Mesmo com indicadores fiscais cada vez melhores, manobras fiscais do governo e medidas sobre diversos setores da economia afetam percepção sobre o País, aponta a LCA Consultores
Por Lara Rizério
SÃO PAULO - Apesar dos indicadores fiscais no Brasil
estarem cada vez melhores, o Risco-País vem registrando alta na
comparação com a média dos demais países, principalmente os emergentes,
segundo aponta a LCA Consultores. Para eles, contudo, apesar de
tentador, uma possível explicação na deterioração na situação fiscal não
seria suficiente para explicar este aumento.
Para os economistas da consultoria, dentre os fatores que mais
interferem para o aumento da incerteza está o risco político, com o
aumento do intervencionismo em diversos setores importantes da economia
colaborando para o processo de piora da confiança dos investidores. Além
disso, as incertezas quanto à retomada do crescimento também prejudicam
a percepção de risco soberano.
Desta forma, o descolamento começou a ficar mais nítido a partir de
novembro do ano passado, justamente quando as intervenções se tornaram
mais claras. Além do intervencionismo no governo em alguns setores, as
possíveis manobras do governo para garantir tanto o aumento do estímulo
fiscal como o cumprimento da meta do superávit também podem levar a uma
alta da percepção de risco.
"Tais medidas produzem incerteza, enquanto um dos fatores que
garantiu até agora a queda do risco havia sido justamente o aumento da
previsibilidade da política econômica", afirmam os economistas da LCA
Consultores. Com isso, segundo a consultoria, a evolução do risco-País
já reflete a menor previsibilidade de políticas.
Assim, apesar do Brasil ser um devedor menos arriscado do que há
poucos atrás, os economistas avaliam que, o risco tende a subir enquanto
as políticas do governo comprometerem a rentabilidade de setores
importantes e a previsibilidade da política macroeconômica não arriscar.
Até lá, os ativos de risco denominados em real também tendem a ter um
desempenho mais fraco, concluem.
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