Levantamento da Hays aponta rigidez no mercado de trabalho como principal dificuldade para contratar profissionais estrangeiros.
Entre os 27 países estudados pelo The Global Skills Index 2012, da
Hays, o Brasil é o país com menor flexibilidade para contratação de
estrangeiros. “O Brasil é o país mais fechado à mão-de-obra estrangeira
entre os emergentes”, diz Juliano Ballarotti, diretor na consultoria.
O principal problema com a entrada de executivos estrangeiros no
Brasil é uma unanimidade – a burocracia é longa e trabalhosa. “O prazo e
o custo acabam sendo muito longos, o que prejudica a tomada de decisão
da empresa”, afirma.
Embora esse tipo de estrutura proteja os brasileiros de uma invasão
estrangeira no mercado de trabalho, Ballarotti destaca que há países com
legislação mais flexível que não erram na gestão.
Para ele, Cingapura e Hong Kong são exemplos de emergentes que regulam a entrada de mão-de-obra estrangeira de forma eficiente.
A falta de qualificação profissional é o principal gargalo que tem
levado empresas a buscar mão-de-obra em países como Portugal e Espanha,
onde a crise econômica deixou profissionais sem trabalho.
Não são só as habilidades gerenciais que fazem falta no profissional
brasileiro. O estrangulamento é ainda maior nas áreas que requerem maior
capacidade técnica. “O que é ensinado nas escolas superiores não é tão
bem conectado com o dia-a-dia prático”, diz o diretor da Hays.
Indústrias sensíveis
Um dos resultados dessa estrutura educacional falha é a ausência de
profissionais em áreas de grande potencial econômico para o país.
Reclamar da falta de engenheiros já virou clichê e a indústria de óleo e
gás é uma das que mais sofre com a escassez de profissionais. “Ainda
não temos uma formação adequada no país”, diz.
No entanto, o problema não está somente nas atividades ligadas à
infraestrutura. Segundo Ballarotti, o setor de ciências da saúde e de
tecnologia da informação também tem sofrido com a falta de preparação
dos profissionais. “O aumento recente do consumo trouxe a escassez de
mão-de-obra qualificada também para o mundo do varejo”, acrescenta.
Bárbara Ladeia
(Exame – 07/03/2013)
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