sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Dólar cai nos primeiros negócios da manhã por aposta em corte de juros nos EUA

 

O dólar operava na primeira hora da manhã desta sexta-feira, 5, em leve baixa no mercado à vista e ampliava perdas de 0,91% acumuladas nas últimas três sessões, pressionado pela expectativa de novo corte de 25 pontos-base dos juros nos Estados Unidos na próxima semana, o que também fortalece outras divisas emergentes, além do real. Na abertura dos negócios, a moeda norte-americana apresentou queda de 0,19%, a R$ 5,3005.

Com a agenda interna vazia, os investidores aguardam, nos EUA, o índice de preços de gastos com consumo pessoal, o PCE, a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), mesmo atrasado pelo shutdown, que será divulgado às 12h. O dado poderá reforçar a expectativa de flexibilização monetária pelo Federal Reserve.

No Brasil, o índice de preços ao produtor (IPP) caiu 0,48% em outubro, após recuo de 0,24% em setembro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) trouxe variação positiva de 0,01% em novembro, após queda de 0,03% em outubro, e ficou abaixo do piso do intervalo das projeções, que iam de 0,09% a 0,49%.

O Ministério de Minas e Energia propôs cortar 33% do orçamento do Programa Luz Para Todos em 2026, reduzindo-o para R$ 2,63 bilhões. A proposta fica em consulta pública até 22 de dezembro.

No exterior, a China divulgou hoje dois comunicados oficiais que reforçam o estreitamento da cooperação com a França nos campos de energia nuclear, agricultura e alimentos, divulgados durante a visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, ao país.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que a Rússia seguirá fornecendo petróleo à Índia sem interrupções, apesar das sanções dos EUA.

Itaú ganha R$ 162 bi em valor de mercado no ano e deixa Petrobras para trás na bolsa brasileira

 

Refletindo a performance dos últimos pregões, o Itaú firmou seu lugar no posto de empresa com maior valor de mercado na bolsa de valores brasileira, a B3, deixando a Petrobras para trás, segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria.

No fim de novembro, o banco apareceu no fechamento do dia 28 com R$ 426,9 bilhões, cifra que ultrapassou os R$ 421,5 bilhões da petroleira. A partir daí, a distância se manteve e acabou aumentando nos dias seguintes.

Em 4 de dezembro, o Itaú já somava R$ 443,1 bilhões. A estatal do setor de energia, no mesmo dia, estava em R$ 432,9 bilhões, o que abriu uma diferença de R$ 10,1 bilhões e firmou o banco na primeira colocação.

 

Itaú; valor de mercado

 

O avanço não surgiu de um único salto. Em 2025, houve duas sequências de pregões em que o banco ficou à frente: entre 29 de outubro e 4 de novembro, e entre 28 de novembro e 4 de dezembro. Esse segundo intervalo marcou o momento em que a mudança ganhou força.

Os números acumulados mostram caminhos distintos entre as duas companhias. A Petrobras registrou perda de R$ 57,4 bilhões até 4 de dezembro, impacto de oscilações do setor e de fatores ligados ao ambiente econômico e político. Já o Itaú adicionou R$ 161,9 bilhões ao seu valor, apoiado no desempenho consistente de suas operações.

A Elos Ayta Consultoria observa que o comportamento dos investidores ajuda a entender essa virada.

“A dinâmica capturada no gráfico mostra que o banco se beneficia de um fluxo crescente de capital em direção aos setores associados a maior resiliência, consistência de resultado e menor dependência de fatores exógenos, como commodities e regulações. Em momentos de incerteza, o mercado tende a reprecificar ativos com maior estabilidade de geração de caixa, o que ajuda a explicar o avanço do setor financeiro e, de forma emblemática, do Itaú Unibanco”, diz a casa.

União Europeia aprova novo adiamento de lei antidesmatamento

 

Em meio à pressão da indústria e de parceiros comerciais, lei que barra venda no bloco de produtos oriundos de áreas desmatadas só deverá entrar em vigor no final de 2026 – dois anos depois do previsto.A presidência do Conselho da União Europeia (UE) e representantes do Parlamento Europeu chegaram nesta quinta-feira (05/12) a um acordo político provisório para revisar e adiar novamente a entrada em vigor da lei contra o desmatamento , que proíbe a venda no bloco europeu de produtos cultivados em áreas que foram devastadas depois de dezembro de 2020.

O objetivo é simplificar a implementação das regras existentes e adiar sua aplicação para permitir que operadores, comerciantes e autoridades se preparem adequadamente, disseram em comunicado. O novo adiamento prevê que a lei só entre em vigor no final de 2026. Para micro e pequenas empresas, a regra só será aplicada em meados de 2027.

Além disso, serão introduzidas medidas adicionais de simplificação, com foco na redução da burocracia. Pelo acordo, apenas as empresas que colocarem um produto no mercado da UE pela primeira vez serão obrigadas a apresentar uma declaração de diligência. Varejistas e empresas situadas mais abaixo na cadeia de suprimentos ficam isentos dessa obrigação.

Micro e pequenas empresas apresentarão ainda apenas uma declaração simplificada única e receberão um identificador de declaração, que será suficiente para fins de rastreabilidade.

O novo adiamento ocorre após pressão do setor industrial e de parceiros comerciais da UE. Anteriormente, a lei foi criticada pelos Estados Unidos, Brasil e Indonésia.

A lei da União Europeia para cadeias de suprimentos livres de desmatamento proíbe a venda de produtos cultivados em áreas que foram desmatadas depois de dezembro de 2020. As regulamentações afetam carne bovina, couro, cacau, café , óleo de palma, soja, madeira e borracha, incluindo derivados como chocolate e móveis.

Ela estava originalmente programada para entrar em vigor em 30 de novembro de 2024 e, pouco antes disso, já havia sido adiada em um ano.

Reações

A lei visa acabar com os 10% do desmatamento global alimentado pelo consumo de produtos importados pela UE, mas é uma parte muito contestada da agenda verde europeia.

A eurodeputada alemão Anna Cavazzini, do Partido Verde, estima que o novo adiamento levará à destruição de centenas de milhares de hectares adicionais de floresta. Ela destaca que a Amazônia está à beira de um ponto de não retorno e que as crises climática e de biodiversidade continuam se intensificando.

Já o eurodeputado alemão Markus Ferber, do conservador Grupo do Partido Popular Europeu, aprovou a mudança e disse que a lei em sua forma original era um “monstro burocrático”.

O acordo alcançado nesta quinta também tirou do escopo da lei determinados produtos impressos, como livros e jornais, afirmando que há um risco limitado de desmatamento associado a esses itens. Essa alteração beneficia, principalmente, indústria de papel e celulose dos EUA.

A mudança ainda precisa ser aprovada formalmente pelo Parlamento Europeu e pelos Estados-membros da UE.

O que diz a lei

O objetivo da regulamentação é combater o desmatamento dentro da União Europeia e também em outras regiões do planeta. De acordo com a legislação, produtos só podem ser vendidos na UE se nenhuma floresta tiver sido desmatada para sua produção após dezembro de 2020. A lei foi elaborada e negociada em 2023.

Empresas que queiram vender seus produtos na UE – incluindo soja, carne bovina e óleo de palma – terão que comprovar que eles não provêm de terras recentemente desmatadas. Para isso deverão usar dados de geolocalização nos países produtores, combinados com fotos de satélite, e transmitir essas informações a Bruxelas.

Muitas empresas e também governos da UE criticaram tanto as exigências como os custos para cumprir com as regras de rastreabilidade. Diversos setores econômicos, incluindo o alimentício e as editoras de jornais, também criticaram a proposta de lei pela falta de tempo para se preparar. Vários países-membros da UE pressionaram pela revisão ou adiamento da legislação, incluindo Itália, Áustria e Alemanha.

Pressão de parceiros comerciais

No ano passado, em meio à pressão de parceiros comerciais como o Brasil, a Indonésia, os Estados Unidos, a Austrália, a Nova Zelândia e o Canadá, a Comissão Europeia já havia concordado com uma extensão inicial de pouco mais de um ano, até o fim de dezembro de 2025, para que as regulamentações começassem a ser aplicadas a grandes empresas, e até junho de 2026 para pequenas empresas.

Os países-membros e o Parlamento Europeu aceitaram essa primeira extensão, que foi amplamente criticada pela esquerda e por ambientalistas. O regulamento também foi criticado pelos Estados Unidos , que fechou um acordo comercial com a UE no fim de julho com amplas concessões ao governo do presidente Donald Trump .

Numa declaração comercial conjunta no fim de agosto, a Comissão Europeia prometeu abordar as preocupações dos produtores e exportadores dos EUA relacionadas à lei antidesmatamento “para evitar impactos indevidos no comércio EUA-UE”.

PT vê ofensiva para sabotar governo, critica Tarcísio e quer criação de Ministério da Segurança

 A volta com tudo de José Dirceu - PlatôBR

A cúpula do PT avalia que o Centrão se aliou à extrema direita no Congresso para sabotar o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vê o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) como principal interlocutor do projeto “privatista”. Para o partido, Tarcísio está “transformando São Paulo em laboratório da redução radical do papel do Estado, da entrega de bens públicos e de enfrentamento ideológico ao governo federal”.

O diagnóstico consta de uma proposta de resolução política que começará a ser discutida pela Executiva petista nesta sexta-feira, 5, e passará pelo crivo do Diretório Nacional em sua última reunião do ano, no sábado, em Brasília. O texto preliminar, obtido pelo Estadão, foi produzido pela corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a tendência de Lula, e ainda pode sofrer mudanças.

Mesmo sem citar o apelido “Centrão”, a proposta de resolução política se refere ao grupo quando aborda a crise dos últimos dias entre o Palácio do Planalto e o Congresso. “A relação entre o Executivo e o Legislativo vive momentos tensos, marcada por contradições profundas e por uma instabilidade produzida deliberadamente pelos setores da extrema direita e conservadores que controlam o Congresso”, diz o documento. Uma emenda sugerida como complemento a esse trecho afirma, ainda, que tais setores “se apropriam do orçamento do Executivo com extorsão e esvaziam o presidencialismo”.

O PT menciona, em seguida, como as atribuições de Lula vêm sendo pouco a pouco desidratadas. “A cena de 26 e 27 de novembro simboliza essa crise: em um dia comemorávamos a sanção da isenção do Imposto de Renda (para quem ganha até R$ 5 mil), uma conquista histórica para milhões de trabalhadores e trabalhadoras e, no dia seguinte, amargávamos a derrota com a derrubada dos vetos presidenciais no chamado ‘PL da Devastação’, aprovado à revelia do diálogo federativo, da ciência e da proteção ambiental”, destaca o texto.

O embate do Palácio do Planalto com o Congresso atingiu o ápice depois que Lula indicou o advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão irritou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que queria a nomeação do colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

No documento, o PT também assinala que a disputa por cadeiras do Senado, em 2026, deve ser tratada como prioridade, “uma vez que sua composição será determinante para a aprovação de reformas estratégicas”. Para superar a atual correlação de forças desfavorável no Congresso, o comando do partido sustenta que todos precisam sair a campo, “particularmente o presidente Lula e seus ministros”, com o objetivo de conquistar votos e aumentar a bancada petista.

Embora não diga que Tarcísio será o principal adversário de Lula em 2026, o texto do PT não deixa dúvidas sobre isso. A primeira versão afirma que Tarcísio aparece como “principal interlocutor do projeto neoliberal e privatista, de inspiração fascista”. Diz, ainda, que ele está entre os governadores que “vêm atuando para sabotar políticas do governo Lula, criando obstáculos à ação federativa em áreas estratégicas como segurança pública, infraestrutura, educação e políticas sociais”.

Diante de um cenário eleitoral em que o PT se prepara para enfrentar “tentativas de desestabilização e manipulação digital de larga escala”, além de avanço do crime organizado, a defesa da criação de um ministério exclusivo para a segurança pública volta à tona. “O Brasil precisa de um Ministério da Segurança Pública e de uma política nacional articulada, com foco em inteligência, combate aos paraísos financeiros do crime organizado, e proteção das comunidades”, constata um dos trechos da proposta de resolução.

Desde o início do governo, em 2023, o Ministério da Justiça também inclui a segurança pública. Pesquisas indicam, no entanto, que o tema é hoje a principal preocupação dos eleitores e agora o PT admite que o assunto se tornou “uma questão nacional incontornável”.

Ao participar de audiência da Comissão Especial da Câmara, nesta terça-feira, 2, Tarcísio disse que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança proposta pelo governo Lula é “cosmética” e defendeu a redução da maioridade penal.

A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na avaliação do PT, “recoloca a direita em xeque” e “abre disputas internas por hegemonia”. O partido observa, porém, que apesar da crise, o bolsonarismo “segue articulado”, mobilizando “setores importantes da política nacional”.

Ainda nesta sexta-feira, o PT promoverá um ato de lançamento de seu 8º Congresso Nacional, que será realizado de 23 a 26 de abril de 2026 com a tarefa de discutir diretrizes do partido e tática eleitoral.

Como mostrou o Estadão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu vai coordenar o novo programa do PT, que também tratará do período pós-Lula. O documento servirá de base para a plataforma eleitoral do presidente, que terá bandeiras como justiça tributária, fim da jornada de trabalho 6 por 1 e tarifa zero.

Marca colombiana de café Juan Valdez inaugura primeira loja no Brasil no interior de São Paulo

 

A Juan Valdez, principal marca de café colombiano, inaugurou na quinta-feira, 4, sua primeira loja no Brasil, no Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto.

Localizada a 325 quilômetros da capital paulista, a escolha de Ribeirão Preto para a estreia da marca é estratégica. Em nota a companhia disse que “a cidade apresenta um ecossistema empreendedor relevante e um público sofisticado, apaixonado e conectado à cultura do café”.

“A inauguração da nossa primeira loja Juan Valdez no Brasil é um momento extremamente emocionante para todos nós, pois representa o reconhecimento da experiência colombiana numa das regiões cafeeiras mais exigentes e apaixonadas do mundo”, comentou Camila Escobar, CEO da Juan Valdez. “Este marco não só nos permite continuar a levar o legado de mais de 550.000 famílias produtoras de café a todos os cantos do mundo”.

A primeira loja física da marca no Brasil foi projetada para refletir a essência da marca, proporcionando um ambiente acolhedor, sofisticado e imersivo. Os clientes encontrarão o portfólio completo de cafés especiais 100% colombianos, blends exclusivos desenvolvidos por especialistas em café da Juan Valdez, além de métodos de preparo que exaltam as nuances de cada grão. O público brasileiro também terá acesso a linhas especiais da marca, como a Mulheres Cafeicultoras, além de microlotes especiais, como o Bourbon Rosa, e edições de luxo, como o Geisha. Além dos cafés, o cardápio contará com de doces e snacks.

“Mais do que trazer o café colombiano de excelência, estamos apresentando uma marca premium que convida as pessoas a desfrutarem momentos especiais, com autenticidade e uma experiência única. Queremos reunir e aproximar os brasileiros por meio do nosso sabor inconfundível”, destaca Patrick Galletto, diretor geral da marca Juan Valdez no Brasil.

A companhia atualmente conta com mais de 650 lojas em 20 países e presença em mais de 15 mil pontos de venda no varejo em 34 mercados. A meta é alcançar mais de 100 lojas no Brasil até 2028.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Taxas de juros futuras cedem com PIB abaixo do previsto e desaceleração da demanda

 O que é o PIB e por que ele é importante para a economia do ...

Tendo como principal condutor o resultado mais fraco do que o esperado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, os juros futuros negociados na B3 mantiveram a toada de recuo por toda a extensão da curva no pregão desta quinta-feira, 04.

Segundo agentes, mais do que o número cheio em si – que mostrou que a economia brasileira cresceu apenas 0,1% nos três meses encerrados em setembro ante o trimestre anterior, feitos os ajustes sazonais -, a composição do dado, que trouxe desaquecimento maior da demanda, finalmente deu um sinal mais contundente ao mercado de que a política monetária restritiva está segurando a atividade.

Com maior clareza sobre essa leitura, as apostas de que a Selic será reduzida em janeiro cresceram. Agora, as atenções dos investidores se voltam ao comunicado que vai acompanhar a decisão de juro do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, em busca de sinais menos conservadores do Banco Central.

Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 diminuiu de 13,591% no ajuste de quarta-feira para 13,55%. O DI para janeiro de 2029 cedeu de 12,694% no ajuste para 12,645%. O DI para janeiro de 2031 ficou em 12,88%, vindo de 12,915% no ajuste precedente.

Nos cálculos de Gean Lima, gestor de portfólio da Connex Capital, na quarta, a precificação implícita na curva a termo apontava 73% de chances de redução de 0,25 ponto porcentual do juro básico na reunião de janeiro do Copom, probabilidade que aumentou para 77%. “O PIB abaixo das expectativas, principalmente demonstrando moderação no consumo das famílias, reforça a perspectiva de que o BC deve cortar a taxa de juros no primeiro trimestre de 2026”, afirma Lima.

Na passagem trimestral, o consumo das famílias ficou praticamente estagnado, com avanço de 0,1%, após ter crescido 0,6% de abril a junho – abertura que, para economistas, foi o grande destaque das Contas Nacionais Trimestrais. Pela ótica da oferta, a expansão dos serviços desacelerou de 0,3% para 0,1% entre e o segundo e o terceiro trimestres, sempre na comparação dessazonalizada com o trimestre antecedente.

Outro ponto que indicou perda de ímpeto da atividade na margem foi a revisão do IBGE, realizada sempre no período do terceiro trimestre, em resultados trimestrais anteriores. A alta do PIB segundo trimestre de 2025 foi reduzida de 0,4% para 0,3%. Por outro lado, o crescimento dos primeiros três meses do ano foi revisto de 1,3% para 1,5%. De qualquer forma, a visão predominante é de que o dado conhecido desta quinta é favorável ao início do aguardado ciclo de flexibilização monetária.

“Acho que essa era a grande mensagem de que o mercado precisava: uma desaceleração mais clara no consumo e nos serviços”, afirma Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, para quem o PIB e sua abertura ainda foram os fatores que reduziram os prêmios de risco ao longo de toda a curva na segunda parte da sessão.

“O PIB trouxe grande animação para o mercado no sentido de que essa desaceleração da demanda mostra o cumprimento da expectativa da política monetária”, diz Tavares. “Tínhamos certa dificuldade de ver de forma tão clara a ação a política monetária sobre a demanda. O câmbio estava sendo o funcionário do ano, mas o PIB de serviços vindo mais baixo e o componente de consumo desacelerando expressivamente são boas notícias que dão alívio ao mercado”.

Diretor de pesquisa econômica do banco Pine, Cristiano Oliveira afirma que a dinâmica do consumo foi a única surpresa da instituição entre os componentes do PIB, que, em sua visão, reforça que o canal da política monetária está funcionando. “O consumo menor é a combinação de um mercado de trabalho em desaceleração, da política monetária atuando muito pelo canal de crédito e do endividamento das famílias em alta”, disse Oliveira à Broadcast.

Para o diretor, o BC já teria condições técnicas de cortar o juro no encontro da próxima semana, tendo em vista o conjunto de dados que mostra arrefecimento da atividade, da inflação e do mercado de trabalho, mas a opção pelo discurso conservador da autoridade monetária o faz prever um ajuste para baixo em janeiro.

Conselhão entrega a Lula propostas de metas de desenvolvimento do país

 Conselhão do governo Lula: saiba quem entrou e quem saiu do ...

A 6ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), conhecido como Conselhão, realizada nesta quinta-feira (4), reuniu representantes do governo federal, da sociedade civil organizada e do empresariado brasileiro, no Palácio Itamaraty, em Brasília.

Criado em 2003, no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; extinto em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro; e reativado, em 2023, no atual governo de Lula, o órgão de participação social tem o objetivo de servir como um instrumento de diálogo plural para a formulação de políticas públicas e diretrizes para o desenvolvimento econômico, social e sustentável do Brasil.

O ministro da Educação, Camilo Santana, comemorou a retomada do diálogo institucional com a sociedade civil.

“As políticas governamentais são construídas para atender às demandas da sociedade. Então, essa escuta é fundamental. Esse conselho é uma forma democrática de ouvir a sociedade, suas prioridades ouvir, suas demandas”, disse à Agência Brasil.

Metas estratégicas

Representantes do colegiado entregam ao presidente Lula o documento Pilares de um Projeto de Nação, que reúne metas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país.

As propostas foram construídas a partir de discussões realizadas nos últimos meses, nas comissões temáticas do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável.

A construção do documento se deu a partir da Estratégia Brasil 2050, coordenada pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, com propostas de metas para uma década e ações mais concretas para os próximos cinco anos.

“Nas comissões, os conselheiros responderam à pergunta-guia: ‘Onde vai estar o Brasil daqui a dez anos’, sobre envelhecimento, os empregos no interior, o perfil das novas tecnologias afetando a empregabilidade. Foi um debate profundo”, explicou o secretário-executivo do Conselhão, Olavo Noleto. 

Ele afirmou que as contribuições serão significativas para o futuro do país, a partir da diversidade. “Os diferentes estão aqui [no Conselhão], o que é uma riqueza. Porque, no Brasil em que as diferenças são disputadas a tapa, aqui a gente está provando que as diferenças são possíveis”, refletiu Olavo Noleto.

Debates públicos

Atualmente, o Conselhão conta com o quadro de 289 conselheiros. Pelo agro, o produtor de soja e algodão Eraí Maggi, reconheceu medidas praticadas pelo governo federal que beneficiaram o setor, como o desenvolvimento de biotecnologias, normatização para o uso de defensivos agrícolas seguros para os produtores, trabalhadores do campo e consumidores. 

Ele destacou a ampliação do acesso ao crédito bancário aos produtores rurais, a partir de regras para os financiamentos bancários que beneficiaram toda nação. 

“Teve financiamento de longo prazo – de 17 anos, com três anos de carência – para silo, trator e colheitadeira, para pulverizador, para tudo. Daí, o Brasil virou o que virou, com milhões de toneladas de produção, gerando empregos e exportando.”

Empresária Luiza Trajano comemorou avanços e criticou a alta de juros Foto: Ricardo Stuckert/PR

A empresária Luiza Trajano comemorou dois avanços do governo federal: a redução da taxa de desemprego ao menor patamar da série histórica (5,4%) e a recente regulação das bets

“Vamos parar de falar mal do Brasil. Vamos destacar o que nós temos de bom e valorizar o que é nosso. E defendo e acredito profundamente no Brasil, nós temos absolutamente tudo para construir um 2026 mais forte, mais justo e soberano.”

Porém, Luiza Trajano criticou a alta de juros, que segundo ela atrapalha a atividade econômica. A empresária também convocou os empresários do Brasil a criarem um amplo movimento de educação de combate à violência contra as mulheres.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil tem motivos para ser positivo, sem esquecer dos desafios e gargalos na economia.

O ministro fez uma comparação com a “motosserra” adotada pela Argentina como símbolo para o ajuste fiscal e corte de gastos no país platino.

“Não precisamos de uma serra elétrica para corrigir os nossos desequilíbrios. Mas de uma chave de fenda. Se nos tirarem a chave de fenda, vai ser difícil parafusar com à mão. Mas, a gente, com diálogo, vai continuar prosperando”, afirmou Haddad.

O ministro ainda trouxe à reunião números sobre a taxa de emprego, a redução da taxa de informalidade, a alta da média salarial, redução recorde da desigualdade de renda e comentou a saída do Brasil do Mapa da Fome, acompanhada da redução da taxa de pobreza. Haddad prevê que a inflação será a menor da história.

Nina da Hora defendeu a soberania digital tecnológica do Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR

A cientista de computação e pesquisadora em Inteligência Artificial (I.A.) Nina da Hora defendeu a soberania digital tecnológica do Brasil, com investimentos em softwares nacionais e em soluções inovadoras desenvolvidas no país, bem como nas universidades públicas para geração de empregos no país. “Não se trata de um isolacionismo, nem de tecnofobia. Trata-se que a nossa soberania nacional se fortaleça também a partir de soluções.”

Outra conselheira, a vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), Mônica Veloso, recordou conquistas dos trabalhadores, como a política permanente de valorização do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda que amplia a isenção dos tributos daqueles que ganham até R$ 5 mil por mês. 

“Estamos falando de uma economia de cerca de 83% de um salário, o que é, praticamente, um 14° salário a mais. Serão 28 bilhões a mais de recursos nas mãos dos trabalhadores. Isso significa renda, consumo e mais empregos”.

Com isso, a sindicalista lista que, nos últimos três anos, políticas de enfrentamento às desigualdades sociais resultaram na redução da pobreza e desigualdades no Brasil e na saída oficial do país, pela segunda vez, do Mapa da Fome das Nações Unidas.

“Combater as desigualdades é tirar da invisibilidade social a imensa maioria do povo preto das nossas comunidades periféricas, da subsistência e da exclusão, dando-lhes as condições de voltarem a esperanças, sonhar e de viver o Brasil que precisa ser de todos nós.”

Apesar de destacar os feitos, Mônica Veloso, cobrou que o poder público tenha, em 2026, foco nos aposentados. Do mesmo modo, reivindicou a geração de empregos de boa qualidade e que o Brasil ponha fim à escala 6×1. “Tempo livre dinamiza a economia.”

O cofundador da presidente global da Central Única das Favelas (Cufa), Preto Zezé, entende que o governo terá que renovar o repertório de discussões sobre as questões urbanas do Brasil, principalmente de segurança pública. 

“Não podemos deixar o debate ser reduzido, somente à munição efetiva, polícia e viatura. Precisamos introduzir intervenções integradas dentro dos territórios urbanos”, disse à Agência Brasil

 O ativista defende o debate econômico, que eu acho que é importantíssimo.

 “Vivemos uma precarização do trabalho. A favela produz uma economia de R$ 312 bilhões e que passa ao largo do Estado. Quando o Estado chega próximo desse ambiente econômico desregulado, muitas vezes, atrapalha ou é visto como um inimigo, quando na verdade as pessoas precisam de políticas públicas nesses territórios”, frisa Preto Zezé.

O jovem ativista na luta anti-capacitista (em defesa de pessoas com alguma deficiência e sua inclusão na sociedade) e influenciador digital da inclusão, Ivan Baron, relacionou as pautas que levou ao Conselhão. “Queremos colocar as pessoas com deficiência dentro do orçamento público, algo que venho debatendo sobre o BPC [Benefício de Prestação Continuada] e queremos evitar os cortes no Ministério de Desenvolvimento Social [MDS – Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome].” 

Outras entregas

Os representantes do colegiado entregaram ao presidente Lula a cópia do projeto Move Mundo, que reuniu pessoas de diversas idades e territórios do Brasil e do mundo, para levar mensagens e propostas da comunidade científica da Amazônia aos líderes globais na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), encerrada em novembro, em Belém.

Durante a 6ª Reunião do Conselhão também foi encaminhada à Presidência da República a Agenda Positiva do Agro 2025: um conjunto de práticas e tecnologias já adotadas por empresas, instituições de pesquisa, governos e organismos internacionais para fortalecer a produção sustentável e a inovação no setor agropecuário brasileiro.

Outra apresentação foi a do Portfólio De Investimentos Voltados à Transformação Ecológica no Brasil, organizado pelo Ministério da Fazenda, que detalha um conjunto de dados sobre projetos públicos e privados e aplicações financeiras focadas em projetos e empresas com impacto ambiental positivo, como os relacionados à bioeconomia, energias renováveis e soluções baseadas na natureza.