quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Petrobras leva concessão de terminal portuário no RJ por R$ 104 milhões

A Petrobras arrematou a concessão do terminal portuário RDJ07, no Porto do Rio de Janeiro, por R$ 104 milhões. O terminal é voltado à movimentação de cargas de apoio logístico offshore, destinadas às atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural, com investimentos estimados em R$ 99,4 milhões.

A estatal teve como concorrente a Sul Real GMBL, que apresentou oferta pelo ativo com R$ 1 milhão de outorga. A empresa não quis ampliar sua oferta para cobrir o lance da Petrobras.

Entre os investimentos previstos estão a aquisição de equipamentos de grande porte, como seis guindastes, dez empilhadeiras e vinte carretas, além da instalação de um novo sistema de combate a incêndio e de uma subestação elétrica. Os investimentos devem focar a modernização da infraestrutura e o aumento da capacidade operacional do terminal.

O plano para o RDJ07 inclui a demolição de estruturas antigas e construção de um novo galpão com área mínima de 3.500 m², além da implantação de áreas administrativas e operacionais, portarias e cercamento. As vias internas de acesso também receberão intervenções de melhoria.

 

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e a B3 realizaram nesta quarta-feira, 22, o segundo bloco da carteira de leilões portuários selecionada para 2025, que inclui, além do RDJ07, as áreas portuárias de Maceió (TMP), localizado no Porto Organizado de Maceió (AL), é dedicado à movimentação de passageiros e prevê investimentos de R$ 3,75 milhões.

O governo estima em mais de R$ 1,22 bilhão de investimentos e o prazo de concessão de ambos os projetos é de 25 anos, com possibilidade de prorrogação contratual por até 70 anos.

Terminal turístico em Maceió

O Consórcio Britto-Macelog II, formado pela Irmãos Britto e pela Macelog, foi quem levou a concessão do TMP Maceió, com oferta de uma outorga de R$ 50 mil pelo contrato. O grupo foi o único interessado.

O TMP Maceió é um dos principais pontos de recepção de cruzeiros do Nordeste. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, a iniciativa tem como objetivo transformar o terminal em um polo estratégico do turismo marítimo nacional.

O Porto de Maceió movimenta mais de 100 mil passageiros por temporada. A expectativa é de uma ampliação gradual da capacidade de atendimento, hoje limitada a 612 passageiros por dia, além da atração de novas rotas e companhias marítimas.

A área total do TMP Maceió é de 5.678,23 metros quadrados. Estão previstas a construção de um novo estacionamento com 112 vagas, pavimentação e sistema de drenagem em uma área de 3.050 metros quadrados. A concessionária deverá também adquirir novos mobiliários e equipamentos de apoio, incluindo cadeiras, mesas, sofás e sistemas de controle de passageiros e bagagens.

Serão ainda implantados novos equipamentos de segurança e combate a incêndio, que integrarão o conjunto de bens reversíveis ao poder público ao término da concessão, garantindo padrões de qualidade e conforto compatíveis com os principais destinos de cruzeiros internacionais.

Essa etapa de concessões contempla ainda o leilão de arrendamento do acesso Aquaviário do Porto de Paranaguá (PR), que ocorrerá às 14h de hoje, também na B3, em São Paulo.

 

Petrobras leva 2 dos 7 blocos ofertados em leilão de exploração do pré-sal

 

O governo promoveu nesta quarta-feira, 22, o 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP), leilão sete blocos de exploração de petróleo na região do pré-sal, que abrangem as Bacias de Campos e de Santos.

A Petrobras levou dois dos sete blocos: Citrino e Jaspe. Neste último, foi como operadora e 60% de participação, em parceria com a norueguesa Equinor. Já pelo Jaspe o lance foi por 100% da área.

A Karoon levou 100% do bloco Esmeralda. Já o consórcio entre CNOOC e Sinopec conquistou o bloco Ametista, e a Equinor o bloco Itaimbezinho.

A concessão é sob modelo de partilha de produção, em que vencem os blocos as companhias que fizeram o maior lance de percentual em óleo à União, enquanto os bônus de assinatura são fixos.

O processo foi conduzido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e 15 empresas estavam habilitadas a participar da concorrência pública, entre elas a Petrobras.

Não houve oferta para o bloco Onix e Larimar.

Compatível com transição

A manutenção das atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil é “completamente compatível” com o avanço da transição energética, disse diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Artur Watt, na abertura de leilão de pré-sal, nesta quarta.

Durante seu discurso, Watt também destacou as expectativas da indústria com a licença do órgão ambiental Ibama concedida para que a Petrobras realize um poço exploratório na Bacia da Foz do Rio Amazonas.

Tal poço tem como objetivo verificar a presença de petróleo em águas profundas do Amapá e avaliar a abertura de uma nova fronteira exploratória.

PlatôBR: Lula encontra irmãos Batista em Jacarta e vai vender carne brasileira

 

 

Rodrigo Rangel Do Platô BRi


O presidente Lula está, de novo, investido de sua versão caixeiro-viajante. No início da manhã desta quarta-feira, 22, em Brasília – já noite na Ásia –, ele desembarcou em Jacarta, capital da Indonésia, para mais um giro pela região com a missão principal de ampliar as exportações de produtos brasileiros para um mercado que há anos está em franca expansão.

Entre os vários itens da pauta está, outra vez, a tentativa de destravar a venda de carnes, que ainda sofre restrições de países como a própria Indonésia. Como parte dessa tarefa, devem se juntar à comitiva presidencial os irmãos Joesley e Wesley Batista, controladores da gigante JBS. A dupla está em Bangcoc, na Tailândia, e é esperada nas próximas horas em Jacarta, onde cerca de 100 empresários brasileiros de diferentes setores se encontrarão com o próprio Lula e com representantes de empresas e do governo da Indonésia.

Na manhã desta quinta-feira, 23, em Jacarta, noite no Brasil, Lula será recebido com pompa pelo presidente indonésio, Prabowo Subianto, no palácio do governo local. Na visita de Estado, ele passará tropas em revista, escoltado por cavalos das Forças Armadas indonésias. Ainda em Jacarta, o presidente visita o escritório central da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático, e discursa no encerramento do encontro empresarial que terá os irmãos Batista como protagonistas.

A Indonésia já é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, mas o governo acredita que há margem para ampliar os números, especialmente neste momento em que vários países do mundo estão sendo obrigados a rever suas prioridades no comércio exterior em razão das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump.

Recentemente, a Indonésia deu sinal verde para um conjunto de frigoríficos brasileiros exportar carne para o país, mas ainda há pendências importantes que impedem a ampliação das vendas. Gigantes brasileiros do setor estão de olho, especialmente, em um programa do governo de Prabowo Subianto para a inclusão de proteínas na merenda escolar de estudantes de escolas públicas ao redor do território indonésio, espalhado em um arquipélago de mais de 10 mil ilhas. Estima-se que, apenas nesse programa, a gestão Subianto investirá a impressionante cifra de 38 milhões de dólares por dia.

Encontro com Trump

Donald Trump, por sinal, é também um personagem que já se tornou parte integrante da história desta visita de Lula à Ásia. Isso porque, na segunda parte do périplo de Lula, na vizinha Malásia, há chances concretas de ocorrer finalmente a primeira reunião bilateral dele com o presidente norte-americano – recentemente, na ONU, os dois se falaram rapidamente, se abraçaram e combinaram de marcar um encontro.

Tanto Lula quanto Trump participarão em Kuala Lumpur, a capital malaia, como convidados especiais da 47ª reunião de cúpula dos dez países do sudeste asiático que integram a Asean.

As tratativas entre Brasília e Washington para que o encontro de Lula com Trump finalmente aconteça estão avançadas. Do lado brasileiro, há grande expectativa pela confirmação, mas o Palácio do Planalto e o Itamaraty ainda adotam cautela para evitar que, caso a reunião não ocorra, o assunto acabe eclipsando o que houver de positivo na viagem – nesse caso, o Planalto teria de lidar com a narrativa de que Lula tomou um bolo do colega norte-americano.

Auxiliares do governo trabalham para que a reunião bilateral aconteça no domingo, 26. No mesmo dia, Lula já tem confirmado um encontro com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, outro convidado especial da cúpula da Asean.

Ainda na Malásia, o presidente brasileiro discursará no encontro dos países do sudeste asiático e se reunirá com o primeiro-ministro do país, Anwar Ibrahim, com quem compartilha posições semelhantes sobre temas da política internacional, como as guerra na Ucrânia e na Palestina.

Esta é a quarta grande viagem de Lula à Ásia no atual mandato. Em outras, como a que teve como destino o Japão e o Vietnã, tratativas para derrubar travas para na exportação de carne brasileira também estiveram no centro da pauta. Em uma das visitas à China, no ano retrasado, o presidente também contou com os irmãos Batista na comitiva.

Acordado no avião

Entre o embarque em Brasília na manhã de segunda-feira, 20, e a chegada a Jacarta, Lula passou 22 horas dentro do avião. Desta vez, a viagem não foi feita no chamado Aerolula, a mais conhecida aeronave da frota presidencial. Em razão da distância, o Planalto optou por utilizar o Airbus 330 da Força Aérea Brasileira que já serviu ao presidente em outras oportunidades. Houve uma escala para reabastecimento em Joanesburgo, na África do Sul.

Ao PlatôBR, auxiliares do presidente disseram que ele passou o tempo todo acordado, de Brasília a Jacarta, conversando com os ministros que o acompanham e foram convidados a dividir a cabine privativa da aeronave. Integram a comitiva os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, se juntará ao grupo em Kuala Lumpur.

Investidores reagem mal a projeções da Netflix e ações desabam 9%

 

As ações da Netflix afundam 9,7% na Nasdaq por volta das 11h45 (horário de Brasília) desta quarta-feira, 22, após a companhia frustrar expectativas com os números divulgados na véspera. Nesse contexto, investidores aumentaram o ceticismo com o valuation da companhia – que atualmente ostenta múltiplos relativamente elevados ante seus pares.

As perspectivas da gigante do streaming para o próximo trimestre deixaram os investidores confusos, apesar da forte programação que incluirá a temporada final de “Stranger Things”.

Os investidores se acostumaram ao repetitivo desempenho superior da empresa, que impulsionou as ações a um ganho de mais de 360% nos últimos três anos, superando em muito pesos pesados da mídia, como a Disney, e até mesmo gigantes da tecnologia, como Apple e Alphabet.

A Netflix ganhou atenção adicional com o sucesso estrondoso do desenho animado “KPop Demon Hunters”.

Mas desde o pico em junho deste ano suas ações caíram 7%, um sinal de que os investidores estão cada vez mais cautelosos com a avaliação elevada da empresa e a falta de detalhes sobre o crescimento de assinantes.

O múltiplo preço/lucro futuro da Netflix está em quase 40, muito acima do de outras empresas de mídia e grandes nomes da tecnologia.

“As ações tiveram um bom desempenho neste ano, então as expectativas já eram altas, e com a avaliação acima da média de longo prazo, há uma pressão adicional não apenas para entregar, mas para superar”, disse Matt Britzman, analista sênior de ações da Hargreaves Lansdown.

Netflix aposta em publicidade e games, mas resultados ainda são incertos

A Netflix previu uma receita de US$11,96 bilhões para o quarto trimestre, em comparação com a projeção de Wall Street, de US$11,9 bilhões. A receita do terceiro trimestre ficou praticamente em linha com as previsões, em US$11,5 bilhões, de acordo com dados da LSEG.

A empresa se aventurou em publicidade e videogames para diversificar suas fontes de receita, mas esses negócios enfrentaram dificuldades em meio a mudanças de liderança e estratégia, além da concorrência.

No terceiro trimestre, a Netflix informou que registrou seu melhor trimestre de vendas de anúncios da história, sem divulgar um número.

“A Netflix precisa demonstrar em breve que seu programa de anúncios pode acelerar o crescimento para justificar um múltiplo altíssimo”, disseram analistas da Wedbush, chamando a última orientação da empresa de “decepcionante” após vários trimestres de resultados excepcionais.

A Netflix parou de divulgar os números de assinantes no início de 2025. A empresa está apostando em seus principais lançamentos até o final do ano, que incluem “Stranger Things” e dois jogos da NFL com transmissão ao vivo no dia de Natal.

No entanto, analistas da Evercore ISI sugeriram que os investidores deveriam comprar ações em qualquer queda, observando que os concorrentes Disney+ e HBO Max aumentaram seus preços de assinatura, dando à Netflix bastante espaço para aumentar suas próprias taxas.

A empresa não atingiu as estimativas de lucro para o terceiro trimestre devido a uma despesa de US$619 milhões vinculada a uma disputa tributária em andamento no Brasil. Analistas do JP Morgan descreveram a despesa como “ruído”, observando que “o foco principal é a falta de crescimento da receita no segundo semestre do ano”.

“Sem números de assinantes, alguns defensores estão se agarrando a qualquer coisa para encontrar qualquer sinal de fraqueza, já que a empresa está se saindo muito mais forte do que seus rivais”, disse o analista da PP Foresight, Paolo Pescatore.

WEG (WEGE3) mantém margem operacional e reporta aumento de 4,5% no lucro líquido no 3º trimestre de 2025

 

A WEG (WEGE3) registrou lucro líquido de R$ 1,65 bilhão no terceiro trimestre de 2025, um aumento de 4,5% na comparação com igual trimestre do ano passado. A companhia registrou receita operacional líquida de R$ 10,27 bilhões, um avanço de 0,6% em relação ao trimestre anterior e 4,2% frente ao mesmo período de 2024.

A margem líquida ficou em 16,1%, levemente acima do trimestre anterior (15,6%) e em linha com o terceiro trimestre de 2024 (16%). Já o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 2,275 bilhões, com crescimento de 0,7% no trimestre e 2,3% em relação ao ano anterior, mantendo margem de 22,2%.

Desempenho por mercado

  • Mercado interno: receita de R$ 4,0 bilhões, queda de 4,1% ante o 2T25, mas crescimento de 3,1% frente ao 3º trimestre de 2024. A demanda foi sustentada por projetos de transmissão e distribuição (T&D) e maior procura por motores comerciais e para eletrodomésticos.
  • Mercado externo: faturamento de R$ 6,268 bilhões, alta de 3,9% no trimestre e 4,9% na base anual, com destaque para Europa, onde houve forte demanda por equipamentos industriais para óleo & gás e saneamento.

Mensagem da administração da WEG

Segundo a companhia, a estratégia de diversificação de produtos e soluções, aliada à flexibilidade operacional e presença global, tem permitido mitigar os efeitos da instabilidade macroeconômica. A WEG destacou oportunidades nos negócios voltados à infraestrutura elétrica, apesar da retração em geração eólica e solar no Brasil.

“Mesmo em um ambiente marcado por incertezas geopolíticas e volatilidade do comércio doméstico e internacional, apresentamos mais um trimestre com margens operacionais saudáveis. Apesar do momento mais desafiador para a aceleração do crescimento, continuamos a observar boa demanda nos negócios tradicionais, aliada às oportunidades nos negócios voltados à infraestrutura elétrica”, disse a empresa em sua divulgação de resultados.

“Seguimos confiantes em nossa visão de longo prazo, que, aliada à busca constante por eficiência operacional, contribui para nosso crescimento contínuo e sustentável”, afirmou a administração.

Indicadores-chave da WEG

  • Retorno sobre capital investido: 32,4% (vs. 32,9% no 2T25 e 37,1% no 3T24)
  • Lucro por ação (LPA): R$ 0,39337 (+3,7% no trimestre e +4,5% na comparação com 3T24)
  • Receita acumulada em 2025: R$ 30,56 bilhões (+12,5% sobre 2024)

 

China e UE realizarão conversas sobre controle de exportações em Bruxelas

 

O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, e o comissário do Comércio da União Europeia (UE), Maros Sefcovic, realizaram uma videoconferência nesta terça-feira para discutir questões econômicas e comerciais chave entre ambas as partes, como controles de exportação e o caso antissubsídio europeu contra Pequim em veículos elétricos, informou uma nota oficial publicada pela pasta chinesa.

O ministério da China informa que as duas partes concordaram em realizar uma reunião do mecanismo de diálogo de controle de exportação “atualizado” China-UE em Bruxelas “o mais rápido possível”.

“A China está disposta a trabalhar com a UE para implementar ativamente o consenso econômico e comercial alcançado pelos líderes da China e da UE e promover o desenvolvimento saudável e estável das relações econômicas e comerciais”, afirma.

Em relação aos controles de exportação de terras raras, o texto menciona que as medidas recentes da China são “um passo normal na melhoria de seu sistema de controle de exportação” de acordo com leis e regulamentos, demonstrando a responsabilidade chinesa como um grande país na manutenção da paz e estabilidade mundial.

Sobre a questão da Nexperia, Wentao disse que a China se opõe firmemente à generalização do conceito de “segurança nacional” e espera que a UE desempenhe um papel construtivo importante.

Segundo ele, Pequim insta os Países Baixos a aderirem ao espírito de contrato e princípios de mercado, e a proporem uma solução adequada rapidamente.

China aposta em alta tecnologia como estratégia geopolítica

 Bandeira da China – Wikipédia, a enciclopédia livre

Partido Comunista se reúne em Pequim para decidir os rumos da economia chinesa pelos próximos cinco anos. Diante da atual situação geopolítica, consumo interno deve continuar em segundo plano.Aproximadamente 200 membros do Comitê Central do Partido Comunista Chinês se reúnem nesta semana em Pequim para a quarta sessão plenária do órgão. O encontro a portas fechadas de 20 a 24 de outubro tem no topo da agenda a discussão do próximo plano quinquenal, pensado para o período de 2026 a 2030 e com aprovação oficial prevista para o início do ano que vem.

Os planos quinquenais têm uma longa tradição, que remonta quase à fundação da República Popular da China, com o primeiro vigorando de 1953 a 1957. O próximo será o décimo quinto desses programas, cujo objetivo é regular o desenvolvimento econômico chinês em nível nacional.

Atualmente, há muitos problemas estruturais na economia chinesa que precisam ser resolvidos. Durante décadas, a segunda maior economia do mundo foi impulsionada pelo comércio exterior e pelo investimento em infraestrutura, ao tempo que o terceiro pilar — o consumo interno — foi constantemente negligenciado.

“Se observarmos os últimos anos, ainda vemos um crescimento de dois dígitos no investimento no setor manufatureiro”, afirma Alexander Brown, analista do think tank Instituto Mercator de Estudos da China (Merics), com sede em Berlim. “No entanto, os setores de serviços não estão recebendo tanto dinheiro. Essa é a razão do clima bastante pessimista entre os consumidores chineses. Mesmo assim, Pequim deverá continuar priorizando os gastos com política industrial, dada a atual situação geopolítica e o objetivo de resiliência da China.”

Foco na competição geopolítica

Essa resiliência — a de sua própria economia — é muito importante para Pequim. Tal meta ganha ainda mais apoio após episódios como o de dias atrás, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou novamente impor tarifas massivas sobre importações vindas da China e endurecer as restrições à exportação de produtos essenciais de alta tecnologia. Pequim vê isso como prova de que tais preocupações são justificadas.

Chen Bo, pesquisador no Instituto do Leste Asiático da Universidade Nacional de Singapura, explica que os chineses atualmente se preocupam mais com a competição geopolítica do que com problemas estruturais. “O novo plano quinquenal dará forte ênfase à promoção da pesquisa de alta tecnologia e do desenvolvimento industrial. A manufatura continua sendo o fator mais importante para o poder político do país. Em caso de conflito, afinal, seria a manufatura, e não o setor de serviços, que teria extrema importância”, afirmou em entrevista à agência de notícias Reuters

Em um discurso em julho, o presidente Xi Jinping enfatizou que “o mundo está vivenciando as mudanças mais profundas em um século, com a revolução científica e tecnológica e a competição entre as grandes potências se tornando cada vez mais interligadas”. Na ocasião, ele também reiterou seu objetivo de que a China assuma uma posição de liderança estratégica na competição científica e tecnológica global.

O país já ascendeu à vanguarda global em áreas como eletromobilidade e energias renováveis. Com exceção de alguns setores — como semicondutores e aviação comercial —, a China concentra quase toda a sua cadeia de suprimentos dentro de suas fronteiras. Pequim também tem aumentado continuamente seus investimentos em indústrias de alta tecnologia, a fim de fortalecer ainda mais sua soberania econômica e reduzir ainda mais sua dependência.

Quando o consumo será contemplado?

A China, contudo, não abandonou completamente os esforços para resolver seus problemas estruturais. Em uma reunião em setembro, o Congresso Nacional do Povo discutiu como aumentar a renda disponível das famílias e, consequentemente, a participação do consumo na economia. Atualmente, o consumo privado na China representa cerca de 40% da produção econômica, muito menos do que a média de 60% nos países ocidentais. Nos EUA, essa participação chega a 70%. Alguns think tanks chineses propõem aumentar o consumo privado para 50% em dez anos.

Nos últimos meses, Pequim já anunciou diversas medidas neste sentido, tais como subsídios ao consumo, aumentos de aposentadorias e auxílios para cuidados de crianças, além de modestas melhorias na seguridade social. Para o analista Alexander Brown, do Merics, está claro que tais ações foram praticamente “forçadas” diante de problemas como a mudança demográfica, excesso de capacidade produtiva e queda nas exportações. “Acredito que medidas desse tipo – ainda que não muitas – continuarão a surgir repetidamente nos próximos cinco anos. ”

Larry Hu, economista-chefe para a China do Macquarie Group, afirma que somente em um modelo de crescimento orientado pelo consumo poderiam ser criado empregos suficientes em setores de serviço altamente qualificados e bem remunerados, para os quais milhões de jovens chineses foram treinados. “Se depender exclusivamente da demanda externa, sem estimular o consumo interno, a China enfrentará desemprego e deflação. Se essa situação durar apenas um ou dois anos, é suportável. Mas a longo prazo, ela definitivamente causará problemas”, disse à Reuters.

No entanto, Larry Hu acredita que Pequim só considerará estimular o consumo interno quando a demanda externa cair de forma tão acentuada a ponto de comprometer suas metas de crescimento.

Primeiro o topo do mundo; depois o consumo interno

Com os motores de exportação e infraestrutura vacilantes, impulsionar o consumo interno é mais urgente do que nunca. Mas isso não é nada barato, especialmente em um momento em que a margem de manobra fiscal de Pequim já é limitada devido à crise imobiliária, à alta dívida e à menor taxa de crescimento.

De acordo com o Citigroup, um dos principais bancos americanos, o governo chinês precisaria investir 20 trilhões de yuans (aproximadamente R$ 15 trilhões) nos próximos cinco anos para lidar efetivamente com o desequilíbrio entre oferta e demanda na economia chinesa. Essa quantia corresponde a 15% do Produto Interno Bruto chinês em 2024.

Alexander Brown prevê, portanto, que os governantes em Pequim provavelmente darão continuidade à sua atual estratégia econômica. “Eles continuarão priorizando o investimento de recursos em setores tecnológicos, onde há chances de alcançar a liderança global. A expectativa é que essas conquistas gerem muito dinheiro. Esse dinheiro — ou melhor, a arrecadação fiscal resultante — poderá então ser distribuído por todo o sistema econômico.”