quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Shein inaugura em Paris sua primeira loja física com fila e protestos

 

A gigante asiática do comércio eletrônico Shein inaugurou sua primeira loja física permanente nesta quarta-feira, 5, na loja de departamentos BHV, em Paris, apesar da controvérsia e de uma investigação judicial sobre a venda de bonecas sexuais com aparência infantil na França.

Sob o olhar atento de policiais posicionados do lado de fora da BHV, os primeiros clientes entraram na loja de departamentos de Paris antes da abertura oficial da loja Shein no 6º andar, pouco depois das 13h00 (09h00 no horário de Brasília).

Diversas pessoas já faziam fila na expectativa da inauguração, enquanto ativistas pelos direitos das crianças protestavam nos arredores: “Protejam as crianças, não a Shein”, dizia uma das placas.

Os manifestantes também distribuíram panfletos denunciando o “suposto trabalho forçado”, a “poluição” e a “produção excessiva” das roupas da Shein, e pediram assinaturas para um abaixo-assinado contra a loja física.

Condições de trabalho é alvo de críticas

A Shein enfrenta críticas pelas condições de trabalho em suas fábricas e pelo impacto ambiental de seu modelo de negócios de fast-fashion. Políticos, sindicatos e grandes marcas rejeitaram sua chegada à França.

Apenas alguns dias após o seu lançamento, surgiu uma nova controvérsia relacionada à venda de bonecas sexuais com aparência infantil em sua plataforma, reacendendo as críticas.

Após a venda dessas bonecas, o Ministério Público de Paris abriu investigações contra a Shein, assim como contra as concorrentes AliExpress, Temu e Wish.

As investigações se concentram na “disseminação de mensagens violentas, pornográficas ou contrárias à dignidade” acessíveis a menores, afirmou o MP.

A imprensa francesa publicou uma foto de uma das bonecas vendidas na plataforma, acompanhada de uma legenda explicitamente sexual. A boneca tinha aproximadamente 80 centímetros de altura e segurava um ursinho de pelúcia.

Ascensão meteórica

A Shein, fundada na China em 2012, mas agora com sede em Singapura, prometeu “cooperar plenamente” com as autoridades judiciais francesas e anunciou a proibição de todas as bonecas sexuais.

Seu porta-voz na França, Quentin Ruffat, atribuiu a venda das bonecas a “um mau funcionamento” em seus processos e governança.

Frédéric Merlin, CEO de 34 anos da SGM, empresa que opera a BHV, admitiu na terça-feira que considerou cancelar a parceria com a Shein após o último escândalo, mas depois mudou de ideia.

Merlin disse ter confiança nos produtos da Shein que serão vendidos em suas lojas de departamento e denunciou uma “hipocrisia generalizada” em torno da gigante asiática.

“A Shein tem 25 milhões de clientes na França”, enfatizou Merlin aos veículos de comunicação BFMTV e RMC nesta quarta-feira.

A ascensão meteórica da Shein representa um problema para as varejistas de moda tradicionais. Os críticos temem que isso as prejudique ainda mais, forçando-as a demitir funcionários ou fechar as portas.

A Shein também planeja abrir cinco lojas em outras cidades francesas, incluindo Dijon, Grenoble e Reims.

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

 

 Imagem destaque: Kibon faz maior investimento dos últimos 10 anos no verão

   

 A Kibon, hoje o principal nome da The Magnum Ice Cream Company, quer utilizar a estação mais quente do ano como um motor de crescimento. A estratégia se baseia em aumentar os números de produtos, pontos de venda e ativações promocionais. Além disso, a companhia aposta em novas ocasiões de consumo, reforça sua presença em categorias premium e investe fortemente em inovação. Contemplando esta estratégia, a Kibon criou o "sorvetaço" — evento em que distribuiu 5.000 picolés em menos de uma hora. “Temos expectativa de fazer o maior verão de todos os tempos. É ousado, mas temos intenção de demonstrar isso dentro da companhia. É o maior investimento dos últimos 10 anos”, afirma Teo Figueiredo, diretor-geral da empresa no Brasil. A meta é utilizar o verão como alavanca para ampliar a penetração dos seus produtos.

Inovação como carro-chefe

 A companhia anunciou o lançamento de sete produtos e prepara a chegada de outras novidades ao longo da temporada, totalizando 51 itens no portfólio. Entre os lançamentos, estão o Cornetto Choco Mix, de volta em edição limitada, o Fruttare Tangerina e o Frutilly Chiclete Pinta-Língua, que promete pintar a língua de azul. A linha de indulgência também foi ampliada com o lançamento dos bombons Magnum Pistache e Cookies & Cream, e duas novas versões em pote. “A gente quer criar novas ocasiões de consumo. O Magnum Bombom, por exemplo, é um snack indulgente, congelado e que pode ser compartilhado. Fomos pioneiros nessa categoria e seguimos líderes absolutos nesse segmento”, diz Teo. Esse movimento atende a uma meta de fazer com que os brasileiros tomem mais sorvetes, mais vezes por ano. Só metade da população consome o produto pelo menos uma vez por ano.

Verão é campo de testes

 O verão virou um campo de prova para a nova fase da Kibon como parte da The Magnum Ice Cream Company. No Brasil, o foco é ganhar espaço, seja conquistando novos consumidores, aumentando a frequência de consumo ou expandindo a presença física nos pontos de venda. A companhia deve usar os próximos seis meses para consolidar o novo momento da marca. As informações são da Exame.

 

 https://gironews.com/informacoes-de-fornecedores/kibon-quer-utilizar-verao-como-motor-de-crescimento/

Banco Central endurece atuação de fintechs com novo conjunto de regras; veja mudanças

 

O Banco Central (BC) e o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiram novas regras de capital mínimo de instituições financeiras e endureceram a norma para o funcionamento de fintechs, impactando um grupo de aproximadamente 500 instituições, que serão demandadas a elevar em conjunto o aporte exigido de R$ 5,2 bilhões para R$ 9,1 bilhões, informou a autarquia nesta segunda-feira, 3.

O conjunto de regras, que, segundo avaliação do BC, pode levar à saída de instituições do mercado, também busca fechar brechas em contas que dificultam a identificação dos beneficiários finais, após operações policiais detectarem uso de fintechs para atividades criminosas.

O novo regramento aumenta o valor mínimo de capital das instituições de pagamento, as chamadas fintechs, de R$ 1 milhão para R$ 9,2 milhões. As instituições de serviço terão exigência mínima ampliada de R$ 400 mil para R$ 5,6 milhões.

No caso de corretoras e custodiantes, o aumento será de R$ 245 mil para R$ 8 milhões. A exigência será ampliada de R$ 1 milhão a R$ 9,8 milhões para sociedades de crédito e de R$ 7 milhões a R$ 56 milhões para bancos.

Em entrevista à imprensa, o diretor de Fiscalização do BC, Ailton de Aquino, disse que a mudança pode levar a uma saída organizada de instituições do sistema, reorganizações societárias ou incorporação de instituições.

“Esta não é uma norma para reduzir o universo supervisionado, é uma norma muito clara para equilibrar o jogo”, disse Aquino.

Segundo ele, o endurecimento da regra não acaba com a agenda de inovação da autarquia, que reforçará uma evolução do sistema que seja associada a um cuidado com segurança.

Ao defender que essas instituições tenham estrutura e recursos suficientes para funcionar com qualidade, o diretor afirmou que “chegamos ao absurdo” de ter fintechs que eram baseadas em escritórios compartilhados, conhecidos como “coworking”.

“Para uma empresa de tecnologia, a garagem pode ser algo importante. Agora, para uma instituição financeira, que precisa ter confiança e estruturas robustas, penso que não é o melhor modelo”, disse.

De acordo com o BC, a definição dos novos valores mínimos de capital social e de patrimônio líquido passa a levar em conta principalmente as atividades efetivamente exercidas, e não mais o tipo de instituição, além de prever uma parcela do capital para cobrir custos associados a serviços intensivos em tecnologia.

A exigência exata para cada instituição dependerá de fatores relacionados ao formato da operação, ao tipo de investimento e à forma de captação de recursos.

Segundo a autoridade monetária, a nova regulação ainda requer uma parcela adicional de capital às instituições que utilizem em sua nomenclatura a expressão “banco” ou qualquer termo que o sugira.

A regra passa a valer imediatamente, mas haverá um processo de transição para que as instituições atualmente em funcionamento possam se adaptar. A norma prevê aplicação de 25% dos novos valores exigidos até dezembro de 2026, 50% até junho de 2027, 75% até dezembro de 2027 e 100% a partir de janeiro de 2028.

Aquino enfatizou que “o sistema financeiro nacional é muito bem capitalizado”, ressaltando que o objetivo da medida é reforçar a resiliência do sistema.

Em relação às chamadas contas-bolsão, que são abertas por fintechs em bancos tradicionais, mas com difícil rastreio do cliente detentor do recurso, a norma deve forçar o fechamento de parte das contas existentes.

Haverá obrigatoriedade de encerramento quando for identificado que o cliente utiliza a conta para prestar serviços financeiros ou de pagamento sem respaldo legal, com objetivo de ocultação ou substituição de obrigações financeiras de terceiros, inviabilizando sua identificação.

A vigência dessa regra valerá a partir de dezembro deste ano e os critérios de identificação serão de responsabilidade da instituição.

As novas normas representam mais um conjunto de iniciativas voltadas a evitar o uso de fintechs pelo crime organizado, como detectado pela operação Carbono Oculto, que investiga lavagem de dinheiro de facções criminosas por meio de contas em instituições de pagamento.

Em outra área, problemas em prestadores de serviço de tecnologia levaram a invasões do sistema de pagamentos com desvio de recursos.

Kimberly-Clark desembolsa US$ 48,7 bilhões e compra Kenvue

 

Imagem destaque: Kimberly-Clark desembolsa US$ 48,7 bilhões e compra Kenvue


 Em uma transação mista de dinheiro e ações avaliada em US$ 48,7 bilhões, a Kimberly-Clark adquiriu a Kenvue, dona das marcas Tylenol, Listerine, O.B., Neutrogena e Carefree. De acordo com o comunicado divulgado pelas empresas, o objetivo da transação é formar uma líder global em saúde e bem-estar, com forte presença internacional e foco em produtos essenciais, ciência aplicada e cuidados cotidianos. "Estamos entusiasmados em unir duas empresas icônicas para criar uma líder global em saúde e bem-estar", disse Mike Hsu, presidente do Conselho e CEO da Kimberly-Clark. Segundo Larry Merlo, Presidente do Conselho da Kenvue, o acordo "proporciona um valor inicial significativo para nossos acionistas e um substancial potencial de crescimento por meio da participação na empresa combinada".

 Mike Hsu será o Presidente do Conselho e CEO da empresa resultante da fusão. Após a conclusão da transação, três membros do Conselho da Kenvue integrarão o colegiado da Kimberly-Clark. A empresa combinada manterá a sede da Kimberly-Clark em Irving, Texas, e continuará a ter uma presença significativa nas localidades da Kenvue. A conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026, sujeita à aprovação dos acionistas, às aprovações regulatórias e ao cumprimento de outras condições usuais de fechamento.

 

 https://gironews.com/informacoes-de-fornecedores/kimberly-clark-desembolsa-us-487-bilhoes-e-compra-kenvue/

Bancos promovem mutirão para negociar dívidas bancárias em atraso

 

Consumidores que têm dívidas no cartão de crédito, cheque especial, consignado e outras modalidades de crédito contraídas de bancos e instituições financeiras e que queiram negociar esses débitos têm até o próximo dia 30 para participar do Mutirão de Negociação e Orientação Financeira.

Mais de 160 instituições participam da ação, além de parceiros como o Banco Central, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons. Financiamentos de veículos, motocicletas e imóveis não entram no mutirão.

As negociações poderão ser feitas diretamente com as instituições participantes em seus canais oficiais ou pelo portal ConsumidorGovBr, um serviço público e gratuito que conecta consumidores e empresas para que encontrem alternativas para conflitos de consumo.

Para solicitar a negociação pela plataforma é necessário que o consumidor tenha conta Prata ou Ouro no aplicativo Gov.br. Podem ser negociadas dívidas desde que estejam em atraso e não tenham bens dados em garantia, ou prescritas.

Segundo a Febraban, o mutirão é uma oportunidade para negociar os débitos em condições especiais, como parcelamento, descontos no valor total da dívida ou taxas de juros reduzidas para refinanciamento.

Também será possível solicitar apoio presencial aos Procons que aderiram ao mutirão para negociar diretamente nos canais digitais dos bancos.

“Para as pessoas superendividadas o fluxo de negociação é diferente, pois exige um maior entendimento das dívidas e apoio do Procon para criação de um plano de pagamento”, explica a entidade.

Adesão

Todas as informações sobre o mutirão, assim como a relação completa das instituições participantes e os canais oferecidos pelos bancos para a negociação das dívidas, estão disponíveis na plataforma Meu Bolso em Dia Febraban. Para aderir ao mutirão é possível acionar diretamente o canal digital do seu banco.

Outra maneira de aderir é fazer o cadastro no site www.consumidor.gov.br, fazer o login, selecionar a instituição com a qual deseja negociar e seguir as orientações. A empresa tem até dez dias para analisar e responder sua solicitação.

Para verificar se tem dívidas em atraso, o consumidor pode acessar um relatório atualizado mantido pelo Banco Central, chamado Registrato.

Se a dívida não for com uma instituição financeira, é possível procurar o Serasa, que também promove o Feirão Serasa Limpa Nome, por meio do qual o consumidor tem a oportunidade de quitar dívidas não bancárias em atraso, e com descontos, contraídas de empresas de varejo, telecomunicações, concessionárias de energia, saneamento, universidade e financeiras.

Outra possibilidade é negociar as dívidas atrasadas nas agências dos correios participantes do feirão.

Kimberly-Clark compra Kenvue, dona do Band-Aid e Cotonetes, por US$ 48 bilhões

 

A Kimberly-Clark, que fabrica produtos de higiene, anunciou a aquisição da Kenvue – empresa fruto de um spin-off da Johnson & Johnson – pela cifra de US$ 48,7 bilhões, em uma transação de dinheiro e ações envolvendo dívidas.

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Em comunicado, a Kimberly-Clark declarou que o intuito da aquisição é formar o maior player de saúde e bem-estar do mundo – segundo o CEO, Mike Hsu, as marcas de ambas as empresas somadas chegam à ‘quase metade da população mundial’.

A Kenvue é dona de marcas como Tylenol, Band‑Aid, Neutrogena e Cotonetes, ao passo que a Kimberly-Clark é dona da Scott (papel higiênico), Huggies e Kotex.

A visão da gestão é que são portfólios de consumo ‘altamente complementares e estrategicamente alinhados’, com 10 marcas de valor superior a US$ 1 bilhão.

Além disso a empresa, em comunicado, declarou que o M&A deve ampliar investimentos em marketing, inovação e capacidades de P&D para fortalecer as vantagens exclusivas da nova empresa, que tem sinergias totais projetadas de US$ 2,1 bilhões.

Hsu seguirá como CEO da companhia resultante da aquisição, ao passo que três conselheiros da Kenvue integrarão o colegiado da nova empresa.

 

 


 

 

Como ficam os acionistas da Kenvue e Kimberly-Clark

Segundo o acordo, os acionistas da Kenvue receberão US$ 3,50 por ação em dinheiro e 0,14625 ação da Kimberly-Clark por cada ação da Kenvue, totalizando US$ 21,01 por ação.

Assim, os atuais acionistas da Kimberly-Clark devem ficar com cerca de 54% da empresa combinada, enquanto os acionistas da Kenvue terão aproximadamente 46%, em base totalmente diluída. A operação recebeu aprovação unânime dos Conselhos de Administração de ambas as empresas.

A transação é baseada em múltiplos financeiros de 14,3 vezes o EBITDA ajustado da Kenvue nos últimos 12 meses – ou 8,8 vezes considerando sinergias esperadas de US$ 2,1 bilhões, líquidas de reinvestimentos.

As sinergias de custo estimadas somam US$ 1,9 bilhão, e as de receita cerca de US$ 500 milhões, com reinvestimento de US$ 300 milhões previsto. A Kimberly-Clark estima que serão necessários US$ 2,5 bilhões em investimentos de caixa nos primeiros dois anos para alcançar essas sinergias.

De acordo com a Kimberly-Clark, a empresa combinada deve gerar receitas líquidas de aproximadamente US$ 32 bilhões em 2025 e EBITDA ajustado de US$ 7 bilhões.

A empresa informou que manterá perfil de ‘crédito robusto e flexibilidade financeira para investimentos estratégicos de longo prazo’.

A operação inclui financiamento comprometido do JPMorgan e será parcialmente financiada com recursos próprios da Kimberly-Clark, emissão de nova dívida e receita da venda de 51% da unidade International Family Care and Professional (IFP).

A conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026, sujeita à aprovação de acionistas, órgãos regulatórios e cumprimento de condições usuais de fechamento.

Impacto nas ações

As ações da Kimberly-Clark recuam 12,6% por volta das 14h (horário de Brasília), negociadas a US$ 104,62. No acumulado do ano, os papéis caem 19%.

Já os papéis da Kenvue disparam 16%, negociados a US$ 16,71. Desde o início deste ano, a companhia soma uma desvalorização de 21%, contudo.

Mesmos sem ida de CEOs, grandes empresas se preparam para participar da COP30

 

As empresas do setor privado estão nos ajustes finais para marcar presença em mais uma Conferência das Partes. Mas nem todo alto escalão as maiores companhias do país demonstram disposição em participar da COP30, em Belém. Muitos CEOs do ranking TOP 50 maiores empresas do Brasil não comparecerão ao evento e estão delegando a tarefa a seus subordinados das áreas ESG, sustentabilidade e afins.

Seja para assumir algum compromisso público ou dar publicidade a seus produtos e projetos, as COPs sempre foram encaradas pelo setor privado como uma vitrine importante quando se trata de sustentabilidade. Não é incomum ver parcerias entre grandes empresas serem anunciadas ou mesmo metas ambientais e sociais divulgadas, seja por pressão social ou por estratégia comercial.

Na COP30, em Belém, não será diferente. Muitas empresas de diferentes portes e setores já estão nos preparativos finais para embarcar para a capital paraense nos próximos dias e iniciar mais uma rodada de prospecção e promoção, mesmo que muitas dificuldades e barreiras ainda precisem ser superadas.

De modo geral, o setor privado está otimista. Uma recente pesquisa da Ipsos-Ipec mostrou que para 56% dos brasileiros, a próxima Conferência das Partes trará mais benefícios do que prejuízos para o Brasil. Apenas 18% disseram acreditar que as perdas serão maiores do que os ganhos. A maior parte das pessoas, contudo, disse que Belém está pouco ou nada preparada para receber a COP, devido a todas as dificuldades logísticas e de infraestrutura já amplamente conhecidas.

COP30
Cidade de Belém no Pará, Capital da Cop30 Amazônia. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

Menos retórica e mais prática

Ainda assim, as expectativas sobre a participação do setor privado são elevadas. Na agenda de ação desenhada pela presidência da COP30 para este ano está exatamente a expectativa de uma mobilização dos atores não estatais. E é exatamente o que o setor privado almeja: menos retórica diplomática e mais execução prática.

Para Caio Victor, especialista em políticas climáticas do Instituto Talanoa, integrante do Observatório do Clima, considera que para as empresas que possuem efetivamente compromissos climáticos e sustentáveis, a COP é a oportunidade para promover seus produtos e buscar alianças estratégicas.

“Os últimos surveys globais sobre as ações do clima indicam que 75% dos consumidores estão ativamente preocupados com os efeitos das mudanças climáticas nas suas próprias vidas. Isso significa uma mudança gradual, porém exponencial, de padrão de consumo. Então, se os CEOs das maiores empresas do Brasil não pretendem estar aqui, CEOs de outras empresas aqui estarão e trarão os seus produtos, falarão de suas soluções, conseguirão fechar contratos e conseguirão atrair investimentos, dado que não existe ausência de oportunidade”, disse Victor.

A International Chamber of Commerce do Brasil (ICC-Brasil) chegou a elaborar um documento intitulado Como impulsionar uma nova era de ação climática e o entregou ao governo federal com algumas propostas de implementação de projetos que criem condições propícias ao investimento privado. Entre as ideias estão a revisão das regras de Basileia III, harmonização das taxonomias verdes, expansão dos mecanismos de blended finance e o apoio à criação do Fundo Tropical das Florestas.

Estímulo para investimentos

Nessa mesma linha, 54 empresas membros do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) apoiaram publicamente uma chamada à ação em favor de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas. No documento, as companhias defendem a criação de mecanismos que estimulem os investimentos e a participação do setor privado.

Apesar das ações conjuntas por meio de entidades de classe ou associações setoriais para que o governo crie e defenda estímulos ou incentivos, são poucas as empresas que se posicionam claramente sobre o que querem, mas, principalmente, sobre o que vão se comprometer a fazer na COP de Belém.

A IstoÉ Dinheiro entrou em contato com as 50 companhias com maior receita do país perguntando se elas participariam de alguma forma do evento, qual o tamanho das comitivas, se o CEO estaria presente em algum dia e quais os compromissos que seriam assumidos.

Das cinco maiores empresas do Brasil – Petrobras, JBS, Raízen, Vale e Vibra – nenhuma delas respondeu aos questionamentos. Faltando pouco mais de uma semana para o início da Conferência das Partes, ainda não é possível saber se os grandes grupos do país estarão representados, por quem e se pretendem assumir algum novo compromisso ou apenas fazer publicidade sobre novas ações ou mesmo sobre as que já estejam em andamento.

COP30
Embaixador André Correa do Lago, presidente da COP30 (Fotos: Rafael Medelima)

CEOs de grandes empresas já disseram que não estarão presentes em Belém. Muitos optaram por participar em São Paulo e outras capitais do Sudeste de eventos que antecedem a COP30, mas que debatem os mesmos temas.

Para o especialista do Instituto Talanoa, a mudança do clima é uma centralidade do mercado contemporâneo e tende a selecionar os participantes do mercado no futuro. “Se, por voluntarismo, alguns dos CEOs deixam de participar, outros, um pouco mais afetos aos ganhos de mercado e também às transições concretas rumo a uma economia de baixo carbono, ocuparão esse espaço. Isso é completamente natural. Outra vez, é a concorrência mercadológica dando o seu, enfim, dando o seu tom”, afirma.

Ainda que grandes empresas não tenham deixado claro suas estratégias de participação na COP30, há quem já esteja com tudo pronto. Grupos como MBRF, Brasken, WEG, Nestlé, Hitachi Energy, Mapfre, Siemens Energy, Saint-Gobain, Yara, Caixa Seguridade, Cubo Itaú, ISA Energia, Itaú BBA, estão nos preparativos finais para embarcar a Belém.

Cada uma dessas empresas tem sua estratégia. Na MBRF, por exemplo, o CEO da empresa, Miguel Gularte, não irá a Belém. No entanto, entre os nomes que representarão a empresa de alimentos está o de Marcella Molina, filha do controlador da MBRF, Marcos Molina, e considerada nos bastidores da empresa e do próprio mercado para suceder seu pai à frente dos negócios da família no futuro.

Já a Nestlé quer ocupar todos os espaços possíveis. O principal executivo da companhia, Marcelo Melchior, estará presente, assim como Barbara Sapunar, diretora de business transformation no Brasil, e outros executivos globais. A maior empresa de alimentos do mundo tem planos para estar na Blue Zone, onde as negociações oficiais entre os países-membros acontecem, na Green Zone, onde as entidades e organizações climáticas realizam seus debates, e na Agri Zone, onde as conversas ficarão mais centradas em aspectos da cadeia produtiva do agronegócio.

Seja com a presença dos principais executivos ou apenas com representantes de escalões inferiores, espera-se que o setor privado tenha um papel central nas discussões sobre implementação e financiamento da agenda climática, com uma forte presença por meio de delegações, pavilhões de exposição e propostas concretas.

Os desafios logísticos da COP30 podem fazer com que a participação dos altos executivos das grandes empresas nacionais e internacionais seja menor ou mais seletiva do que o ideal, mas espera-se que o setor privado tenha um papel central nas discussões sobre implementação e financiamento da agenda climática.

“A participação na implementação [das ações], precisa contar com as empresas, porque são os agentes econômicos que fazem a economia acontecer no nosso modelo de desenvolvimento. Agora, seus compromissos são verificáveis, críveis, alcançáveis e efetivos? Eles estão alinhados com o que a ciência está dizendo que esses setores precisam fazer ou é só maquiagem verde para conseguir enganar por um tempo mais os investidores e os consumidores? Essas são as grandes perguntas”, afirma Victor.