Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os Estados Unidos reconheceram a cachaça como produto de
origem exclusiva brasileira. A decisão vale a partir de 11 de abril e
significa que, para levar no rótulo o nome de cachaça, o produto deverá
ser fabricado no Brasil e de acordo com os padrões de qualidade brasileiros. Atualmente, o destilado é vendido nos EUA sob o nome genérico de brazilian rum. O Brasil também reconhecerá como destilados exclusivos norte-americanos o bourbon e o tenessee whiskey em um prazo de 30 dias.
O reconhecimento foi divulgado hoje (27) pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Na avaliação do secretário de
Relações Internacionais da pasta, Célio Porto, a mudança abrirá o
mercado dos EUA para a cachaça brasileira. Para Vicente Bastos,
presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), haverá
desenvolvimento da produção do destilado, com aumento das exportações,
atualmente em um patamar modesto. "No ano passado foram apenas US$ 20
milhões, dos quais US$ 2 milhões foram para os Estados Unidos", disse.
De acordo com ele, a cadeia produtiva da cachaça emprega cerca de 600
mil pessoas em todo o país.
Para Bastos, além de impulsionar o mercado, a alteração nas regras
norte-americanas é o primeiro passo para assegurar a manutenção da
qualidade do produto. "Nós temos que evitar o que ocorreu com a vodca e
com o rum. Um era da Rússia e o outro do Caribe, mas transformaram-se em
destilados genéricos, que qualquer país pode fabricar. Além da perda de
mercado, isso traz perda de qualidade. Com o reconhecimento, para levar
o nome de cachaça [a bebida] terá que se espelhar em nossos padrões. No
Brasil há um decreto definindo o que é cachaça, mas tem que obter a
regulamentação do restante dos países", disse, referindo-se ao Decreto n° 4062/2001.
Segundo o presidente do Ibrac, o reconhecimento dos EUA é resultado
de negociações iniciadas em 2001 com a participação do governo e do
setor privado. Há conversações iniciadas também com a União Europeia
sobre o assunto. "Na Comunidade Europeia há vários exemplos de marcas de
destilados, vinhos e queijos que são considerados exclusivos. Isso
ajuda a assegurar mercado para o país produtor", disse.
Edição: Fábio Massalli
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