domingo, 17 de março de 2013

Dilma anuncia plano para melhorar as relações com o consumidor no país

Por Rafael Bitencourt, Thiago Resende e Yvna Sousa | Valor
BRASÍLIA - Nota atualizada às 12h37

A presidente da República, Dilma Rousseff, anunciou nesta sexta-feira um conjunto de medidas para garantir a melhoria na qualidade de produtos e serviços e incentivar o desenvolvimento das relações de consumo. Segundo Dilma, o plano melhorará o ambiente de negócio no Brasil.

Chamado Plano Nacional de Consumo e Cidadania, esse conjunto de decisões terá, para seu acompanhamento e fiscalização do cumprimento das determinações, uma Câmara Nacional de Relações de Consumo integrada pelos ministros da Justiça, da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, do Planejamento e da Casa Civil da Presidência da República.

Roberto Stuckert Filho/PR 
 
Dilma Rousseff, cumprimenta Juliana Pereira, Secretária Nacional do Consumidor, durante cerimônia de anúncio de medidas de proteção ao consumidor.
 
A primeira missão dessa câmara é, em 30 dias, criar uma relação de produtos essenciais ao consumidor. Qualquer problema verificado pelo consumidor em produtos incluídos nessa lista, desde que estejam na garantia, terá que ser solucionado imediatamente pelo fornecedor.

Para Dilma, a medida surge como um novo marco regulatório com grande importância para as relações de consumo no país. A presidente avalia que  a formulação do Plano elevará as medidas de reconhecimento dos direitos dos consumidores ao status de política de Estado.

“Sabemos que a relação entre produtor e consumidor não é por sua natureza antagônica. Ao contrário, produtores, comerciantes e consumidores têm papel complementares e as vezes simultâneos. São parceiros e atores decisivos”, disse Dilma.

Agências fortes

Dilma defendeu o fortalecimento das agências reguladoras e a formulação de prazos e metas para esses órgãos e também para outros serviços públicos.

“O Estado precisa ser cobrado dentro e fora do governo”, disse. Além disso, “precisa oferecer melhor fiscalização e qualidade dos serviços regulados”, completou em discurso durante lançamento do Plano Nacional de Consumo e Cidadania.

“Para isso, é necessário e é fundamental o fortalecimento das nossas agências reguladoras que devem atuar de forma técnica e, sempre que possível, preventiva para assegurar qualidade dos serviços que regulam”, ressaltou a presidente.

Segundo ela, isso é possível com o cumprimento de prazos e metas estabelecidos.
“Não é possível que o serviço público brasileiro não tenha compromisso com prazo. Eu insisto muito nisso”, discursou. "Temos que ter uma visão crítica de nós mesmos”, afirmou.

Durante sua fala na cerimônia no Palácio do Planalto, Dilma repetiu por diversas vezes que o governo quer ampliar o acesso aos serviços públicos e com qualidade, citando como exemplo atendimentos em saúde, educação, segurança e infraestrutura.

Ontem, Dilma retirou de tramitação um projeto de lei enviado pelo presidente Lula que enfraquecia as agências reguladoras.

Fiscalização

Nesta primeira etapa do plano, três comitês técnicos vão formar um observatório nacional das relações de consumo. O Comitê Técnico Consumo e Regulação será  responsável pela implementação de providências para reduzir os conflitos nos serviços regulados. O de Consumo e Turismo vai atuar para o aprimoramento dos serviços de atendimento aos turistas nacionais e estrangeiros, especialmente em grandes eventos.

O terceiro comitê é o de Consumo e Pós-Venda, que terá função de melhorar os procedimentos de atendimento ao consumidor e criar indicadores de qualidade das relações de consumo. Esses comitês serão formados por representantes de ministérios e agências reguladoras.

Um dos focos da inciativa do governo é a melhora da qualidade dos serviços prestados nos país. Dilma reconheceu que a “principal carência” está nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Atuação regional

Dilma considera fundamental a atuação das agências regionalizadas de assistência técnica, que deve gerar benefícios para o consumidor, empresas e trabalhadores. Ele informou que o Brasil reúne desafios que são próprios de países de dimensão continentais e em desenvolvimento.

Dilma destacou o ganho de importância que o comércio eletrônico tem registrado no país. “Com expansão da rede de banda larga no país, o comercio eletrônico será de grande importância”, disse.

Como parte do plano, um projeto de lei para fortalecer os Procons será enviado ao Congresso Nacional. A partir da aprovação desse projeto, acordos feitos em todos os Procons serão considerados títulos executivos judiciais. Essa medida, além de estimular a melhoria na qualidade de serviços e produtos, vai reduzir o número de conflitos entre fornecedores e consumidores que chegam ao Judiciário. 

Para o setor de comércio eletrônico, um decreto garantirá ao consumidor o direito a informações claras e objetivas a respeito da empresa que está vendendo alguma coisa e do produto, ou serviço que está sendo prestado. O mesmo decreto cria a procedimentos claros sobre o exercício do direito de arrependimento e obriga à criação do canal de atendimento ao consumidor. 

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