domingo, 24 de fevereiro de 2013

Candidato brasileiro à OMC diz que crise não pode paralisar negociações

Marina Villén.

Cairo, 24 fev (EFE).- O candidato brasileiro a dirigir a Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou neste domingo, no Cairo, que não se pode permitir que a atual crise econômica afete as negociações da entidade, estagnadas há muito tempo.

Em viagem pelo norte da África para obter apoios, Azevedo disse em entrevista à Agência Efe que não se deve esperar que a economia ande bem para buscar avanços nas conversas sobre a Rodada de Doha, porque estas "não podem estar submissas a uma economia em expansão".

"O sistema tem que responder e ser efetivo e útil para seus membros, seja qual for a situação econômica internacional", ressaltou o brasileiro, embaixador na OMC desde 2008.

Azevêdo criticou que, antes de a crise começar, as negociações estavam estagnadas porque, como a economia não apresentava problemas, predominava o sentimento de que não eram necessárias mudanças nem a eliminação de tarifas, enquanto agora se alega que a difícil situação torna impossível descongelar as conversas.

Em sua opinião, "o pilar de negociações da OMC está totalmente paralisado", o que afeta toda a organização, por isso é necessário atualizar a agenda comercial internacional.

O principal desafio do próximo diretor-geral da OMC, que tomará posse do cargo no dia 1º de setembro, será desbloquear a Rodada de Doha, a proposta de liberalização do sistema multilateral de comércio que começou em 2001 e está estagnada há cinco anos.

O diplomata brasileiro destacou que é necessário "um modelo aberto", porque o protecionismo não é sustentável a longo prazo: "O movimento é em direção à competitividade global".

Para Azevêdo, é imprescindível "virar a página" e achar uma solução à Rodada de Doha, para o que ele propõe uma receita baseada "na rapidez, na criatividade e em enfrentar os temas difíceis".

As mudanças devem ser postas em prática "imediatamente", sem esperar que a situação seja mais propícia ou que os membros da OMC alterem sua visão, e é precisoabordar diretamente os temas sensíveis da Rodada de Doha que travam o sistema, algo que, na sua opinião, até agora não foi feito.

"É preciso ter vontade política para olhar para os temas mais sensíveis. Desta forma, o resto da rodada avançará", disse.

O brasileiro, considerado um candidato de consenso com capacidade de interlocução, concorre na corrida para dirigir a OMC com outros oito candidatos, entre eles o economista mexicano Herminio Blanco e os ministros neozelandês Tim Groser e costarriquenho Anabel González.

Azevêdo, que no Cairo se reúne com o ministro de Indústria e Comércio do Egito, Hatem Abdelhamid Saleh, acredita que é "fundamental" que o novo diretor-geral venha de um país emergente para que os membros sintam que "há igualdade de oportunidades".

Neste sentido, ele opinou que o fato de que os países em desenvolvimento participem agora no mesmo nível que os desenvolvidos transforma as negociações em "mais equilibradas".

Uma nova perspectiva sobre a Lei de Falências



Por Marcelo Alves Muniz

Após sete anos de existência e de três anos de aplicabilidade fática, a Lei de Recuperações Judiciais e Falências desperta calorosos debates, provocados e defendidos sob o enfoque do devedor.

Tendo como principio basilar a chamada função social da empresa, expressão abstrata e que deve ser interpretada como a defesa de postos de trabalho, geração de riquezas e contribuição para incremento da atividade nacional, ainda que justo, não se deve ignorar o interesse dos credores, os quais, em sua maioria, também são empresas e necessitam de amparo para continuidade e viabilidade de sua própria atividade.

Por meio de uma visão imediatista, criou-se a cultura do oprimido no ambiente recuperacional, na qual as empresas em recuperação são tratadas como vítimas e seus credores tratados como opressores. Tal visão foi criada por vários fatores que transitam entre o preconceito da falência como oportunidade, da cultura profissional de salvar a todo custo a empresa em dificuldade e da visão de nossos parlamentares que visam a implementação de mudanças na Lei nº 11.101, de 2005, para proteção única das recuperandas, como se hipossuficientes fossem. Entendemos que tais fatos aliados a deficiências colaboram para o enfraquecimento da legislação recuperacional e poderá conduzir o diploma à pecha que maculava a antiga concordata.

Grande parte das empresas que entram em recuperação judicial está falida
São situações que entendemos devam ser debatidas para melhoria do ambiente, como a extensão do período de fiscalização. É sabido que a determinação de término do processo pós-aprovação do plano e concessão da recuperação judicial em dois anos se mostra na atual conjuntura como raso e responsável pelas famigeradas carências, que por vezes buscam, apenas, evitar a convolação da recuperação judicial em falência, ou seja, uma vez não cumprido o plano e ocorrido o término do processo, o credor se vê obrigado a ingressar com um novo processo de cobrança para fazer valer o plano aprovado, o que evidentemente gera insegurança e deve ser repelido.

Faz-se necessário também um maior aculturamento para utilização da recuperação judicial. É verificado que grande parcela das empresas que lançam mão do processo de recuperação judicial encontra-se falida, impondo aos credores a responsabilidade pelo insucesso, bem como para o seu soerguimento. Nesta situação, evidenciasse a imposição de descontos estratosféricos, remissão de dívidas, bem como a concessão obrigatória de insumos. Entendemos que a responsabilidade para tanto é o fardo que a sociedade impõe ao falido. Devemos enxergar soluções de mercado, em que as empresas sem condições de sobrevivência devam ser afastadas dando lugar a outras mais prósperas, fato que provocará uma otimização na realização do ativo, uma maior possibilidade de satisfação dos credores e de diminuição da possibilidade de crimes falimentares.

Em contrapartida, as empresas viáveis e que estejam em dificuldades devem deter um planejamento de sobrevivência no período recuperacional, pois é sabido que, uma vez em recuperação, as chances para realização de novos negócios se mostram reduzidas. Tal situação deve ser também inspirada na realidade americana, a exemplo da American Airlines, que programou sua recuperação judicial tendo em caixa o suficiente para as despesas nos 12 meses posteriores ao pedido e que culminou para a criação da maior companhia aérea do mundo, isto considerando a fusão com a US Airways.

Entendemos ainda que os prazos para participação do credor no processo são parcos e somados à forma de comunicação dos atos levam ao credor a uma situação de incerteza, o que provoca distorções gravíssimas entre o valor declarado e o devido. Hipoteticamente, o credor que não observa a relação de credores, e não apresenta tempestivamente sua divergência, amarga uma diminuição sensível de seu crédito, visto que a maioria esmagadora dos planos prevê deságios que oscilam entre 40% a 85% sobre o crédito. 

Assim, a publicidade dos atos deve ser realizada pelo Poder Judiciário e não pelos devedores, prosseguindo o entendimento que uma vez que o crédito embora existente seja omitido pelo devedor este não se submete à recuperação judicial, permanecendo válidas as formas originárias de contratação e direitos de cobrança.

Preocupa a forma com a qual se instituem as assembleias gerais, as quais devem contar com maior publicidade, com a exteriorização das causas subjacentes e de originação dos créditos, bem como com uma atuação imparcial dos administradores judiciais, evitando assim a possibilidade de fraude na listagem de credores e com isso a imposição de planos esdrúxulos. Tais pontos são preocupantes. Seguramente não são os únicos pontos de melhoria, vez que estamos tratando de um diploma inovador e que ainda se encontra em período de maturação. Boas iniciativas, como as decisões proferidas pelas Câmaras Reservadas de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, devem ser exaltadas, visto que colaboram com a criação de um ambiente saudável e profícuo entre detentores de posições tão antagônicas como o são os credores e devedores.
 
Marcelo Alves Muniz é advogado em São Paulo e especialista em direito empresarial pela PUC-SP
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações
 
Fonte: Valor Econômico

Cresce número de estrangeiros em programa de intercâmbio da USP

  • J. R. Penteado/UOL
    O francês Olivier Dhavid, há um ano e meio na USP, faz estágio e pensa ficar para o mestrado O francês Olivier Dhavid, há um ano e meio na USP, faz estágio e pensa ficar para o mestrado

Fruto do aumento da importância do Brasil no cenário internacional ou da crise nos países desenvolvidos, o fato é que o número de alunos estrangeiros estudando na mais renomada universidade do país, a USP (Universidade de São Paulo), tem crescido de forma constante nos últimos quatro anos.




Em 2009, eram 690 os estudantes que faziam intercâmbio na universidade. Em 2012, esse número saltou para 1088. Neste ano, o ritmo se acelerou e agora são 1427, um aumento de 31% em relação ao ano passado. O balanço, no entanto, é provisório, pois as matrículas ainda estão em andamento e a universidade costuma receber mais estudantes no segundo semestre.

No mesmo período, a quantidade de estudantes brasileiros da USP enviados ao exterior teve um crescimento parecido: eram 926 em 2009 e 1200 no ano passado.

De acordo com a VRERI (Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais) da USP, o crescimento levou a reitoria a orientar que todas as unidades da universidade criassem escritórios próprios de relações internacionais para mediar os intercâmbios com instituições estrangeiras.

Segundo a USP, além do aumento do interesse pelo país, outro fator que contribuiu para o maior fluxo de intercambistas foi o fato de universidades mais tradicionais, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido, terem ficado mais caras. Também pesou o aumento no número de convênios fechados entre as unidades da USP com universidades estrangeiras e a boa colocação da universidade nos rankings que medem a qualidade de instituições universitárias no mundo. No ano passado, a USP ficou em primeiro lugar em uma lista das melhores universidades da América Latina.

Gringos

O estudante Jarryns Cabezas, 22, veio de Lima, no Peru, onde fazia curso de Produção, Qualidade e Marketing na PUC (Pontifícia Universidade Católica) local. Chegou a São Paulo no dia 15 de fevereiro e diz pretender ficar entre 6 a 7 meses, assistindo aulas na Escola Politécnica.  "A USP é uma universidade importante, com um reconhecimento mundial. É a primeira no ranking do continente. Amigos que estudaram aqui antes me recomendaram", disse, justificando a sua escolha pela USP. Sobre a estadia no Brasil, ele contou ter boas expectativas. "Espero aprender muito, f­azer amigos, e viver as diferenças culturais."
  • J. R. Penteado/UOL A posição da USP como a melhor universidade da América Latina atraiu a chilena Gabriela Morales, 23, que veio com o namorado, Augustín Benavides
Luis Duarte, 23, veio de Portugal, onde estudava Engenharia Informática na Universidade da Madeira.  "Queria fazer intercâmbio em um lugar mais longe possível das minhas origens. Resolvi então vir para o Brasil, e para a USP, que é bastante reconhecida mundialmente." Duarte também falou que planeja um tempo de estadia entre 6 a 7 meses. "Quero fazer quatro matérias e depois tirar um tempo para conhecer o país."

A chilena Gabriela Morales, 23, veio da Universidade de Valparaíso, no Chile, onde fazia Engenharia de Produção.  Ela não chegou sozinha – está acompanhada de seu namorado, Agustín Benavides, que também faz intercâmbio. Gabriela é outra que menciona o bom posicionamento da USP no ranking de universidades. "A USP é a primeira da América Latina e isso contou muito. Também tenho amigos que estiveram aqui no ano passado e que me recomendaram. Disseram que as aulas e os professores eram muito bons." As recomendações, porém, não se restringiram somente à natureza acadêmica da instituição. "Contaram para nós que aqui tem festas toda quinta, sexta e sábado. Estamos esperando para ver."

O francês Olivier Dhavid veio da cidade de Lille, na França, mas há mais tempo - está na USP há um ano e meio. Lá, estudava engenharia na universidade Centrale Nantes. "Vim porque é a melhor universidade da América Latina e também para poder aprender outra língua", revela. O fato de o Brasil viver um crescimento econômico também foi um atrativo. "Aqui faço estágio em uma pequena empresa que faz túneis, e projetos na área de engenharia civil não faltam. Isso se deve ao bom desenvolvimento do país". Apesar de criticar um pouco a "desorganização" local, Olivier diz que gosta da sociabilidade dos brasileiros, e pensa até em estender sua estadia, que inicialmente seria até julho deste ano. "Gosto muito da universidade, os professores são muito bons. Tenho até pensado em fazer mestrado e doutorado por aqui", conta.

Boas vindas

Para recepcionar e auxiliar os intercambistas de outros países que chegam à Poli, alguns estudantes criaram o Escritório Politécnico Internacional, conhecido como "iPoli". "Nosso papel é o de receber os alunos estrangeiros, auxiliar com documentos, dar informações e até ajudar a inseri-los socialmente. Fazemos coisas como buscar no aeroporto e organizar passeios pelo centro da cidade", conta Giulia Avallone, 18, uma das integrantes do iPoli. A entidade também assiste os estudantes brasileiros que queiram estudar no exterior. "Agora mesmo estamos organizando uma semana de palestras, onde vamos explicar aos alunos que queiram estudar fora quais os procedimentos que eles devem tomar", revela.
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Guia de intercâmbio: veja como evitar gafes no cotidiano de outros países16 fotos

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Quem faz intercâmbio cultural ou de idiomas pela primeira vez tem mais probabilidade de passar por saias justas (dos mais diversos tamanhos) em países estrangeiros. A culpada e origem das gafes cometidas sem querer são as diferenças culturais Leia mais Stefan Pastorek/UOL

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Empresas de tecnologia fundadas por mulheres tazem resultados melhores





LOS ANGELES - Empresas de tecnologia de capital fechado conduzidas por mulheres são mais eficientes financeiramente, alcançam retorno sobre investimento 35% maior e, quando recebem aporte de capital, trazem ganhos 12% superiores em comparação às companhias que têm donos homens. Isso segundo uma nova pesquisa apresentada recentemente em uma conferência em São Francisco, organizada pela Women 2.0, uma empresa de mídia dedicada a mulheres fundadoras de negócios no setor de tecnologia. Isso indica que empreendedoras, que tradicionalmente ficam atrás de seus pares homens, estão se superando, pelo menos em alguns indicadores.

Conduzido por Vivek Wadhwa, que têm diplomas em Stanford e Duke, e Lesa Mitchell, vice-presidente da Kauffman Foundation, o estudo "Women in Technology: Evolving, Ready to Save the World” foi feito com respostas de uma pesquisa on-line com 500 mulheres no setor de tecnologia (dentro e fora dos Estados Unidos) e está agendado para ser publicado nos próximos meses.

A pesquisa mostra que a idade média das mulheres empreendedoras fundadoras de empresas de tecnologia caiu de 41 para 32 anos, comparando com dados de um estudo menor feito em 2009, e que a porcentagem das que têm nível superior aumentou, de 40% para 56%. As descobertas sobre as contribuições das mulheres para o sucesso reforçam pesquisas anteriores de fontes diversas, incluindo um relatório do Instituto de Pesquisa Credit Suisse e uma análise da Dow Jones VentureSource.

No evento, Wadhwa falou sobre as disparidades de gênero e raça no Vale do Silício, observando que as mulheres agora ficam com mais de 50% dos títulos de bacharelado e mestrado e cerca de metade dos de doutorado. Ainda assim, elas começam apenas 3% das empresas de tecnologia e quase não estão presentes nas equipes de gestores, fora posições em marketing e direito.

Ele conseguiu muitos aplausos das cerca de mil mulheres (e alguns poucos homens), entre 21 e 45 anos de idade, presentes na plateia. Suas descobertas, incluindo os fatos que 33% das empreendedoras de tecnologia enfrentam "atitudes desdenhosas" de seus colegas e que 15% afirmam ter suas habilidades questionadas, surgiram em uma apresentação que ele condenou "moleques arrogantes" - homens, claro - obtendo investimento de fundos para "aplicativos bobos de mídias sociais" de investidores que esperam que eles sejam o próximo Mark Zuckerberg.

Em contraste, ele encorajou fundadoras mulheres a colocar seus pontos de vista em problemas internacionais maiores, como a melhoria do sistema de saúde, a entrega de água limpa e a reunião de dados da internet para melhorar a educação e tirar as pessoas da pobreza. A vencedora do concurso de "pitch" (apresentação direcionada aos investidores) que ocorreu no evento da Women 2.0, Lesley Marincola, administra a Angaza Design, uma empresa de Palo Alto, na Califórnia, que distribui sistemas de energia solar na África.

Os dados de Wadhwa, os quais ele diz ainda estar refinando e espera usar como parte de um livro de diversas fontes, seguem um estudo de janeiro de 2013 que analisou dados do censo dos Estados Unidos sobre mulheres donas de negócios com mais de US$ 10 milhões em faturamento. O estudo, organizado pela American Express OPEN, mostra que o crescimento em negócios abertos por mulheres com mais de US$ 10 milhões em faturamento é 47% maior do que de todas as empresas com o mesmo faturamento - entram aqui as fundadas por qualquer gênero.

O robusto crescimento dessas 12.700 companhias surpreendeu a autora do estudo, Julie Weeks. "Isso vem acontecendo sob nossos narizes, mas porque os dados específicos não haviam sido estudados antes, nós não sabíamos disso", ela diz.

(Bloomberg Businessweek)
 
Valor Econômico

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ESTRANGEIROS NÃO TEMEM O LEÃO


Sem tradução da declaração de Imposto de Renda para outras línguas, estrangeiros que moram no Brasil recorrem a ajuda para vencer a dificuldade da língua. Mesmo tendo de enfrentar uma barreira adicional em relação aos brasileiros, muitos acham fácil declarar IR no país.

A americana Helen Susan faz a declaração de imposto de renda no país há mais de dez anos e diz que desde a primeira vez optou por fazer sozinha. Este ano, no entanto, irá buscar um especialista porque passou a emitir o Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA). “Agora sim será muito diferente, uma língua estrangeira”, acredita.

Vindo da Inglaterra há quase 20 anos, Richard Booth diz ter tirado o IR de letra ainda no tempo em que havia declaração em papel. “Não achei difícil. Eu tive de usar o dicionário, mas o conceito era o mesmo da declaração da Inglaterra, então eu conhecia o sistema. A matemática é praticamente a mesma”, diz.

No ano passado, o Brasil concedeu 73 mil vistos a estrangeiros e boa parte deles terá de acertar as contas com o Leão já na próxima declaração. A declaração de IR dos estrangeiros é a mesma dos brasileiros. Devem declarar os estrangeiros que têm visto permanente ou os que têm visto temporário que ficaram mais de 184 dias por ano no país. Em 2012, 8.340 estrangeiros receberam vistos permanentes, um número que mais que dobrou (117%) em relação a 2011.

Segundo a assessoria de imprensa da Receita, o órgão não é obrigado a ter funcionários que falem outra língua, mas as maiores unidades de atendimento costumam ter funcionários que falam inglês ou espanhol e a orientação é que os estrangeiros procurem um que possa atendê-lo.

Para especialistas, a falta de uma versão em inglês ou espanhol da declaração e de um serviço específico de atendimento da Receita em outra língua dão mais incentivo à busca de contadores ou empresas que prestam consultoria a grandes corporações.

“Num primeiro momento, quando não têm fluência em português, eles dependem de assessoria para entender as regras do IR. Quem não tem assessoria pode não conseguir cumprir com as obrigações”, diz Leandro Souza, gerente sênior de capital humano da Ernst&Young Terco, gestor de uma carteira de cerca de 400 clientes no Rio de Janeiro.

“Eu tenho a impressão que não são os próprios estrangeiros que preenchem. A gente mesmo tem dúvida, para um estrangeiro que não domina a língua nem o sistema tributário brasileiro, fica ainda mais complexo”, diz o tributarista Xavier. “A gente tem clientes do Japão que falam português, mas normalmente nem tentam fazer o preenchimento. Acho difícil algum estrangeiro se aventurar a preencher sozinho a declaração”, diz Xavier.

Sem a barreira da língua, o engenheiro português Hugo Veríssimo, 35 anos, que fez a declaração de IR pela primeira vez em 2012 diz não ter encontrado dificuldades. “Não tenho filho, dependentes nem muitas despesas e só tenho uma fonte de renda. Em outras situações, se você tem várias despesas extras de formação e se elas excedem o valor de dedução, aí acho que dá mais trabalho”, diz Hugo.

O fato de o sistema tributário e mesmo o sistema de declaração ser parecido com o português também facilitou a vida dele. “É idêntico, até mesmo as ferramentas de informática disponilizadas são bem parecidas. Acaba sendo mais ou menos simples”, conta. E, segundo Hugo, em Portugal o trabalho era maior já que ele usava a declaração completa – aqui fez no modelo simplificado.

Tanto Helen quanto Richard pediram ajuda a amigos e conseguiram declarar o IR. Para Helen, o mais difícil foi a língua, diz: “eu falava português, mas fazendo a declaração era difícil saber exatamente o que eram as palavras.”

Richard aponta que o complicado foi entender que é preciso reavaliar o valor dos bens e o que pode ser deduzido. “Em despesas médicas e escolares muitas vezes não fica claro o que pode deduzir. Há muitas zonas cinzas na declaração do Brasil, o que acaba dificultando, na Inglaterra é tudo muito claro”, diz.

Segundo especialistas, o valor do imposto é um dos maiores sustos dos estrangeiros que declaram IR no país – o que se agrava por conta das várias despesas que têm paralelamente ao imposto. “Eles reclamam muito do tamanho do IR, o que está descontado na fonte e o que tem de pagar a mais. 

Além disso, pagam plano de assistência médica. Eu sempre falo, isso aqui não é Suíça, seu dinheiro não é só para pagar CDs”, diz Sérgio Roberto da Silva, especialista em Auditoria Digital da Receita Federal.

O baixo valor e a lista restrita de deduções também é alvo de reclamações. “Muitas vezes, o valor de uma mensalidade paga por estrangeiros que vivem no país já equivale ao total que pode ser descontado”, diz Souza, da Ernst &Young Terco.

A bitributação – ter de pagar imposto no Brasil e no país de origem – também assusta e traz dúvidas aos estrangeiros que recebem renda ou têm bens no exterior. “Muitos se assustam, não concordam em ter que declarar e outros também não se conformam com o sistema de tributação: acham alta”, diz Roberto Borges, da Athos Consultoria, especializada em obtenção em vistos de trabalho para estrangeiros que também dá suporte ao preenchimento da declaração.

Segundo o tributarista Paulo Xavier, a regra no Brasil é a universalidade da renda, o que significa que não importa de onde vem a renda, ela tem de ser declarada aqui. “Nesse cálculo entra o acréscimo patrimonial e toda e qualquer renda auferida no universo”, diz.

Algumas nacionalidades, no entanto, estão dispensadas de pagar duas vezes por haver convenções internacionais para evitar bitributação. “É possível que eles até saibam que existe o acordo, mas é difícil interpretar o acordo, a linguagem é hermética, difícil de entender, não é só ler o decreto também”, lembra Xavier.

Borges, da Athos Consultoria, diz que alguns estrangeiros se surpreendem com o recolhimento mensal de IR, por estarem costumados a acertar a pagar todo o imposto no fim do ano, como é o caso da Holanda e da Alemanha. “Alguns acham bom por se programar, mas outros não, por estarem acostumados com seus países de origem”, aponta.

Em 2012, a Athos prestou assessoria ao IR para cerca de 15 estrangeiros, entre eles portugueses, holandês, alemão, norte-americano, britânicos. O escritório em que o advogado tributarista Paulo Xavier é sócio praticamente só atende empresas de capital estrangeiro e, às vezes, recebe consultas relacionadas ao IR.

Simone Cunha
(G1 – 21/02/2013)

Dados da Receita Federal revelam também, que nos últimos 12 meses, foi registrado um aumento de mais de 50% de microempreendimentos individuais que têm mulheres como responsáveis


 
Redação com Sebrae, Administradores.com 
 
 
Quem pensa que o comando dos negócios no país está na mão dos homens se engana. As mulheres ampliaram seu espaço e hoje estão à frente de 49,6% das novas empresas – com menos de 3,5 anos – do Brasil. No Nordeste, o comando delas é superior ao dos homens e as coloca na liderança de 51,8% das empresas iniciais, de acordo com dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM), realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).

Nas empresas com mais de 3,5 anos, os homens assumem a liderança tanto no país (56%) quando no Nordeste (52,9%). De acordo com a gestora do prêmio Sebrae Mulher de Negócios na Paraíba, Maria José Menezes,  apesar da pesquisa não oferecer dados estaduais, estes percentuais traduzem o mercado local. “Entre os empreendedores individuais que temos na Paraíba, que estão dentro do que a pesquisa define como novas empresas, 46,4%, são mulheres. Isso  mostra que o empreendedorismo feminino também é crescente no nosso estado”, destacou Maria José.

Dados da Receita Federal revelam também, que nos últimos 12 meses, foi registrado um aumento de mais de 50% de microempreendimentos individuais que têm como responsáveis mulheres, passando de 10,3 mil em fevereiro do ano passado para 16,6 em janeiro deste ano. “É evidente que as mulheres estão se inserido cada vez mais no mercado dos negócios. Elas estão buscando cada vez mais espaços com potencial de sucesso, em que já são percebidas as demandas e a necessidade do serviço. São focadas e perseverantes, o que contribui para o resultado dos empreendimentos”, disse a gestora.

Ter o próprio negócio é o sonho de 51,4% dos nordestinos

A pesquisa GEM revela ainda que quase 44% dos brasileiros sonham em ter o próprio negócio. No Nordeste, este sonho é o de 51,4% dos entrevistados, ficando atrás apenas de viajar pelo Brasil (58,1%) e comprar a casa própria (59,2%). O estudo apontou ainda que, quase 70% dos empreendedores abrem um negócio por oportunidade. Em 2002, o índice dos que empreendiam motivados pela identificação de uma chance no mercado empresarial era de 42,4%.

O levantamento comprova a evolução da atividade empreendedora no país. Em 2002, 20,9% da população estava envolvida na criação ou administração de um negócio. Dez anos depois, o índice saltou para 30,2% da população adulta, entre 18 e 64 anos. O crescimento de 44% na taxa de empreendedorismo é compatível com o dinamismo da economia brasileira no período, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu em média cerca de 4%. Para 88% dos brasileiros adultos, o início de um novo negócio é uma boa opção de carreira.

A GEM também constata que entre os brasileiros mais escolarizados é maior a proporção de empresários por oportunidade. No grupo dos empreendedores com pós-graduação completa, por exemplo, 87% dos empresários em fase inicial abriram o negócio após constatar uma oportunidade de mercado.

Os negócios iniciais estão mais concentrados nas mãos de jovens entre 25 e 34 anos, que respondem pela criação de 33,8% das empresas. A faixa etária entre 35 e 44 anos reúne 27% das novas empresas. 

Já entre os empreendimentos estabelecidos – com mais de 3,5 anos de atividade -, a idade predominante está entre 35 e 44 anos, com 30% dos negócios.  A pesquisa GEM aponta ainda que a escolaridade está melhorando entre as empresas iniciais. Enquanto que nos negócios com mais de 3,5 anos de existência 30% dos empresários têm o Ensino Médio completo, nas empresas novas o índice corresponde a 37%.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Brasil cria grupo que implementará Diretrizes da OCDE para multinacionais


 

 
 
O Ponto de Contato Nacional (PCN) para a implementação das Diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para as Empresas Multinacionais passou a ser instituído pelo governo federal como grupo de trabalho interministerial.
A determinação foi estabelecida em portaria interministerial publicada hoje (20) no Diário Oficial da União.
Em 27 de junho de 2000, o Brasil se comprometeu a implementar e divulgar as Diretrizes da OCDE, conjunto de propostas com o objetivo de fornecer princípios e padrões voluntários para uma conduta empresarial responsável. O documento Linhas Diretrizes da OCDE para as Empresas Multinacionais pode ser consultado no site do Ministério da Fazenda. As Diretrizes da OCDE incluem recomendações em áreas de direitos humanos, emprego, meio ambiente, transparência, combate à corrupção, solicitação de suborno e extorsão, interesses do consumidor, ciência e tecnologia, concorrência e tributação. O PCN brasileiro será composto por representantes de 11 órgãos do governo federal: Banco Central; Controladoria-Geral da União;  Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Ministério da Fazenda; Ministério da Justiça; Ministério das Relações Exteriores; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Ministério do Trabalho e Emprego; e Secretaria dos Direitos Humanos.