quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

EUA e UE querem fechar acordo comercial até 2015


União Europeia e EUA comprometeram-se ontem a completar em dois anos as negociações de um novo acordo comercial, um prazo ambicioso para um projeto de imenso potencial comercial, mas repleto de complicações.

A ideia de um pacto entre as duas potências comerciais, elogiada pelo presidente americano Barack Obama durante seu discurso sobre o Estado da União, na noite de terça-feira, vem sendo discutida há décadas. 

Agora, no entanto, políticos europeus e americanos mostram-se desesperados para apresentar a seus eleitores planos tangíveis para reanimar o crescimento e criar empregos, enquanto criam uma frente unida diante da concorrência contra a China e outros países emergentes.

Para José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, um acordo unindo parceiros comerciais responsáveis por quase a metade da produção econômica mundial iria "mudar o jogo".

"Juntos, vamos criar a maior zona de comércio do mundo [...]. É um impulso a nossas economias que não custa um centavo em dinheiro dos contribuintes", disse.

Michael Froman, que assessora Obama em política econômica internacional, disse: "Isso poderia aumentar drasticamente os empregos e o crescimento tanto nos EUA como na Europa, integrar ainda mais nossas economias e ajudar a determinar regras mundiais que poderiam contribuir para fortalecer o sistema de comércio multilateral".

Karel De Gucht, o comissário de Comércio Exterior da UE, afirmou que qualquer padrão legal ou técnico adotado pelo bloco econômico e pelos EUA poderia tornar-se referência internacional. "Isso é da maior importância para os nossos negócios."

O prazo de dois anos fixado por De Gucht, e endossado pelos EUA, coincide com o fim do mandato da atual Comissão Europeia (o órgão executivo da UE). Se o acordo comercial não for concluído em 2015, suas perspectivas seriam incertas sob uma nova liderança. Qualquer acordo teria de ser aprovado pelos 27 países-membros da UE, pelo Parlamento europeu e pelo Congresso dos EUA.

Washington se mostra relutante em lançar negociações, quando vê pouca probabilidade de sucesso e desperdício capital político e recursos administrativos.

"Dissemos que se formos pegar essa estrada, queremos chegar ao fim com um tanque de gasolina", disse Froman. "Não queremos passar dez anos negociando questões bem conhecidas e não chegar a um resultado."

Conseguir um acordo expressivo entre UE e EUA será uma tarefa difícil. As tarifas comerciais já são baixas, e os dois lados já se comprometeram a eliminar as que persistem, de forma que as negociações terão como foco barreiras não tarifárias e padrões de regulamentação.

Washington e Bruxelas já travaram batalhas épicas em quase todas as áreas, de subsídios e aeronaves até o tratamento com hormônios para o gado e a lavagem com cloro da carne de frango. Embora autoridades dos dois lados venham tentando aplainar as divergências antes das negociações, ainda persistem diferenças substanciais.

De Gucht admitiu que não sobraram mais "frutas fáceis de pegar", mas enfatizou o potencial dos benefícios para os dois lados. "Nosso foco é o futuro. Esta não é uma negociação, por exemplo, com o objetivo principal de encontrar uma solução para o frango com cloro. O que queremos fazer é criar um mercado entre os EUA e a UE."

As iniciativas transatlânticas anteriores de comércio exterior foram, em grande parte, decepcionantes. Hugo Paemen, ex-embaixador da UE em Washington, disse que os EUA deveriam se esforçar mais para ampliar os laços comerciais com a Ásia.

Em seu discurso, na terça-feira à noite, Obama elogiou outro projeto comercial, a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), antes de mencionar o pacto entre UE e EUA.
"Claramente, a motivação no lado europeu é maior que no americano", disse Paemen.

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