quarta-feira, 5 de março de 2025

China anuncia diretrizes para fortalecer setor financeiro e impulsionar áreas estratégicas

 Bandeira da China – Wikipédia, a enciclopédia livre

A China anunciou nesta quarta-feira, 5, novas diretrizes para fortalecer o setor financeiro e impulsionar o desenvolvimento em cinco áreas estratégicas: finanças tecnológicas, “verdes”, inclusivas, para aposentadoria e digitais. Segundo um comunicado do governo chinês, os serviços financeiros desempenham um “papel fundamental” no apoio à economia real, e o país busca uma maior coordenação entre políticas financeiras e medidas voltadas para tecnologia, indústria, tributação e questões fiscais.

O objetivo, de acordo com o documento, é oferecer “serviços financeiros de alta qualidade” a setores estratégicos e áreas mais vulneráveis da economia. Além disso, o governo pretende estimular “novas forças produtivas de qualidade”, adaptadas às condições locais.

Na área de inovação, as diretrizes reforçam o compromisso com o “fortalecimento do apoio financeiro para grandes iniciativas nacionais de ciência e tecnologia”, além de incentivar o crescimento de pequenas e médias empresas voltadas para o setor tecnológico. O texto também menciona um esforço coordenado para impulsionar o “desenvolvimento sustentável e a transição para uma economia de baixo carbono”.

A inclusão financeira é outro ponto central do plano. A proposta prevê a criação de um sistema “multissetorial, amplo e sustentável”, além da melhoria de produtos e serviços financeiros voltados para “micro, pequenas e médias empresas, negócios privados, revitalização rural e bem-estar social”.

O governo chinês também pretende ampliar o suporte à chamada “economia prateada”, fortalecendo o sistema previdenciário em “vários níveis e pilares”. Por fim, o comunicado ressalta que a China pretende acelerar a “transformação digital das instituições financeiras” e aprimorar a governança das finanças digitais para ampliar o alcance e a eficiência dos serviços financeiros no país.

sábado, 1 de março de 2025

Líderes europeus reforçam apoio a Zelenski após embate com Trump

 Sem terno e de moletom: Zelensky muda visual para reforçar ...

“Mundo livre precisa de novo líder; cabe a nós aceitar esse desafio”, diz chefe da diplomacia da UE. Europa sinaliza predisposição para assumir papel central no apoio a Kiev e na busca por um fim definitivo do conflito.Os líderes europeus reforçaram o apoio ao presidente ucraniano Volodimir Zelenski após o entrevero com seu homólogo americano, Donald Trump, em um episodio gerou novos questionamentos sobre os esforços para pôr fim à guerra entre Rússia e Ucrânia.

As reações das principais lideranças europeias sinalizam uma predisposição em assumir um papel central e mais amplo no apoio militar a Kiev, assim como na busca por um fim definitivo do conflito.

O encontro em Washington nesta sexta-feira (28/02), inicialmente planejado para formalizar um acordo econômico para exploração americana de recursos minerais estratégicos em solo ucraniano, descambou para um bate-boca sobre a postura de Kiev em relação ao conflito com a Rússia e o apoio militar americano à Ucrânia.

A atitude hostil de Trump e de seu vice, J.D. Vance, em pleno Salão Oval da Casa Branca – local conhecido como cenário de apertos de mãos e gestos diplomáticos entre líderes mundiais – gerou fortes reações de apoio da ampla maioria dos líderes europeus, que se veem cada vez pressionados pelas exigências de Washington e, relação ao financiamento da defesa ucraniana, além um série de outras questões geopolíticas.

Sob Trump, os EUA passaram a questionar o envio de bilhões de dólares americanos em ajuda militar à Kiev e passaram a pedir contrapartidas, como o acesso a seus minerais de terras raras para compensar a ajuda recebida durante o governo do antecessor de Trump, Joe Biden.

“Apostar na terceira guerra mundial”

Durante o encontro na Casa Branca, Zelenski pediu garantias de segurança mais concretas por parte de Washington, que vinha defendendo um cessar-fogo no conflito. Citando o histórico de violações da Rússia à ordem internacional, ele aconselhou os americanos a desconfiarem da disposição de Moscou em cumprir acordos diplomáticos.

Trump enfatizou a necessidade de compromissos por parte da Ucrânia, sugerindo que Kiev deveria considerar concessões territoriais para alcançar a paz. Zelenski rebateu, afirmando que não faria “concessões a um assassino”, referindo-se ao presidente russo, Vladimir Putin.

Mas, ao invés de garantias da continuidade da ajuda americana, Zelenski acabou tendo que ouvir sermões de Trump e de Vance, com o ucraniano mal tendo chance de reagir às acusações e censuras que lhe foram feitas. Trump chamou Zelenski de ingrato e acusou-o de não estar disposto a fazer as pazes com a Rússia e de “apostar na terceira guerra mundial”.

A oposição democrata no Senado americano acusou o presidente e seu vice de ficarem do lado do Kremlin. “Trump e Vance estão fazendo o trabalho sujo de Putin”, postou o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, nas redes sociais.

“Mundo livre precisa de nova liderança”

Logo após o entrevero em Washington os líderes da União Europeia garantiram a Zelensky que ele “nunca estava sozinho”. Os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Conselho Europeu, António Costa, divulgaram uma declaração conjunta pedindo que Zelenski “seja forte, seja corajoso, seja destemido”. ” Você nunca está só, querido presidente Zelenski. Continuaremos trabalhando com você por uma paz justa e duradoura”, afirmaram em postagem nas redes sociais.

A chefe da diplomata da UE, Kaja Kallas, questionou a liderança dos Estados Unidos na longeva aliança transatlântica entre as potências europeias e Washington. “Hoje ficou claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe a nós, europeus, aceitar esse desafio”, afirmou.

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz também expressou seu apoio à Ucrânia, afirmando que “ninguém quer a paz mais do que os cidadãos da Ucrânia. É por isso que buscamos em conjunto o caminho para uma paz duradoura e justa. A Ucrânia pode contar com a Alemanha e com a Europa.”

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, que acrescentou que a “busca de Kiev por paz e segurança é nossa”.

O provável futuro chanceler federal alemão, Friedrich Merz, também publicou mensagem de apoio ao presidente ucraniano: “Prezado Zelenski, estamos ao lado da Ucrânia nos momentos bons e nos momentos desafiadores. Jamais devemos nunca confundir agressor e vítima nesta guerra terrível”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou a jornalistas que a “Rússia é o agressor, e a Ucrânia é o povo agredido. Acho que fizemos bem em ajudar a Ucrânia e sancionar a Rússia há três anos e continuar fazendo isso. (…) E devemos agradecer a todos aqueles que ajudaram e respeitar aqueles que estão lutando desde o início”.

“Há um agressor: a Rússia. Há um povo sob ataque: a Ucrânia. Fizemos bem em ajudar a Ucrânia e sancionar a Rússia há três anos e continuaremos a fazê-lo. Somos americanos, europeus, canadenses, japoneses e muitos outros. Obrigado a todos que ajudaram”, disse o líder francês em postagem nas redes sociais.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, declarou: “A divisão não beneficiaria ninguém. O que é necessário é uma cúpula imediata entre os Estados Unidos, os países europeus e os aliados para falar francamente sobre como pretendemos lidar com os grandes desafios da atualidade, a começar pela Ucrânia, que defendemos juntos nos últimos anos”.

A Polônia, um dos principais aliados da Ucrânia desde a invasão russa de seu território, se apressou em reassegurar seu apoio. “Caros amigos ucranianos, vocês não estão sozinhos”, disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, em postagem no X endereçada a Zelenski.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que seu país apoiará a Ucrânia devastada pela guerra. “Ucrânia, a Espanha está com vocês”, escreveu nas redes sociais. O premiê espanhol prometeu o envio de um bilhão de euros em ajuda, durante em uma visita recente a Kiev.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer prometeu “apoio inabalável” à Ucrânia e conversou com Trump e Zelenski após a reunião no Sala Oval. Seu gabinete informou que ele receberá o líder ucraniano em Londres neste sábado.

Moscou destaca “fracasso” de Zelenski nos EUA

O Ministério do Exterior Rússia divulgou uma nota neste sábado afirmando que a viagem de Zelenski aos EUA foi um “fracasso”, após ele ter sido publicamente repreendido por Trump.

“A visita do chefe do regime neonazista (sic), V. Zelensky, a Washington em 28 de fevereiro é um fracasso político e diplomático completo do regime de Kiev”, disse a porta-voz do Ministério, Maria Zakharova, no comunicado.

Moscou frequentemente acusa a Ucrânia de abraçar o “neonazismo” e usou isso como pretexto para dar início a sua ofensiva na Ucrânia – acusação que os líderes ocidentais e Kiev consideram falsa e absurda.

“Com seu comportamento escandalosamente grosseiro durante sua estadia em Washington, Zelenski confirmou que ele é a ameaça mais perigosa para a comunidade mundial como um belicista irresponsável”, disse Zakharova.

Acusando Zelensky de ser “obcecado” em continuar a luta, a porta-voz acrescentou que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia eram “imutáveis”. Moscou vem ganhando terreno no campo de batalha há mais de um ano, pressionando sua vantagem contra o exército ucraniano sobrecarregado e desarmado.

O ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, elogiou a postura americana. “Pela primeira vez, Trump disse a verdade na cara do palhaço da cocaína”, afirmou.

Kirill Dmitriev, um dos negociadores de Moscou nas primeiras negociações de alto nível entre autoridades russas e americanas desde que o Kremlin enviou tropas para a Ucrânia, classificou a briga entre os dois líderes como “histórica”.

O primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, um dos líderes europeus mais próximos de Trump e de Putin, agradeceu o americano por defender “bravamente a paz”. “Homens fortes fazem a paz, homens fracos fazem a guerra”, afirmou em postagem no X.

Zelenski: apoio americano é “crucial”

Em declaração divulgada neste sábado, Zelenski tentou apaziguar o clima tenso entre Kiev e Washington, ao mesmo tempo em que reforçou que seu país precisará de garantias de segurança antes de assinar qualquer acordo.

“Somos muito gratos aos Estados Unidos por todo o apoio. Sou grato ao presidente Trump, ao Congresso por seu apoio bipartidário e ao povo americano. Os ucranianos sempre apreciaram esse apoio, especialmente durante esses três anos de invasão em grande escala”, escreveu.

“É crucial para nós termos o apoio do presidente Trump. Ele quer acabar com a guerra, mas ninguém quer a paz mais do que nós. Somos nós que vivemos esta guerra na Ucrânia. É uma luta pela nossa liberdade, pela nossa sobrevivência.”

“Apesar do diálogo difícil, continuamos parceiros estratégicos. Mas precisamos ser honestos e diretos uns com os outros para realmente entender nossos objetivos compartilhados”, prosseguiu o ucraniano.

“Estamos prontos para assinar o acordo de minerais, e será o primeiro passo em direção a garantias de segurança. Mas não é suficiente, precisamos de mais do que isso. Um cessar-fogo sem garantias de segurança é perigoso para a Ucrânia.”

“Queremos paz. É por isso que vim aos Estados Unidos e visitei o presidente Trump. O acordo sobre minerais é apenas um primeiro passo em direção a garantias de segurança e para nos aproximarmos da paz. Nossa situação é difícil, mas não podemos simplesmente parar de lutar e não ter garantias de que Putin não retornará amanhã.”

“A Europa está pronta para contingências e para ajudar a financiar nosso grande exército. Também precisamos do papel dos EUA na definição de garantias de segurança – de que tipo, em que volume e quando. Uma vez que essas garantias estejam em vigor, podemos conversar com a Rússia, a Europa e os EUA sobre diplomacia”, concluiu.

rc (Reuters, AP, DPA, AFP)

Renda domiciliar per capita no Brasil foi de R$ 2.069 em 2024, alta de 9,3%, diz IBGE

 

O IBGE divulgou nesta sexta-feira, 28, os valores de rendimento domiciliar per capita em 2024 no Brasil e unidades da federação, calculados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

Rendimento domiciliar mensal do brasileiro foi de R$ 2.069, variando de R$ 1.077 no Maranhão a R$ 3.444 no Distrito Federal. Em São Paulo, foi de R$ 2.662.

O valor médio em 2024 representa uma alta de 9,3% ante 2023, quando o rendimento domiciliar per capita para o Brasil foi de R$ 1.893.

O valor de rendimento domiciliar per capita é calculado como a razão entre o total dos rendimentos domiciliares (nominais) e o total dos moradores. Para chegar ao valor médio são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes. Todos os moradores são considerados no cálculo, inclusive os moradores classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.

Veja valor de rendimento per capita por estado

Rendimento nominal mensal domiciliar per capita, segundo as Unidades da Federação – 2024
Unidades da FederaçãoValor (R$)
Brasil2.069
Rondônia1.717
Acre1.271
Amazonas1.238
Roraima(1)1.538
Pará1.344
Amapá1.514
Tocantins1.737
Maranhão1.077
Piauí1.350
Ceará1.225
Rio Grande do Norte1.616
Paraíba1.401
Pernambuco1.453
Alagoas1.331
Sergipe1.473
Bahia1.366
Minas Gerais2.001
Espírito Santo2.111
Rio de Janeiro2.490
São Paulo2.662
Paraná2.482
Santa Catarina2.601
Rio Grande do Sul2.608
Mato Grosso do Sul2.169
Mato Grosso2.276
Goiás2.098
Distrito Federal3.444
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Pesquisas por Amostra de Domicílios, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua – 2024.


A divulgação dessa pesquisa atende à Lei Complementar 143/2013, que estabelece os novos critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal – FPE e, em consequência, aos compromissos assumidos quanto à definição dos valores a serem repassados ao Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo dos fatores representativos do inverso do rendimento domiciliar per capita.

Santander Brasil alcança R$ 100 bilhões em previdência privada

 

O Santander Brasil, por meio da parceria com a Zurich Santander, atingiu a marca de R$ 100 bilhões em ativos sob gestão em previdência privada.

O volume representa um crescimento de 16% entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, e, segundo o Santander, é fruto de uma estratégia de incremento das carteiras de fundos focados no longo prazo, com a gestão realizada em conjunto entre Santander, Zurich Santander e Santander Asset Management.

“Trabalhamos fortemente para chegar à marca dos R$ 100 bilhões de ativos sob gestão. E alcançar esse volume demonstra que estamos no caminho certo e com assertividade nas nossas estratégias, para manter a principalidade no cliente, nosso maior ativo”, afirmou Gustavo Lendimuth, responsável sênior de Oferta e Mercado do Santander.

“Queremos seguir ampliando a proposta de valor para o nosso cliente investir, ainda mais, nos seus projetos de longo prazo”, acrescenta John Liu, diretor de Previdência e Investimentos da Zurich Santander.

Responsável pela distribuição dos planos de previdência privada da Zurich Santander, o Santander reforçou ao longo dos últimos anos o time comercial, contratando mais de 1,6 mil de assessores de investimentos para uma atuação focada na estratégia AAA.

Além disso, desde 2020, o Santander disponibilizou para seus clientes mais de 50 novos fundos focados em previdência, que captaram R$ 20 bilhões até fevereiro de 2025.

Rudolf Gschliffner, presidente executivo (CEO, na sigla em inglês) da Santander Asset Management, diz que a captação líquida da área foi recorde em 2024, com R$ 6,3 bilhões ao longo do ano.

“Com um ano mais desafiador para as classes de alto valor agregado, tivemos a classe de crédito privado com R$ 15 bilhões de captação como grande destaque”, conta, acrescentando que houve um esforço na diversificação da grade de produtos.

No ano passado, a gestora lançou os fundos Multimercado Málaga, Multimercado Valência, Renda fixa Pamplona Crédito Privado, Renda Fixa Global e Renda Fixa Inflação e Inflação Curta que, somados, captaram de R$ 1,8 bilhão em 2024, segundo o executivo.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Pan American Energy e Comgás firmam acordo para fornecimento de gás natural

 

A Pan American Energy (PAE) e a Comgás (Companhia de Gás de São Paulo), maior distribuidora de gás natural do Brasil, celebraram um acordo de compra e venda de gás natural com vigência até dezembro de 2025. O acordo é resultado da chamada pública realizada pela Comgás em junho de 2024 para aquisição de gás natural e biometano.

A Pan American Energy do Brasil, subsidiária da PAE dedicada à importação, transporte e comercialização de gás natural, participou do processo e foi uma das selecionadas na categoria “flexível”, para o fornecimento de até 1 milhão de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural por transação.

A vigência do acordo se estende até 31 de dezembro de 2025, podendo ser ajustada à demanda de gás necessária para abastecer os clientes da Comgás. O acordo conta com a aprovação da Agência Reguladora de Serviços de São Paulo (Arsesp).

“A Pan American Energy está trabalhando para garantir a disponibilidade de gás natural de Vaca Muerta (segunda maior reservade shale gás do mundo) para o Brasil, onde já possui presença no mercado de energia renovável e conta com autorizações para exportar gás da Argentina para o Brasil”, informou a PAE em nota.

Campo de Mero atingiu recorde de 500 mil barris de óleo produzidos por dia, informa Petrobras

 No campo de Mero, FPSO Sepetiba atinge topo de produção no ...

O campo de Mero, localizado no pré-sal da bacia de Santos, alcançou nesta sexta-feira, 28, a marca de 500 mil barris de petróleo produzidos diariamente, informou a Petrobras. Com isso, Mero se torna o terceiro campo da estatal em operação a superar esse número.

O bloco de Libra, onde se situa o campo de Mero, foi arrematado pelo Consórcio de Libra em 2013, sendo o primeiro contrato celebrado no regime de partilha de produção no Brasil. Atualmente, existem quatro plataformas em operação no campo, sendo que a primeira delas começou a produzir em 2017 (FPSO Pioneiro de Libra).

“Desde que extraiu seu primeiro óleo, a produção de Mero é marcada por avanços tecnológicos, inovação e recordes de produção. A marca de 500 mil barris diários é fruto do trabalho de várias áreas e das novas tecnologias utilizadas nos nossos projetos e no dia a dia de nossas operações”, disse em nota a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

A operação iniciada em 2017 foi ampliada com os navios-plataforma Guanabara – atualmente a de maior produção do País – Sepetiba e Duque de Caxias. Ainda em 2025, a quinta unidade entrará em operação, o FPSO Alexandre de Gusmão, que deixou a China em dezembro de 2024.

Com a nova plataforma, a capacidade de produção instalada do campo subirá para 770 mil barris de óleo diários. O pré-sal responde, atualmente, por 81% da produção total da Petrobras.

Descoberto em 2010, Mero está localizado em águas ultra profundas (profundidade de 2.100 metros), a 180 km da costa do estado do Rio de Janeiro. O campo é regido pelo Contrato de Partilha de Produção de Libra – operado pela Petrobras (38,6%), em parceria com a Shell Brasil (19,3%), TotalEnergies (19,3%), CNOOC (9,65%), CNPC (9,65%) e a Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA) (3,5%), que, além de gestora do contrato, atua como representante da União na área não contratada (3,5%).

Reforma ministerial de Lula isola Haddad e aumenta incerteza sobre política fiscal

 

As recentes mudanças no ministério feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem aumentar o isolamento do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dentro de um governo em que disputas internas alimentam incertezas sobre a política econômica e temores de uma guinada populista para reavivar a popularidade em queda.

Apesar de manter alguns defensores entre ministros e no Congresso, Haddad tinha o então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, como seu aliado mais forte dentro do Palácio do Planalto e no entorno mais próximo a Lula, em meio a uma disputa que o coloca em lado oposto ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, de acordo com fontes com conhecimento das conversas dentro do governo.

A entrada no primeiro escalão do governo de Gleisi Hoffmann, uma ferrenha defensora do estímulo econômico impulsionado pelo Estado, coloca Haddad em uma posição quase solitária. A unidade de ideias no Planalto, somada à pressa para tentar recuperar uma popularidade em baixa de Lula antes da eleição do ano que vem, deve unir Costa, Gleisi e o novo ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, em uma posição que tende a ser contrária às políticas econômicas ortodoxas de Haddad, que prega resultados a médio prazo.

Na posição de ministra das Relações Institucionais, Gleisi será responsável pelas principais negociações do governo com o Congresso, inclusive na agenda econômica. Na sua posição de presidente do PT, a agora ministra não poupou críticas, por vezes públicas, às políticas da Fazenda. Chegou a chamar as propostas de Haddad de “austericídio” e criticou duramente o aperto monetário do Banco Central, mesmo com o ministro da Fazenda reconhecendo publicamente a necessidade de desacelerar a economia para evitar desequilíbrios.

“O problema para Haddad é que sua oposição mais forte vem de dentro de seu próprio partido, porque ninguém, inclusive o presidente, acredita que os cortes de gastos devam ser uma prioridade”, disse Ricardo Campos, diretor de investimentos da Reach Capital. “Para este governo, o que importa são os gastos para manter a economia em movimento.

Procurados, o Palácio do Planalto e o Ministério da Fazenda se negaram a comentar.

A remodelação do primeiro escalão do Palácio do Planalto fortaleceu um círculo de auxiliares de Lula que, pública ou privadamente, se opõem à agenda de Haddad pelo que consideram um foco excessivo na austeridade fiscal. O grupo, liderado por Costa, tem também o apoio do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Depois da divulgação da pesquisa Datafolha de fevereiro que mostrou queda significativa na popularidade do governo, Lula reuniu Costa, Padilha, Sidônio, Gleisi, Silveira e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), para analisar o resultado, enquanto Haddad estava em viagem oficial no exterior.

Medidas tomadas pelo ministro da Fazenda foram apontadas como as principais causas do desgaste do governo, incluindo a taxação de pequenas importações e a crise do Pix — episódio envolvendo uma norma da Receita Federal, depois revogada, que estabeleceu novos valores para o monitoramento de movimentações financeiras por meio do Pix, que gerou uma onda de notícias falsas acusando o governo de fazer o monitoramento para cobrar impostos sobre os pagamentos por Pix.

De acordo com fontes a par da reunião, Jaques e Padilha foram os únicos que defenderam o ministro.

Haddad evitou conversar sobre o assunto com Lula depois que voltou ao Brasil. O ministro e o presidente já se reuniram algumas vezes desde então, mas fontes próximas ao ministro contaram que ele não levantou o assunto.

Trabalho a fazer

Haddad admite, em seu círculo mais próximo, que está perto de perder o cabo de guerra dentro do governo. Embora seu relacionamento com Lula continue próximo, disseram duas fontes próximas ao ministro, a avaliação é que o presidente fez uma escolha sobre o caminho a seguir e parece ter se inclinando para o grupo que se opõe ao ministro da Fazenda.

“Agora temos que ver quanto tempo Lula e Haddad serão capazes de suportar essa situação”, disse uma das fontes.

Ninguém no grupo próximo a Haddad, no entanto, vê o ministro deixando o governo, seja por iniciativa de Lula ou por decisão própria. “Ele acredita que tem um trabalho a fazer, e o fará da melhor maneira possível. Só não espere vê-lo brigando”, disse a fonte.

A queda de popularidade do governo, no entanto, já fortalece ideias contrárias ao que defende o ministro. Uma das fontes ouvidas pela Reuters relatou pressões por medidas “heterodoxas” para conter o preço dos alimentos, como a taxação das exportações — uma abordagem à qual Haddad se opõe, com apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.

“Pode até funcionar no curto prazo, mas não se sustenta e não resolve”, disse a fonte em relação às propostas não convencionais para segurar os preços dos alimentos.

Há também quem no governo fale na necessidade de reverter a taxa de importação de pequenos volumes, a chamada “taxa das blusinhas“, que atingiu especialmente as compras pela internet feitas em sites chineses.

“Mesmo que tenha restrições ao ministro, o mercado financeiro reage mal quando ele perde. Existe mais confiança nele do que no governo em geral, e isso tem que ser preservado”, acrescentou a fonte.

André Esteves, presidente do conselho e sócio sênior do BTG Pactual, manifestou publicamente apoio ao ministro da Fazenda em um evento na terça-feira, dizendo estar “orgulhoso de ter Haddad à frente do Ministério da Fazenda” e que “cabe a nós apoiar sua batalha pelo bom senso econômico”.

No entanto, muitos no setor privado têm profundas reservas a Haddad. Embora ele enfatize que as contas públicas podem ser melhoradas, argumenta que o foco não deve ser exclusivamente esse, ressaltando que o governo central registrou no ano passado o melhor resultado primário em uma década graças ao novo arcabouço fiscal.

Excluindo os pagamentos de juros, o déficit primário de 2024 ficou em 0,38% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Banco Central — bem abaixo das estimativas iniciais do mercado e uma melhora significativa em relação ao déficit de 2,42% no ano anterior.

Entretanto, o resultado ficou aquém do superávit de 0,55% registrado em 2022, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. A equipe de Haddad argumenta que os números de Bolsonaro foram artificialmente inflados pela suspensão dos pagamentos de precatórios, que foram regularizados sob Lula.

Os críticos afirmam que Lula aumentou permanentemente gastos obrigatórios e depende de receitas maiores, mas incertas, para compensar esse impacto. Como essa compensação ainda não se concretizou, mesmo diante de um crescimento econômico forte e da arrecadação recorde de impostos em 2024, surgem dúvidas sobre quando e como o Brasil estabilizará sua crescente dívida pública.

A tensão entre os defensores de mais gastos públicos e a equipe econômica “é normal em qualquer governo”, afirmou Roberto Ellery, economista da Universidade de Brasília. “Mas há uma percepção de que, no governo atual, a equipe econômica está perdendo mais do que o normal”.

No fim do ano passado, Haddad perdeu uma batalha ao ser convencido a anunciar uma isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês junto com um pacote de cortes de gastos. Mesmo com Haddad contrariado, Lula escolheu o ministro para ser o porta-voz da notícia, que abalou fortemente os mercados.

Apesar da resignação do ministro em ter perdido as disputas internas, há quem defenda que o maior problema do governo é, na verdade, o ministro da Casa Civil. Na semana passada, Lula recebeu Jaques Wagner acompanhado do ex-ministro Walfrido Mares Guia e do ministro da Defesa, José Múcio, todos amigos de longa data do presidente.

A conversa, informal, serviu para os três defenderem Haddad e questionarem o trabalho de Costa, segundo fontes informadas sobre o encontro. Foi até mesmo sugerido ao presidente que colocasse Haddad na Casa Civil, segundo as fontes, mas Lula não está convencido de que Costa seja um problema e defendeu seu ministro da Casa Civil com veemência.