Setor elétrico
Empresários também querem preços melhores. Para Abeeólica, preço hoje praticado nos leilões não remunera o investimento
Último leilão de energia, em dezembro de 2012, não é parâmetro de preços, diz Abeeólica
(Yasuyoshi Chiba/AFP)
O setor de energia eólica espera mais oportunidades de negócios em
2013, diante da expectativa de maior contratação nos leilões de energia
nova com preços mais altos que possam dar melhor taxa de retorno aos
empreendedores. No ano passado, foi realizado somente um leilão de
energia nova, no qual foram contratados apenas 574,3 megawatts (MW) de
novas usinas de todas as fontes, em uma licitação marcada por demanda
reduzida e preço baixo recorde da energia eólica.
Para 2013, após a retirada de autorizações de termelétricas do grupo
Bertin, que tinham vendido energia em leilões passados e não entregaram,
a expectativa é de que haja pelo menos uma contratação para suprir esse
vácuo. "Vai haver pelo menos dois leilões e o governo vai contratar no
mínimo 2 gigawatts (GW)", acredita a presidente da Associação Brasileira
de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, sobre a necessidade de
contratação relacionada aos projetos termelétricos que tiveram a
autorização revogada.
A presidente da Abeeólica não considera que o preço médio da energia
eólica no leilão de 2012 - de 87,94 reais por megawatt-hora - seja
suficiente para remunerar o investimento, e avalia que o último certame
não é parâmetro para licitações futuras. Neste ano, além da maior
necessidade de contratação de energia, a presidente da Abeeólica conta
com um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB), de 3% a 4%.
"Esperamos que os preços voltem aos patamares reais, para refletir os
custos de produção e a taxa de retorno", disse ela. Para Elbia, o
preço-teto de 112 reais por MWh, estabelecido para o leilão de 2012, já
não remunerava o setor eólico. Considerando a inflação e o impacto da
variação cambial sobre o valor dos equipamentos, o preço da energia
eólica de cerca de 105 reais por MWh praticado no leilão de dezembro de
2011 seria hoje de 124 a 125 reais por MWh.
Interesse - Um dos preços mais baixos da energia
eólica no último leilão, de 87,77 reais por MWh, foi praticado por sete
usinas da Bioenergy, que serão localizadas no Maranhão. O presidente da
empresa, Sérgio Marques, garante que o preço remunera o investimento,
mas também espera vender por preços maiores nos certames de 2013. "A
rentabilidade é mais baixa, mas viabiliza o negócio", disse Marques,
acrescentando que seus projetos têm uma taxa de retorno que varia de 9% a
11%.
Ele explicou que a Bioenergy está montando, no mesmo local, outros
empreendimentos com energia a um preço maior - de 100 a 170 reais por
MWh, o que ajuda a otimizar os custos. A Bioenergy tem outros 14
empreendimentos considerados aptos em leilões passados que pretende
colocar em licitações em 2013. "Claro que eu gostaria de vender mais
caro. Espero que os próximos projetos tenham melhor rentabilidade",
disse Marques.
O presidente da Dobrevê Energia (Desa), Carlos Augusto Leite Brandão,
não considera possível que o preço da energia eólica recue abaixo da
faixa entre 100 e 105 reais por MWh nos próximos leilões. Segundo ele, a
empresa chegou a participar do leilão no fim de 2012, mas resolveu sair
quando as condições de preço não atendiam mais suas expectativas.
Em 2013, Brandão vê oportunidade para vender a energia dos parques
eólicos no mercado livre, diante do cenário de energia cara no curto
prazo. "Temos uma comercializadora de energia e carteira de clientes no
mercado livre", disse o executivo.
A Desa tem cerca de 1.300 MW de projetos eólicos em portfólio para
desenvolvimento. Brandão disse considerar a participação da Desa nos
leilões em 2013, mas espera que as condições fiquem mais claras no que
se refere às condições de conexão das usinas ao sistema elétrico
nacional, para evitar riscos.
Atraso - Parques eólicos da Desa no Rio Grande do
Norte estão entre aqueles que aguardam a conclusão atrasada da linha de
transmissão que está sendo construída pela Chesf, do Grupo Eletrobras,
para entrar em operação enviando energia ao sistema elétrico.
Além da Desa, a Renova Energia e a CPFL Renováveis estão com parques
prontos desde meados do ano passado recebendo a receita a qual têm
direito, mas sem gerar energia ao sistema pela ausência da linha de
transmissão. "Esse atraso da transmissão traz sérios problemas, porque o
custo parado é maior que o custo da usina operando", disse o presidente
da Desa. A linha de transmissão sendo construída pela Chesf tem
previsão de ficar pronta em setembro próximo.
(com agência
Reuters)