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Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
sexta-feira, 5 de março de 2021
Sony encerra a jornada
Gigante
japonesa confirma o fechamento da fábrica brasileira neste mês e
engrossa a lista de multinacionais que desistem de um país em forte
deterioração do ambiente de negócios.
ATIVIDADE ENCERRADA A fábrica
da empresa em Manaus fechará as portas neste mês, depois de quase meio
século de produção no Brasil. (Crédito: Sandro Pereira)
Hugo Cilo
Gostem ou não de seu estilo de gestão, o ministro da
Economia, Paulo Guedes, é certeiro em suas profecias econômicas. Em
março do ano passado, o fiel escudeiro do presidente Jair Bolsonaro
afirmou que se o governo fizesse muita besteira, o dólar poderia ir a R$
5. Acertou. Naquela mesma época, disse que de câmbio a R$ 1,80, que
estimulava empregadas domésticas a viajar para a Disneylândia, “numa
festa danada”, era coisa do passado e que os brasileiros deveriam
passear em Foz do Iguaçu, no Nordeste e em Cachoeiro do Itapemirim,
cidade natal do cantor Roberto Carlos. Em partes, acertou de novo, não
fossem a pandemia e a crise que inibem a circulação de turistas. Na
semana passada, o ministro voltou a descrever sua visão sobre o Brasil,
afirmando que se o País fizer errado pode virar a Argentina em seis
meses e a Venezuela em um ano e meio.
A julgar pela debandada de multinacionais, a mais recente profecia de
Guedes é uma realidade já em curso. Na segunda-feira (1), a japonesa
Sony confirmou que encerrará até o final do mês a venda de aparelhos
televisores, câmeras e equipamentos de áudios no País. A fábrica na Zona
Franca de Manaus, com cerca de 300 empregados, será fechada após 48
anos. A empresa continuará a operar no Brasil nas áreas de videogames,
soluções profissionais, música e audiovisual, mas tudo sob o selo da
importação.
A decisão da Sony é uma entre muitas desde o ano passado, dentro de
um processo de desindustrialização e fuga de mais de US$ 300 bilhões em
investimentos estrangeiros. Apenas no ano passado, 5,5 mil fábricas
encerraram suas atividades, conforme levantamento realizado pela
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo a série histórica iniciada em 2002, até 2014, o número de
fábricas crescia, mesmo com a indústria de transformação perdendo
relevância na economia diante do avanço de outros setores. Há seis anos,
o País tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais. No acumulado entre
2015 e 2020, Brasil perdeu 36,6 mil estabelecimentos industriais. Isso
equivale a quase 17 indústrias extintas diariamente. Além da Sony, a
Ford, a Mercedes-Benz e a Roche anunciaram o encerramento de atividades e
fechamento de fábricas no Brasil.
Sem capacidade e reputação de atrair novos investimentos, o País
segue os passos dos vizinhos sul-americanos. E o êxodo das empresas
mostra que, ao menos nas previsões econômicas, Guedes está certo.
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