terça-feira, 19 de março de 2013

DEMANDA URGENTE E BUROCRACIA LENTA

O governo brasileiro está estudando a possibilidade de ampliação da mão de obra estrangeira qualificada no país para aumentar o crescimento e a competitividade nacional. A afirmação foi dada (de novo) pelo subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros, durante encontro promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (ABESPetro), no Rio na sexta-feira passada (15/03/2013).

“A ampliação do número de trabalhadores estrangeiros qualificados no Brasil vai contribuir para evitar o aumento nos custos de produção e facilitar a incorporação de novas tecnologias, o que resultará em maior competitividade e crescimento econômico mais acelerado”, afirmou.

Nesta direção, o SAE está trabalhando na formulação de uma proposta para facilitar e estimular a entrada desses profissionais. Pois, o Brasil deixou de ser um país de imigrantes para se tornar um país de descendentes de imigrantes, definiu Barros, ao defender uma maior abertura para mão de obra estrangeira qualificada que, segundo ele, contribui para o aumento da competitividade, da inovação e para uma maior troca de conhecimento.

De acordo com ele, atualmente o Brasil tem um fluxo de pessoas muito inferior em comparação com outros países do mundo. O país precisaria ter cinco vezes mais imigrantes para alcançar a média latino-americana, dez vezes mais para alcançar a média mundial e cinquenta vezes mais para atingir a média da América do Norte e Oceania.

Em relação ao fluxo e intercâmbio de conhecimento, o subsecretário disse que o Brasil ainda é um país fechado. Segundo ele na visão dos imigrantes, o Brasil ainda é pouco atrativo e está na 27ª colocação no Índice Global de Talentos. Além disso, o processo de imigração no país é visto como caro e burocrático.

Barros indicou que a SAE está mapeando em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a empresa EMDOC, as principais dificuldades enfrentadas pelo estrangeiro que precisa ou tem interesse em atuar no Brasil. O trabalho contará com a opinião de 700 empresas brasileiras, que sofrem constantemente com a falta de mão de obra qualificada, como as companhias de petróleo.

Apenas 0,3% da população brasileira era de imigrantes em 2010, expôs Paes de Barros, um número que já foi de 7,3% por cento em 1900. Além de estar bem atrás de outros países, como Canadá, Austrália e Suíça, onde mais de 20% dos residentes são imigrantes, o Brasil possui uma média de idade avançada: 36% dos estrangeiros que vivem aqui já passaram dos 65 anos e estão fora da população economicamente ativa. Já a proporção mundial de idosos entre imigrantes em todo o mundo é de 12%.

O secretário defendeu regras mais claras e que reduzam a burocracia para contratação de estrangeiros. Ele expôs alguns pontos que já estão sendo estudados, como a ampliação dos tipos de vistos de trabalho, a liberação para que profissionais qualificados venham ao Brasil procurar emprego e a adoção de um sistema de aprovação prévia dos contratos de trabalho de estrangeiros, com aumento da fiscalização para garantir que não estão ocupando vagas que poderiam ser de brasileiros.

Outras iniciativas apontadas pelo secretário incluem permissões para que estrangeiros formados no Brasil possam buscar emprego no país e para que familiares de profissionais “importados” por empresas brasileiras tenham liberdade de buscar trabalho. Ao menos temporariamente, Paes de Barros afirmou que o foco do governo deve ser permitir apenas as contratações de profissionais com qualificações que não estão disponíveis no mercado brasileiro.

Representando o ministro da pasta, Moreira Franco, o secretário participou de um encontro promovido pela Associação Brasileira das Empresas de Serviço de Petróleo (AbesPetro) para discutir os benefícios da imigração para o país, que foi considerada um gargalo à produtividade pela associação.

 “Um exemplo é o segmento de apoio marítimo a embarcações especiais, que dispõe de profissionais formados pela Marinha. O mercado cresceu muito e muito rapidamente e a formação de funcionários pela Marinha não acompanhou”.

(Agências – 16/03/2013)

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