SÃO PETERSBURGO - A
presidente Dilma Rousseff disse ter dito ao presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, que a espionagem americana afetou interesses
econômicos do Brasil, a soberania do País, além dos direitos humanos e
civis. Para a presidente, trata-se de uma atitude estarrecedora partindo
de um país com a história dos Estados Unidos.
Dilma, que tem visita agendada aos Estados Unidos no próximo mês,
disse que quer medidas concretas contra a espionagem americana.
No encontro bilateral que ambos tiveram na quinta-feira, Obama
assumiu responsabilidade pessoal e direta para que haja condições
políticas de Dilma cumprir sua agenda no país.
A presidente Dilma contou que comunicou ao presidente dos EUA que o
Brasil irá a todos os foros internacionais propor iniciativas para uma
governança na internet, para coibir práticas de violações de direitos e
espionagens de qualquer país.
O twitter do blog do Planalto diz que a presidente irá à Organização
das Nações Unidas (ONU) propor uma nova governança contra invasão de
privacidade.
Dilma disse que, diante de seu ceticismo, não quer explicações
meramente técnicas. A presidente quer saber o “rombo” da espionagem. O
presidente Obama prometeu medidas concretas a serem apresentadas ao
Brasil até quarta-feira da semana que vem. “Mas esse dia não será o dia
D”, avisou Dilma, em entrevista à imprensa brasileira no aeroporto de
São Petersburgo.
“O presidente Obama marcou reunião comigo logo após a primeira sessão
do G-20”, relatou Dilma. Na ocasião, a presidente falou sobre as
questões de espionagem e afirmou que demonstrou sua “indignação pessoal”
e a do Brasil como um todo.
Dilma disse ter dito para Obama que os atos de espionagem praticados
por agências de inteligência americana são “incompatíveis com a
convivência democrática entre países amigos”.
Ela insistiu com Obama que a questão é “um fato gravíssimo”, porque o
Brasil é uma sólida democracia, vive há mais de 140 anos em harmonia e
de forma pacífica com seus vizinhos.
Para a presidente, os atos de espionagem americano estão relacionados
a fatores geopolíticos, estratégicos ou fatores comerciais e
econômicos.
“Acho muito complicado ficar sabendo das coisas pelos jornais”, disse
Dilma, revelando que o governo soube que novas revelações sobre
espionagem no Brasil serão publicadas no domingo.
Em relação à polêmica deflagrada pelo porta-voz do presidente
Vladimir Putin, de que os líderes dos Brics, após ouvirem relato de
Dilma, teriam comparado a espionagem americana a “terrorismo”, ela foi
cuidadosa.
“Eu não escutei , mas as pessoas não estavam satisfeitas. Eu posso não ter percebido. Mas é irrelevante essa comparação”.
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