleção intitulada Perigo, que contempla cerca de 40 looks. A expectativa é de mais uma coleção com peças versáteis e atemporais, atributos que formam o DNA da grife fundada em 2015. Na 54ª edição do evento, em 2022, a grife apresentou a coleção Love Hurts, inspirada nos ciclos de um relacionamento, desde o primeiro olhar até o término. O conceito foi materializado por elementos de brilho, fendas e recortes.

Love Hurts, coleção da Another Place no desfile da SPFW em 2022 (Crédito:Ze Takahashi / @agfotosite)
Sou de Algodão apresentou “Tributo ao jeans” em 2023 (Crédito:Divulgação)
Normando, marca paraense estreia na nova edição (Crédito:Divulgação)
Coleção de João Pimenta na SPFW N57, no Edifício Martinelli (Crédito:Nelson Almeida)
Estilista Alexandre Herchcovitch retorna com a marca Herchcovitch; Alexandre no SPFW
 

BRASILIDADE

Sou de Algodão (SDA) é um dos projetos especiais da temporada. Em sua terceira participação no SPFW, o movimento criado pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) tem “Manualidades” como tema do desfile, que conta com 12 estilistas parceiros para entregar 36 looks feitos com as técnicas manuais mais conhecidas, como crochê, tricô, macramê e aplicações, com pelo menos 70% de algodão como matéria-prima. A direção criativa é de Paulo Borges e o styling é assinado por Paulo Martinez.

hand made (feito à mão, em português) é peça-chave para a moda nacional, segundo Martinez. “A manualidade na moda brasileira nunca foi deixada de lado. Sempre foi protagonista, por mais sutil que ela seja usada em uma coleção, podendo estar em um acabamento, um bordado ou de forma mais evidente”, disse.

João Pimenta, um dos nomes mais conhecidos da alfaiataria masculina, que estará presente na sexta-feira (18) em dois desfiles, incluindo o do SDA, destaca os detalhes das criações em parceria com o Movimento. “Criamos três looks full florais. Serão apresentados um casaco, uma calça, uma saia com jaqueta e um vestido com calça. Além da estampa, haverá um trabalho manual de volumetria e, para nós, eles representam o ato de enviar flores. Por isso, o nome da nossa produção para o Sou de Algodão é ‘Vejo flores em você’”, explicou Pimenta.

Haddad diz que acordo entre Mercosul e União Europeia ainda tem assimetrias

 

 O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia ainda tem algumas assimetrias e que deve tratar do tema durante uma viagem que fará à Europa no próximo mês. Ele participou do Itaú BBA Macro Vision 2024, em São Paulo.

“Mesmo com as correções e revisões propostas pelo Brasil, ele ainda contém algumas assimetrias. Contudo, eu volto à questão da economia e da política. Eu penso que é um acordo que, economicamente, pode trazer uma perspectiva nova para o Mercosul, e eu acredito que, politicamente, faria muito bem para o mundo”, disse o ministro.

Ele lembrou que neste mês estará em Washington para concluir a reunião da trilha financeira do G20, presidida pelo Brasil, e que em novembro estará na Europa. Na pauta, um dos temas será o acordo entre União Europeia e Mercosul. “Devo passar por Alemanha, França e talvez Reino Unido, mas por outras razões, não pelo acordo”, disse sem entrar em detalhes.

Questionado sobre a presidência brasileira do G20, Haddad disse que o País deixará marcas importantes. “O Brasil liderou um processo de discussão sobre desigualdade no mundo, sobre o desafio climático, sobre o desafio da fome e da pobreza, sobre alinhamento dos bancos multilaterais em proveito do desenvolvimento, em especial dos países de renda baixa, endividados. Eu acredito que a presidência do Brasil é um ponto fora da curva”, comentou.

Antes de encerrar sua participação, Haddad deixou um recado sobre a questão da transformação ecológica, uma das bandeiras da sua gestão. “Nós estamos falando pouco das oportunidades que estão se oferecendo para o Brasil. Eu penso que essas oportunidades podem, junto com a reforma tributária, os marcos de garantia e de seguro, junto com todas as reformas que estão sendo feitas, com o apoio do Congresso e da sociedade, eu penso que o plano de transformação ecológica é uma espécie de cereja do bolo, porque é o que pode dar um impulso ainda maior para o nosso PIB potencial”, disse.

Atividade supera expectativas e volta a crescer em agosto, aponta ‘prévia do PIB’ do BC

 


Prédio do Banco Central em Brasília

 

A atividade econômica brasileira superou as expectativas e voltou a crescer em agosto, dando continuidade à resiliência mostrada na primeira metade do ano, embora o dado do mês anterior tenha sido revisado para baixo.

O Banco Central informou nesta segunda-feira que o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,2% em agosto sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado.

A leitura foi melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters de estabilidade, marcando uma retomada ante a queda de 0,6% de julho. No entanto, esse dado foi revisado pelo BC de recuo de 0,4% informado antes.

Os dados do IBC-Br mostram ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o índice teve alta de 3,1% em agosto, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 2,5%.

Depois de surpreender com resultados melhores do que o esperado no primeiro semestre, a expectativa é de que a economia perca um pouco de força na segunda metade do ano diante da redução de estímulos fiscais.

Economia aquecida e Selic

A economia aquecida é um dos pontos de atenção do Banco Central devido à pressão inflacionária. No mês passado, o BC elevou a taxa de juros Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75%, e deve realizar novos aumentos nas duas últimas reuniões do ano.

A autoridade monetária ainda revisou sua projeção para o PIB deste ano a um crescimento de 3,2%, ante patamar de 2,3% antes. Isso depois de o Ministério da Fazenda ter previsto expansão de 3,2% da economia.

Pesquisa Focus realizada pelo Banco Central mostra que a expectativa para a expansão do PIB este ano é de 3,01%, indo a 1,93% em 2025.

Em agosto, a produção industrial do Brasil voltou a crescer, a uma taxa de 0,1% sobre o mês anterior. No entanto, as vendas varejistas tiveram queda de 0,3%, ainda que menor do que a esperada, e o volume de serviços frustrou a expectativa de ganhos para marcar uma retração de 0,4% em agosto.

O IBC-Br é construído com base em proxies representativas dos índices de volume da produção da agropecuária, da indústria e do setor de serviços, além do índice de volume dos impostos sobre a produção.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Cidade no interior de SP planeja maior prédio do mundo; entenda projeto

 

Morar em Sorocaba: como é, onde ficar? | Direcional

 

A prefeitura de Sorocaba, no interior de São Paulo, planeja construir, com a iniciativa privada, o maior prédio do mundo no centro da cidade, de 723 mil habitantes. O projeto foi anunciado nesta quarta-feira, 10, pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos).

A proposta é revitalizar o centro construindo o mega-edifício residencial e comercial para atrair investimentos e turistas. Segundo o prefeito, o projeto se encaixa em uma proposta de valorização do centro, região que sofreu esvaziamento populacional nas últimas décadas.

Conforme o anúncio da prefeitura, o futuro arranha-céu terá 170 andares, o que representa cerca de um quilômetro de altura. O plano sorocabano se inspira no projeto do que é atualmente o maior edifício do mundo, o Burj Khalifa, nos Emirados Árabes, com 828 metros de altura e 163 andares. No Brasil, o maior prédio é o Yachthouse, em Balneário Camboriú (SC), com 290 metros e 81 andares.

Já em Sorocaba, o edifício mais alto é o Ícone, com 141 metros de altura e 45 andares, mas está localizado fora do centro, no bairro Jardim Faculdade, na zona sul da cidade. A cidade se expandiu verticalmente nessa região, principalmente nos Altos do Campolim. Na região central, predominam prédios de médio porte, com no máximo 30 andares.

Reeleito nas eleições do último domingo, 5, em primeiro turno para um segundo mandato, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) disse ao Estadão que o projeto faz parte de um plano da prefeitura de revitalizar o centro da cidade, que completou 370 anos. Ele disse que a mega-construção está no contexto de outras iniciativas de valorização do centro, como a recuperação de prédios históricos e a melhoria na mobilidade. A antiga estação ferroviária será restaurada para receber o Trem Intercidades, projeto do governo estadual, que ligará Sorocaba à capital.

Com as obras do prédio, Manga prevê a criação de 5 mil vagas de trabalho diretas e indiretas e um investimento de R$ 2 bilhões pela iniciativa privada, com apoio do poder público. “Nós estamos fazendo a revisão do Plano Diretor, que não é mudado há dez anos, para retirar o limite de altura das construções apenas na região central. Vamos dar também isenção de outorgas e taxas para atrair investimentos”, disse.

Segundo ele, empresas que ainda não foram reveladas manifestaram interesse em construir o mega-edifício, com apoio do município em relação às licenças. Uma empresa de engenharia realizou os estudos de revisão do Plano Diretor. Para mudar o plano está prevista a realização de audiências públicas. Nas próximas semanas, o projeto será apresentado à Câmara de Vereadores.

Atualmente, a região central da cidade abrange o perímetro formado pelas avenidas Dom Aguirre, Afonso Vergueiro, Eugênio Salerno, Moreira César e Juscelino Kubistchek de Oliveira. Segundo o prefeito, os técnicos da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (Seplan) fizeram análises em conjunto com a empresa parceira na revisão do Plano Diretor e a região estaria preparada para receber um prédio desse porte.

Marçal lançou plano semelhante na capital

Durante a campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo, o candidato Pablo Marçal (PRTB) anunciou que, caso fosse eleito, pretendia construir o maior prédio do mundo na cidade, também com 1 quilômetro de altura. Marçal ficou em terceiro lugar e está fora do segundo turno da disputa na capital. Na última segunda-feira, 7, o prefeito de Sorocaba, inclusive, convidou Marçal para assumir o cargo de secretário municipal de Desenvolvimento Econômico na próxima gestão, que iniciará em janeiro de 2025.

Se for erguido como quer o prefeito, o prédio de Sorocaba vai superar em muito o Senna Tower, que a construtora FG Empreendimentos pretende construir em Balneário Camboriú, cidade famosa pelos edifícios gigantes. O projeto catarinense, cujo nome homenageia o piloto da Fórmula 1 Ayrton Senna, que faleceu há 30 anos, prevê uma altura de 509 metros, o que o colocaria como o maior edifício residencial do mundo, segundo o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (Conselho de Edifícios Altos e Habitat Urbano, em português).

O conselho mantém o site The Skyscraper Center, com o ranking dos maiores arranha-céus do planeta.

Lista atual dos dez maiores prédios do mundo:

1 – Burj Khalifa, em Dubai, Emirados Árabes: 828 metros – 163 andares

2 – Merdeka 118, em Kuala Lumpur, Malásia: 679 metros – 118 andares

3 – Shanghai Tower, em Xangai, China: 632 metros – 128 andares

4 – Makkah Royal Clock Tower, em Meca, Arábia Saudita: 601 metros – 20 andares

5 – Ping An Finance Center, em Shenzhen, China: 599 metros – 115 andares

6 – Lotte World Tower, em Seul, Coreia do Sul: 555 metros – 123 andares

7 – One World Trade Center, Nova York, Estados Unidos: 541 metros – 94 andares

8 – Guangzhou CTF Finance Centre, em Guangzhou, China: 530 metros -111 andares

9 – Tianjin CTF Finance Centre, em Tianjin, China: 530 metros – 97 andares

10 – Citic Tower, em Pequim, China: 527 metros – 109 andares

Fonte: The Skyscraper Center

Haddad é vaiado em evento de corretores e mediador pede palmas para quem o vaiou

 


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em Brasília

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi vaiado quando se levantou para discursar no 23º Congresso Brasileiro dos Corretores de Seguros, na noite de quinta-feira, 10. Após as manifestações, o mediador do evento pediu uma salva de palmas para os críticos do ministro, afirmando que era uma honra ter Haddad no evento.

O momento em que Haddad é vaiado está sendo compartilhado por políticos que integram a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um deles foi o vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União).

Veja o vídeo:

O presidente da Fenacor, Armando Vergílio, interrompeu o discurso e pediu “uma salva de palmas” para os críticos. Segundo o presidente da entidade, que é uma das organizadoras do evento que está sendo realizado no Rio de Janeiro até este sábado, 12, o episódio representou “a democracia se manifestando”.

“Eu queria, em primeiro lugar, pedir uma salva de palmas para aqueles que vaiaram o ministro. É a democracia se manifestando, isso é bonito. O mais bonito ainda é nós termos, em um evento do setor de seguros e dos corretores de seguros, o ministro de Estado da Fazenda”, afirmou

Após a manifestação da plateia, Haddad rebateu os autores das vaias e disse que a contribuição dele como professor universitário “supera muitas pessoas” que eles admiram. Ao longo do discurso, o ministro da Fazenda detalhou a sua relação com o setor de seguros e destacou a contribuição dele para a criação da tabela Fipe.

“Não sei quantos políticos trabalharam para o setor de seguros, mas eu tenho certeza que a contribuição que dei como professor universitário supera muitas pessoas que vocês admiram e que talvez não tenham entregado absolutamente nada durante a sua vida pública”, afirmou Haddad.

‘Temos de tirar de alguém’, diz Lula sobre aumento da faixa de isenção no IR

 


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu, nesta sexta-feira, 11, o aumento na taxa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física, uma promessa sua de campanha. Segundo o presidente, “nós temos de tirar de alguém” para isentar os trabalhadores que recebem até R$ 5 mil do IRPF.

“Você não pode fazer com que pessoas que ganham R$ 5 mil paguem IRPF, enquanto os que têm ações na Petrobras recebem R$ 45 bilhões em dividendos sem pagar Imposto de Renda”, disse o presidente da República.

A declaração se deu em entrevista do presidente à rádio O Povo/CBN de Fortaleza. O presidente da República foi além da promessa de isenção de quem ganha até R$ 5 mil e defendeu que, “no futuro, (temos de) isentar mais”.

Lula justificou que “não pode cobrar 27% ou 15% de um trabalhador que ganha R$ 4 mil e deixar os caras que recebem herança que não pagam”.

“Na minha cabeça, salário não é renda. Renda é quem vive de especulação, esse sim deveria pagar Imposto de Renda. Esse que faz transferência de dinheiro para parente e paga só 4%”, argumentou Lula.

O presidente afirmou que esse debate sobre a carga tributária tem de ser “público”, e não “escondido”. “Nós temos de tirar de alguém. Não tem de ser um debate escondido, tem de ser público”, declarou.

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Gastos de turistas estrangeiros no Brasil devem ser recorde em 2024, aponta WTTC


Setor deve trazer US$ 169,3 bilhões para a economia do Brasil em 2024, o que significa aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019

 

 

Turismo

Julia Simpson, presidente e CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC): "Nós esperamos que a economia global cresça a 2,4% todo ano durante os próximos 10 anos e nosso setor está crescendo a 3,7%" (Crédito: Divulgação)

O setor de turismo brasileiro está em crescimento e pode se consolidar como uma potência global com a promoção de destinos para os turistas internacionais e um compromisso cada vez maior com práticas sustentáveis. É o que afirma Julia Simpson, presidente e CEO do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Segundo a última Pesquisa de Impacto Econômico (EIR), elaborada pela WTTC em parceria com a Oxford Economics, a expectativa é de que o Brasil registre US$ 7 bilhões em gastos de turistas estrangeiros neste ano, um recorde e aumento de 9,5% em relação a 2019, antes da pandemia. Já as despesas do turismo interno também devem atingir novo recorde, de US$ 112,4 bilhões, aumento de 11,2% sobre 2019. Além disso, o setor deve contribuir com US$ 169,3 bilhões para a economia no Brasil em 2024, o que significa um aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019. Em entrevista à DINHEIRO, Simpson detalhou as projeções da organização para o turismo nacional, destacando as principais oportunidades e os desafios. Confira:

Como você avalia o cenário do setor de viagens e turismo globalmente?
A contribuição do setor para a economia global deve crescer 12% em 2024, em relação a 2023, chegando a mais de US$ 11 trilhões e compondo assim 10% do PIB global. Estimamos também que neste ano 348 milhões de empregos estarão ligados ao setor. Isso mostra que, mundialmente, o turismo emprega 1,5 vezes a população do Brasil, de 215 milhões de habitantes. Atualmente, analiso todo cenário como positivo, repleto de oportunidades e avanços. Nós esperamos que a economia global cresça a 2,4% todo ano durante os próximos 10 anos e nosso setor está crescendo a 3,7%. Então, nós somos um setor que registra avanços mais rapidamente do que a economia.

E a contribuição do setor para o Brasil?
Em 2023, a contribuição à economia do setor de viagens e turismo foi maior do que em 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19. O Brasil foi uma das mais rápidas economias que se recuperou nesse sentido. Hoje, a área representa 7,7% da economia nacional, com uma contribuição de US$ 165,4 bilhões. Durante 2023, a atividade reforçou também a sua força de trabalho com 91 mil postos adicionais aos registrados em 2019, atingindo um total de 7,76 milhões de postos de trabalho em todo o território nacional. Da mesma forma, os gastos com turismo internacional atingiram US$ 6,8 bilhões, 5,7% acima do valor de 2019. Já os gastos nacionais registraram um máximo histórico com mais de US$ 111 bilhões.

Os números devem crescer até o fim deste ano?
Sim. Em 2024, o setor deve contribuir com US$ 169,3 bilhões para a economia no Brasil, o que significa um aumento de 9,5% em relação aos níveis de 2019. Além disso, estima-se que o setor deve representar mais de 8 milhões de empregos no País, ou seja, 8,1% do total. Esses são dados da nossa última Pesquisa de Impacto Econômico (EIR) 2024, feita em associação com a Oxford Economics.

Qual a estimativa para o turismo brasileiro para os próximos anos?
A projeção é que em uma década, ou seja, até 2034, o setor no Brasil contribua com US$ 194,6 bilhões para a economia, sendo assim, 7,4% do PIB nacional. Também será um pilar para a geração de empregos, proporcionando trabalho a 9,44 milhões de pessoas, o que representa 9% de todos os postos. Até 2034, 9,2% da força de trabalho no Brasil será representada pelo setor de viagens e turismo. A geração de empregos é importante para o País.

Quais são os desafios e oportunidades para o crescimento?
Primeiro, enquanto globalmente, o setor de viagens e turismo vai expandir mais rápido do que a economia, isso não vai acontecer no Brasil. Durante os próximos 10 anos, a economia brasileira deve avançar a 1,9% e o setor a 1,4%. Isso é muito peculiar. Outra questão é que o turismo internacional ainda representa apenas 5,9% de tudo o que é gasto por viagens em território nacional. É um número baixo, mas vejo como uma oportunidade para impulsionar e fazer o setor crescer. O México é um destino no qual US$ 40 milhões são provenientes dos visitantes internacionais. É um bom exemplo para o Brasil.

Como promover o turismo internacional?
É preciso mostrar que o País é um lugar seguro, com boa infraestrutura e oportunidades. Acredito que atrair a geração Z e promover viagens de luxo são maneiras de atrair esses visitantes. Ambas as áreas estão crescendo, então é o momento do País investir mais na sua promoção, há muita coisa boa por aqui, a questão é justamente como se posicionar para avançar ainda mais.

E esse tipo de turismo na região?
Um ponto positivo é que na região, países como a Colômbia, também têm olhado para esse tipo de turismo. No Caribe, por exemplo, 80% dos gastos vêm de turistas internacionais. Então, é um mercado com muito potencial, sendo possível que toda a América Latina continue crescendo. Observo que a Embratur [Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo] está fazendo um trabalho fantástico nessa linha, buscando maneiras para promover o País no exterior.

O Brasil sai na frente quando…
Quando o assunto é atração, beleza natural. É um dos países mais diversos do mundo, onde tem cidades fantásticas e uma natureza impressionante. A Amazônia é um exemplo disso. A cultura e a gastronomia também são ótimas e diversas, de norte ao sul do País. Essa pluralidade é algo único e especial do Brasil, um país com uma história rica, que tem museus fantásticos, uma arquitetura maravilhosa, entre outras vantagens. Todos esses fatores são oportunidades a serem explorados pelo governo.

A sustentabilidade é essencial para o crescimento do turismo?
Sim, porque crescemos justamente com a sustentabilidade. Temos vários aspectos quando falamos do tema. Há o impacto sobre o ambiente e as questões de greenhouse, e sobre o planeta em termos de natureza, comunidades e cultura. Esse último é muito importante tanto para empregos como para proteger e incentivar a cultura local. No caso do Brasil, a sustentabilidade é um pilar essencial para o crescimento, precisamos que os países ricos entendam o valor da região e trabalhem coletivamente para preservar a natureza. Isso é muito importante. Nós [WTTC] podemos contribuir com o consumo de água e a agricultura de forma sustentável, em como deve se usar os alimentos, etc. Há várias sinergias do setor com a sustentabilidade, e tudo isso é fundamental para crescer.

Como as tecnologias emergentes, especialmente a Inteligência Artificial (IA), podem transformar o setor?
É interessante porque a Inteligência Artificial pode definitivamente ajudar a própria sustentabilidade, através de recursos para proteger o meio ambiente e estratégias, como mostrar para hotéis e outros agentes dessa cadeia como ser mais sustentável, quais práticas são boas ou não. Para a hotelaria, por exemplo, há IAs que realmente monitoram os gastos e oferecem soluções para redução em relação a comida e água. Essa tecnologia também está sendo usada na área do marketing, o que é legal para os países como o Brasil, que pode utilizá-la para atrair a geração Z por meio de experiências virtuais antes da viagem acontecer. Além de eliminar tarefas repetitivas. A IA está mudando o turismo.