quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Marina Silva reconhece contradição, mas diz que licença do Ibama para foz do Amazonas foi técnica

 

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, negou nesta quarta-feira (22) que a decisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de autorizar a Petrobras a pesquisar petróleo na bacia sedimentar Foz do Amazonas tenha sido motivada por influências políticas.

A licença para perfurar poços no bloco FZA-M-59, na área do litoral brasileiro conhecida como Margem Equatorial, foi concedida na última segunda-feira, 20.

“A decisão dos nossos servidores do Ibama foi uma decisão técnica. E, se houve qualquer manifestação política, isso não influenciou o trabalho de qualidade que foi feito pelos nossos técnicos. Claro, vivemos em um contexto político, é legítimo que as pessoas tenham aspirações, mas em um governo republicano, como é o do presidente Lula, a decisão foi uma decisão técnica”, disse Marina Silva, em entrevista ao Canal Gov.

Ela destacou que o rigor do Ibama pode ser identificado em uma série de melhorias que foram exigidas para que a Petrobras conseguisse a licença.

“Uma delas é a base de suporte ou de socorro para o que os especialistas chamam de fauna oleada. No projeto inicial, a base ficava em Belém, a 800 quilômetros de onde ia ser feita a prospecção de petróleo. E o Ibama entendeu que era inadmissível, porque o tempo de transporte desses animais era tão longo que não teria salvamento”, disse Marina.

“Agora, nós temos uma base em Belém e uma outra base perto do local da prospecção, que fica algo em torno de 160 km. Ou seja, todas as exigências que o Ibama fez eram altamente necessárias e se não fosse o rigor do Ibama, teria saído uma licença em prejuízo do meio-ambiente e dos interesses do Brasil”, complementou.

A ministra reconhece que há contradição em explorar mais reservas de petróleo às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém. A redução do uso de combustíveis fósseis é central para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e combater o aquecimento global.

“Existe a contradição que as pessoas levantam e com justa razão. A sociedade está debatendo não só com o Brasil, mas no mundo inteiro. Precisamos sair da dependência do uso de combustível fóssil, porque é isso que está aquecendo a temperatura da Terra. Qual é o caminho que se pode fazer isso? Planejar de forma justa para que todos possam fazer suas transições”, diz a ministra.

“E, com certeza, não é o Ibama que toma essa decisão. Quem toma essa decisão é o Conselho Nacional de Política Energética”, complementa.

COP30

Marina Silva também destacou os esforços que foram feitos pelo Brasil na preparação para a COP30, mesmo diante de um cenário geopolítico desafiado, a crise da hospedagem em Belém e as dificuldades em conseguir compromissos mais concretos dos países para mitigação e adaptação climática.

“Eu espero que a cúpula possa mandar uma mensagem forte, de que nós estamos numa emergência climática e de que é preciso que a partir de agora a gente possa salvar não só o planeta do ponto de não retorno, mas o próprio multilateralismo climático do ponto de não retorno”, disse a ministra.

“O meu sonho para o final da COP 30, é que, ao término, possamos deixar um legado importante para o nosso país. De liderarmos pelo exemplo na agenda do desmatamento, de sermos pioneiros na transição para sair da dependência do combustível fóssil. Deixar discussões substantivas na adaptação, sobre o que fazer sobre as NDCs insuficientes. Clima não tem como resolver se não for de forma conjunta e solidária”, complementou.

IR 2025: Receita abre nesta sexta consulta a lote de restituição de R$ 602 milhões

 

A Receita Federal anunciou que será aberta nesta sexta-feira, 24, a partir das 10 horas, a consulta ao lote residual de restituição do Imposto de Renda do mês de outubro.

O novo lote de restituições é formado por 248.894 contribuintes e soma R$ 602.957.179,71. O pagamento será feito no dia 31 de outubro.

+ Reforma do IR: trabalhador terá ganho extra de até R$ 4 mil por ano; veja simulações

“Esse lote contempla restituições de declarações 2025 transmitidas fora do prazo e com pendências solucionadas pelos contribuintes, além de restituições residuais de exercícios anteriores”, informou a Receita.

Para saber quem entrou no lote, o contribuinte deve acessar a página da Receita na internet, clicar em “Meu Imposto de Renda” e, em seguida, em “Consultar a Restituição”.

Quem entrou no lote

  • 6.627 restituições para idosos acima de 80 anos
  • 36.714 restituições para contribuintes entre 60 e 79 anos
  • 5.040 restituições para pessoas com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave
  • 10.871 restituições para contribuintes cuja maior fonte de renda seja o magistério
  • 158.775 restituições para quem optou pela declaração pré-preenchida e/ou por receber a restituição via Pix
  • 30.867 restituições a contribuintes não prioritários

Como saber se caí na malha fina

Cair na malha fiscal (“malha fina”) não significa que sua declaração esteja errada, mas talvez você tenha que comprovar algumas informações declaradas.

Se for encontrada alguma diferença entre as informações declaradas por você e as informações apresentadas pelas outras entidades, sua declaração será separada para uma análise mais profunda. É o que se chama de malha fiscal, ou “malha fina” como é popularmente conhecida.

Para verificar a situação, os contribuintes devem acessar a página da Receita Federal na internet, clicar em “Meu Imposto de Renda” , e depois “Extrato do Processamento”. O contribuinte também pode fazer a consulta pelo e-CAC.

No item “Pendências de Malha”, o contribuinte pode verificar se sua declaração está em malha e também verificar qual é o motivo pelo qual ela ficou retida. Caso identifique alguma pendência, o contribuinte pode retificá-la, corrigindo as informações. Corrigindo o erro ou pendência, basta enviar uma declaração retificadora, pelo Programa Gerador da Declaração ou pelo aplicativo.

Arrecadação federal volta a subir em setembro e bate recorde para o acumulado em 9 meses

 

Após registrar em agosto a primeira queda do ano, a arrecadação do governo federal teve alta real de 1,43% em setembro sobre o mesmo mês do ano anterior, somando R$216,727 bilhões, informou a Receita Federal nesta quinta-feira, 23.

No acumulado de janeiro a setembro, a arrecadação foi de R$ 2,105 trilhões, ficando 3,49% acima do registrado nos primeiros nove meses de 2024, já descontada a inflação.

Os valores para setembro e para o acumulado do ano foram os mais elevados da série da Receita para os respectivos períodos.

No caso dos recursos administrados pela Receita Federal, o valor arrecadado em setembro foi de R$ 210,702 bilhões, uma alta real de 1,88%. Nos nove primeiros meses do ano, a arrecadação administrada pela Receita somou R$ 2,017 trilhões, uma elevação real de 4,10%.

De acordo com a Receita, os números foram influenciados por “eventos não recorrentes ou alterações de legislação” que ocorreram em 2024. Sem estes eventos atípicos, conforme a Receita, o crescimento real de setembro deste ano teria sido de 3,73% e do acumulado do ano, de 4,86%.

Em agosto, a arrecadação federal caiu 1,5% e a Receita apontou efeito negativo da desaceleração da economia e de uma mudança no calendário do fisco que gerou uma arrecadação extraordinária de tributos do Rio Grande do Sul em 2024.

Os dados da Receita mostraram ainda que houve crescimento de 33,42% na arrecadação de Imposto sobre Operações Financeiras em setembro deste ano, para R$8,455 bilhões, em função das operações ligadas à saída de moeda estrangeira do país e a operações de crédito para empresas, “ambas decorrentes de recentes alterações na legislação”.

 

Segundo estudo divulgado pelo Mercado Livre nesta quarta-feira, 24, as pequenas e médias empresas (PMEs) que estão na plataforma de comércio eletrônico movimentam o equivalente a 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, cerca de R$ 380 bilhões.

O dado, referente ao ano de 2024, mostra que o total de pequenas e médias empresas do Mercado Livre chega a 5,8 milhões – das quais cerca de 60% possuem a plataforma de e-commerce como sua principal fonte de receita.

O levantamento, feito em conjunto com a Euromonitor, mostra também que as PMEs, juntas, geraram mais de 111 mil empregos no último ano, o que equivale a 20 novas vagas por hora.

No lado financeiro, o Mercado Pago  passou a ter uma fatia de mercado relevante junto as PMEs. Atualmente, 3 a cada 5 utilizam a plataforma como meio de recebimento, e mais de 60% relataram aumento das vendas quando passaram a trabalhar com o banco digital.

Apesar da presença relevante e das vantagens competitivas, a companhia ainda vislumbra uma perpetuidade do crescimento nos próximos anos.

Crescimento do e-commerce

Segundo o VP Sênior e Líder do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, globalmente, a penetração do e-commerce fica na casa dos 21%, chegando a 30% na China e quase 26% nos Estados Unidos. No Brasil esse percentual ainda não chega a 15%.

“Hoje, estamos bem atrás de outros países, com 14,7%, mas viemos de 7% lá em 2019, antes da pandemia. Acreditamos que vai para casa de 21,5% em 2028. Nesse ano já estamos aumentando a penetração. O e-commerce cresce porque o consumo no país também cresce muito”, disse, em coletiva de imprensa no Mercado Livre Experience.

O Brasil segue sendo a geografia mais importante para o Meli na América Latina, superando México e Argentina. O mercado mexicano acabou de assumir a segunda colocação, superando os argentinos, que caíram para terceiro.

A companhia está investindo R$ 34 bilhões no Brasil em 2025. A cifra que é mais de 40% superior do que o aporte feito no ano anterior.

No acumulado dos últimos 12 meses a receita líquida da plataforma foi de US$ 12,6 bilhões. No segundo trimestre deste ano, a companhia registrou alta de 29% de alta no GMV ante igual período do ano anterior.

Em um passado recente, estratégias de cortar o preço de piso para frete grátis garantiram aceleração do crescimento, segundo os executivos.

Yunes relata que a empresa decidiu em junho cortar de R$ 79 para R$ 19 o valor mínimo de compra para o benefício do frete grátis. A decisão acarretou em um aumento de 34% de unidades vendidas ante igual mês do ano anterior. O salto supera a média mensal de crescimento de vendas do Mercado Livre, que vinha sendo de 26% mensais.

 

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) informou que apresentou aos servidores e servidoras do serviço público federal uma proposta de reajuste de 17,5% no auxílio alimentação do funcionalismo.

Se a proposta for aceita pelos servidores, o valor do auxílio-alimentação passará para R$ 1.175, começando a ser pago já em dezembro.

O impacto do reajuste é de R$ 1,1 bilhão em 2026 e, segundo o governo, já está estimado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2026 enviado ao Congresso em agosto.

Com mais esse aumento, o reajuste acumulado do auxílio-alimentação será de 156,55% desde 2023.

O governo justifica o reajuste com o argumento de que o auxílio-alimentação estava congelado havia seis anos antes do início do mandato do presidente Lula.

“O reajuste do auxílio-alimentação é parte do compromisso deste governo com a valorização das servidoras e dos servidores públicos. Estamos garantindo ganhos reais, dentro da responsabilidade orçamentária, para melhorar as condições de vida de quem trabalha no serviço público federal”, afirmou o secretário de Relações do Trabalho, José Lopes Feijóo.

Segundo o ministério, os gastos com pessoal do governo federal, considerando salários e benefícios,  estão estimados em 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo percentual de  2025 e 2024, indicando estabilidade nessa despesa.

Mercado Livre diversifica negócio e acelera vendas no B2B

 

O Mercado Livre, agora, tem um atacado próprio para chamar de seu. A empresa entrou no segmento após notar que mesmo nas vendas B2C havia um percentual relevante de CNPJs comprando junto à plataforma. A novidade foi anunciada nesta semana e prevê atender desde pequenas empresas até grandes corporações e órgãos governamentais.

Os clientes corporativos do B2B do Mercado Livre terão até 50% de desconto mesmo em compras pequenas.

A unidade estava em testes desde outubro do ano de 2024. Com o lançamento, a companhia espera acelerar a expansão da nova frente de negócio, que recebeu parte dos R$ 34 bilhões em investimentos anunciados para serem feitos no Brasil em 2025. O montante é 48% superior ao executado em 2024.

Agustin Rabinovitch, diretor do Mercado Livre Negócios, conta que a empresa vê um grande mercado ainda inexplorado, dado o gap da penetração do B2B – especialmente no e-commerce – ante mercados desenvolvidos.


“Na América Latina, o comércio B2B é seis vezes maior que o B2C, mas é algo sub-representado, especialmente no e-commerce. No e-commerce é algo em torno de 5%, no restante do mundo chega a 25% ou 30%, considerando EUA, China e Europa”, disse em entrevista exclusiva à IstoÉ Dinheiro durante o Mercado Livre Experience.

Além disso, o executivo relata que, dada a experiência prévia, diversos clientes pessoa jurídica já estavam realizando compras na plataforma de varejo – e agora devem encher mais o carrinho considerando os descontos substanciais.

“Algo muito importante para nós é que o cliente CNPJ já estava comprando conosco, ainda antes do anúncio do Mercado Livre Negócios. Eles já estavam comprando um percentual grande. Podemos ver que é um mercado com muito potencial “, conta Rabinovitch.

Segundo dados da consultoria alemã Statista, o segmento de vendas online entre empresas movimenta um volume quatro vezes maior que o e-commerce B2C, e a expectativa é de que essa proporção cresça para seis vezes até o fim do ano que vem.

Entrando nesse mercado, o Meli deve diversificar ainda mais as fontes de receita e mirar um público que possui ticket médio mais alto e compras recorrentes. No total, são 4 milhões de usuários habilitados para fazer compras no atacado da plataforma de varejo em toda a América Latina.

A nova unidade de negócio dará aos clientes acesso a financiamento via Mercado Pago, o banco digital do Mercado Livre, além de ‘precificação inteligente e custos de logística diferenciados’.

Pessoas trans recebem 32% menos que a população geral e apenas um quarto tem trabalho formal

 

Apenas uma em cada quatro pessoas trans tem trabalho formal no Brasil. O dado faz parte de um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que mostra que a taxa de participação de pessoas trans no trabalho formal é de 25%, 6,8 pontos percentuais inferior ao observado na população total do país, de 31,8% para uma faixa etária entre 14 a 64 anos.

O estudo ainda mostra que os homens trans possuem uma maior participação (31,1%), que é relativamente próxima, embora ainda inferior, à taxa de participação para população masculina em geral (35,1%). No entanto, a situação é mais grave para mulheres trans, cuja taxa de participação é de apenas 20,7%, valor bastante inferior ao observado para a população feminina total (28,4%).

“Mesmo para aqueles que conseguem participar, a desigualdade também se materializa na remuneração média inferior da população trans em relação à população total. Uma pessoa trans inserida no assalariamento formal recebe, em média, R$ 2.707, 32% a menos que a média dos assalariados formais identificada na Rais (Relação Anual de Informações Sociais) 2023, que é de R$ 3.987”, diz o estudo, conduzido pela Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc/Ipea).

Em um primeiro momento, as diferenças de rendimento entre as pessoas trans e da população geral poderia ser explicada pelo nível de escolaridade. Segundo o estudo, 13,5% das pessoas trans empregadas possuem ensino superior completo, enquanto esse percentual é de 20,4% para a população total empregada.

Embora ajude a explicar parte do menor rendimento, as diferenças salariais permanecem mesmo quando comparada em uma mesma categoria de escolaridade. Uma pessoa trans com ensino superior ganha, em média, 27,6% a menos que uma pessoa com ensino superior na população total, enquanto uma pessoa trans sem ensino superior ganha 23,1% a menos que aqueles com mesma qualificação na população total.

Pessoas trans Ipea

População trans no Brasil

O Ipea usou como base os dados das pessoas com CPF, que fazem parte do Cadastro Compartilhado (b-Cadastros) da Receita Federal, e registra informações básicas de todas as pessoas, incluindo nome, nome social, data de nascimento, data de óbito, sexo/gênero, Estado de domicílio, entre outras informações. A entidade usou dados extraídos em 2023 com um novo levantamento feito em 2025.

Ao comparar dois estados da base foi possível identificar pessoas que realizaram alteração de nome e/ou sexo/gênero no período, ou que possuem nome social no período final. Diante disso, foi criado um método para identificar as pessoas trans a partir dessa base da
Receita Federal.

Foram identificadas 38.758 pessoas trans, em um universo de 157,4 milhões de pessoas. A proporção de homens trans foi inferior à proporção de homens da população geral (37,9% contra 49,6%). Já a proporção de mulheres trans foi maior em relação às mulheres na população total (51,3% contra 50,4%). Das pessoas trans do Brasil, 2,7% foram classificadas como não binárias.