O conceito de inovação
verde, apresentado por AMANHÃ há mais de uma década, se tornou ainda
mais relevante com o agravamento das mudanças climáticas e a afirmação
de uma agenda ESG
Marcos Graciani
A Ambipar entende que o papel do consumidor final é a chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo possível
Em
meados de abril, a companhia de gestão ambiental Ambipar anunciou a
criação da Universo, um empreendimento pensado para ser uma espécie de
show room de negócio sustentável. A ideia é comercializar produtos de
uso diário desenvolvidos com materiais reciclados a partir dos resíduos
provenientes de indústrias clientes da Ambipar. Também utilizará
materiais originados de sua operação de pós-consumo, como na foto ao
lado. A linha de produtos da nova empresa, que recebeu um aporte inicial
de pouco mais de R$ 2 milhões, é ampla. Inclui luminárias de alumínio e
plástico PET reciclados, shampoo e condicionador feitos das sobras de
colágeno da indústria farmacêutica e o "ecoálcool" feito de rejeitos de
açúcar, milho e arroz, por exemplo. Em sua linha têxtil, a Universo
busca mostrar as possibilidades de fabricar tecidos a partir do uso de
matérias-primas sustentáveis, como tecidos de casca de banana, amido de
milho e plástico biodegradável.
Nas palavras do diretor executivo
Vinícius Campion, a Ambipar entende que o papel do consumidor final é a
chave numa economia circular em que o desperdício seja o mínimo
possível. A Universo teria sido criada com o propósito de dar opções de
consumo mais consciente para itens de casa e do dia a dia. "Desta forma,
chegamos para ajudar a completar o circuito de economia circular com
produtos atrativos e com design de alto nível, que capturem a
preferência dos consumidores", diz Vinícius. Além de inovar na própria
concepção do negócio, a companhia também trabalha para entregar produtos
altamente disruptivos. "Já estamos trabalhando com modelagem em 3-D e
impressão de objetos com fibra de amido de milho também em 3-D.A
inovação de processos produtivos e uso de resíduos como matéria-prima é
uma necessidade para podermos avançar no tema da economia circular",
sustenta o executivo.
O case que abre esta reportagem revela que o
conceito de Greenovation, antecipado por AMANHÃ há doze anos, não
apenas tornou-se realidade, como se solidificou e mostra-se vital para
os negócios. Ainda mais diante dos constantes alertas de organismos
internacionais preocupados com as consequências das mudanças climáticas e
seus impactos para o futuro do planeta. No livro Greenovate! – Companies Innovating to Create a More Sustainable World,
escrito por Hitendra Patel, Tyler McNally e Ronald Jonash, que foi Capa
de AMANHÃ em junho de 2010, o termo é definido como tudo aquilo que
cria e captura valor ao atender às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem às suas
próprias necessidades. "A sustentabilidade passou do status de desejável
para mandatório. O tema abordado em Greenovate era focado em inovações
relacionadas a essa que até então era uma tendência macro e hoje já é
uma realidade com todo movimento global em práticas ESG", sentencia
Patel ao refletir sobre os ensinamentos do livro mais de uma década
depois. "Observando um dos nossos programas globais, o Innovation
Olympics, observamos uma crescente preocupação pela geração de valores
sociais e ambientais nas soluções de inovação", revela. A percepção do
especialista é uma unanimidade entre os acadêmicos e gestores ouvidos
para esta reportagem.
Caminho sem volta
Para Luciana Hashiba, que se dedica à educação para inovação na FGV
EAESP, já faz algum tempo que as empresas no Brasil têm dado mais
atenção ao Greenovate. Ela, que é especializada na linha de gestão de
operações e competitividade nos temas colaboração e desempenho, inovação
e sustentabilidade, vem reparando especialmente em duas formas que as
organizações têm encontrado para isso. "Um dos caminhos é remediar o que
já está feito, ao reduzir impacto ambiental do que já existe. Outro é
começar a desenvolver a inovação já partindo desses princípios, que é um
pouco mais raro", situa. "Já existem empresas fazendo isso e outras
terão de entender e começar a desenhar produtos e serviços
preocupando-se com sustentabilidade", defende Luciana.
Outro
incentivo tem relação direta com o caixa. A BlackRock, a maior
administradora de ativos do mundo, com um recorde de US$ 10 trilhões sob
gestão, desde 2020 coloca a sustentabilidade no centro da estratégia de
investimento. E a partir deste ano, quem investir em fundos da
companhia será informado do impacto do seu portfólio sobre o clima do
planeta. "Cada vez mais fundos ou mesmo bancos na concessão de crédito,
por exemplo, vão olhar com lupa alguns critérios para investir em
empresas inovadoras. Um deles é ter práticas ESG comprovadas por
métricas", prevê Philippe Figueiredo, analista da unidade de inovação do
Sebrae Nacional. Na visão de Figueiredo, o processo inovador deve,
inclusive, abarcar as vertentes Social (Social) e Governance
(Governança), além de Environmental (Ambiental), que formam a conhecida
sigla em inglês. "Ao se depararem no mercado com um celular inovador, os
consumidores vão perguntar se ele é realmente menos impactante para o
meio ambiente, quão ética é a fabricante em suas relações com a
sociedade, se o board da companhia leva em conta a diversidade
etcetera", enumera.
De acordo com o estudo A Evolução do ESG no
Brasil, realizado pelo Pacto Global em parceria com a Stilingue,
investimentos ESG estão no centro da estratégia das maiores instituições
financeiras pelos próximos três a cinco anos. Além disso, tanto
Millennials (nascidos entre 1981 e 1995) quanto membros da geração Z
(até 2010) revelam forte interesse por investimentos sustentáveis. Nos
últimos anos, 78% dos Millennials e 84% dos Zs declararam optar por esse
tipo de aplicação. "Neste sentido, o clamor vem da maior percepção
sobre o posicionamento e a responsabilidade das empresas acerca de
problemas que atingem a vida cotidiana, como por exemplo as mudanças
climáticas, a diversidade e inclusão, o apoio às vítimas de uma guerra,
ou a mobilização pelo combate à pandemia", nota Fabrício Luz Lopes,
gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep, do Paraná.
"O que se destaca é a crescente busca por empresas capazes de gerar
valor a partir de um propósito que faça sentido para sua cadeia, o que
só é possível tendo a inovação e a sustentabilidade como nortes",
diagnostica.
É o que pensa, também, André Pereira de Carvalho,
pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV.
Especializado nas áreas de políticas públicas para o desenvolvimento
sustentável e sustentabilidade e inovação, ele prega um conceito mínimo
para que determinado produto ou serviço seja considerado inovador. "Se
inovar é fazer melhor, e creio nisso, é preponderante levar em conta
aspectos ambientais e também sociais", opina. "Quando uma inovação
qualquer entrega um resultado melhor, mas com efeito negativo do ponto
de vista dos impactos na biosfera, não deveríamos levar em conta também
este aspecto negativo?", questiona. Carvalho usa o exemplo da mobilidade
nos grandes centros urbanos para embasar seu raciocínio. As SUVs, que
costumam ter porte avantajado, além de interior espaçoso, são pouco
eficientes sob o olhar da sustentabilidade já que utilizam combustível
fóssil, são pesadas e utilizadas para levar, em média, uma pessoa de 70
quilos de um ponto a outro. "Naturalmente existe um componente
mercadológico de inovação, mas será que uma cidade com mais SUvs é
sustentável realmente?", pontua.
A locadora de automóveis Movida
tem apostado na sustentabilidade como modelo de negócios. A companhia
oferece carros elétricos na frota, hoje a maior de veículos de passeio
100% eletrificados do país (são cerca de 800 carros). "Acreditamos que o
carro elétrico é, e será, o ponto central na revolução da mobilidade
urbana. Nossa meta é eletrificar a frota em 20% até 2030 e reduzir em
30% a emissão de gases de efeito estufa", anuncia Renato Franklin, CEO
da Movida. Para viabilizar o negócio, a marca inaugurou em São Paulo, em
dezembro do ano passado, a primeira loja direcionada para o ecossistema
de mobilidade elétrica, onde são disponibilizados carregadores rápidos e
ultrarrápidos para os clientes. "Um dos próximos passos é expandir a
frota de veículos híbridos e elétricos e instalações de carregadores
para o Sul do país", antecipa. Outro projeto que vai ao encontro de
soluções sustentáveis é o Movida Cargo, serviço de locação de veículos
utilitários para empresas e que também conta com frota elétrica. O
objetivo é impulsionar a mudança de cultura na sociedade, enxergando a
mobilidade como peça de uma economia colaborativa e como instrumento de
inclusão social, contribuindo para a geração de empregos. A Movida
defende que toda inovação deve estar associada também à
sustentabilidade. Nesse sentido, a companhia implementou processos
totalmente digitais reduzindo a geração de resíduos. A retirada do
veículo na loja passou a ser feito por meio da abertura de contratos
pelo tablet, recurso hoje disponível em todas as unidades da marca. O
resultado não poderia ter sido melhor: no ano passado, mais de 70% da
receita da companhia nasceu de processos iniciados no meio digital.
As
empresas estão gradativamente adicionando componentes de
sustentabilidade aos seus produtos. Recentemente, a Ambev anunciou que o
Guaraná Antarctica é o primeiro refrigerante no Brasil a ter toda a sua
produção de garrafas com PET 100% reciclado. Já a cerveja Colorado
lançou a primeira garrafa de vidro totalmente reciclada, em escala
industrial, pois 100% do conteúdo utilizado para a produção da embalagem
passa pelo processo de reciclagem. Ou seja, toda garrafa desse produto
já foi uma garrafa antes. Esse feito é pioneiro pela complexidade do
processo. Essa foi a primeira garrafa a utilizar 100% de cacos de vidro
para sua produção (as garrafas tradicionais têm em média 50% de material
reciclado).
A Nestlé é outra companhia que também tem feito
progressos nesse sentido. A marca substituiu todos os canudos plásticos
das bebidas por alternativas de papel, retirou o filme plástico externo
da caixa de bombons Especialidades, criou uma embalagem para Nescau
Orgânico que dispensa o uso de tampas plásticas e também lançou uma
embalagem de sachê da marca Mucilon com menos plástico na composição e
totalmente desenhada para ser reciclada. "São, todas elas, soluções que
demandam investimentos em tecnologias que vão do redesenho das
embalagens a ajustes de processos produtivos e equipamentos na fábrica",
diz Barbara Sapunar, diretora de comunicação e sustentabilidade da
Nestlé Brasil. A multinacional suíça tem o compromisso de reduzir e
eliminar o desperdício na cadeia de embalagens e está intensificando
suas ações para tornar 100% de suas embalagens recicláveis ou
reutilizáveis até 2025 – hoje, 97% das embalagens são desenhadas para
serem recicladas ou reutilizadas.Mais ainda: ao lidar com alimentos, a
companhia também consegue dar pitadas "green" ao portfólio. Nos últimos
dois anos, a marca tem investido constantemente em inovações de origem
vegetal. As cápsulas Nescafé Dolce Gusto, por exemplo, ganharam versões
vegetais. Ainda em 2021, Kitkat trouxe ao mercado sua versão Vegan, o
primeiro lançamento com certificado vegano da marca em uma versão com
ingredientes à base de plantas e produzido com cacau 100% sustentável.
Comportamento amigo do meio ambiente: campanha da Ikea destaca
solução sustentável para móveis sem uso ou que necessitem de alguma
reparação
Plantando "inovabilidade"
Por
vezes, estar dentro de uma cadeia industrial que naturalmente está em
contato com o meio ambiente facilita a conexão com a inovação. Esse é o
caso da Suzano, tido como uma referência pelos analistas entrevistados
por AMANHÃ. Desde a criação da Suzano S/A em 2019, fruto da fusão da
Suzano Papel e Celulose com a Fibria, a empresa que já nasceu como a
maior produtora mundial de celulose adotou o termo "inovabilidade" que
significa, segundo a própria companhia, "inovação a serviço da
sustentabilidade", como recorda Cesar Bonine, gerente executivo de
P&D da Suzano. "Quando analisamos as megatendências e a vocação e o
papel que a Suzano tinha e tem para o planeta e para as mais de 2
bilhões de pessoas atendidas diariamente com nossos produtos, percebemos
a importância da inovação e sua ligação direta com a sustentabilidade",
conta. "Considerando a natureza do negócio, a árvore plantada,
entendemos que a inovação e sustentabilidade estão totalmente
conectadas", completa. Exemplo disso são os produtos que alinham
conceitos de uso racional de recursos, como água na indústria e nos
cultivos florestais, conservação ambiental, controle biológico de pragas
e doenças, entre outras ações práticas que a empresa define como
intensificação sustentável. "Isso faz com que maximizemos a produção, os
recursos naturais e possamos disponibilizá-los para outros usos",
detalha Bonine. Mais recentemente, com a demanda para substituição do
plástico por soluções mais sustentáveis, a companhia iniciou um novo
ciclo de desenvolvimento de produtos para esse fim, copos e canudos de
papel e uma linha de embalagens flexíveis, tanto para a indústria de
cosméticos quanto para a de alimentos. Esses novos desenvolvimentos
estão alinhados ao compromisso de longo prazo de oferecer 10 milhões de
toneladas de produtos de origem renovável, até 2030, para substituir
plásticos e derivados do petróleo.
A Ikea, marca global de
móveis e decoração, tem lançado mão do reaproveitamento de materiais,
entre outras práticas ligadas ao conceito de economia circular, para
cumprir a missão de oferecer design acessível à maioria das pessoas em
todo o mundo. Em abril, a Ikea lançou na Europa uma campanha que tem por
mote dar utilização a objetos de segunda mão, com o propósito de
estimular os clientes a encontrarem uma solução sustentável para móveis
de que já não precisam, ou que necessitem de alguma reparação. A
iniciativa destaca os serviços de circularidade da marca disponíveis
durante todo o ano. Um dele é a área circular, que permite ao cliente
poupar no preço e reduzir no desperdício ao comprando artigos em segunda
mão. Outro serviço é o programa segunda vida, por meio do qual móveis
usados da Ikea podem ser revendidos pelo cliente, que recebe um cartão
de reembolso e, também, o serviço de ferragens grátis em loja. "Queremos
criar uma maior reflexão sobre a dinâmica de compra e venda,
potenciando comportamentos mais amigos do ambiente ao prolongar a vida
de móveis que temos em casa, dando-lhes uma segunda vida, ou encontrando
a melhor solução para os nossos clientes", afirma em nota a AMANHÃ
Mónica Sousa, responsável de marketing da Ikea em Portugal.
Praticar
Greenovation não é só para os grandes. Duas empresas do Paraná mostram
que é possível, sim, unir os conceitos de sustentabilidade e inovação,
independentemente do porte. A Beckhauser Equipamentos Pecuários, de
Maringá, adotou soluções que lhe valeram, no ano passado, o primeiro
lugar na categoria micro e pequena indústria do Prêmio Sesi ODS. Além da
estação de tratamento dos efluentes, a indústria implementou um sistema
de reuso da água e de tanques para captação de água da chuva.
Dependendo do fluxo das chuvas, o sistema permite uma economia de quase
600 mil litros de água por ano. "É uma inovação no processo produtivo
que gera sustentabilidade ambiental e econômica", avalia Fabrício Luz
Lopes, gerente executivo de tecnologia e inovação do Sistema Fiep.
A
Tecnotam, fabricante de embalagens industriais de médio porte, com sede
em Balsa Nova, é outro exemplo. Seu trunfo é ter desenvolvido a Be
Back, uma plataforma integrada que possibilita controlar todo ciclo de
vida das embalagens: envase do produto (produtor), utilização pelo
cliente (consumidor), coleta e recuperação da embalagem vazia
(recuperador) e seu retorno ao produtor. Nos últimos três anos foram
contabilizadas mais de 50 mil embalagens que passaram pelo ciclo da
logística reversa, evitando o descarte irregular e potenciais
contaminações de solo e água.
Entre as startups, a
sustentabilidade é um elemento inseparável dos esforços de inovação.
Criada em 2018, a Athena Agro, sediada em Cacique Doble (RS), desenvolve
soluções para a identificação de pragas através de inteligência
artificial. Para aprimorar a tecnologia, atualmente busca investidores
anjos – como são conhecidas as grandes empresas e clientes que firmaram
parcerias com as startups para o desenvolvimento do projeto. "A
sustentabilidade é um dos pilares da Athena. É a base fundamental,
principalmente no setor do agronegócio", atesta Felipe Consalter, um dos
fundadores e CEO da companhia.Um dos grandes objetivos da Athena Agro é
reduzir o uso de defensivos na produção a partir de uma arquitetura de
inteligência artificial e de redes neurais capaz de identificar as
pragas através de imagens que utilizam a própria câmera do celular. Ao
identificar a praga, o produtor recebe recomendações de como combatê-la.
Concomitantemente, a empresa contratante ganha acesso a um mapa de
incidência das pragas na região, podendo criar um plano de forma mais
eficiente para reduzir os custos da produção e com defensivos menos
lesivos ao meio ambiente.
Imbuída desta mesma visão, outra
startup, a Data Ocean, fundada em 2020 em São Paulo vem avançando a
passos largos em sua missão de desenvolver uma plataforma de dados para
descomplicar a gestão de transportadoras, permitindo a elas redução de
custos e ganho de eficiência. Um de seus fundadores, Marcos Antonio
Amorim Filho, vê uma longa perspectiva de atuação à frente. "O setor de
transporte é um dos principais emissores de dióxido de carbono no país. A
ineficiência dele é gigantesca. Em média, 40% do transporte roda com
caminhões vazios, simplesmente por ineficiência de logística", assinala.
"Como temos acesso a todos os dados, calculamos qual é a emissão e a
conectamos com empresas de crédito de carbono, para que as
transportadoras neutralizem ali o CO₂", conta. Em resumo, a Data Ocean
colabora de duas formas para incrementar a sustentabilidade do setor:
possibilitando a compensação do crédito de carbono e, de outra parte, ao
trazer mais inteligência operacional. "Permitindo mais inteligência de
rota, a gente diminui a quantidade de veículo transportando de maneira
desnecessária e ineficiente". Criada em 2020, a startup já passou por um
processo de aceleração, na qual é cedido um percentual em troca de
investimento e a capacitação dos empreendedores, além de receber um
aporte de venture capital do Vale do Silício. Mais uma prova que inovar
de olho na preservação do planeta traz excelentes resultados. Resta,
agora, só perguntar quando seu negócio também será Greenovate.
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