O
alívio nos mercados internacionais faz respingar nesta terça-feira, 8, a
alta no Ibovespa, que fechou a segunda-feira com a terceira queda
seguida em meio a preocupações de que a guerra comercial provoque uma
recessão mundial. Os investidores buscam pechinchas, mas sem tirar os
olhos da guerra comercial. Na véspera, o Índice Bovespa caiu 1,31%, aos
125.588,09 pontos.
“É uma tentativa de recuperação, como vemos nos mercados internacionais”, pontua Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
A
alta é vista como uma correção e não uma tendência, diante das elevadas
incertezas com os efeitos do tarifaço americano no mundo. Após cederem,
os rendimentos dos Treasuries viraram para cima. Esse movimento é
replicado parcialmente nos juros futuros, o que exerce influência
negativa sobre algumas ações mais sensíveis ao ciclo econômico na B3. Já
o dólar recua sutilmente, tendo a mínima alcançado R$ 5,8623.
“Corrige
um pouco, seguindo o exterior. Mas está todo mundo esperando dar 13
horas, vai depender de como a China responderá”, diz Luiz Roberto
Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
As
atenções hoje estão na China e nos Estados Unidos. O gigante asiático
ameaçou novas retaliações, caso o presidente Donald Trump cumpra a
promessa de seguir com a nova alíquota de 50% sobre as tarifas já
previstas. Caso a China não retire a tarifa recíproca de 34% anunciada
na semana passada, as sobretaxas comerciais podem chegar a 104%,
incluindo os 20% aplicados em março pelos EUA por causa da exportação de
fentanil. Trump deu até hoje, às 13h, para a China remover a tarifa,
mas o país afirmou que tomará “contramedidas resolutas” caso a ameaça se
concretize.
Para Spiess, a tentativa de recuperação das bolsas é
natural depois de uma queda agressiva. “Historicamente tem uma
recuperação depois de dias tão estressados”, diz. Segundo ele, como foi
paradigmática a correção que aconteceu ao longo dos últimos pregões nos
EUA, isso provoca um certo grau de otimismo. “Temos alta do Ibovespa e
queda do dólar. Pode ser um indicativo de uma distensão do estresse até
aqui”, estima.
Apesar
da correção observada, que permite uma tênue recuperação das principais
bolsas, os fatores que causaram o nervosismo permanecem presentes, o
que não sugere consistência na melhora, adverte Silvio Campos Neto,
sócio da Tendências Consultoria. “Eventualmente, esse ápice das tensões
comerciais leva parte do mercado a apostar que negociações devem começar
a ocorrer a partir deste ponto”, completa em nota o economista sênior
da Tendências.
Além da alta dos índices acionários no exterior, o
petróleo também avança e estimula as ações do setor na B3. Após ceder
ontem em meio à pressão do governo para redução dos preços dos
combustíveis, Petrobras subia entre 0,63% (PN) e 0,73% (ON), por volta
das 11 horas. Já Vale virava para baixo (-0,58%). Hoje o minério de
ferro fechou baixa de 3,48% hoje em Dalian.
Ontem,
a Petrobras registrou ontem o menor valor de mercado desde setembro de
2023 e as ações caíram entre 5,575 (ON) e 3,97% (PN), mas não se
manifestou. A Genial estima que os preços do diesel e gasolina estão 5%
acima da paridade internacional.
Ainda, os investidores avaliam o
resultado do setor público consolidado (governo central, Estados,
municípios e estatais, à exceção de Petrobras e Eletrobras). Houve
déficit primário de R$ 18,973 bilhões em fevereiro, informou o Banco
Central. Este é o melhor resultado para o mês desde 2022. O saldo foi
menos negativo do que o apontado pela mediana da pesquisa Projeções
Broadcast, que indicava déficit de R$ 26,250 bilhões.
Às 11h20, o
Ibovespa subia 0,89%, aos 126.709,97 pontos, ante alta de 1,64%, na
máxima aos 127.651,60 pontos, contra mínima de abertura em 125.588,09
pontos (variação zero). Vale cedia 0,38% e Petrobras tinha elevação em
torno de 1,00%. Brava liderava o grupo das maiores altas, com 6,50%,
seguida de CVC ON (4,40%). Já Magazine Luiza ON, o das perdas (-4,34%).