INDÚSTRIA DE DEFESA PODE EXPORTAR MUITO MAIS
A indústria brasileira de defesa tem potencial para exportar mais, mas
isso depende do governo. Para que as vendas ao exterior cresçam, o novo
presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de
Defesa e Segurança (Abimde), Sami Youssef Hassuani, afirmou nesta
quinta-feira (31), após tomar posse, que irá trabalhar em parceria com
os ministérios para colocar em prática projetos já existentes e, então,
vender para outros países. Youssef disse que a indústria brasileira só
exporta 10% do seu potencial, mas observou que o Brasil tem atraído
outros países interessados em conhecer sua Estratégia Nacional de
Defesa.
"É fundamental exportar, mas antes disso existe outra
tarefa, que é ter um produto de primeira linha. No setor de defesa, os
países só compram um produto se ele for muito bom e se for usado pelas
Forças do seu país de origem. As nossas exportações hoje são 10% do que
poderiam ser. Temos margem para crescer muito", afirmou.
Hassuani disse que uma das suas prioridades à frente da Abimde será
trabalhar em parceria com ministérios como os da Justiça, Fazenda e
Planejamento para que projetos que já existem sejam colocados em
práticas ou ampliados.
O setor prevê que o governo brasileiro
irá investir US$ 100 bilhões nos próximos 20 anos em programas como o
Sistema de Vigilância de Fronteiras (Sisfron), o Sistema de
Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz), o Programa de Aquisição de
Navios de Superfície (Prosuper) e o FX-2, de compra de caças para a
Força Aérea.
"Vamos buscar apoio para que os recursos sejam
disponibilizados e para isso, vamos buscar os ministérios. Não pode
haver descontinuidade [de projetos] porque, desta forma, perde-se
riqueza", afirmou Hassuani. Ele pretende enviar aos ministérios da
Defesa e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior um
levantamento que está sendo feito com a Base Industrial de Defesa (BID)
sobre quais são as dificuldades enfrentadas pelo setor.
As
projeções da Abimde indicam que, se o orçamento previsto para o período
até 2020 for executado, as exportações possam dobrar e chegar a US$ 4
bilhões. Atualmente, o país importa US$ 2 bilhões e exporta outros US$ 2
bilhões, segundo a entidade. Com isso, a quantidade de postos de
trabalho pode crescer dos atuais 30 mil para 48 mil.
O novo
presidente da Abimde disse que a participação de empresas brasileiras em
feiras no exterior deverá crescer nos próximos anos. Atualmente, o País
envia representantes para cinco feirar por ano.
As exportações
podem estar aquém de seu potencial, mas o Brasil não deixa de atrair
interesse nesta área. Hassuani disse que o País tem recebido nos últimos
anos visitas de militares estrangeiros interessados em conhecer melhor
os projetos nacionais. Estes visitantes vêm, principalmente, de nações
asiáticas.
De acordo com Hassuani, há oportunidades para o
setor no mercado doméstico porque o Brasil vai realizar a Copa das
Confederações neste ano, a Copa do Mundo em 2014 e o Rio de Janeiro será
sede dos Jogos Olímpicos em 2016. Estes eventos vão precisar de
equipamentos como veículos blindados, aparelhos de análise de agentes
químicos e defesa antiaérea. "Isso pode chegar a bilhões de reais",
disse.
Neto de sírios e libaneses, Hassuani é também presidente
da Avibras, que fabrica veículos blindados, explosivos, mísseis,
foguetes guiados e veículos aéreos não tripulados (Vants). Na Abimde,
ele substitui Carlos Frederico Aguiar, que passa a ocupar a
primeira-vice-presidência da instituição.
Fonte: Agência Anba
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