domingo, 24 de fevereiro de 2013

Candidato brasileiro à OMC diz que crise não pode paralisar negociações

Marina Villén.

Cairo, 24 fev (EFE).- O candidato brasileiro a dirigir a Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou neste domingo, no Cairo, que não se pode permitir que a atual crise econômica afete as negociações da entidade, estagnadas há muito tempo.

Em viagem pelo norte da África para obter apoios, Azevedo disse em entrevista à Agência Efe que não se deve esperar que a economia ande bem para buscar avanços nas conversas sobre a Rodada de Doha, porque estas "não podem estar submissas a uma economia em expansão".

"O sistema tem que responder e ser efetivo e útil para seus membros, seja qual for a situação econômica internacional", ressaltou o brasileiro, embaixador na OMC desde 2008.

Azevêdo criticou que, antes de a crise começar, as negociações estavam estagnadas porque, como a economia não apresentava problemas, predominava o sentimento de que não eram necessárias mudanças nem a eliminação de tarifas, enquanto agora se alega que a difícil situação torna impossível descongelar as conversas.

Em sua opinião, "o pilar de negociações da OMC está totalmente paralisado", o que afeta toda a organização, por isso é necessário atualizar a agenda comercial internacional.

O principal desafio do próximo diretor-geral da OMC, que tomará posse do cargo no dia 1º de setembro, será desbloquear a Rodada de Doha, a proposta de liberalização do sistema multilateral de comércio que começou em 2001 e está estagnada há cinco anos.

O diplomata brasileiro destacou que é necessário "um modelo aberto", porque o protecionismo não é sustentável a longo prazo: "O movimento é em direção à competitividade global".

Para Azevêdo, é imprescindível "virar a página" e achar uma solução à Rodada de Doha, para o que ele propõe uma receita baseada "na rapidez, na criatividade e em enfrentar os temas difíceis".

As mudanças devem ser postas em prática "imediatamente", sem esperar que a situação seja mais propícia ou que os membros da OMC alterem sua visão, e é precisoabordar diretamente os temas sensíveis da Rodada de Doha que travam o sistema, algo que, na sua opinião, até agora não foi feito.

"É preciso ter vontade política para olhar para os temas mais sensíveis. Desta forma, o resto da rodada avançará", disse.

O brasileiro, considerado um candidato de consenso com capacidade de interlocução, concorre na corrida para dirigir a OMC com outros oito candidatos, entre eles o economista mexicano Herminio Blanco e os ministros neozelandês Tim Groser e costarriquenho Anabel González.

Azevêdo, que no Cairo se reúne com o ministro de Indústria e Comércio do Egito, Hatem Abdelhamid Saleh, acredita que é "fundamental" que o novo diretor-geral venha de um país emergente para que os membros sintam que "há igualdade de oportunidades".

Neste sentido, ele opinou que o fato de que os países em desenvolvimento participem agora no mesmo nível que os desenvolvidos transforma as negociações em "mais equilibradas".

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