sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Dilma diz que espionagem dos EUA afetou interesses do Brasil


Por Assis Moreira | Valor
Roberto Stuckert Filho/PR / Divulgação Governo Federal


SÃO PETERSBURGO  -  A presidente Dilma Rousseff disse ter dito ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que a espionagem americana afetou interesses econômicos do Brasil, a soberania do País, além dos direitos humanos e civis. Para a presidente, trata-se de uma atitude estarrecedora partindo de um país com a história dos Estados Unidos.

Dilma, que tem visita agendada aos Estados Unidos no próximo mês, disse que quer medidas concretas contra a espionagem americana.

No encontro bilateral que ambos tiveram na quinta-feira, Obama assumiu responsabilidade pessoal e direta para que haja condições políticas de Dilma cumprir sua agenda no país.

A presidente Dilma contou que comunicou ao presidente dos EUA que o Brasil irá a todos os foros internacionais propor iniciativas para uma governança na internet, para coibir práticas de violações de direitos e espionagens de qualquer país. 

O twitter do blog do Planalto diz que a presidente irá à Organização das Nações Unidas (ONU) propor uma nova governança contra invasão de privacidade. 

Dilma disse que, diante de seu ceticismo, não quer explicações meramente técnicas. A presidente quer saber o “rombo” da espionagem. O presidente Obama prometeu medidas concretas a serem apresentadas ao Brasil até quarta-feira da semana que vem. “Mas esse dia não será o dia D”, avisou Dilma, em entrevista à imprensa brasileira no aeroporto de São Petersburgo.

“O presidente Obama marcou reunião comigo logo após a primeira sessão do G-20”, relatou Dilma. Na ocasião, a presidente falou sobre as questões de espionagem e afirmou que demonstrou sua “indignação pessoal” e a do Brasil como um todo. 

Dilma disse ter dito para Obama que os atos de espionagem praticados por agências de inteligência americana são “incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos”.

Ela insistiu com Obama que a questão é “um fato gravíssimo”, porque o Brasil é uma sólida democracia, vive há mais de 140 anos em harmonia e de forma pacífica com seus vizinhos.

Para a presidente, os atos de espionagem americano estão relacionados a fatores geopolíticos, estratégicos ou fatores comerciais e econômicos. 

“Acho muito complicado ficar sabendo das coisas pelos jornais”, disse Dilma, revelando que o governo soube que novas revelações sobre espionagem no Brasil serão publicadas no domingo.

Em relação à polêmica deflagrada pelo porta-voz do presidente Vladimir Putin, de que os líderes dos Brics, após ouvirem relato de Dilma, teriam comparado a espionagem americana a “terrorismo”, ela foi cuidadosa.

“Eu não escutei , mas as pessoas não estavam satisfeitas. Eu posso não ter percebido. Mas é irrelevante essa comparação”. 


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