O dólar
intensificou a na reta final da sessão desta segunda-feira, 10, após
rondar a estabilidade frente ao real ao longo da manhã. Investidores
demonstram aversão ao risco diante dos temores de que a economia dos
Estados Unidos esteja desacelerando, um cenário que poderia piorar mais
com a implementação de tarifas.
Às 16h45, o dólar à vista subia 1,34%, a R$ 5,86 na venda.
Na sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,7892, mas acumulou baixa semanal de 2,15%.
Neste
pregão, os mercados globais acirravam as preocupações com a economia
norte-americana, na esteira de dados e resultados de pesquisas recentes
que vieram mais fracos do que o esperado e de maiores incertezas sobre
os planos tarifários — e seus impactos — do presidente dos EUA, Donald
Trump.
Na
sexta-feira, o relatório de emprego de fevereiro já havia acendido um
alerta entre investidores, com os EUA registrando a criação de 151.000
postos de trabalho no mês passado, de 125.000 vagas em janeiro, em dado
revisado para baixo. Em pesquisa da Reuters, havia previsão de abertura
de 160.000 empregos.
Os agentes financeiros também vinham
demonstrando pessimismo com várias pesquisas recentes que relataram uma
deterioração da confiança e das perspectivas econômicas de consumidores e
empresários, em meio às crescentes tensões comerciais provocadas pelas
ameaças tarifárias de Trump.
Mas
foram comentários de Trump no fim de semana que confirmaram de vez o
pessimismo dos mercados, gerando a aversão ao risco observada nesta
sessão.
Em entrevista concedida à Fox News, que foi ao ar no
domingo, Trump se recusou a prever se os EUA podem passar por uma
recessão devido ao impacto de suas prometidas tarifas sobre Canadá,
México e China.
Ele
também afirmou que o país passará por um “período de transição” devido
às ações que seu governo está tomando, mas disse acreditar que as
consequências serão positivas no final.
A demonstração de
incerteza pelo próprio presidente em relação aos impactos de suas
medidas comerciais agitava os mercados nesta segunda, com investidores
temendo o pior pela economia norte-americana caso tarifas sejam
amplamente aplicadas em meio a uma atividade econômica em desaceleração.
Com isso, o dólar disparava ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
As
moedas emergentes e os ativos de risco em geral estão sendo liquidados
diante da possibilidade de recessão nos EUA. Junto à fragilidade das
questões domésticas, o real se destaca como uma das alternativas mais
vulneráveis em períodos de estresse”, disse Eduardo Moutinho, analista
de mercados do Ebury Bank.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,31%, a 103,990.
Agentes
financeiros ainda demonstram cautela ao tentar projetar os próximos
passos do Federal Reserve em seu ciclo de afrouxamento monetário.
Na
sexta-feira, em discurso em uma conferência, o chair do Fed, Jerome
Powell, disse que o banco central será cauteloso para ter certeza de que
sabe o que está acontecendo no país, sem necessidade de apressar
qualquer corte nos juros.
Operadores continuam apostando em três
cortes na taxa de juros pelo Fed neste ano, com a retomada das reduções
prevista para junho.
Já no cenário doméstico, a preocupação do
mercado continua sendo a trajetória das contas públicas, com
investidores receosos sobre quais medidas o governo pode adotar para
reduzir a inflação dos alimentos e responder à queda recente de
popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governo
anunciou na semana passada que vai zerar a alíquota de importação de
vários produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros,
como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.
Na
frente de dados, os mercados analisarão nesta semana dados de inflação
ao consumidor tanto nos EUA como no Brasil, com a divulgação de ambos na
quarta-feira.
Ibovespa
Às 11h11, o Ibovespa, referência
do mercado acionário brasileiro, cedia 1,02%, a 123.753,48 pontos. O
volume financeiro somava R$3,29 bilhões.
Na visão da equipe do BB
Investimentos, olhando o gráfico diário, o Ibovespa ainda precisa romper
novamente a resistência de sua média móvel de 200 dias, atualmente em
127,3 mil pontos, para reingressar no canal de alta de curto prazo,
conforme relatório enviado a clientes nesta segunda-feira.
“Essa
falta de tendência aponta para uma indefinição no curtíssimo prazo, com
acentuada volatilidade, lembrando que as últimas formações gráficas como
a da sessão da última sexta foram seguidas por períodos de realização”,
pontuaram.
Os analistas também pontuaram que, com temporada de
resultados do quarto trimestre “neutra até o momento” e com os analistas
calibrando marginalmente as expectativas de resultados para 2025, o
desempenho de curtíssimo prazo guarda mais relação com a volatilidade da
curva de juros no Brasil.
Em Nova York, o S&P 500, uma das
referências do mercado acionário norte-americano, recuava 1,76%, após
comentários do presidente Donald Trump no fim de semana alimentarem
preocupações de que uma guerra comercial pode desencadear uma
desaceleração econômica.
Após o “respiro” no Carnaval, a temporada
de resultados no Brasil retoma o fôlego nesta semana, com Azzas 2154,
Cogna, SLC Agrícola, Eletrobras, LWSA, CSN, Magazine Luiza,
Natura&Co, Prio, entre outros.
A partir desta segunda-feira, o
mercado de ações à vista na B3 passa a fechar uma hora mais cedo em
razão do início do horário de verão nos EUA. A negociação começa às 10h e
acaba às 16h55, com o call de fechamento ocorrendo das 16h55 às 17h. O
after-market tem início às 17h30 e termina às 18h.
DESTAQUES
–
CAIXA SEGURIDADE ON recuava 3,38%, após registrar oferta subsequente de
ações que incluirá uma venda secundária de papéis detidos pela
controladora, a Caixa Econômica Federal. A empresa disse que a oferta
consistirá na venda de 82,5 milhões de ações ordinárias — cerca de
R$1,32 bilhão considerando a cotação de fechamento da última sexta-feira
— e será precificada em 19 de março.
– CEMIG PN perdia 3,35%,
tendo como pano de fundo amplo relatório do JPMorgan sobre ações de
“utilities”, no qual cortou a ação de “overweight” para “underweight”.
Ainda no setor, AUREN ENERGIA ON, que também foi rebaixada a
“underweight” pelos analistas do banco, caía 2,48%. Na contramão, ENEVA
ON e CPFL ENERGIA ON, que passaram a “overweight”, subiam 1,24% e 1,17%,
respectivamente.
– VALE ON perdia 1,8%, acompanhando os futuros
do minério de ferro na China, em meio a receios com as tarifas dos EUA e
a promessa da China de cortar a produção de aço bruto. O contrato mais
negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as
negociações do dia com queda de 0,71%, a 769 iuanes (US$105,92) a
tonelada. A ação também ficou ex-dividendo a partir desta segunda-feira.
–
PETROBRAS PN cedia 1,56%, em dia de queda dos preços do petróleo no
exterior, onde o barril de Brent era negociado a US$69,94, decréscimo de
0,6%. A estatal anunciou na sexta-feira acordo para encerrar litígio
com a EIG Energy nos EUA, em que pagará US$283 milhões. O BTG Pactual
reiterou compra para os papéis, mas ponderou que dados de investimentos
devem aumento ceticismo.
– BRADESCO PN era negociada em baixa de
2,05%, em sessão negativa para bancos. ITAÚ ON caía 0,8%, BANCO DO
BRASIL ON perdia 1,35% e SANTANDER BRASIL UNIT declinava 1,62%. O índice
do setor financeiro na bolsa recuava 1,6%, pressionado também por B3
ON, em queda de 2,71%.