quinta-feira, 7 de março de 2013

BRASIL É O O PAÍS MAIS DIFÍCIL PARA CONTRATAÇÃO DE ESTRANGEIROS


Levantamento da Hays aponta rigidez no mercado de trabalho como principal dificuldade para contratar profissionais estrangeiros.

Entre os 27 países estudados pelo The Global Skills Index 2012, da Hays, o Brasil é o país com menor flexibilidade para contratação de estrangeiros. “O Brasil é o país mais fechado à mão-de-obra estrangeira entre os emergentes”, diz Juliano Ballarotti, diretor na consultoria.

O principal problema com a entrada de executivos estrangeiros no Brasil é uma unanimidade – a burocracia é longa e trabalhosa. “O prazo e o custo acabam sendo muito longos, o que prejudica a tomada de decisão da empresa”, afirma.

Embora esse tipo de estrutura proteja os brasileiros de uma invasão estrangeira no mercado de trabalho, Ballarotti destaca que há países com legislação mais flexível que não erram na gestão.
Para ele, Cingapura e Hong Kong são exemplos de emergentes que regulam a entrada de mão-de-obra estrangeira de forma eficiente.


A falta de qualificação profissional é o principal gargalo que tem levado empresas a buscar mão-de-obra em países como Portugal e Espanha, onde a crise econômica deixou profissionais sem trabalho.

Não são só as habilidades gerenciais que fazem falta no profissional brasileiro. O estrangulamento é ainda maior nas áreas que requerem maior capacidade técnica. “O que é ensinado nas escolas superiores não é tão bem conectado com o dia-a-dia prático”, diz o diretor da Hays.

Indústrias sensíveis

Um dos resultados dessa estrutura educacional falha é a ausência de profissionais em áreas de grande potencial econômico para o país. Reclamar da falta de engenheiros já virou clichê e a indústria de óleo e gás é uma das que mais sofre com a escassez de profissionais. “Ainda não temos uma formação adequada no país”, diz.

No entanto, o problema não está somente nas atividades ligadas à infraestrutura. Segundo Ballarotti, o setor de ciências da saúde e de tecnologia da informação também tem sofrido com a falta de preparação dos profissionais.  “O aumento recente do consumo trouxe a escassez de mão-de-obra qualificada também para o mundo do varejo”, acrescenta.

Bárbara Ladeia
(Exame – 07/03/2013)

quarta-feira, 6 de março de 2013

China se torna o maior importador de petróleo

Mesmo preliminares, dados podem mexer com a geopolítica dos recursos naturais
 
Redação NNpetro - 
 
 

A China ultrapassou os Estados Unidos como maior importador líquido de petróleo do mundo, uma mudança histórica que deverá mexer com a geopolítica dos recursos naturais no mundo, informa o Financial Times.

As importações líquidas de petróleo dos EUA - que incluem petróleo bruto e derivados refinados - caíram em dezembro para 5,98 milhões de barris/dia, o menor volume desde fevereiro de 1992, de acordo com dados preliminares do Departamento de Energia dos EUA. No mesmo mês, as importações líquidas de petróleo da China subiram a 6,12

Desde meados dos anos 70, os EUA têm sido o maior importador global de petróleo.  Entretanto, as mudanças entre China e Estados Unidos são preliminares. O mercado de energia vai aguardar por mais dados mensais antes de confirmar a troca de posição entre os dois países no ranking de importação global de petróleo, em parte porque razões tributárias podem ter distorcido as estimativas de importações líquidas em dezembro.

De acordo com o FT, as empresas petrolíferas dos EUA reduzem suas compras líquidas de petróleo no fim do ano para diminuir seus estoques e, dessa forma, suas despesas com impostos.
(Com informações do Estado de S.Paulo)


SELEÇÃO PARA PEC-G COMEÇA EM ABRIL

 

As inscrições para PEC-G devem ser abertas em Abril nas embaixadas do Brasil no exterior. Entre 500 e 700 estudantes de 50 naçoes são selecionados todo ano. Atualmente, cerca de dois mil estrangeiros estão nas universidades espalhadas pelas capitais brasileiras por meio desse sistema, criado na década de 60. Para concorrer ao programa que traz estudantes para fazer uma graduação no Brasil só existe um caminho: procurar a embaixada brasileira no país de origem.

Os africanos representam a maioria dos estudantes estrangeiros que acessam o programa brasileiro de bolsas de estudo para quem vem de fora fazer um curso superior no Brasil, o Programa Estudantes-Convénio de Graduação, conhecido como PEC-G.

Até 1980, 80% dos beneficiados pelo Programa eram latino americanos. De acordo com dados dos ministérios brasileiros das Relações Exteriores (MRE) e da Educação (MEC), esse percentual agora é de jovens do continente africano.

O PEC-G, considerado o maior programa de cooperação educacional do governo brasileiro, selecciona todos os anos entre 500 e 700 estudantes de 50 nações.
Actualmente, cerca de dois mil estrangeiros estão nas universidades espalhadas pelas capitais brasileiras por meio desse sistema, criado na década de 60.

O PEC-G e a selecção para a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, são hoje as duas maiores e mais resguardadas selecções para quem vem do exterior estudar no Brasil.

As páginas das embaixadas brasileiras, ao redor do mundo, deixam claro, inclusive, que o Brasil só se responsabiliza por problemas académicos ou administrativos envolvendo instituições de ensino brasileiras e estudantes que entrarem no país por meio dessas duas selecções já citadas.

No caso do PEC-G, podem ser selecionados estrangeiros, entre 18 e 25 anos, com ensino médio completo e que comprovem capacidade de custear as despesas no Brasil.

Hoje, 90 instituições de ensino brasileiras sejam federais, estaduais, municipais ou privadas aceitam estrangeiros por meio desse programa. A maioria é de universidades públicas, mas o número de instituições particulares já é bem expressivo. Veja os detalhes no Portal do MEC.

“Todos os anos essas 90 instituições participantes oferecem vagas em cursos em todas as áreas do conhecimento. O Ministério das Relações Exterior (MRE) ordena a recepção das candidaturas por meio das representações diplomáticas brasileiras no exterior. Já o Ministério da Educação (MEC), organiza um processo de selecção, alternativo ao vestibular no Brasil, baseado no desempenho dos candidatos no ensino médio de acordo com o curso que ele deseja fazer,” explica Elisa Maia Pereira Mendes, da Divisão de Temas Educacionais do MRE.

Para concorrer ao programa que traz estudantes para fazer uma graduação no Brasil só existe um caminho: procurar a embaixada brasileira no país de origem.

“Ele vai à representação diplomática brasileira no país de origem dele e se candidata lá. O estudante não precisa viajar para se inscrever ou para concorrer à vaga. A selecção é feita aqui no Brasil por meio de análise do desempenho académico do estudante no segundo grau,” detalha a representante do MRE.

As inscrições para o PEC-G são abertas uma vez por ano, normalmente, entre Abril e Junho. A selecção é processada no Brasil, ao longo do ano, e os resultados saem normalmente em Dezembro.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o solicitante tem que ter, necessariamente, uma média final igual ou superior a 60% em matemática, língua do país e matérias afins ao curso que ele pretende fazer no Brasil.

Os estrangeiros que entram pelo programa não disputam vaga com os brasileiros. “Em geral, as Universidades oferecem um número muito bom de vagas. Muitas vezes sobram vagas em determinados cursos. Há outras áreas muitos concorridas, como as de saúde. Para medicina sempre todas são ocupadas,” informa Elisa Maia.

“Algumas engenharias acabam não sendo solicitadas, até por falta de conhecimento do que é estudado na área. Sobram vagas também nas áreas de humanas, também nos cursos de Pedagogia, Letras, Ciências Sociais, Psicologia e Nutrição,” completa.

Outro processo selectivo controlado directamente pelo governo brasileiro é voltado, no caso de estrangeiros, só para cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, atende a brasileiros e a candidatos nacionais de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Os candidatos estrangeiros são submetidos a uma avaliação do histórico escolar do ensino médio e prova de redacção, realizada nos países de origem, sem necessidade de deslocamento prévio para o Brasil.

Assim como o PEC-G, os interessados devem se inscrever nas representações diplomáticas brasileiras dos seus países. Anualmente, são oferecidas 370 vagas para estrangeiros nos seguintes cursos: Agronomia, Administração Pública, Ciências da Natureza e Matemática, Enfermagem, Engenharia de Energias, Letras, e Ciências Humanas.

É preciso destacar que nenhuma das duas formas de selecção de estudantes estrangeiros monitoradas pelo governo Brasileiro, para o PEC-G e a UNILAB, inclui pagamento de despesas como moradia, alimentação e transportes. Em princípio, os interessados têm que comprovar que terão como sobreviver no Brasil, sabendo-se que, pela lei brasileira, o estudante de fora do país é proibido de trabalhar.

(Voz da América – 04/03/2013)

MÉDICOS ESTRANGEIROS PARA REGIÕES CARENTES

Governo poderá contratar médicos estrangeiros para regiões com carência de profissionais.
O governo federal estuda a possibilidade de atrair médicos estrangeiros para o trabalho na área de atenção básica à saúde, principalmente nas periferias das grandes cidades e nos municípios do interior. O assunto foi discutido nesta semana pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, com integrantes do Ministério da Educação (MEC) e reitores de universidades.

“Nós continuamos recebendo uma demanda muito forte dos novos prefeitos e dos governadores em relação a atrair médicos que se formaram em outros países, sobretudo Portugal e Espanha, para atuar na atenção básica no país. Estamos analisando essa proposta, que é complexa, e precisamos analisar o formato”, explicou Padilha. O ministro participou hoje (02/03/2013) da cerimônia de recepção aos 204 médicos recém-formados que vão atuar no estado do Rio por meio do Programa de Valorização do Profissional a Atenção Básica (Provab).

Segundo Padilha, uma possível vinda de médicos estrangeiros não significa que haverá revalidação automática do diploma, que continuará passando pelos trâmites necessários. “O médico que se formou em outro país e queira atuar no mercado de trabalho livre tem que continuar passando pela principal forma de validação do diploma, que é o Revalida. Mas estamos discutindo isso com as universidades.”

Segundo o ministro, o bom momento do país está levando a uma grande demanda por profissionais de medicina. “Temos um mercado muito aquecido para o profissional médico. O Brasil formou 13.600 médicos em 2011, quando foram abertos, com registro formal com carteira assinada, de primeiro emprego, 19 mil vagas para médicos. Ou seja, o médico quando se forma já tem como oferta pelo menos um emprego e meio, sem contar a oferta de plantão.” O desafio do governo federal é justamente levar esses médicos para o interior do país e para as periferias das grandes cidades.

Vladimir Platonow
(Agência Brasil – 02/03/2013)

O VALOR DO MULTICULTURALISMO NOS NEGÓCIOS

Nascido na Coreia, o empresário Ji Won, de 33 anos, já morou em diversos países como Espanha e Estados Unidos. Foi no Brasil, contudo, que ele enxergou uma oportunidade de desenvolver seu lado empreendedor. Embora já tivesse morado no Brasil, onde chegou a cursar o colegial, decidiu voltar dez anos depois com o objetivo de comandar uma startup. Em 2011, Won conseguiu investimentos de sul-coreanos para a Biosom, empresa de sistemas e equipamentos para melhorar a audição.

Formado em marketing nos Estados Unidos, Won encarou o desafio de voltar ao Brasil, mas sentiu necessidade de fazer uma pós-graduação em administração no país. “Queria entender melhor o modelo de negócios local. Desde a forma como as pessoas se relacionam no trabalho até a maneira de vender soluções e produtos, muita coisa é diferente”, afirma. Além disso, conhecer outros empreendedores na sala de aula se revelou uma estratégia importante para quem precisava, inclusive, montar uma equipe do zero. Durante o curso, ele convidou o colega indiano Sachin Durg para integrar o seu time. “Fazer o curso aqui foi fundamental para consolidar meu networking.”

Casos como o de Won estão se tornando cada vez mais comuns. Estrangeiros que buscam conhecimento em diferentes mercados, além de oportunidade de trabalho ou de dar início ao próprio negócio, têm encontrado no Brasil um espaço para tirar os planos do papel. Acompanhando esse movimento, a quantidade de vistos concedidos a estudantes de fora quase dobrou nos últimos três anos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, somente entre 2011 e 2012 foram 11.886 concessões para estrangeiros que vieram ao Brasil estudar em graduação ou pós-graduação, um aumento de 21%.

Embora os latino-americanos ainda sejam maioria, os europeus foram responsáveis pela maior taxa de crescimento na procura por instituições do país. No geral, 4.541 estudantes da América Latina se matricularam em escolas brasileiras em 2012, uma alta acumulada em 50% nos últimos três anos. Já os europeus somaram 4.472 estudantes, o que em relação a 2010 significa um aumento de 67%.

Para Eduardo Marques, gerente de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), esse cenário tem como pano de fundo o agravamento da crise internacional, que tornou o mercado de trabalho brasileiro mais atraente. “Estudantes passaram a enxergar oportunidades melhores no Brasil. Além de algumas instituições serem referência em rankings globais, ainda é relativamente barato estudar aqui”, afirma.

No que compete à pós-graduação, entre 2011 e 2012, a FGV viu o número de matrículas de estrangeiros subir 30% na escola de negócios de São Paulo e 62% na do Rio de Janeiro. Os cursos mais procurados foram o mestrado profissional em gestão internacional (SP) e o mestrado executivo (RJ). As matrículas desses programas, segundo Marques, foram encabeçadas por franceses, portugueses, italianos e alemães. “Na Europa, o mercado exige mais vivência internacional de seus profissionais. Como muitas multinacionais estão vindo para o Brasil, eles sentem necessidade de conhecer a nossa cultura e a nossa forma de administrar para pleitear vagas aqui”, afirma.

O mote do multiculturalismo da gestão também se destaca na lista de prioridades dos alunos estrangeiros do Insper. “Morar na França e estudar na Itália não é uma experiência tão vantajosa para um europeu que quer aprender mais sobre ambientes de negócios diferentes”, diz Guy Cliquet de Amaral Filho, coordenador geral de certificados da instituição. “É melhor para o europeu vir a um país como o Brasil, que é emergente e está em posição de destaque.”

Segundo Amaral Filho, a procura dos estrangeiros pelo Insper tem sido maior nos programas de certificate in business administration e certificate in marketing management. O grau de interesse dos alunos de fora pode ser medido, também, pela vontade de aprender a língua local. Embora seja possível acompanhar algumas aulas em inglês, a maioria dos estrangeiros que procura a escola assiste a aulas em português. “Eles valorizam muito a interação e o networking. Querem se comunicar bem com os brasileiros”, ressalta.

O empreendedorismo também é uma característica marcante dos alunos que vêm ao Brasil. De acordo com James Wright, diretor do international executive MBA, da Fundação Instituto de Administração (FIA), os estrangeiros matriculados nas duas últimas turmas do mestrado da instituição geraram cinco startups no país. A nacionalidade dos pós-graduandos é bem diversificada, passando por alemães, suíços, italianos, americanos, indianos e chineses. Desde 2010, a procura pelo MBA internacional têm crescido cerca de 25% ao ano. “Eles têm uma veia empreendedora e chegam com uma visão diferente e mais arrojada de negócios”, analisa.

No Coppead, instituto de pós-graduação e pesquisa em administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os europeus também representam a maioria dos estudantes que vem de fora do Brasil. Segundo informações da instituição, somente entre 2011 e 2012, o aumento no número de matrículas para estrangeiros foi de 30%, puxadas por franceses, italianos, espanhóis, alemães e russos.

Carolina Cortez
(Valor Econômico – 06/03/2013)

terça-feira, 5 de março de 2013

IED foca no Brasil infraestrutura, serviços e setores impactados pelo aumento de renda









A Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet) estima que os ingressos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em construção e infraestrutura possam duplicar nos próximos anos.

Além disso, segundo a entidade, a  participação dos serviços nos estoques de IED é de 43,3% no Brasil, enquanto que, no mundo, esse percentual chega a 67%.

Esse potencial de expansão do IED no país nos próximos anos é ampliado pelo empenho do governo em atrair investidores estrangeiros para o pacote de concessões de US$ 235 bilhões em infraestrutura, reforçado na semana passada na apresentação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a investidores de Wall Street.

“Há uma lacuna de investimentos em infraestrutura, o desejo de preenchê-la e uma oferta de recursos sem destino de outros países que devem vir para cá”, diz Luis Afonso Lima, economista da Sobeet.

Para o economista-chefe do Banco J.Safra e ex-secretário do Tesouro, Carlos Kawall, há uma fronteira de expansão clara também nos serviços influenciados pelo aumento da renda e menos sujeitos à interferência estatal, como educação e saúde.

Kawall cita operações recentes, como a aquisição da operadora de planos de saúde Amil pela United Health Group, em 2012, por quase R$ 10 bilhões, e a compra da rede de drogarias Onofre pela americana CVS, em 2013.

“Em termos relativos, a indústria é a perdedora. É afetada por problemas de baixa competitividade e alta carga tributária, embora possa ter grandes operações pontuais. Já os serviços são mais protegidos e passam por aumento de demanda”, diz.

Em uma década, o Brasil subiu 11 degraus no ranking dos destinos globais de investimentos estrangeiros diretos.

Em 2003, o País era o 15º na lista, e, no ano passado, passou ao quarto lugar, atrás apenas de Estados Unidos, China e Hong Kong.

A fatia brasileira nos fluxos de investimento foi a que mais cresceu no mundo, de 1,7% em 2003, para 5%, em 2012.

O perfil do IED por aqui mudou nos últimos cinco anos, como mostra estudo da Sobeet. Houve crescimento na proporção relativa ao setor de petróleo e um recuo na fatia setor de serviços, que ainda lidera a preferência do capital externo em investimentos brasileiros.
Mas a tendência é de que o setor retome espaço com o empenho do governo nas concessões de infraestrutura.

A análise da Sobeet foi baseada em dados do Banco Central e da Unctad (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento).
O levantamento dividiu a década em dois períodos: 2003-2007 e 2008-2012.

O setor de serviços viu sua fatia no bolo cair de 51,8% para 42,1% nos últimos 5 anos.

Os setores de telecomunicações, energia elétrica e saneamento foram os mais afetados. No caso das operadoras, os ingressos de IED despencaram de 10,3% para 2,7%.

Para Lima, economista da Sobeet, a explicação é que houve forte concentração de investimentos logo após as privatizações, no fim dos anos 1990.

Composto por agropecuária e extrativismo mineral, o setor primário atraiu mais investimentos no último quinquênio, puxado pela extração de petróleo.

O percentual do setor petrolífero nos fluxos de IED saltou de 8,2% para 18,9% na média dos dois períodos.

O incremento reflete aportes de rodadas de petróleo concluídas no início dos anos 2000, já que os investimentos pesados costumam ocorrer cinco anos após os leilões.

Flávio Rodrigues, do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), destaca também o pesado plano de investimentos anunciado pela Petrobras, que acabou sendo acompanhado por suas parceiras estrangeiras.

Ele alerta, entretanto, que a ausência de rodadas nos últimos quatro anos tende a refletir um menor ritmo da curva de IED do setor.

“Isso deve aparecer nas próximas estatísticas, embora o pré-sal possa amortizar um pouco tais perdas”, diz ele, ao considerar que, manter o fluxo de recursos externos depende da constância dos leilões.

Apesar da perda de competitividade nos anos recentes, a indústria brasileira não viu seu percentual de atração de IED ser significativamente alterado.
Houve uma perda de apenas 1,2 ponto percentual do período 2003-2007 (38,6%) para o período 2008-2012 (37,4%).

Em termos absolutos, diz Lima, os recursos destinados a setores industriais nos últimos cinco anos foram até mais robustos.

De um lado, porque houve esgotamento de capacidade de setores como metalurgia e produtos químicos e, de outro, pela aposta em setores voltados ao consumo interno, como alimentos e bebidas, turbinados pelo incremento na renda da população. “Isso se soma à crise, que reduziu oportunidades em países da Europa e abriu novas frentes nos países emergentes”, diz.

A Sobeet aponta que a atração de IED para o Brasil nos últimos dez anos foi ao menos parcialmente influenciada por políticas públicas voltadas a atividades consideradas estratégicas em diferentes momentos.

Fonte: TNT Petróleo

segunda-feira, 4 de março de 2013

Brasil perdeu mercado por causa de entraves à competitividade, diz CNI

Exportações do Brasil perderam mercado não apenas por causa da crise econômica

Da Agência Brasil
Editora Globo 
 
 
As exportações do Brasil perderam mercado não apenas por causa da crise econômica, mas também devido à baixa competitividade de sua produção industrializada. As declarações foram dadas pelo gerente executivo de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca. A CNI divulgou hoje (4) o estudo Coeficientes de Abertura Comercial, que mostrou participação recorde das importações no consumo e exportações abaixo dos patamares de anos anteriores. Segundo o levantamento, o coeficiente de de participação dos importados no consumo doméstico ficou em 21,6%, maior valor desde o início da série histórica em 1996.

"Um país aberto, que exporta e importa, é bom. Se a participação [das importações] aumenta porque o país está entrando em cadeias produtivas, é uma coisa boa. Mas [no caso do Brasil] houve perda de competitividade muito mais do que integração na cadeia mundial de produção. Os coeficientes de exportação e importação deveriam crescer mais ou menos iguais", disse Fonseca.

Para ele, os componentes do chamado custo Brasil compromentem as vendas externas. "Estamos perdendo mercado na América Latina, nos Estados Unidos. O Brasil tem ima ineficiência que se chamaria de sistêmica. Carga tributária elevada, problema de infraestrutura, carência de mão de obra qualificada, dificuldade de empresas e trabalhadores fazerem acordos pela falta de flexibilidade."

De acordo com Fonseca, a indústria espera recuperar as exportações este ano com as medidas para diminuir os custos de produção anunciadas pelo governo, como desconto na conta de energia e desoneração da folha de pagamento. Porém, diz Fonseca, ainda é cedo para prever qual será o impacto real das mudanças que entram em vigor neste ano. "Deve haver impacto de redução de custo, mas é preciso ver o resultado final. A expectativa de exportação da indústria [para 2013] está mais positiva. Esperamos que o coeficiente de exportação continue crescendo e o de importações diminua."