quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

BRASIL DE SONHOS E OPORTUNIDADES


O ano de 2012 registrou um crescimento considerável no número de estrangeiros que escolheram o Brasil como destino de estudo; de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores, tendo como base os vistos de estudantes requisitados nas representações brasileiras de 156 países.

Colombianos (1.333), portugueses (944), franceses (934) e angolanos (745) lideram a lista dos contingentes que mais procuram instituições brasileiras para estudar em 2012.

Na comparação com 2011, por exemplo, o número de portugueses interessados em estudar no Brasil aumentou mais de 100% e dos colombianos quase 50%. Naquele ano, 441 estudantes portugueses e 972 colombianos pediram o visto. O aumento de franceses e angolanos também aumentou sensivelmente. Em 2011 eram, respectivamente, 798 e 608.

Por outro lado, países que enfrentam crises internas enviam menos estudantes ou até nenhum, como é o caso da Líbia e Mali que não pediram vistos de estudo em 2011 ou, ainda, Zimbábue que não envia mais estudantes para o Brasil desde 2005. Já os palestinos pediram apenas uma autorização, os sírios três, os tunisianos oito e os egípcios nove.

O Brasil é um destino almejado pelos estudantes pelos seus diversos atrativos, dentre eles os mais reconhecidos pelos estudantes são a cultura diversificada, culinária saborosa, diferentes opções de lazer e, eventualmente, oportunidades de emprego.

Não é raro que estrangeiros que vieram ao Brasil com o objetivo de estudar acabarem encontrando oportunidades de emprego e decidiram se estabelecer aqui. Por enquanto, é o que deseja o estudante da Guiné-Bissau Demarbique Carlos Sanca. Ele pretende concluir seu curso de arquitetura e trabalhar no Brasil por um algum tempo, antes de retornar e prestar sua contribuição como arquiteto a seu país de origem.

Todos chegam ao Brasil com vários sonhos. A peruana Melissa Aragon, 25 anos, estudante  na Universidade de Brasília (UnB), está há quatro anos e meio na capital. Segundo ela, a escolha pelo Brasil foi estimulada pela crença de que o país pode oferecer mais opções de emprego.

“Como eu queria conhecer outras línguas, fiz quatro meses de português, quando surgiu a oportunidade para estudar no Brasil, fiz a prova e passei”, contou a estudante. O Brasil tem muitas coisas a oferecer, desde a parte cultural, que é bastante diversificada, influências culturais de diferentes países, tem teatro, música, a culinária brasileira é muito boa, até as opções de trabalho, porque é um país que está em desenvolvimento em relações aos outros países da América Latina.”

Há seis meses no Brasil, o estudante de arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) o tcheco Jindra Tomasek, 24 anos, disse que escolheu a cidade por representar uma referência na área que irá trabalhar. “Estudar no Brasil vai acrescentar muito no meu curso. A arquitetura brasileira é muito conhecida e apreciada. Eu também tinha muita vontade de conhecer o Brasil”, disse.

O italiano Pietro Vaglietti, 26 anos, disse que veio ao Brasil para fugir da crise econômica internacional que atinge a Europa, principalmente os países da zona do euro. “Escolhi o Brasil para fazer uma experiência diferente e por curiosidade em conhecer uma nova cultura, um novo jeito de viver. A crise está em toda a Europa. Os jovens estão pensando em fazer uma experiência fora para tentar entender a crise mesmo porque se você não vive fora [da Europa] pensa que essa crise é normal”, ressaltou.

Sofia Raposo, que mora em Lisboa, sabe bem porque o Brasil anda tão atraente. “É uma economia muito maior do que a de Portugal e está a crescer, que é uma situação que eu, em termos de mercado de trabalho, não tenho em casa”, afirma.

Hannes Aigner tinha como opção 18 universidades no mundo. Decidiu vir para o Brasil e acredita que fez a escolha certa.

“A maior parte deles, estudantes das áreas mais técnicas, como todas as engenharias, arquitetura, todas as áreas ligadas à tecnologia e computação, química, biologia e business”, diz Paula Prado, gerente executiva da Associação Brasileira de Intercâmbio Profissional.

“O Brasil, dos mercados emergentes, é o mais ocidentalizado dos que estão crescendo mais. Então, para uma pessoa que quer sair para o mercado emergente mas não quer ir para uma cultura totalmente diferente, o Brasil aparece como uma alternativa bastante relevante para esses alunos”, diz Edgard Barki, coordenador do Mestrado Profissional da FGV.

A ponta final desses estudos pode ser um emprego por aqui mesmo ou em alguma empresa na Europa que tenha negócios na América Latina, como conta Marc Vallverdú, o espanhol de 22 anos. “Para poder voltar em algum momento”, afirma.

De fato, se apesar de encontrarem dificuldades para dominar a língua, os estudantes não se desmotivam, é porque julgam ser pequeno o esforço, se comparado ao futuro promissor que esperam de um país em desenvolvimento.

Outro fator que favorece a escolha do Brasil como país destino dos estudantes é que não há restrições para a emissão destes vistos e a possibilidade de poderem ingressar no país interessados em cursar desde o ensino fundamental e médio até cursos técnicos e de idiomas, desde que se informe a duração do curso.

O visto pode ter validade de até 12 meses, podendo ser prorrogado por mais um ano, sucessivas vezes, até finalizar o curso. O pedido de prorrogação deve ser feito no Departamento de Polícia Federal ou no protocolo geral do Ministério da Justiça até 30 dias antes do término do visto ainda válido. Entretanto, uma série de exigências é feita conforme o curso escolhido, variando no caso das áreas de graduação e pós-graduação.

s estudantes estrangeiros com interesse de estudar no Brasil devem procurar o consulado Brasileiro em seus países munidos dos documentos pessoais, comprovante de que foi aceito na instituição de ensino brasileira (carta ou declaração) e outro de que tem meios financeiros para se sustentar no Brasil. Os menores de 18 anos necessitam, ainda, da indicação e autorização do responsável no Brasil, com assinatura reconhecida em cartório.

Caso o estudante pertença a alguma ordem religiosa, além dos documentos específicos, deve apresentar a carta que comprove a aceitação em instituição de ensino religioso que funcione regularmente no Brasil.

Loraine Nogueira
(Com Agências)

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