1,5 mil viajantes assíduos vão participar de programa que descarta fila de imigração
20 de março de 2013 | 0h 10
Iuri Dantas e Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo
Diante das dificuldades em acabar com a exigência de
visto entre os dois países, os governos do Brasil e dos Estados Unidos
acertaram ontem a participação inicial de 1.500 viajantes frequentes no
programa Global Entry, que permite a entrada em território americano sem
passar pelas filas de imigração.
Mas a facilidade não vai beneficiar turistas eventuais, apenas os
brasileiros que visitam os EUA com assiduidade, na maioria das vezes em
viagens a trabalho.
Não há data para o início da experiência com brasileiros porque ainda
há pontos em negociação entre o Itamaraty e o Departamento de Estado.
A decisão de entrar
no Global Entry, espécie de prêmio de consolação, foi tomada por causa
da resistência brasileira em atender a exigências do governo de Barack
Obama, segundo revelou o Estado na segunda-feira, 18.
Os EUA querem que o Brasil diga quando o viajante responder a processo
ou for suspeito de terrorismo, o que não combina com o ordenamento
jurídico brasileiro.
Nesta terça-feira, 19, a participação no Global Entry foi anunciada
pelo empresário Josué Christiano Gomes da Silva, executivo da Coteminas.
O anúncio evidenciou a diferença de abordagem entre setor privado e
governo: o empresário informou que os dois países assinaram um acordo de
intenções que resultaria no início do Global Entry em "duas ou três
semanas". Minutos depois, o Itamaraty e o embaixador americano no
Brasil, Thomas Shannon, disseram que mesmo o tratado de intenção ainda
exige negociações.
No caso do Global Entry, o impasse se refere a dados fiscais e
tributários de empresários. As informações são exigidas pelos EUA, mas a
Receita Federal resiste em fornecer o material.
Meta.
"É um passo intermediário para chegarmos à
dispensa do visto", afirmou Gomes da Silva, filho do ex-presidente José
Alencar. "A meta, que era sempre ter a dispensa do visto, parecia
distante e inalcançável, hoje posso dizer que está ao alcance dos
olhos." Indagado se concordava com a visão do empresário brasileiro, o
embaixador Shannon respondeu: "Sim, mas o horizonte às vezes é longe, há
muito interesse dos dois países em chegar a um programa recíproco".
No início do ano passado, o presidente Barack Obama defendeu a
entrada do Brasil na lista de países isentos da exigência de visto em
discurso na Disney. O objetivo era atrair turistas brasileiros para
compras nos EUA.
De acordo com o embaixador americano, o programa-piloto vai começar voltado para viajantes "confiáveis".
As regras do Global Entry são as mesmas para todos os países do programa, como Alemanha, Japão e Reino Unido. O viajante recebe um cartão com código de barras que pode ser lido por um quiosque eletrônico nos aeroportos dos EUA e não precisa entrar na fila de imigração. O cartão tem validade de cinco anos
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