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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
Universidades negras dos EUA iniciam hoje busca de acordos acadêmicos no Brasil
Apex-Brasil e ABEEólica promoverão ações para atrair investimentos
Ações serão desenvolvidas prioritariamente nos Estados Unidos,
Dinamarca, Espanha e Alemanha. Acordo de cooperação prevê também apoio
para a realização de ações de promoção comercial voltadas para empresas
do setor
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil) e a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)
assinaram na última quarta-feira, 14, acordo de cooperação técnica pelo
qual as duas entidades passarão a desenvolver em parceria ações de
promoção comercial e para atração de investimentos estrangeiros diretos.
O objetivo é ampliar as exportações do setor, contribuir para
consolidar a cadeia produtiva e ampliar a competividade das empresas
brasileiras no mercado internacional.
“Este acordo vem fortalecer as relações entre a Apex-Brasil e a
ABEEólica, iniciadas para o fortalecimento da cadeia produtiva do setor e
que agora permite ir para a segunda vertente de ação da Agência, a
promoção comercial”, disse o diretor de Negócios da Apex-Brasil, Ricardo
Santana.
“A cadeia industrial brasileira de energia eólica está se consolidando e
os investimentos no setor aumentam ano a ano em várias partes do mundo.
Por isso, acreditamos que, com apoio da Apex-Brasil, as empresas
brasileiras poderão aproveitar estas oportunidades e contribuir para
aumentar as exportações brasileiras com produtos de uso intensivo de
tecnologia”, afirma a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Melo.
O acordo de cooperação técnica tem validade de dois anos e poderá ser
renovado. Por meio dele, a Apex-Brasil apoiará a ABEEólica com estudos,
organização de missões e/ou eventos que contribuam para consolidar a
imagem do Brasil como um cluster eólico.
Inicialmente, serão realizadas ações de promoção comercial nos países
do Cone Sul (Chile, Argentina, Uruguai e Paraguai) e países africanos.
As ações para atração de investimentos estrangeiros diretos para o setor
serão desenvolvidas prioritariamente nos Estados Unidos, Dinamarca,
Espanha e Alemanha.
Desde 2012, a Apex-Brasil atua em parceria com a ABEEólica em ações
para atração de investimentos estrangeiros diretos para o segmento de
energia eólica no Brasil.
CERTIFICADO
Com as presenças dos ministros de Minas e Energia, Edson Lobão, e do
Meio Ambiente, Izabela Teixeira, e do diretor de Negócios da
Apex-Brasil, Ricardo Santana, a ABEEólica e a Associação Brasileira de
Energia Limpa (Abragel) lançaram também nesta quarta-feira, na sede da
Agência, o Certificado e o Selo de Energia Renovável voltados para as
fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). O
objetivo é agregar valor aos empreendimentos de geração e consumo de
energia renovável que, além de cumprir as exigências legais às quais
estão sujeitos, desenvolvem programas socioambientais voluntários, que
ratificam seus compromissos com a sustentabilidade.
Mais informações
Assessoria de Imprensa da Apex-Brasil
(61) 3426-0202
Petrobrás agravou prejuízo com refinaria ao tentar evitar condenação
Área jurídica recomendou pagamento em caso de condenação, mas conselho presidido por Dilma desobedeceu
21 de agosto de 2013 | 13h 46
Sabrina Valle, da Agência Estado
RIO - Na tentativa de evitar o cumprimento de condenação
arbitral de abril de 2009 proferida em Houston, no Texas, no caso da
refinaria de Pasadena, a Petrobrás acabou elevando seu prejuízo na
aquisição da unidade americana, já estimado na casa de US$ 1 bilhão.
Land Use Database/Reprodução
Refinaria de Pasadena, no Texas: perda já chega a US$ 1 bilhão
A decisão, determinada pelo conselho de administração da
companhia, à época presidido pela então ministra da Casa Civil Dilma
Rousseff, acarretou o pagamento extra de US$ 181,4 milhões, segundo
documentos obtidos pelo Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado.
Atas de reuniões do conselho de administração e da diretoria,
que não fazem parte do material investigado por autoridades e
congressistas, expõem uma orientação da área jurídica em 2009 de honrar o
pagamento em caso de decisão judicial contrária à empresa.
Houve condenação e a Petrobrás ainda assim recusou-se a pagar.
Procurada, a companhia não se manifestou sobre o assunto.
O Ministério Público (MP) junto ao Tribunal de Contas da União
(TCU) analisou farto material da petroleira numa ação que corre em
sigilo a pedido da Petrobrás. A conclusão foi de que não houve respaldo
jurídico para o descumprimento das decisões arbitrais e judiciais.
O MP informou que vai apurar a responsabilidade pelo prejuízo
aos cofres públicos e encaminhou representação ao TCU por indícios de
gestão temerária.
A arbitragem foi iniciada em junho de 2008, a pedido do próprio
conselho da Petrobrás. A estatal perdeu em todas as instâncias e só
fechou acordo no ano passado. Pagou, ao todo, US$ 1,18 bilhão por uma
refinaria antiga e de baixa complexidade (refina óleo leve) que custava
US$ 42,5 milhões em 2005.
"No material que analisamos não encontramos justificativa legal
(para descumprir as decisões arbitrais e judiciais), era causa perdida
na Justiça. É preciso apurar a responsabilidade dos conselhos fiscal e
de administração, pois houve prejuízo muito considerável aos cofres
públicos", disse o procurador do MP junto ao TCU, Marinus Marsico.
Gestão temerária. A suspeita de gestão temerária é mais
um episódio envolvendo a diretoria Internacional da companhia com
possibilidade de prejuízo para acionistas. As operações da área também
são alvo de investigações de autoridades por causa de um contrato
suspeito de irregularidade com a Odebrecht, da venda da refinaria San
Lorenzo (Argentina) e da contratação de um navio sonda pela empresa
Vantage.
Ganharam força depois de denúncia, publicada pela Revista Época,
de um ex-funcionário da Petrobrás sobre desvio de recursos na empresa e
distribuição de comissão para políticos. As investigações são feitas
por Congressistas, pelo MP, pelo TCU e pelo Ministério Público Federal
no Rio (MPF).
O conselho de administração da companhia entrou em arbitragem
com o objetivo de minimizar perdas para a estatal e reverter um acordo
feito pelo então diretor da área Internacional da Petrobrás, Nestor
Cerveró (hoje diretor da BR Distribuidora).
Entre os motivos para o conselho tentar desfazer o negócio
estava o preço da transação. O diretor também foi procurado pelo Broadcast, mas a comunicação sobre o caso está concentrada no comando da Petrobrás.
A comercializadora de energia belga Astra havia comprado 100% da
refinaria em 2005 por US$ 42,5 milhões. Um ano depois, a Petrobrás
comprou dos belgas metade da refinaria proporcionalmente por 17 vezes
mais, US$ 360 milhões. O conselho tentava reverter a compra da segunda
metade, em que a Petrobrás estava disposta a pagar, em 2007, o dobro do
que havia pago no ano anterior e 37 vezes mais do que pagaram os belgas
por 50% do mesmo ativo.
Seriam US$ 700 milhões, mais uma "alocação especial" de US$ 85
milhões, segundo carta de 5 de dezembro de 2007, numa negociação que
teria sido fechada pelo diretor sem o conhecimento do conselho. "A
alocação especial ('a alocação especial remanescente de US$ 85 milhões')
será paga em 17/02/2008 ou no fechamento do negócio", diz a carta.
O caso chamou a atenção do conselho de administração presidido
por Dilma e, em junho de 2008, o órgão decidiu entrar em arbitragem para
invalidar o acordo e minimizar outras perdas para a Petrobrás. A
companhia belga resolveu exercer o direito de vender sua parte no
negócio (put) e vários processos foram abertos entre as partes depois
disso.
A Petrobrás perdeu a arbitragem em abril de 2009 e teria que
pagar à belga US$ 639,1 milhões. Recorreu, mas perdeu de novo, em
confirmação de sentença de junho daquele mesmo ano.
Em 09 julho de 2009, a diretoria executiva se reuniu para
discutir o encaminhamento, como revela a pauta da ata: "Atualizar o
conhecimento do conselho de administração sobre os diversos processos em
andamento relativos ao contencioso de Pasadena, expondo a estratégia de
atuação com relação às diversas demandas, inclusive no que respeita
àquela relativa à validade da carta de intenções de 5/12/2007".
Três semanas depois, o caso chegou ao conselho de administração, de acordo com a ata de 30 de julho de 2009.
Orientação jurídica. Os documentos mostram que o
corpo jurídico da Petrobrás estava de acordo com a decisão de recorrer
das condenações em 2009, no âmbito da arbitragem. Recomendava que, se
confirmada por decisão na Justiça comum ou acordo para tomada de
controle, a pena fosse paga.
Cortes estaduais da Justiça (comum) do Texas confirmaram decisão
da arbitragem em primeira e segunda instâncias em março (comunicado da
Petrobrás de 12/03/2010) e dezembro de 2010. Ainda assim, a Petrobrás
não pagou e continuou com os diversos pleitos na Justiça.
A arbitragem é uma espécie de Justiça privada, acertada
previamente entre as empresas em contrato, como alternativa ao Poder
Judiciário. Apesar de privada, tem o mesmo efeito da Justiça comum.
"Entende o Jurídico da Petrobrás (...) O pagamento dessa opção
de venda e demais condenações objeto do processo arbitral só deverá ser
efetuado após decisão judicial de confirmação ou mediante assinatura de
termo de acordo", diz a ata da reunião de 2009.
Três anos depois, em junho de 2012, a Petrobrás pagou US$ 820,5
milhões num acordo para encerrar as disputas e adquirir o restante da
refinaria. O valor inclui correção monetária e juros de 5% ao ano
estabelecidos em contrato. Mas também as obrigações devidas à Astra não
detalhadas pela petroleira. A diferença entre o valor inicial devido e o
efetivamente pago foi de US$ 181,4 milhões. Caso tivesse cumprido com o
acordo fechado pela área Internacional, mesmo pagando caro, teria
gastado US$ 35 milhões a menos.
Três fontes ouvidas pelo Broadcast, uma delas presente
às reuniões do conselho de administração em que se discutiu Pasadena,
sustentam que teria sido da presidente do Conselho, a então ministra da
Casa Civil, Dilma Rousseff, a decisão final e preponderante de entrar
com processo arbitral e de recorrer das derrotas. Dilma deixou a
presidência do conselho em março de 2010, ano que se candidatou à
Presidência. Procurado, o Palácio do Planalto também não se manifestou.
O caso também é investigado pelo Tribunal de Contas da União,
pelo Congresso e pelo Ministério Público Federal no Estado do Rio de
Janeiro (MPF), que instaurou em junho procedimento investigatório
criminal. "A atuação do ministério Público é impessoal", disse Marsico.
Procurada, a Petrobrás preferiu não comentar. A companhia alega que o
acordo de US$ 820 milhões minimizou as perdas para a empresa, que
poderiam ter chegado a US$ 1,312 bilhão.
O ex-presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, defendeu o
negócio em audiência na semana passada (06) no Senado. Lembrou que o
cenário do setor internacional de refino era completamente diferente e
que, na época, os valores eram adequados. O executivo, hoje secretário
de Planejamento do governo da Bahia, disse não saber explicar a
diferença de US$ 181,4 milhões entre o que foi acordado no tribunal de
arbitragem e o valor do acordo.
O executivo alegou que já não era mais presidente (saíra quatro
meses antes) quando o acordo foi anunciado. "Estou falando de uma
decisão judicial de 2010. Os termos do acordo são de junho de 2012. Eu
saí da Petrobras em fevereiro de 2012", afirmou Gabrielli. "Pode ter
sido juros, honorários advocatícios, acordos em razão de outras
cláusulas que apareceram. Eu não sei."
“Caiu o mito!”
Peças de grifes famosas são feitas por mão-de-obra barata em confins do mundo
Uma série da acidentes e incidentes envolvendo fábricas de roupas em Bangladesh e Vietnã,
ao longo deste ano, lançou luz sobre as precárias condições de trabalho
da indústria de vestuário naqueles confins do mundo. E, como não
poderia deixar de ser, abriu uma discussão sobre ética nos negócios.
Não
deixo de me engajar nela, mas o que mais me chamou a atenção nessas
tragédias não foi a previsível discussão acerca do dilema que a economia
globalizada nos impõe todos os dias: priorizar nosso lado consumidor ou
cidadão. Afinal, sabe-se de cor que roupas baratas são excelentes iscas
para agradar ao primeiro, mas jamais seriam aprovadas pelo segundo,
presumivelmente conhecedor das condições em que são produzidas.
Por
isso, interessou-me mais outro aspecto desses episódios. Algumas das
fábricas onde os acidentes aconteceram não produziam roupas apenas para
varejistas barateiros, como Zara, H&M, Gap e Wal Mart.
Fabricavam-nas para grifes como Giorgio Armani, Ralph Lauren e Hugo Boss
(ao menos as peças mais simples, como camisetas). Quando essas peças
chegavam ao varejo americano, recebiam um mark-up violentamente maior
que suas “assemelhadas” sem grife, mesmo que a diferença de qualidade
entre elas ficasse resumida a detalhes – coisa de centavos no custo
unitário de produção.
Não sei se já contei aqui, mas, em todo
caso, repito. Anos atrás, tive contato com uma dona de casa que se
tornara sócia de uma butique sofisticada da qual era, até aquele
momento, cliente. Selada a sociedade, a recém-microempresária foi
convocada pela sócia veterana a conhecer os meandros do negócio,
percorrendo durante um dia inteiro os principais fornecedores da loja:
costureiras, fabricantes de tecido, armarinhos, etc. Exausta ao fim do
dia, resumiu assim suas impressões: “Caiu o mito!”.
A exclamação tinha sentido óbvio: fora das lojas, fora das páginas de revistas e fora dos desfiles, os produtos que antes encantavam perdiam a aura, o significado; tornavam-se meras mercadorias produzidas em série, objetos de preço baixo e sem glamour, visto que vindos de fabriquetas de fundo de quintal e de lojinhas de periferia. Ela vira que o preço que pagava até então como cliente da butique não vinha exatamente da qualidade da matéria-prima ou da sofisticação do processo de produção, e sim pura e simplesmente da marca, da grife que sua agora-sócia imprimia às peças.
(Caso refizesse esse périplo hoje, encontraria mão-de-obra boliviana em más condições de trabalho produzindo para Le Lis Blanc e Bo.Bô, segundo a Folha de S. Paulo de fins de julho).
A exclamação tinha sentido óbvio: fora das lojas, fora das páginas de revistas e fora dos desfiles, os produtos que antes encantavam perdiam a aura, o significado; tornavam-se meras mercadorias produzidas em série, objetos de preço baixo e sem glamour, visto que vindos de fabriquetas de fundo de quintal e de lojinhas de periferia. Ela vira que o preço que pagava até então como cliente da butique não vinha exatamente da qualidade da matéria-prima ou da sofisticação do processo de produção, e sim pura e simplesmente da marca, da grife que sua agora-sócia imprimia às peças.
(Caso refizesse esse périplo hoje, encontraria mão-de-obra boliviana em más condições de trabalho produzindo para Le Lis Blanc e Bo.Bô, segundo a Folha de S. Paulo de fins de julho).
Tempos atrás, uma publicação voltada à informação de consumidores, nos EUA, publicou um teste em que mostrava que camisetas pólo de um grande magazine do país tinham qualidade superior às da estrelada grife Ralph Lauren – que, por sua vez, custavam sete vezes mais. Mostrou, também, que suéteres de US$ 340 de uma loja famosa de Nova Iorque tinham qualidade apenas levemente superior aos de US$ 25 vendidos no Kmart, uma das mega-redes de descontos americana.
Pois é. Como bem dizia
Jean Baudrillard, a sociedade de consumo é a “sociedade do signo”; uma
sociedade na qual não se consomem mercadorias de valor utilitário, e sim
aquilo que elas representam: liberdade, sofisticação, poder econômico.
Difícil não enxergar o episódio das fábricas de Bangladesh e Vietnã por
esse prisma. E difícil não dar um pouco de razão a um costureiro
boliviano ouvido pela Folha a respeito de uma peça que saía de sua
oficina paulistana por R$ 15 ser vendida numa loja de grife por R$ 400:
“É um absurdo, mas a gente não pode fazer nada”.
Será que não podemos?
Será que não podemos?
Um valor que é retornável
a política nacional de resíduos sólidos deu um estímulo extra às empresas que lidam com um desafio cada vez mais presente: encontrar um destino para seus produtos depois do consumo
Por Ricardo Lacerda
Este não é um filme de ficção. Existe um lugar chamado Ilha das Flores.
Deus não existe.” Escrito sobre uma tela preta e com letras garrafais, o
prólogo do curta-metragem Ilha das Flores, de Jorge Furtado, dá a
tônica do filme-denúncia de 13 minutos, lançado em 1989, e que pode ser
facilmente encontrado no YouTube.
Diante de um pedagógico acompanhamento
do ciclo de vida de um tomate – desde o plantio até chegar, já podre, a
pessoas paupérrimas –, o telespectador se vê diante de uma malfadada
cadeia alimentar. Felizmente, aquela realidade está ficando para trás.
Mais de duas décadas depois, o Brasil se mostra cada vez mais mais
atento ao desafio de dar a correta destinação a resíduos.
A mais
célebre iniciativa nesse sentido remete a meados de 2010. Trata-se da
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), legislação que tem se
mostrado uma espécie de divisor de águas no que diz respeito à
destinação de detritos não orgânicos no país.
A lei, que estabelece
instrumentos de enfrentamento de problemas ambientais, sociais e
econômicos decorrentes do manejo inadequado de resíduos sólidos, traz
entre suas principais diretrizes a proposta de aumentar os níveis de
reciclagem e reutilização de itens passíveis de reaproveitamento. Também
define que a responsabilidade pela gestão dos resíduos deve ser
compartilhada entre todos – fabricantes, importadores e distribuidores.
A
fiscalização, por sua vez, cabe ao ente público, o que envolve uma
divisão de esforços entre União, Estados e municípios. “O tema já vinha
sendo tratado há bastante tempo pela legislação. A novidade, que já não é
tão novidade assim, está no fato de que se criou uma política nacional
para ele”, explica Bibiana Azambuja da Silva, especialista em Direito
Ambiental da Veirano Advogados.
Na prática, o que havia no Brasil era um acúmulo de regramentos impostos sem um critério claro – ou, dependendo dos casos, ordenados local ou regionalmente, sem uma unidade nacional. Enquanto determinados segmentos já estavam enquadrados em alguma norma há mais tempo, como os mercados de pneus, as embalagens de agrotóxicos e de pilhas e baterias, outros careciam de normas específicas de destinação no pós-consumo.
João César Rando, presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), lembra que o setor de agrotóxicos tem uma legislação própria desde o ano 2000. “Já tínhamos, muito antes disso, um projeto piloto de logística reversa que serviu como referencial, pois começamos a trabalhar junto com os legisladores e ajudamos a construir a lei do setor”, destaca. À época, predominava a opinião de que o estabelecimento de regras e obrigações significaria um incômodo para quem tivesse de cumpri-las.
Felizmente, o prognóstico estava errado. “Pensávamos que
poderia haver resistência por parte do produtor, mas não. As embalagens
já eram um problema e eles queriam uma solução, então aderiram muito
rápido”, explica. Hoje, segundo o inpEV, existem no Brasil mais de 5
milhões de propriedades agrícolas incluídas no chamado Sistema Campo
Limpo, que registra índice de recolhimento de embalagens de agrotóxicos
superior a 90%.
Foram legislações isoladas como essa que ajudaram a dar vida à PNRS. Agora, mais de dois anos depois da promulgação da lei, o país passa por um processo de enquadramento dos atores envolvidos no processo. Além dos planos que devem ser desenvolvidos pelo poder público, alguns setores-chave da economia devem formular suas previsões de gerenciamento de resíduos.
Entre eles, destacam-se a indústria, as
atividades da área da saúde, os serviços públicos de saneamento básico, a
mineração, a construção civil, os portos e aeroportos e até mesmo os
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços geradores de
resíduos danosos ao meio ambiente.
“Os acordos setoriais estão sendo
costurados, assim como os regulamentos e os termos de compromisso. Caso
algum acordo setorial não seja efetivado, a legislação prevê a exigência
da logística reversa por meio de decreto”, explica Bibiana. Ou seja:
quem não se adaptar à nova realidade, irá sofrer sanções.
Para Sabetai Calderoni, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável (Ibrades), o desafio parece mais complexo do que de fato é. “Não adianta mais o consumidor fazer o descarte. Agora, a própria indústria tem de criar mecanismos econômicos que façam o material voltar sem custo, instituindo uma diferença de preço vantajosa para o consumidor que faz a devolução.
” Para isso, Calderoni sugere que seja
replicada uma prática há anos conhecida no país: a reutilização do
vasilhame de garrafas de cerveja. “A ideia é a mesma para os mais
diversos tipos de produto, oferecendo interesse econômico a quem
consome, que não é louco de jogar o que tem valor em qualquer lugar. A
parte mais sensível do corpo humano ainda é o bolso”, ironiza.
Ora embalagem, ora display
A despeito de leis ou regramentos isolados, cada vez surgem mais companhias engajadas em se adiantar às obrigações da Justiça. Um exemplo disso é a PepsiCo,
Ora embalagem, ora display
A despeito de leis ou regramentos isolados, cada vez surgem mais companhias engajadas em se adiantar às obrigações da Justiça. Um exemplo disso é a PepsiCo,
“Em matéria de lixões, ainda estamos na Idade Média. Temos um prazo para acabar com eles. Quem não cumprir vai pagar.”
Primeiro cartão salário pré-pago do Brasil é lançado em evento em SP
Mecanismo dispensa criação de conta em banco
A UNIK e a MasterCard lançaram nesta terça-feira (20), no CONARH
2013, o primeiro cartão pré-pago de salário do mercado brasileiro. O
novo meio de pagamento – segundo as companhias - será aceito em mais de
1,8 milhão de estabelecimentos.
Os funcionários das empresas que adotarem o cartão como meio de pagamento do seu salário poderão pagar contas e fazer compras, recarregar celular, fazer saques em caixas eletrônicos, além de terem acesso a descontos e benefícios.
A Unik e a MasterCard se demonstraram otimista com o investimento. Para se ter ideia do potencial desse mercado, hoje cerca de 50% dos brasileiros ainda recebem seus salários em papel moeda, segundo o Banco Central”, diz comunicado divulgado à imprensa.
Inclusão
De acordo com o presidente da UNIK, José Roberto Kracochansky, o cartão contribui ainda para a inclusão financeira no país. “Lançar um cartão para pagamento destinado aqueles que não têm acesso aos serviços financeiros é um movimento inovador no mercado brasileiro. Em mercados desenvolvidos como Estados Unidos e Europa, os cartões pré-pagos para pagamento de salários já são muito populares pelas vantagens oferecidas a empresas de todos os tamanhos e acredito que no Brasil o mesmo vai acontecer rapidamente. Com isso, esperamos superar a marca de 1 milhão de cartões salário emitidos”, completa o executivo.
Alexandre Magnani, vice-presidente de novos negócios da MasterCard, lembra que o cartão pré-pago também é um instrumento de controle. “O cartão pré-pago é um meio eletrônico de pagamento seguro, flexível e inteligente, que oferece benefícios de pequenas a grandes empresas e ao consumidor final”, explica o executivo. “O mercado brasileiro de cartões pré-pagos oferece grandes oportunidades de negócios e deve registrar um salto nos próximos anos e movimentar US$ 65 bilhões em 2017”, ressalta Magnani.
Os funcionários das empresas que adotarem o cartão como meio de pagamento do seu salário poderão pagar contas e fazer compras, recarregar celular, fazer saques em caixas eletrônicos, além de terem acesso a descontos e benefícios.
A Unik e a MasterCard se demonstraram otimista com o investimento. Para se ter ideia do potencial desse mercado, hoje cerca de 50% dos brasileiros ainda recebem seus salários em papel moeda, segundo o Banco Central”, diz comunicado divulgado à imprensa.
Inclusão
De acordo com o presidente da UNIK, José Roberto Kracochansky, o cartão contribui ainda para a inclusão financeira no país. “Lançar um cartão para pagamento destinado aqueles que não têm acesso aos serviços financeiros é um movimento inovador no mercado brasileiro. Em mercados desenvolvidos como Estados Unidos e Europa, os cartões pré-pagos para pagamento de salários já são muito populares pelas vantagens oferecidas a empresas de todos os tamanhos e acredito que no Brasil o mesmo vai acontecer rapidamente. Com isso, esperamos superar a marca de 1 milhão de cartões salário emitidos”, completa o executivo.
Alexandre Magnani, vice-presidente de novos negócios da MasterCard, lembra que o cartão pré-pago também é um instrumento de controle. “O cartão pré-pago é um meio eletrônico de pagamento seguro, flexível e inteligente, que oferece benefícios de pequenas a grandes empresas e ao consumidor final”, explica o executivo. “O mercado brasileiro de cartões pré-pagos oferece grandes oportunidades de negócios e deve registrar um salto nos próximos anos e movimentar US$ 65 bilhões em 2017”, ressalta Magnani.
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Sexo funciona? Veja como o marketing tem explorado o erotismo na publicidade
O apelo sexual em propagandas é comum e, às vezes, inevitável. Conheça a cronologia da aplicação desse recurso e entenda por que (e como) ele é tão explorado desde os tempos de antanho
Eber Freitas,
"(...) Voltou a focalizar os anúncios do lado oposto da rua. Tinha as suas razões particulares para odiá-los. Mecanicamente, releu os slogans. 'Borgonha Kangaroo - o vinho para os britânicos', 'A asma a estava sufocando!', 'O Molho Q.T conserva o sorriso do marido', 'Passe o dia inteiro com um tablete de Vitamalt', 'Curve Cut - O cigarro dos esportistas'".
O trecho do livro "Keep the Aspidistra Flying", do britânico Eric Arthur Blair*, demonstra como a persuasão era trabalhada no marketing nos idos anos de 1936. A "sensualidade" expressa no terceiro slogan representa o papel da mulher numa sociedade patriarcal e como os fatores sociais, culturais e antropológicos impactaram a produção publicitária de um recorte histórico – sobretudo quando estamos falando de apelo sexual nos anúncios.
"O uso do sexo na propaganda não é recente. Isso porque a utilização de tal apelo pelos publicitários pode ser considerado como um reflexo, um espelho da vida na sociedade. Neste contexto, o corpo foi transformado em um dos principais símbolos e objetos vendáveis e cultuáveis do mundo capitalista", afirma Martin Petroll, doutor e autor de pesquisas na área de Marketing e Propaganda.
Divulgação |
A publicitária Suzane Barros, sócia-diretora da Agência Dádiva, acredita que esse tipo de apelo é inevitável quando o serviço oferecido pelo cliente exige uma dose de erotismo, como é o caso de motéis. "Cabe aos órgãos responsáveis fiscalizar os meios de comunicação para que a propaganda não seja veiculada em horários impróprios", disse. Mesmo sem atender a empresas cujo serviço demande esse tipo de recurso, ela explica que sempre é recomendável ao publicitário buscar soluções criativas, que evitem a utilização do sexo como ferramenta de marketing.
Mas o que é suficiente para caracterizar o apelo sexual em uma determinada propaganda ou ação de marketing? Apenas a nudez, a mais singela insinuação de sedução, ou também a ideia de que o uso daquele produto ou serviço irá culminar, cedo ou tarde, em uma relação sexual? Citando o estudioso Tom Reichert, autor da pesquisa "Sex in Advertising", Petroll afirma que a nudez é apenas uma das cinco formas de manifestação sexual nas propagandas realizadas pelas empresas.
A representação dos gêneros
Imagem: Divulgação | ||||
Até hoje, em propagandas de determinados produtos, a mulher é mostrada por um viés de objeto, passivo, enquanto o homem é o sujeito, ativo no ato da conquista e da consumação, tal qual nos anos 1950. Para Petroll, "as propagandas brasileiras não costumam mostrar o homem como objeto de desejo no jogo da sedução, mas sim como conquistador, concomitante ao que a sociedade considera como comportamento sexual apropriado do homem e da mulher".
Porém, pode-se notar, cada vez mais, um papel ativo da mulher nas propagandas contemporâneas – e não apenas em publicidade de produtos de limpeza ou para o uso no lar, como costumeiramente se apregoa. Isso se deve, principalmente, aos movimentos de emancipação do sexo feminino, que tiveram início no começo do século passado, mas que receberam ampla adesão e participação de outros segmentos da sociedade a partir dos anos 1970.
"Nos últimos tempos, auxiliadas pela revolução sexual, houve uma mudança considerável no comportamento das mulheres, que – de esposas, mães, românticas, sonhadoras, passivas, doces e sensíveis – passaram a ter um comportamento mais ativo na sociedade por meio, principalmente, da inserção de sua força de trabalho no mercado. O homem também teve de mudar a sua postura, tanto em relação ao papel da mulher como em relação ao seu próprio papel dentro desse novo contexto", explica o pesquisador. Apesar desses fatores, ele complementa que a sociedade ainda atribui as velhas representações ao homem e à mulher.
Formas de manifestação sexual na propaganda
Imagem: Divulgação | ||||
1. Exibição do corpo
A nudez em si, a exploração do corpo humano e da sensualidade como finalidade do produto ou serviço anunciado; sua transformação em símbolo de culto e comércio.
2. Comportamento sexual
Consiste na interação entre os modelos nas propagandas, a insinuação, a provocação, o flerte. É a utilização mais frequente e mais apelativa.
3. Fatores contextuais
São aspectos não inerentes aos modelos em si, mas às situações e locais ou, até mesmo, às técnicas de produção, como o movimento das câmeras.
4. Referências sexuais
Sugere ou insinua o sexo através de formas verbais e/ou visuais, com mensagens de duplo sentido. Petroll destaca que "um exemplo clássico de referências sexuais numa propaganda data dos anos 1980, quando a Calvin Klein veiculou a uma campanha da então desconhecida modelo Brooke Shields vestindo jeans com a seguinte pergunta: 'Você quer saber o que existe entre mim e a minha Calvin? Nada!'. O impacto da frase de duplo sentido foi enorme, graças também a alguns fatores contextuais, como o movimento da câmera, que trilhava o corpo da modelo verticalmente, bem devagar.
Campanha da cerveja Devassa/Imagem: divulgação |
5. Formas subliminares
Explora o inconsciente do usuário, implantando mensagens visuais que lembram partes íntimas do corpo de forma imperceptível a olho nu. "Esse reconhecimento inconsciente é sexualmente provocativo e motivante, apesar de o indivíduo muitas vezes não estar consciente das associações sexuais do objeto e dos conteúdos simbólicos", explica.
Cases
(Anos 1950)
- O homem de meia-idade, charmoso e sedutor, que atrai olhares inocentes das garotas, que ficam enrubescidas. O sexo masculino tem papel ativo e extremamente dominante na relação, enquanto a mulher é a feliz dona de casa, são fatores que ressaltam a ordem moral pretendida pela sociedade nos anos 1950 – sobretudo, pelas classes mais elevadas.
- A liberdade sexual e a pressão crescente do feminismo forçam a sociedade a atribuir à mulher um papel cada vez mais protagonista, pelo menos em alguns aspectos, como se percebe na propaganda do higienizador íntimo Tasmin. Há uma ligeira insinuação, quase despercebida, que relaciona o produto ao órgão genital. O papel dominante do sexo masculino ainda é facilmente perceptível.
Imagem: divulgação | ||||
- Os fabricantes de calças jeans aproveitam o período de liberação sexual e rompimento dos velhos paradigmas para ousar na propaganda dos seus produtos. E haja ousadia.
- A memorável propaganda do sutiã Valisère é um marco da publicidade tupiniquim. O corpo feminino não é mais apenas um objeto de desejo, e sim um organismo com necessidades e vontades particulares, algumas (ou muitas) das quais não podem ser supridas pelo homem. Os norte-americanos suspiram com a então jovem atriz Brooke Shields no marcante comercial da Calvin Klein.
- Um copo de cerveja na mão é garantia de mulher na cama, certo? Para os publicitários e fabricantes de cerveja, sim. Pelo menos até o Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) bater em cima, em 2007. Desde 1997, a Skol utilizava o slogan "a cerveja que desce redondo" associado ao corpo feminino como fonte de prazer e luxúria. As mulheres, obviamente, nunca gostaram disso.
- Mulheres sensuais e motos possantes: uma combinação que não falha nunca em campanhas para máquinas de duas rodas. Em 2008, a modelo norte-americana Marisa Miller protagonizou uma ação para a Harley Davidson, na qual suas curvas se confundem com as da poderosa V-Rod Muscle.
- Para não cair no clichê da sensualidade nas propagandas de cerveja, a marca Devassa fez uma ação criativa e viral: usou a imagem da cantora Sandy, conhecida pela fama de boa moça, com a chamada "todo mundo tem um lado devassa", explorando o contraste entre o puro e o profano. A ação foi um sucesso nas redes sociais e a campanha permaneceu por vários dias entre os temas mais comentados no Brasil.
- Propagandas de perfumes, loções, hidratantes ou desodorantes normalmente têm como objetivo atiçar os sentidos do usuário, provocando-o com uma dose variável de erotismo. A divulgação do Axe Excite foi mais além e atribuiu uma masculinidade tão inconteste ao consumidor que até o mais raquítico dos homens torna-se um garanhão. A mesma marca já fez uma campanha semelhante: lembram do elevador?
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