Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Policiais franceses fazem a segurança no centro de Paris antes da
inauguração da primeira loja física do mundo da gigante asiática do
comércio eletrônico Shein, em 5 de novembro de 2025 - AFP
AFPi
A gigante asiática do comércio eletrônico Shein
inaugurou sua primeira loja física permanente nesta quarta-feira, 5, na
loja de departamentos BHV, em Paris, apesar da controvérsia e de uma
investigação judicial sobre a venda de bonecas sexuais com aparência
infantil na França.
Sob o olhar atento de policiais posicionados do lado de fora da BHV, os primeiros clientes entraram na loja de departamentos de Paris antes da abertura oficial da loja Shein no 6º andar, pouco depois das 13h00 (09h00 no horário de Brasília).
Diversas
pessoas já faziam fila na expectativa da inauguração, enquanto
ativistas pelos direitos das crianças protestavam nos arredores:
“Protejam as crianças, não a Shein”, dizia uma das placas.
Os
manifestantes também distribuíram panfletos denunciando o “suposto
trabalho forçado”, a “poluição” e a “produção excessiva” das roupas da
Shein, e pediram assinaturas para um abaixo-assinado contra a loja
física.
Condições de trabalho é alvo de críticas
A Shein
enfrenta críticas pelas condições de trabalho em suas fábricas e pelo
impacto ambiental de seu modelo de negócios de fast-fashion. Políticos,
sindicatos e grandes marcas rejeitaram sua chegada à França.
Apenas
alguns dias após o seu lançamento, surgiu uma nova controvérsia
relacionada à venda de bonecas sexuais com aparência infantil em sua
plataforma, reacendendo as críticas.
Após a venda dessas bonecas, o
Ministério Público de Paris abriu investigações contra a Shein, assim
como contra as concorrentes AliExpress, Temu e Wish.
As
investigações se concentram na “disseminação de mensagens violentas,
pornográficas ou contrárias à dignidade” acessíveis a menores, afirmou o
MP.
A imprensa francesa publicou uma foto de uma das bonecas
vendidas na plataforma, acompanhada de uma legenda explicitamente
sexual. A boneca tinha aproximadamente 80 centímetros de altura e
segurava um ursinho de pelúcia.
Ascensão meteórica
A
Shein, fundada na China em 2012, mas agora com sede em Singapura,
prometeu “cooperar plenamente” com as autoridades judiciais francesas e
anunciou a proibição de todas as bonecas sexuais.
Seu porta-voz na França, Quentin Ruffat, atribuiu a venda das bonecas a “um mau funcionamento” em seus processos e governança.
Frédéric
Merlin, CEO de 34 anos da SGM, empresa que opera a BHV, admitiu na
terça-feira que considerou cancelar a parceria com a Shein após o último
escândalo, mas depois mudou de ideia.
Merlin disse ter confiança nos produtos da Shein que serão vendidos em suas lojas de departamento e denunciou uma “hipocrisia generalizada” em torno da gigante asiática.
“A Shein tem 25 milhões de clientes na França”, enfatizou Merlin aos veículos de comunicação BFMTV e RMC nesta quarta-feira.
A
ascensão meteórica da Shein representa um problema para as varejistas
de moda tradicionais. Os críticos temem que isso as prejudique ainda
mais, forçando-as a demitir funcionários ou fechar as portas.
A Shein também planeja abrir cinco lojas em outras cidades francesas, incluindo Dijon, Grenoble e Reims.
segunda-feira, 3 de novembro de 2025
A
Kibon, hoje o principal nome da The Magnum Ice Cream Company, quer
utilizar a estação mais quente do ano como um motor de crescimento. A
estratégia se baseia em aumentar os números de produtos, pontos de
venda e ativações promocionais. Além disso, a companhia aposta em novas
ocasiões de consumo, reforça sua presença em categorias premium e
investe fortemente em inovação. Contemplando esta estratégia, a Kibon
criou o "sorvetaço" — evento em que distribuiu 5.000 picolés em menos de
uma hora. “Temos expectativa de fazer o maior verão de todos os tempos.
É ousado, mas temos intenção de demonstrar isso dentro da companhia. É o
maior investimento dos últimos 10 anos”, afirma Teo
Figueiredo, diretor-geral da empresa no Brasil. A meta é utilizar o
verão como alavanca para ampliar a penetração dos seus produtos.
Inovação como carro-chefe
A
companhia anunciou o lançamento de sete produtos e prepara a chegada de
outras novidades ao longo da temporada, totalizando 51 itens no
portfólio. Entre os lançamentos, estão o Cornetto Choco Mix, de volta em
edição limitada, o Fruttare Tangerina e o Frutilly Chiclete
Pinta-Língua, que promete pintar a língua de azul. A linha de
indulgência também foi ampliada com o lançamento dos bombons Magnum
Pistache e Cookies & Cream, e duas novas versões em pote. “A gente
quer criar novas ocasiões de consumo. O Magnum Bombom, por exemplo, é um
snack indulgente, congelado e que pode ser compartilhado. Fomos
pioneiros nessa categoria e seguimos líderes absolutos nesse segmento”,
diz Teo. Esse movimento atende a uma meta de fazer com que os
brasileiros tomem mais sorvetes, mais vezes por ano. Só metade da
população consome o produto pelo menos uma vez por ano.
Verão é campo de testes
O
verão virou um campo de prova para a nova fase da Kibon como parte da
The Magnum Ice Cream Company. No Brasil, o foco é ganhar espaço, seja
conquistando novos consumidores, aumentando a frequência de consumo ou
expandindo a presença física nos pontos de venda. A companhia deve usar
os próximos seis meses para consolidar o novo momento da marca. As
informações são da Exame.
BC aponta que medidas devem impactar cerca de 500 instituições financeiras e até levar a saída de algumas delas do mercado
Novo regramento aumenta o valor mínimo de capital das instituições de
pagamento, as chamadas fintechs, de R$ 1 milhão para R$ 9,2 milhões. As
instituições de serviço terão exigência mínima ampliada de R$ 400 mil
para R$ 5,6 milhões (Crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Da redação com Reuters
O Banco Central (BC)
e o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiram novas regras de capital
mínimo de instituições financeiras e endureceram a norma para o
funcionamento de fintechs, impactando um grupo de aproximadamente 500
instituições, que serão demandadas a elevar em conjunto o aporte exigido
de R$ 5,2 bilhões para R$ 9,1 bilhões, informou a autarquia nesta
segunda-feira, 3.
O
conjunto de regras, que, segundo avaliação do BC, pode levar à saída de
instituições do mercado, também busca fechar brechas em contas que
dificultam a identificação dos beneficiários finais, após operações
policiais detectarem uso de fintechs para atividades criminosas.
O
novo regramento aumenta o valor mínimo de capital das instituições de
pagamento, as chamadas fintechs, de R$ 1 milhão para R$ 9,2 milhões. As
instituições de serviço terão exigência mínima ampliada de R$ 400 mil
para R$ 5,6 milhões.
No
caso de corretoras e custodiantes, o aumento será de R$ 245 mil para R$
8 milhões. A exigência será ampliada de R$ 1 milhão a R$ 9,8 milhões
para sociedades de crédito e de R$ 7 milhões a R$ 56 milhões para
bancos.
Em entrevista à imprensa, o diretor de Fiscalização do BC,
Ailton de Aquino, disse que a mudança pode levar a uma saída organizada
de instituições do sistema, reorganizações societárias ou incorporação
de instituições.
“Esta não é uma norma para reduzir o universo supervisionado, é uma norma muito clara para equilibrar o jogo”, disse Aquino.
Segundo
ele, o endurecimento da regra não acaba com a agenda de inovação da
autarquia, que reforçará uma evolução do sistema que seja associada a um
cuidado com segurança.
Ao defender que essas instituições tenham
estrutura e recursos suficientes para funcionar com qualidade, o diretor
afirmou que “chegamos ao absurdo” de ter fintechs que eram baseadas em
escritórios compartilhados, conhecidos como “coworking”.
“Para uma
empresa de tecnologia, a garagem pode ser algo importante. Agora, para
uma instituição financeira, que precisa ter confiança e estruturas
robustas, penso que não é o melhor modelo”, disse.
De acordo com o
BC, a definição dos novos valores mínimos de capital social e de
patrimônio líquido passa a levar em conta principalmente as atividades
efetivamente exercidas, e não mais o tipo de instituição, além de prever
uma parcela do capital para cobrir custos associados a serviços
intensivos em tecnologia.
A exigência exata para cada instituição
dependerá de fatores relacionados ao formato da operação, ao tipo de
investimento e à forma de captação de recursos.
Segundo a
autoridade monetária, a nova regulação ainda requer uma parcela
adicional de capital às instituições que utilizem em sua nomenclatura a
expressão “banco” ou qualquer termo que o sugira.
A regra passa a
valer imediatamente, mas haverá um processo de transição para que as
instituições atualmente em funcionamento possam se adaptar. A norma
prevê aplicação de 25% dos novos valores exigidos até dezembro de 2026,
50% até junho de 2027, 75% até dezembro de 2027 e 100% a partir de
janeiro de 2028.
Aquino enfatizou que “o sistema financeiro
nacional é muito bem capitalizado”, ressaltando que o objetivo da medida
é reforçar a resiliência do sistema.
Em relação às chamadas
contas-bolsão, que são abertas por fintechs em bancos tradicionais, mas
com difícil rastreio do cliente detentor do recurso, a norma deve forçar
o fechamento de parte das contas existentes.
Haverá
obrigatoriedade de encerramento quando for identificado que o cliente
utiliza a conta para prestar serviços financeiros ou de pagamento sem
respaldo legal, com objetivo de ocultação ou substituição de obrigações
financeiras de terceiros, inviabilizando sua identificação.
A
vigência dessa regra valerá a partir de dezembro deste ano e os
critérios de identificação serão de responsabilidade da instituição.
As
novas normas representam mais um conjunto de iniciativas voltadas a
evitar o uso de fintechs pelo crime organizado, como detectado pela
operação Carbono Oculto, que investiga lavagem de dinheiro de facções
criminosas por meio de contas em instituições de pagamento.
Em
outra área, problemas em prestadores de serviço de tecnologia levaram a
invasões do sistema de pagamentos com desvio de recursos.
Em uma
transação mista de dinheiro e ações avaliada em US$ 48,7 bilhões, a
Kimberly-Clark adquiriu a Kenvue, dona das marcas Tylenol, Listerine,
O.B., Neutrogena e Carefree. De acordo com o comunicado divulgado pelas
empresas, o objetivo da transação é formar uma líder global em saúde e
bem-estar, com forte presença internacional e foco em produtos
essenciais, ciência aplicada e cuidados cotidianos. "Estamos
entusiasmados em unir duas empresas icônicas para criar uma líder global
em saúde e bem-estar", disse Mike Hsu, presidente do Conselho e CEO da
Kimberly-Clark. Segundo Larry Merlo, Presidente do Conselho da Kenvue, o
acordo "proporciona um valor inicial significativo para nossos
acionistas e um substancial potencial de crescimento por meio da
participação na empresa combinada".
Mike Hsu será o
Presidente do Conselho e CEO da empresa resultante da fusão. Após a
conclusão da transação, três membros do Conselho da Kenvue integrarão o
colegiado da Kimberly-Clark. A empresa combinada manterá a sede da
Kimberly-Clark em Irving, Texas, e continuará a ter uma presença
significativa nas localidades da Kenvue. A conclusão da transação está
prevista para o segundo semestre de 2026, sujeita à aprovação dos
acionistas, às aprovações regulatórias e ao cumprimento de outras
condições usuais de fechamento.
Consumidores que têm dívidas
no cartão de crédito, cheque especial, consignado e outras modalidades
de crédito contraídas de bancos e instituições financeiras e que queiram
negociar esses débitos têm até o próximo dia 30 para participar
do Mutirão de Negociação e Orientação Financeira.
Mais
de 160 instituições participam da ação, além de parceiros como o Banco
Central, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e Procons.
Financiamentos de veículos, motocicletas e imóveis não entram no
mutirão.
As negociações poderão ser feitas diretamente com as instituições participantes em seus canais oficiais ou pelo portal ConsumidorGovBr, um serviço público e gratuito que conecta consumidores e empresas para que encontrem alternativas para conflitos de consumo.
Para
solicitar a negociação pela plataforma é necessário que o consumidor
tenha conta Prata ou Ouro no aplicativo Gov.br. Podem ser negociadas
dívidas desde que estejam em atraso e não tenham bens dados em garantia,
ou prescritas.
Segundo a Febraban, o mutirão é uma oportunidade
para negociar os débitos em condições especiais, como parcelamento,
descontos no valor total da dívida ou taxas de juros reduzidas para
refinanciamento.
Também
será possível solicitar apoio presencial aos Procons que aderiram ao
mutirão para negociar diretamente nos canais digitais dos bancos.
“Para
as pessoas superendividadas o fluxo de negociação é diferente, pois
exige um maior entendimento das dívidas e apoio do Procon para criação
de um plano de pagamento”, explica a entidade.
Adesão
Todas
as informações sobre o mutirão, assim como a relação completa das
instituições participantes e os canais oferecidos pelos bancos para a
negociação das dívidas, estão disponíveis na plataforma Meu Bolso em Dia
Febraban. Para aderir ao mutirão é possível acionar diretamente o canal
digital do seu banco.
Outra maneira de aderir é fazer o cadastro
no site www.consumidor.gov.br, fazer o login, selecionar a instituição
com a qual deseja negociar e seguir as orientações. A empresa tem até
dez dias para analisar e responder sua solicitação.
Para verificar se tem dívidas em atraso, o consumidor pode acessar um relatório atualizado mantido pelo Banco Central, chamado Registrato.
Se
a dívida não for com uma instituição financeira, é possível procurar o
Serasa, que também promove o Feirão Serasa Limpa Nome, por meio do qual o
consumidor tem a oportunidade de quitar dívidas não bancárias em
atraso, e com descontos, contraídas de empresas de varejo,
telecomunicações, concessionárias de energia, saneamento, universidade e
financeiras.
Outra possibilidade é negociar as dívidas atrasadas nas agências dos correios participantes do feirão.
A
visão da gestão é que são portfólios de consumo 'altamente
complementares e estrategicamente alinhados', com 10 marcas da
Kimberly-Clark e Kenvue que superam US$ 1 bilhão em valor
Da redaçãoi
03/11/2025 - 14:23
Para compartilhar:
A Kimberly-Clark, que fabrica produtos de higiene, anunciou a aquisição da Kenvue
– empresa fruto de um spin-off da Johnson & Johnson – pela cifra de
US$ 48,7 bilhões, em uma transação de dinheiro e ações envolvendo
dívidas.
Em comunicado, a Kimberly-Clark declarou que o intuito da aquisição é formar o maior player de saúde e bem-estar do mundo – segundo o CEO, Mike Hsu, as marcas de ambas as empresas somadas chegam à ‘quase metade da população mundial’.
A Kenvue é dona de marcas como Tylenol, Band‑Aid, Neutrogena e Cotonetes, ao passo que a Kimberly-Clark é dona da Scott (papel higiênico), Huggies e Kotex.
A
visão da gestão é que são portfólios de consumo ‘altamente
complementares e estrategicamente alinhados’, com 10 marcas de valor
superior a US$ 1 bilhão.
Além disso a empresa, em comunicado,
declarou que o M&A deve ampliar investimentos em marketing, inovação
e capacidades de P&D para fortalecer as vantagens exclusivas da
nova empresa, que tem sinergias totais projetadas de US$ 2,1 bilhões.
Hsu
seguirá como CEO da companhia resultante da aquisição, ao passo que
três conselheiros da Kenvue integrarão o colegiado da nova empresa.
Como ficam os acionistas da Kenvue e Kimberly-Clark
Segundo
o acordo, os acionistas da Kenvue receberão US$ 3,50 por ação em
dinheiro e 0,14625 ação da Kimberly-Clark por cada ação da Kenvue,
totalizando US$ 21,01 por ação.
Assim, os atuais acionistas da
Kimberly-Clark devem ficar com cerca de 54% da empresa combinada,
enquanto os acionistas da Kenvue terão aproximadamente 46%, em base
totalmente diluída. A operação recebeu aprovação unânime dos Conselhos
de Administração de ambas as empresas.
A transação é baseada em
múltiplos financeiros de 14,3 vezes o EBITDA ajustado da Kenvue nos
últimos 12 meses – ou 8,8 vezes considerando sinergias esperadas de US$
2,1 bilhões, líquidas de reinvestimentos.
As sinergias de custo
estimadas somam US$ 1,9 bilhão, e as de receita cerca de US$ 500
milhões, com reinvestimento de US$ 300 milhões previsto. A
Kimberly-Clark estima que serão necessários US$ 2,5 bilhões em
investimentos de caixa nos primeiros dois anos para alcançar essas
sinergias.
De acordo com a Kimberly-Clark, a empresa combinada
deve gerar receitas líquidas de aproximadamente US$ 32 bilhões em 2025 e
EBITDA ajustado de US$ 7 bilhões.
A empresa informou que manterá
perfil de ‘crédito robusto e flexibilidade financeira para investimentos
estratégicos de longo prazo’.
A operação inclui financiamento
comprometido do JPMorgan e será parcialmente financiada com recursos
próprios da Kimberly-Clark, emissão de nova dívida e receita da venda de
51% da unidade International Family Care and Professional (IFP).
A
conclusão da transação está prevista para o segundo semestre de 2026,
sujeita à aprovação de acionistas, órgãos regulatórios e cumprimento de
condições usuais de fechamento.
Impacto nas ações
As ações
da Kimberly-Clark recuam 12,6% por volta das 14h (horário de Brasília),
negociadas a US$ 104,62. No acumulado do ano, os papéis caem 19%.
Já os papéis da Kenvue disparam 16%, negociados a US$ 16,71. Desde o início deste ano, a companhia soma uma desvalorização de 21%, contudo.
CEO’s das maiores empresas do Brasil não mostram disposição para ir a Belém, mas buscam colher alguns frutos
(Foto: Isabela Castilho / COP30 Brasil)
Alexandre Inacioi
As
empresas do setor privado estão nos ajustes finais para marcar presença
em mais uma Conferência das Partes. Mas nem todo alto escalão as
maiores companhias do país demonstram disposição em participar da COP30,
em Belém. Muitos CEOs do ranking TOP 50 maiores empresas do Brasil não
comparecerão ao evento e estão delegando a tarefa a seus subordinados
das áreas ESG, sustentabilidade e afins.
Seja para assumir algum
compromisso público ou dar publicidade a seus produtos e projetos, as
COPs sempre foram encaradas pelo setor privado como uma vitrine
importante quando se trata de sustentabilidade. Não é incomum ver
parcerias entre grandes empresas serem anunciadas ou mesmo metas
ambientais e sociais divulgadas, seja por pressão social ou por
estratégia comercial.
Na COP30, em Belém, não será diferente.
Muitas empresas de diferentes portes e setores já estão nos preparativos
finais para embarcar para a capital paraense nos próximos dias e
iniciar mais uma rodada de prospecção e promoção, mesmo que muitas
dificuldades e barreiras ainda precisem ser superadas.
De modo
geral, o setor privado está otimista. Uma recente pesquisa da Ipsos-Ipec
mostrou que para 56% dos brasileiros, a próxima Conferência das Partes
trará mais benefícios do que prejuízos para o Brasil. Apenas 18%
disseram acreditar que as perdas serão maiores do que os ganhos. A maior
parte das pessoas, contudo, disse que Belém está pouco ou nada
preparada para receber a COP, devido a todas as dificuldades logísticas e
de infraestrutura já amplamente conhecidas.
Cidade de Belém no Pará, Capital da Cop30 Amazônia. Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia
Menos retórica e mais prática
Ainda
assim, as expectativas sobre a participação do setor privado são
elevadas. Na agenda de ação desenhada pela presidência da COP30 para
este ano está exatamente a expectativa de uma mobilização dos atores não
estatais. E é exatamente o que o setor privado almeja: menos retórica
diplomática e mais execução prática.
Para Caio Victor,
especialista em políticas climáticas do Instituto Talanoa, integrante do
Observatório do Clima, considera que para as empresas que possuem
efetivamente compromissos climáticos e sustentáveis, a COP é a
oportunidade para promover seus produtos e buscar alianças estratégicas.
“Os
últimos surveys globais sobre as ações do clima indicam que 75% dos
consumidores estão ativamente preocupados com os efeitos das mudanças
climáticas nas suas próprias vidas. Isso significa uma mudança gradual,
porém exponencial, de padrão de consumo. Então, se os CEOs das maiores
empresas do Brasil não pretendem estar aqui, CEOs de outras empresas
aqui estarão e trarão os seus produtos, falarão de suas soluções,
conseguirão fechar contratos e conseguirão atrair investimentos, dado
que não existe ausência de oportunidade”, disse Victor.
A
International Chamber of Commerce do Brasil (ICC-Brasil) chegou a
elaborar um documento intitulado Como impulsionar uma nova era de ação
climática e o entregou ao governo federal com algumas propostas de
implementação de projetos que criem condições propícias ao investimento
privado. Entre as ideias estão a revisão das regras de Basileia III,
harmonização das taxonomias verdes, expansão dos mecanismos de blended
finance e o apoio à criação do Fundo Tropical das Florestas.
Estímulo para investimentos
Nessa
mesma linha, 54 empresas membros do Conselho Empresarial Brasileiro
para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) apoiaram publicamente uma
chamada à ação em favor de Contribuições Nacionalmente Determinadas
(NDCs) mais ambiciosas. No documento, as companhias defendem a criação
de mecanismos que estimulem os investimentos e a participação do setor
privado.
Apesar das ações conjuntas por meio de entidades de
classe ou associações setoriais para que o governo crie e defenda
estímulos ou incentivos, são poucas as empresas que se posicionam
claramente sobre o que querem, mas, principalmente, sobre o que vão se
comprometer a fazer na COP de Belém.
A IstoÉ Dinheiro entrou em
contato com as 50 companhias com maior receita do país perguntando se
elas participariam de alguma forma do evento, qual o tamanho das
comitivas, se o CEO estaria presente em algum dia e quais os
compromissos que seriam assumidos.
Das cinco maiores empresas do
Brasil – Petrobras, JBS, Raízen, Vale e Vibra – nenhuma delas respondeu
aos questionamentos. Faltando pouco mais de uma semana para o início da
Conferência das Partes, ainda não é possível saber se os grandes grupos
do país estarão representados, por quem e se pretendem assumir algum
novo compromisso ou apenas fazer publicidade sobre novas ações ou mesmo
sobre as que já estejam em andamento.
Embaixador André Correa do Lago, presidente da COP30 (Fotos: Rafael Medelima)
CEOs
de grandes empresas já disseram que não estarão presentes em Belém.
Muitos optaram por participar em São Paulo e outras capitais do Sudeste
de eventos que antecedem a COP30, mas que debatem os mesmos temas.
Para
o especialista do Instituto Talanoa, a mudança do clima é uma
centralidade do mercado contemporâneo e tende a selecionar os
participantes do mercado no futuro. “Se, por voluntarismo, alguns dos
CEOs deixam de participar, outros, um pouco mais afetos aos ganhos de
mercado e também às transições concretas rumo a uma economia de baixo
carbono, ocuparão esse espaço. Isso é completamente natural. Outra vez, é
a concorrência mercadológica dando o seu, enfim, dando o seu tom”,
afirma.
Ainda que grandes empresas não tenham deixado claro suas
estratégias de participação na COP30, há quem já esteja com tudo pronto.
Grupos como MBRF, Brasken, WEG, Nestlé, Hitachi Energy, Mapfre, Siemens
Energy, Saint-Gobain, Yara, Caixa Seguridade, Cubo Itaú, ISA Energia,
Itaú BBA, estão nos preparativos finais para embarcar a Belém.
Cada
uma dessas empresas tem sua estratégia. Na MBRF, por exemplo, o CEO da
empresa, Miguel Gularte, não irá a Belém. No entanto, entre os nomes que
representarão a empresa de alimentos está o de Marcella Molina, filha
do controlador da MBRF, Marcos Molina, e considerada nos bastidores da
empresa e do próprio mercado para suceder seu pai à frente dos negócios
da família no futuro.
Já a Nestlé quer ocupar todos os espaços
possíveis. O principal executivo da companhia, Marcelo Melchior, estará
presente, assim como Barbara Sapunar, diretora de business
transformation no Brasil, e outros executivos globais. A maior empresa
de alimentos do mundo tem planos para estar na Blue Zone, onde as
negociações oficiais entre os países-membros acontecem, na Green Zone,
onde as entidades e organizações climáticas realizam seus debates, e na
Agri Zone, onde as conversas ficarão mais centradas em aspectos da
cadeia produtiva do agronegócio.
Seja com a presença dos
principais executivos ou apenas com representantes de escalões
inferiores, espera-se que o setor privado tenha um papel central nas
discussões sobre implementação e financiamento da agenda climática, com
uma forte presença por meio de delegações, pavilhões de exposição e
propostas concretas.
Os desafios logísticos da COP30 podem fazer
com que a participação dos altos executivos das grandes empresas
nacionais e internacionais seja menor ou mais seletiva do que o ideal,
mas espera-se que o setor privado tenha um papel central nas discussões
sobre implementação e financiamento da agenda climática.
“A
participação na implementação [das ações], precisa contar com as
empresas, porque são os agentes econômicos que fazem a economia
acontecer no nosso modelo de desenvolvimento. Agora, seus compromissos
são verificáveis, críveis, alcançáveis e efetivos? Eles estão alinhados
com o que a ciência está dizendo que esses setores precisam fazer ou é
só maquiagem verde para conseguir enganar por um tempo mais os
investidores e os consumidores? Essas são as grandes perguntas”, afirma
Victor.