quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Por ações de Usiminas, CSN vai à Justiça contra Techint

Por Ivo Ribeiro e Natalia Viri | De São Paulo


A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN) informou ontem à noite, em comunicado, que entrou com ação na Justiça contra empresas do grupo Techint, que há pouco mais de um ano entraram no bloco de controle da Usiminas. Na ação, requer que o grupo ítalo-argentino faça uma oferta pública de aquisição (OPA) de ações aos minoritários ordinaristas da Usiminas.

Conforme relatou a CSN, no fim de 2011, em operação concluída em janeiro de 2012, o grupo Techint, por meio das controladas Ternium, Confab, Tenaris, Prosid e Siderar, adquiriram 43,3% das ações ordinárias integrantes do bloco de controle da Usiminas que eram de Votorantim, Camargo Corrêa e do Clube dos Empregados (CEU). Além disso, diz que mais 2,65% do CEU foram comprados pela Nippon Steel, também do bloco controlador.

A CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, é dona de 11,66% do capital votante da Usiminas, percentual acumulado com aquisições feitas no mercado a partir do segundo semestre de 2010. Esse percentual corresponde a 58,93 milhões de ações.

A CSN aponta que foi pago um preço R$ 36,00 pelas ações do bloco controlador, com um prêmio de da ordem de 90% em relação à cotação de 28 de novembro de 2011, data do anúncio do negócio. Para a empresa, a operação resultou em um novo Acordo de Acionistas da Usiminas entre Ternium, Nippon e CEU, substituindo o acordo firmado em 2006.

Caso tenha sucesso na Justiça, a CSN poderia receber R$ 28,80 por ação (tag along de 80%), o que somaria R$ 1,7 bilhão por sua participação. Pela cotação de ontem na bolsa, de R$ 11,22, esse bloco de aços valia R$ 662 milhões.

A CSN alega que, apesar de ter sido divulgado que o novo acordo de acionistas fora celebrado em "termos essencialmente idênticos", ocorreram "modificações substanciais que resultaram num novo quadro político-societário da Usiminas e conseqüentemente num novo balanço de poder dentro do seu bloco de controle". E que, após isso, a Usiminas vem passando por " profunda reformulação", com a chegada de profissionais da Ternium que assumiram seus principais cargos executivos, como presidente, com "mudanças relevantes de estratégia e gestão".

Para a CSN, ocorreu a alienação de controle acionário, tal como prevista no artigo 254-A da Lei das S. A., e que a operação não se enquadra nos precedentes já analisados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Afirma que a Ternium a violou a legislação e deixou de fazer a OPA, "em grave prejuízo aos minoritários ordinaristas da Usiminas, aos quais não foi dada oportunidade de vender suas ações por preço equivalente a no mínimo 80% do prêmio pago aos vendedores (tag along)".

Em março de 2012, a Superintendência de Registro da CVM proferiu parecer contrário à necessidade de oferta, alegando que não houve troca de controle. No comunicado, a CSN disse que a manifestação da autarquia "não é definitiva e é sujeita a revisão".


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