sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Em derrota para Dilma, G-20 prorroga pacto contra protecionismo


Por Assis Moreira | Valor
 
 
AP


SÃO PETERSBURGO  -  A cúpula do G-20 inflingiu ao Brasil e à Argentina uma clara derrota ao estender por dois anos, até 2016, o pacto antiprotecionismo. Por esse compromisso, as maiores economias, que respondem por mais de 80% do comércio global, se comprometem a não adotar novas barreiras ao comércio e aos investimentos e a retirar barreiras impostas recentemente.

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff alegou que os emergentes perderam posição no comércio internacional não por causa do protecionismo ''e sim por quebra da demanda nos desenvolvidos e protecionismo indireto, como  políticas de desvalorização cambial para gerar superávit cambial'' em certos países.

Dilma e a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, compraram uma briga com o resto das outras grandes economias, tentando bloquear o compromisso.

Nas negociações entre os ''sherpas'', representantes pessoais dos líderes, o Brasil e a Argentina já tinham sido obrigados a flexibilizar, aceitando eventualmente estender o prazo do compromisso até 2015.

Mas os líderes insistiram e os dois países, na quinta-feira à noite, concordaram com o prazo de 2016, conforme Maxim Medvedved, um dos negociadores russos.

A declaração final da cúpula do G-20 menciona a nova data. A questão que ficou é por que o Brasil escolheu se isolar nesse tema, quando sabia que não tinha força para bloquear o compromisso?

Na entrevista desta sexta-feira, no aeroporto, Dilma disse que o país repudia o protecionismo, inclusive por novas formas, que ela exemplifica no caso de políticas monetárias não convencionais - que derrubaram o valor de moedas de desenvolvidos, favorecendo suas exportações.

“Há uma concordância geral no G-20 de que a redução do comércio prejudica todos os países”, disse a presidente, mas ela insistiu que um estudo dos emergentes mostra que esses países perderam posição no comércio por causa de políticas das nações ricas.


Dilma vê risco de reversão na recuperação dos EUA


A presidente Dilma Rousseff saiu da cúpula do G-20 dizendo que a constatação do grupo foi de que a recuperação ainda é frágil nos Estados Unidos e na zona do euro, e “o momento exige politicas de expansão”.

Para a presidente, a recuperação nos países mais ricos pode sofrer ainda uma reversão e voltar a piorar. “É  preciso combinar estabilidade com expansão, principalmente os que tem superávits em suas balanças (exterior), ou situação fiscal mais equilibrada”, cobrou a presidente, numa aparente referência a países como a Alemanha.

A presidente afirmou ainda que defendeu, durante a reunião do G-20, cuidado com a retirada de politicas monetárias não convencionais, pelas consequências em outras economias. Relatou ter havido queixa generalizada por parte dos emergentes, nesse aspecto.

O Brasil e os outros emergentes cobraram também que seja respeitado o compromisso no Fundo Monetário Internacional (FMI), para aumento de cotas, e portanto de poder, dos emergentes na instituição, com base no tamanho do PIB.

Para Dilma, isso é importante também para diminuir o déficit de legitimidade do FMI.
Os líderes do G-20 adotaram um "Plano de Ação de São Petersburgo" com flexibilidade fiscal, compromissos na política monetária e no câmbio, além de redefinir uma agenda de reformas estruturais "mais concretas e ambiciosas".

O grupo constata no documento que, de fato, a recuperação econômica "continua muito fraca e os riscos inclinando-se para o lado negativo". A avaliação é de que a demanda privada melhorou nos Estados Unidos, surgem sinais de recuperação na zona do euro e o crescimento nos emergentes ainda continua, embora em ritmo mais lento. No entanto, ao mesmo tempo, as perspectivas de crescimento para 2013 têm sido baixas, as disparidades de expansão regional continuam grandes e o desemprego, sobretudo entre os jovens, permanece "inaceitavelmente" elevado.

OMC reduz projeção de avanço do comércio global para 2,5% neste ano

SÃO PETERSBURGO  -  O comércio mundial deve crescer apenas 2,5% em 2013 - ante a previsão de alta de 3,3% de abril - por causa da fragilidade persistente da economia global, revelou hoje o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC ), Roberto Azevêdo.

Para 2014, a OMC anunciará na segunda-feira uma revisão para baixo na projeção de crescimento do comércio global. A expectativa para o próximo ano é de alta de 4,5%, comparados aos 5% estimados em abril. “As projeções são ligadas ao crescimento da economia global”, afirmou Azevêdo.

Não apenas os países em desenvolvimento se recuperam lentamente, como os emergentes sofreram uma desaceleração econômica. A demanda global continua mais fragilizada do que o esperado e as tendências protecionistas ainda deixam autoridades inquietas.
(Assis Moreira)

Abilio Diniz fecha acordo com Casino e deixa o Grupo Pão de Açúcar

 
 
 
Por Adriana Mattos | Valor
 
SÃO PAULO  -  Um dos maiores empresários do país, Abilio Diniz finalizou hoje a sua etapa à frente do Grupo Pão de Açúcar (GPA), empresa fundada pelo seu pai na década de 40. Segundo apurou o Valor, Abilio fechou hoje um acordo com o controlador francês Casino em que ele deixa a companhia, na função de presidente do conselho de administração (cargo vitalício que ocupava) e perde os seus direitos jurídicos e políticos na companhia.

Abilio continuará como acionista minoritário da rede varejista. As negociações foram finalizadas hoje, com a presença de Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, à frente desse processo final. Naouri está em São Paulo, na sede da companhia neste momento.

Pelo acordado, as ações ordinárias de Abilio na Wilkes Participações, holding controladora do GPA, serão convertidas em preferenciais,  algo que já fazia parte das negociações ocorrridas no passado para a saída de Abilio da empresa. Por meio da Wilkes, o Casino detinha 65,6% das ações com direito a voto do GPA. Abilio era acionista minoritário, com 5% de ações preferenciais do GPA e 48% das ordinárias da Wilkes, mas mantinha a posição de presidente do conselho do GPA.

O acordo encerra ainda os processos arbitrais que existem entre as partes há cerca de um ano e meio.
Dessa forma, o Casino assume o controle econômico e político da companhia, no sentido de que passa a ser sócio majoritário do GPA e, ao mesmo tempo, terá o comando do conselho de administração da companhia, que define os passos estratégicos da empresa.

Brasil é país dos BRICS mais avançado socialmente

Por Valor
 
SÃO PAULO  -  O Brasil é o mais avançado socialmente entre os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), de acordo com o Índice de Progresso Social, lançado hoje. Entre os países da América Latina, o BRasil fica na terceira colocação, atrás de Chile e Argentina.

O Índice de Progresso Social classifica 50 países por seu desempenho social e ambiental e foi desenvolvido pelo professor da Harvard Business School Michael E. Porter, e pela instituição Social Progress Imperative. Em vez de indicadores econômicos, a pesquisa leva em conta resultados sociais e ambientais para medir o progresso de um país.

Entre as 50 nações analisadas, o Brasil ficou em 18º lugar, atrás do Chile (14º) e da Argentina (15º), mas na frente de China (32º), Rússia (33º), Índia (43º), e África do Sul (39º).

O índice analisou dados de 52 fontes, agrupadas em três categorias principais (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos de Bem-Estar e Oportunidades). Com base nesses critérios, o levantamento concluiu que os maiores desafios para o Brasil no momento são melhorar a segurança pública, quesito no qual o país está em 45º lugar na lista de 50, e os direitos femininos - o respeito à mulher ficou em 43º lugar.

O país também precisa centrar esforços no aprimoramento do acesso ao ensino superior (33º lugar) e da qualidade da saúde (31º lugar); na melhora das necessidades humanas básicas (30º lugar) e da sustentabilidade do ecossistema (21º lugar).

A Suécia é o país mais avançado socialmente, de acordo com o índice, seguida da Grã-Bretanha, Suíça, Canadá, Alemanha, Estados Unidos, Austrália e Japão.
(Valor)

Dilma diz que espionagem dos EUA afetou interesses do Brasil


Por Assis Moreira | Valor
Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação Governo Federal


SÃO PETERSBURGO  -  A presidente Dilma Rousseff disse ter dito ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que a espionagem americana afetou interesses econômicos do Brasil, a soberania do País, além dos direitos humanos e civis. Para a presidente, trata-se de uma atitude estarrecedora partindo de um país com a história dos Estados Unidos.

Dilma, que tem visita agendada aos Estados Unidos no próximo mês, disse que quer medidas concretas contra a espionagem americana.

No encontro bilateral que ambos tiveram na quinta-feira, Obama assumiu responsabilidade pessoal e direta para que haja condições políticas de Dilma cumprir sua agenda no país.

A presidente Dilma contou que comunicou ao presidente dos EUA que o Brasil irá a todos os foros internacionais propor iniciativas para uma governança na internet, para coibir práticas de violações de direitos e espionagens de qualquer país. 

O twitter do blog do Planalto diz que a presidente irá à Organização das Nações Unidas (ONU) propor uma nova governança contra invasão de privacidade. 

Dilma disse que, diante de seu ceticismo, não quer explicações meramente técnicas. A presidente quer saber o “rombo” da espionagem. O presidente Obama prometeu medidas concretas a serem apresentadas ao Brasil até quarta-feira da semana que vem. “Mas esse dia não será o dia D”, avisou Dilma, em entrevista à imprensa brasileira no aeroporto de São Petersburgo.

“O presidente Obama marcou reunião comigo logo após a primeira sessão do G-20”, relatou Dilma. Na ocasião, a presidente falou sobre as questões de espionagem e afirmou que demonstrou sua “indignação pessoal” e a do Brasil como um todo. 

Dilma disse ter dito para Obama que os atos de espionagem praticados por agências de inteligência americana são “incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos”.

Ela insistiu com Obama que a questão é “um fato gravíssimo”, porque o Brasil é uma sólida democracia, vive há mais de 140 anos em harmonia e de forma pacífica com seus vizinhos.

Para a presidente, os atos de espionagem americano estão relacionados a fatores geopolíticos, estratégicos ou fatores comerciais e econômicos. 

“Acho muito complicado ficar sabendo das coisas pelos jornais”, disse Dilma, revelando que o governo soube que novas revelações sobre espionagem no Brasil serão publicadas no domingo.

Em relação à polêmica deflagrada pelo porta-voz do presidente Vladimir Putin, de que os líderes dos Brics, após ouvirem relato de Dilma, teriam comparado a espionagem americana a “terrorismo”, ela foi cuidadosa.

“Eu não escutei , mas as pessoas não estavam satisfeitas. Eu posso não ter percebido. Mas é irrelevante essa comparação”. 


O que o Brasil tem de melhor e pior, segundo Fórum Econômico




Em um ano, Brasil caiu 8 posições em ranking mundial de competitividade. De todos os dados analisados pelo Fórum Econômico Mundial, veja onde o país vai bem (e mal)



Paulo Fridman/Bloomberg 
 Transporte de contêineres no Porto de Santos
  
Transporte de contêineres no Porto de Santos: a qualidade da infraestrutura dos portos do Brasil ficou em 131º lugar

São Paulo - O Brasil tem uma penca de problemas que atrapalham sua competitividade. E em vez de melhorar, as dificuldades parecem estar só aumentando: o país caiu da 48ª para a 56ª posição no último Relatório Global de Competitividade, do Fórum Econômico Mundial. 
Mas nem tudo é ruim: a regulação da bolsa brasileira está entre as sete melhores do mundo, segundo o Fórum. Já a educação básica puxa a produtividade nacional para baixo e coloca o país entre os 20 piores do globo.
EXAME.com separou, dentre os 12 pilares analisados pelo Fórum - que somam um total de 114 itens - aqueles nos quais o Brasil está melhor posicionado, e aqueles onde a situação é calamitosa. Em alguns, como a Saúde, o país vai mal mesmo no item em que apresenta melhor desempenho.


1º Pilar – Instituições


Item (entre 21 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Custo do terrorismo para os negócios
22º
Pior
Peso da regulação governamental
147º

2º Pilar - Infraestrutura

Item (entre 9 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Disponibilidade de assentos em vôos (km/semana)
Pior
Qualidade da infraestrutura de portos
131º

3º Pilar - Ambiente Macroeconômico

Item (entre 5 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Nota de crédito do país
38º
Pior
Dívida pública (%PIB)
117º

4º Pilar - Saúde e Educação Primária

Item (entre 10 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Impacto da tuberculose nos negócios
50º
Pior
Qualidade da educação primária
129º




5º Pilar - Educação Superior e Treinamento

Item (entre 8 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Participação na educação secundária
20º
Pior
Qualidade do ensino de matemática e ciência
136º

6º Pilar - Eficiência do Mercado de Bens 

Item (entre 16 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Custos de política agrícola
23º
Pior
Importações em percentagem do PIB
148º

7º Pilar - Eficiência do Mercado de Trabalho

Item (entre 10 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhores
Confiança em uma gestão profissional
38º

Capacidade de reter talentos
38º
Pior
       Efeito da tributação sobre os incentivos ao trabalho
138º

8º Pilar - Desenvolvimento do Mercado Financeiro

Item (entre 8 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Regulação da bolsa de valores
Pior
Índice dos direitos legais
118º


9º Pilar - Disponibilidade Tecnológica

Item (entre 7 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
investimento estrangeiro direto e transferência de tecnologia
25º
Pior
Indivíduos que utilizam Internet
65º


10º Pilar - Tamanho de Mercado

Item (entre 4 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhores
Índice do tamanho do mercado interno

PIB
Pior
Exportações em percentagem do PIB
145º

11º Pilar - Sofisticação dos Negócios

Item (entre 9 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Quantidade de fornecedores locais
16º
Pior
Natureza da vantagem competitiva
108º

12º Pilar - Inovação

Item (entre 7 analisados)
Posição no ranking (148 países)
Melhor
Capacidade de inovação
36º
Pior
Disponibilidade de cientistas e engenheiros
112º



O que falta para Brasil ser um país tão justo quanto Suécia


Ranking de progresso social mostra distância que o Brasil vai ter que percorrer para alcançar a Suécia, o país mais justo do mundo. Maior dificuldade: ser um país seguro