A
primeira etapa da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de
análise da conjuntura, começou às 10h08 desta terça-feira, 18. Nesta
fase, o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e os oito
diretores assistem a apresentações técnicas sobre a economia para
embasar a definição da taxa Selic. A decisão será divulgada nesta
quarta-feira, a partir de 18h30.
Todas as 44 instituições ouvidas pelo Projeções Broadcast esperam que o Copom cumpra o seu forward guidance
e aumente os juros em 1 ponto porcentual, de 13,25% para 14,25% – o
maior nível desde 2016. A expectativa também é unânime na mais recente
edição do relatório Focus. As atenções do mercado estão voltadas para a
comunicação do colegiado sobre os seus próximos passos.
Em geral, a expectativa dos analistas é de que o BC adote uma postura “data dependent”,
condicionando o futuro do ciclo de aperto monetário ao firme
compromisso de fazer a inflação convergir ao centro da meta, de 3%. Mas
uma ala do mercado espera uma sinalização mais clara para a reunião
seguinte, de maio – por exemplo, com a indicação de um novo ajuste, mas
menor do que as altas seguidas de 1 ponto vistas desde dezembro.
“Diante
da maior incerteza doméstica e externa, o Copom provavelmente vai
indicar que o ciclo de aumento dos juros ainda não terminou, mas que a
magnitude das altas da taxa básica dependerá dos dados, com o ciclo de
aperto total sendo determinado pelo firme compromisso de atingir a meta
de inflação”, afirma o diretor de Pesquisa Macroeconômica para América
Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.
Desde a
última decisão do comitê, em 29 de janeiro, a economia deu sinais mais
fortes de esfriamento. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu menos do
que o esperado no quarto trimestre, e a maioria dos indicadores de alta
frequência de janeiro ficou abaixo do previsto. O Copom já informou que a
desaceleração da atividade é um “elemento necessário para a
convergência da inflação à meta.”
O dólar também mostrou algum
alívio, caindo de R$ 6,0 para cerca de R$ 5,80, conforme a metodologia
usual do BC, que usa a média da taxa Ptax dos dez dias úteis anteriores à
reunião do Copom. Economistas do mercado esperam que a projeção do
comitê para o IPCA no terceiro trimestre de 2026, horizonte relevante da
política monetária, caia dos 4% da última reunião a um nível entre 3,9%
e 3,7%.
Em
contrapartida, as expectativas de inflação continuam desancoradas e
subindo, passando de 5,50% para 5,66% em 2025 e de 4,22% para 4,48% em
2026. O IPCA se mantém alta e acelerando no acumulado de 12 meses, tendo
avançado de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro. A inflação de
serviços subjacentes, acompanhada de perto pelo BC pela sua correlação
com a atividade, subiu de 5,95% para 6,22% nesse período.
“O ritmo
de deterioração das expectativas de inflação dá sinais marginais e
erráticos de desaceleração, e a apreciação da moeda desde a virada do
ano reduz riscos altistas à frente. Contudo, dada a grande distância da
inflação e das expectativas em relação à meta e os sinais ambíguos da
atividade econômica, deixar, na comunicação do Copom, a porta aberta
para o final do ciclo de ajuste implicaria correr demasiado risco
inflacionário”, afirma em relatório o economista-chefe do Itaú Unibanco,
Mario Mesquita, para quem o Comitê deve sinalizar ao menos um novo
ajuste em maio.