quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Endividamento pode levar agências de risco a rebaixar nota da estatal

Previsão de investimento aumenta 16% para este ano, mas relação entre a dívida líquida e a geração de caixa é preocupante

06 de fevereiro de 2013 | 2h 06
 
RIO, SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

Ao mesmo tempo em que aumentou em16% a previsão de investimento para este ano, a Petrobrás anunciou a elevação de seu endividamento a "níveis preocupantes", nas palavras da presidente Graça Foster. E com possibilidade de piora neste ano. Serão investidos R$ 97,7 bilhões em 2013; em 2012 foram R$ 84,1 bilhões.

O agravamento do endividamento da companhia pode levar agências de classificação de risco a rebaixarem a nota da companhia, o que acarretaria venda de ações e aumento do custo com empréstimos. "Ainda não temos certeza de como a Petrobrás encontrou confiança em seu balanço para aumentar mais seu capex (investimentos), ou se nós estamos perdendo algo nesta equação", relataram, surpresos, os analistas Gustavo Gattass, Luiz Carvalho e Dario Valdizan, do banco BTG Pactual.

Conforme antecipado pela Agência Estado no mês passado, a Petrobrás rompeu no quarto trimestre a barreira de conforto de 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa (Ebitda), acendendo a luz amarela na empresa. A vermelha acende no patamar comparativo de três vezes. No fim de 2012 a companhia chegou a 2,77 vezes, elevando a já preocupante relação de 2,42 registrada no terceiro trimestre do ano.

"Devemos ficar em torno deste valor (em 2013). Em alguns momentos, até mais", disse Graça. "Temos uma apreensão muito grande em relação ao grau de investimento. Sabemos que temos urgência para resolver."

Emparedada entre a necessidade de investir mais e a dificuldade de gerar caixa por causa da produção estagnada e da insuficiência no reajuste de combustíveis, a Petrobrás está diante de "um grande risco" : a necessidade de um aumento de capital, segundo os analistas do BTG Pactual. O Bank of America também destacou a piora da relação entre dívida e geração de caixa em relatório de ontem.

Segundo Graça, a melhora na equação deve vir da produção de petróleo, da venda bilionária de ativos no exterior a partir de abril, do reajuste de combustíveis e dos programas internos de redução de custos e aumento da eficiência.

Urgência. Para a presidente da Petrobrás, o potencial da empresa no futuro, com equipe preparada e grandes reservas que começam a elevar a produção no ano que vem, deve ser levada em consideração pelas agências de risco. "Acreditamos que vamos passar por 2013 sem maiores problemas sobre o nosso grau de investimento. É urgente que a Petrobrás mostre resultados para que continue conquistando a confiança das agências", disse Graça.

A Moody's, uma das três grandes agências internacionais - ao lado da Standard & Poor's (S&P) e da Fitch - já colocou a nota da estatal em "perspectiva negativa", embora o grau de investimento conquistado em 2007 esteja mantido.

"O perfil estagnado da produção da Petrobrás em poucos anos daqui para a frente colocarão um desafio nesse período de grandes gastos de capital", escreveram os analistas chefiados por Thomas S. Coleman, em 10 de janeiro.

Já circulava no mercado rumores de que a saída para a companhia seria fazer uma nova capitalização, o que seria ruim para acionistas, por diluir a participação deles na empresa. Mas a presidente garantiu que isso não está nos planos. "Não vai ter capitalização". / EULINA OLIVEIRA, MÔNICA CIARELLI, SABRINA VALLE, SERGIO TORRES e VINÍCIUS NEDER

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