Fruto do aumento da importância do Brasil no cenário internacional ou
da crise nos países desenvolvidos, o fato é que o número de alunos
estrangeiros estudando na mais renomada universidade do país, a USP
(Universidade de São Paulo), tem crescido de forma constante nos últimos
quatro anos.
Em 2009, eram 690 os estudantes que faziam intercâmbio na
universidade. Em 2012, esse número saltou para 1088. Neste ano, o ritmo
se acelerou e agora são 1427, um aumento de 31% em relação ao ano
passado. O balanço, no entanto, é provisório, pois as matrículas ainda
estão em andamento e a universidade costuma receber mais estudantes no
segundo semestre.
De acordo com a VRERI (Vice-Reitoria Executiva de Relações
Internacionais) da USP, o crescimento levou a reitoria a orientar que
todas as unidades da universidade criassem escritórios próprios de
relações internacionais para mediar os intercâmbios com instituições
estrangeiras.
Segundo a USP, além do aumento do interesse
pelo país, outro fator que contribuiu para o maior fluxo de
intercambistas foi o fato de universidades mais tradicionais, como as
dos Estados Unidos e do Reino Unido, terem ficado mais caras. Também
pesou o aumento no número de convênios fechados entre as unidades da USP
com universidades estrangeiras e a boa colocação da universidade nos
rankings que medem a qualidade de instituições universitárias no mundo.
No ano passado, a USP ficou em primeiro lugar em uma lista das melhores
universidades da América Latina.
Gringos
O estudante Jarryns Cabezas, 22, veio de Lima, no Peru, onde fazia curso
de Produção, Qualidade e Marketing na PUC (Pontifícia Universidade
Católica) local. Chegou a São Paulo no dia 15 de fevereiro e diz
pretender ficar entre 6 a 7 meses, assistindo aulas na Escola
Politécnica. “A USP é uma universidade importante, com um
reconhecimento mundial. É a primeira no ranking do continente. Amigos
que estudaram aqui antes me recomendaram”, disse, justificando a sua
escolha pela USP. Sobre a estadia no Brasil, ele contou ter boas
expectativas. “Espero aprender muito, fazer amigos, e viver as
diferenças culturais.”
Luis Duarte, 23, veio de Portugal, onde estudava Engenharia
Informática na Universidade da Madeira. “Queria fazer intercâmbio em um
lugar mais longe possível das minhas origens. Resolvi então vir para o
Brasil, e para a USP, que é bastante reconhecida mundialmente.” Duarte
também falou que planeja um tempo de estadia entre 6 a 7 meses. “Quero
fazer quatro matérias e depois tirar um tempo para conhecer o país.”
A chilena Gabriela Morales, 23, veio da Universidade de Valparaíso,
no Chile, onde fazia Engenharia de Produção. Ela não chegou sozinha –
está acompanhada de seu namorado, Agustín Benavides, que também faz
intercâmbio. Gabriela é outra que menciona o bom posicionamento da USP
no ranking de universidades. “A USP é a primeira da América Latina e
isso contou muito. Também tenho amigos que estiveram aqui no ano passado
e que me recomendaram. Disseram que as aulas e os professores eram
muito bons.” As recomendações, porém, não se restringiram somente à
natureza acadêmica da instituição. “Contaram para nós que aqui tem
festas toda quinta, sexta e sábado. Estamos esperando para ver.”
O francês Olivier Dhavid veio da cidade de Lille, na França, mas há
mais tempo – está na USP há um ano e meio. Lá, estudava engenharia na
universidade Centrale Nantes. “Vim porque é a melhor universidade da
América Latina e também para poder aprender outra língua”, revela. O
fato de o Brasil viver um crescimento econômico também foi um atrativo.
“Aqui faço estágio em uma pequena empresa que faz túneis, e projetos na
área de engenharia civil não faltam. Isso se deve ao bom desenvolvimento
do país”. Apesar de criticar um pouco a “desorganização” local, Olivier
diz que gosta da sociabilidade dos brasileiros, e pensa até em estender
sua estadia, que inicialmente seria até julho deste ano. “Gosto muito
da universidade, os professores são muito bons. Tenho até pensado em
fazer mestrado e doutorado por aqui”, conta.
Boas-vindas
Para recepcionar e auxiliar os intercambistas de outros países que
chegam à Poli, alguns estudantes criaram o Escritório Politécnico
Internacional, conhecido como “iPoli”. “Nosso papel é o de receber os
alunos estrangeiros, auxiliar com documentos, dar informações e até
ajudar a inseri-los socialmente. Fazemos coisas como buscar no aeroporto
e organizar passeios pelo centro da cidade”, conta Giulia Avallone, 18,
uma das integrantes do iPoli. A entidade também assiste os estudantes
brasileiros que queiram estudar no exterior. “Agora mesmo estamos
organizando uma semana de palestras, onde vamos explicar aos alunos que
queiram estudar fora quais os procedimentos que eles devem tomar”,
revela.
J. R. Penteado
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