Rede hoteleira quer mão de obra ibérica já para Copa das Confederações. Desemprego na Espanha e Portugal, e falta de capacitação no País viram alternativa, mas negociações com governo federal estão lentas.
Aproveitar o alto desemprego na Espanha e Portugal para sanar o
problema da falta de capacitação da mão de obra brasileira para a rede
hoteleira tendo em vista a Copa das Confederações, este ano, e a Copa do
Mundo de 2014. Este é uma das soluções apresentadas pelo Fórum de
Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), após reunião com a agência
oficial de viagens da Fifa (Match), e com a Confederação Brasileira de
Futebol (CBF), no Rio de Janeiro.
“Precisamos de programas de atração de mão de obra de fora, como os
países ibéricos, que hoje estão com o desemprego na casa dos 25%”,
afirmou o presidente do FOHB, Roberto Rotter, sem destacar a
possibilidade de buscar estrangeiros de outros países para os dois
eventos futebolísticos que o País receberá em 2013 e 2014.
“Como atender a todos estes turistas que virão, esses hotéis
novos que serão erguidos, se não tivermos um programa específico que
nos ajude a desenvolver capacitação e profissionalização. Esse é o
problema nós estamos trabalhando junto com o governo”, destacou ainda
Rotter, que vê um “gap” de mão de obras principalmente para cargos que
considera de “média gerência, como maitre, por exemplo, ou mesmo
gerentes”.
A ideia é estabelecer junto com o governo federal (Ministério do
Turismo e Relações Exteriores) uma espécie de flexibilização da
Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) de forma a obter condições excepcionais para a entrada destes
estrangeiros mais bem qualificados para atender os 6,7 milhões de
turistas que são esperados em todo o Brasil em cada ano.
“Não temos como mudar as leis trabalhistas, mas temos que buscar alternativas.
Hoje você não pode contratar por horas de trabalho, já que, num dia,
podemos precisar de um garçom, por exemplo. No Brasil isso não é
permitido. Com essa flexibilização, seriam trabalhos legais, com seus
impostos recolhidos, seguridade garantida, seria um facilitador.
Deixaria de ter um subemprego, já que hoje você não pode terceirizar uma
camareira, só um segurança, só para exemplificar, que não é o meu
objetivo”, complementou o presidente do FOHB.
As tratativas com o governo, de acordo com Rotter, “estão lentas”, e
que o governo federal “não é tão objetivo como nós. Pedem o nosso
empenho, mas o retorno é mais moroso. A política nesse sentido não
auxilia”. Outro plano diz respeito ao visto de trabalho para os
estrangeiros – já que hoje sua permanência no Brasil está restrita, no
caso de Espanha e Portugal, por exemplo, a apenas seis meses, sem
vínculo empregatício.
Ao mesmo tempo em que negocia a participação de estrangeiros dentro
da rede hoteleira para a Copa do Mundo, a entidade vê ainda como
necessária a continuidade de programas de capacitação da mão de obra
local uma alternativa já empregada nos EUA, onde parte do imposto
recolhido torna-se verba para incentivar a qualificação dos
trabalhadores. No total, serão 848 hotéis contratados para as 12 cidades
sedes, além de outros municípios do entorno.
André Naddeo
(Terra Esporte – 07/03/2013)