terça-feira, 10 de setembro de 2013

Especialistas: conflito na Síria pode impactar crescimento do Brasil

10 de setembro de 2013 • 04h38 •  atualizado 04h56


Apesar de a Síria não figurar entre os principais parceiros comerciais do Brasil, uma eventual intervenção militar no país, liderada pelos Estados Unidos, poderia ter um impacto negativo sobre a economia brasileira, adiando a retomada esperada pelo governo.A opinião é de especialistas ouvidos pela BBC Brasil
 
Eles ressalvam, entretanto, que a intensidade desse revés dependerá da duração e da extensão do ataque ao país do Oriente Médio.Em 2011, quando teve início o levante contra o presidente Bashar al-Assad, a Síria era apenas o 41º maior parceiro comercial do Brasil.Ainda assim, segundo os especialistas, a economia brasileira não ficaria imune a um possível contágio de um conflito no país, que viria, principalmente, de um aumento na cotação internacional do petróleo.
 
Embora não seja um grande produtor da matéria-prima (ocupa a 32º posição, segundo um ranking global produzido pela Agência de Energia Internacional), a Síria possui uma localização geopolítica importante no Oriente Médio."A Síria está muito próxima de grandes produtores de petróleo, como a Arábia Saudita, o Irã e o Iraque. Uma intervenção militar no país poderia evoluir para um conflito regional", diz à BBC Brasil Creomar de Souza, professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília.
 
"A escalada do confronto poderia reduzir a oferta dessa matéria-prima e isso se refletiria em um aumento dos preços em nível internacional", acrescenta.Souza ressalta que tal quadro tenderia a se agravar com a proximidade do inverno no Hemisfério Norte, no final do ano, quando a demanda por petróleo para calefação costuma aumentar. 
 
 
Custos maiores
 
 
"Com o petróleo mais caro, o custo da energia sobe, o que prejudica diversos setores da economia", avalia Heni Ozi Cukier, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) de São Paulo."Se o combustível para o transporte de mercadorias aumenta, por exemplo, os produtos também ficam mais caros", acrescenta.Cukier lembra ainda que o aumento da cotação internacional do petróleo reduziria a competitividade da economia chinesa, essencialmente exportadora. 
 
Uma retração na atividade econômica da China, por sua vez, ameaçaria a incipiente recuperação da economia mundial."Para o Brasil, os efeitos seriam mais nocivos porque a China é o nosso principal parceiro comercial", afirma Cukier.De acordo com os especialistas, um eventual aumento na cotação internacional do petróleo também elevaria a pressão por um reajuste no preço dos combustíveis no Brasil, atualmente controlado pela Petrobras.
 
Hoje, para suprir a demanda interna, a estatal importa petróleo a preços de mercado e vende mais barato localmente.O adiamento do repasse aos consumidores vem causando um rombo nas contas da empresa, que poderia ser ampliado caso um conflito na Síria estoure, lembram os especialistas.Por outro lado, destacam eles, um reajuste no preço dos combustíveis, se concretizado, poderia impactar negativamente o controle da inflação, que já está próxima da meta determinada pelo governo (6,5%)."Mas para garantir a saúde financeira da empresa, essa conta terá de ser paga pelo consumidor, mais cedo ou mais tarde", diz Souza.
 
 
Efeito rebote
 
 
Além de pagar mais pelo petróleo, o Brasil também poderia sofrer "um efeito rebote" por causa de uma nova incursão militar dos EUA no Oriente Médio."Um novo confronto armado agravaria o endividamento público dos Estados Unidos, o que restringiria ainda mais os gastos do governo. Essa limitação seria prejudicial em um momento em que a atividade econômica dos EUA começa a dar os primeiros sinais de recuperação", afirma Creomar de Souza, da Universidade Católica de Brasília.Neste sentido, uma retração da economia nos EUA poderia contaminar o restante do mundo, ameaçando a retomada da atividade econômica global, destacam os especialistas.
 
Em última instância, poderia haver ainda uma intensificação da migração de recursos do Brasil - bem como de outros emergentes - para ativos mais seguros, como o dólar ou o ouro."Essa saída de investimentos já vem ocorrendo diante da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) reduza os estímulos à economia e tende a se fortalecer caso o conflito se agrave", diz Cukier, da ESPM.
 
Investidores são avessos a riscos e costumam, em momentos de grande instabilidade internacional, buscar investimentos mais seguros, como títulos de dívida do Tesouro americano, em detrimento de aplicações em bolsa de valores, especialmente dos emergentes.Uma eventual fuga maciça de recursos valorizaria ainda mais a moeda americana frente ao real, o que encareceria os importados e impactaria negativamente a inflação."Diante de tal cenário, a economia brasileira poderia crescer menos", avalia Cukier. 
 
 
Cenário internacional
 
 
Na segunda-feira, em entrevista à rede de TV americana NBC, o presidente dos EUA, Barack Obama, descreveu como um "avanço" a proposta de que o governo de Bashar al-Assad coloque as supostas armas químicas sob controle internacional para serem destruídas.A sugestão havia sido dada pelo secretário de Estado americano, John Kerry, e posteriormente endossada pelo chanceler russo, Sergei Lavrov, para evitar uma intervenção militar dos EUA no país.
 
No mesmo dia, o Senado americano adiou para quarta-feira a votação sobre a intervenção militar na Síria.Obama já havia demonstrado ser a favor de uma ação no país, inicialmente sem o uso de forças terrestres. Ele aguarda, no entanto, o aval do Congresso para dar sinal verde à ofensiva.

Liminar proíbe Receita de fiscalizar arbitragens

 
 
 
 
 
Uma liminar da Justiça Federal de São Paulo proibiu a Receita Federal de exigir informações de arbitragens feitas pelo Centro de Arbitragem e Mediação da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. A decisão barra uma das investidas do Fisco feitas contra diversas câmaras arbitrais em busca de checar a veracidade de informações prestadas por empresas em declarações fiscais. Como as arbitragens são sigilosas, as empresas que delas participam teriam menos receio de mostrar, nos processos, detalhes que não contariam se questionadas diretamente pela Receita.

No caso da Câmara Brasil-Canadá, a Receita a intimou, em maio, a entregar informações como confirmações sobre se foi ou não prolatada sentença em determinados procedimentos arbitrais entre janeiro de 2009 e dezembro de 2012. Foi exigido inclusive que a Câmara deixasse seus procedimentos arbitrais, inclusive os ainda em curso, à disposição da fiscalização tributária.

A liminar em favor da Câmara foi expedida no dia 23 de julho pela 4ª Vara Federal Cível de São Paulo. "A exigência se refere a dados atinentes às partes envolvidas nos autos acima mencionados, e não acerca da documentação relativa às próprias atividades da impetrante", diz na decisão o juiz federal Luciano dos Santos Mendes, substituto na 4ª Vara.

Seu argumento é que tanto o Regulamento da Câmara Arbitral quanto a Lei de Arbitragem — a Lei 9.307/1996 — garantem o sigilo dos procedimentos arbitrais, oponível ao interesse do Fisco. O regulamento ainda proíbe julgadores, partes e peritos a divulgar informações de terceiros a que tenham acesso devido ao ofício desempenhado na Câmara. Segundo o juiz Luciano Mendes, profissionais liberais como advogados e contadores podem incorrer inclusive em infração penal se revelarem informações de clientes a terceiros, salvo se obrigados pela Justiça.

O entendimento do juiz não é único. De acordo com o jornal Valor Econômico, pelo menos mais uma câmara arbitral conseguiu liminar que impede a Receita Federal de ter acesso a informações de julgamentos dos últimos cinco anos. Ambas as decisões impedem a Receita Federal de multar ou aplicar qualquer outro tipo de punição contra as câmaras.

O Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA), com sede no Rio, foi outro fiscalizado, assim como a Câmara FGV de Conciliação e Arbitragem do Rio de Janeiro, uma das mais procuradas do país no setor. Ela foi a primeira a ser notificada. O processo começou logo após o Carnaval. No Termo de Fiscalização, a Receita exigiu a entrega das sentenças com a ameaça de multá-la em caso de desobediência, por descumprimento de obrigação acessória. A Fundação Getulio Vargas, patrocinadora da Câmara, já disponibilizou todos os documentos ao Fisco.


Alvos na mira

O alto valor recebido em honorários pelos árbitros é o que parece ter acendido o sinal de alerta da Receita, pois indicaria grandes valores de transações levadas a julgamento. Nas notificações, o Fisco pede às câmaras que informem valores recebidos pelas partes e seus advogados nos processos terminados.

Outra preocupação é com o pagamento de contribuições previdenciárias pelas empresas, incidentes sobre os altos salários de executivos. É comum esses profissionais serem remunerados com planos de previdência privada, ações na Bolsa de Valores e outros programas de marketing de incentivo que reclamam a não incidência das contribuições ao INSS. Como conflitos envolvendo demissões de altos executivos costumam ser resolvidos em arbitragem e não em ações na Justiça, obter essas decisões permitiria à Receita apurar possíveis dribles previdenciários.

Tributaristas temem ainda uma investida sobre planejamentos tributários de terceiros. De posse de sentenças arbitrais, o Fisco teria mais munição para desqualificar planejamentos tributários ao avaliar operações societárias — como fusões, cisões e compra de participações acionárias — consideradas sem outro propósito que não seja o de somente economizar em tributos. As informações obtidas nas câmaras serviriam, por exemplo, para contestar explicações dadas pelas empresas em julgamentos administrativos que impugnam autuações fiscais.

“Pediram tudo, sem um critério”, conta Carlos Suplicy de Figueiredo Forbes, vice-presidente do Comitê Brasileiro de Arbitragem (CBar). “Por isso, o foco da fiscalização ainda é um mistério, não conseguimos entender.” Outro aspecto intrigante em relação aos objetivos do Fisco é que, devido a um convênio com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, boa parte das arbitragens feitas pelo centro da FGV Rio envolvem órgãos públicos, o que exige que elas sejam divulgadas. “Não são comuns contratos de empreitada ou disputas societárias”, explica Forbes.

Segundo ele, os procedimentos arbitrais não foram pinçados pelos fiscais, mas exigidos em massa, por período. “Ocorre que a informação não é do centro, que só a administra. Se entrego informações que não são minhas, mas de terceiros, não é o Fisco quem está quebrando o sigilo, mas eu.”

Clique aqui para ler a liminar em favor da Câmara Brasil-Canadá.

Salomão acena com nova Lei de Arbitragem mais ampla


Se ainda havia receios quanto à limitação do escopo da arbitragem no Brasil, eles foram dissipados pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luís Felipe Salomão. Na manhã desta segunda-feira (9/9), na sede da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, o ministro, que preside a Comissão de Reforma da Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96), afastou qualquer possibilidade de se enfraquecer o instituto no país.

O ministro elencou uma série de novas hipóteses de aplicação da lei, hoje não previstas. Salomão acenou com a possibilidade de estender o uso da solução extrajudicial nas relações de consumo, na relação trabalhista, na administração pública e no Direito Societário. O ministro aventou a hipótese de se prever prazos de prescrição no processo e anunciou a intenção de aprofundar e regular melhor as possibilidades de concessão de cautelares — aspectos em que a legislação hoje é omissa. (Na foto, ministro Luís Felipe Salomão, advogado Rodrigo Cândido de Oliveira, Orlando Diniz e ministro Paulo de Tarso Sanseverino)

O ministro evitou entrar em detalhes e concordou apenas em relacionar tópicos do que se discute na comissão — que deverá apresentar as propostas de aperfeiçoamento da lei até o dia 30 deste mês. Mas advertiu que nos casos das relações de consumo e trabalhistas, o processo só seria válido com anuência e iniciativa do consumidor e do trabalhador. Salomão ressalvou, no entanto, que no possível uso da arbitragem para relações de consumo e de trabalho, não se pretende massificar os processos arbitrais.

“O instrumento próprio para solução de grandes volumes de casos é a mediação”, explicou. O ministro reafirmou que o exemplo ideal é a Lei Modelo sobre Arbitragem Comercial Internacional elaborada pela Uncitral, Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional. Informou, ainda, que a Comissão do Senado trabalha nesse campo com a Comissão criada pela Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça, e que os dois colegiados atuam no sentido de regular, num mesmo contexto, tanto a mediação judicial quanto a extrajudicial.

“No capítulo da mediação há muito que evoluir”, afirmou, lamentando que até hoje ainda não exista a disciplina de Mediação nos cursos de Direito. Mas a boa notícia, segundo ele, é que a Ordem dos Advogados do Brasil já se dispôs a defender a inclusão da matéria no currículo básico dos cursos de Direito.

“Aprendemos a fazer petição inicial, mas não aprendemos a mediar. Eu acredito num processo que é cultural que vai demandar uma mudança de perspectiva, que não virá senão através de gerações”, concluiu.

Participaram do evento, também, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo de Tarso Sanseverino; o advogado Igor Mauler Santiago; o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano Rinaldi; o presidente do Centro de Mediação e Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CAM-CCBC), Frederico Straube, e o presidente do Comitê Brasileiro de Arbitragem, Lauro Gama Jr, além do presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, e do advogado Rodrigo Candido de Oliveira, coordenador e mediador do encontro.

Consultor Juridico

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: DESAFIOS DA INTERNACIONALIZAÇÃO

 

 

 

 

Enquanto em Harvard, nos EUA, a média de alunos estrangeiros chega a 20%, nas estaduais paulistas (as mais ‘internacionais’ do país) o percentual não passa de de 2%. E ainda, a maioria vem de países vizinhos, como Argentina e Colômbia, ou Portugal.

As universidades de elite de todo o mundo têm pelo menos uma obsessão comum: a busca por estudantes e professores estrangeiros. Egressos de outros países trazem um repertório diversificado de ideias, problemas e soluções, o que enriquece o ambiente de ensino –e, no caso dos alunos importados, também o caixa das instituições.

No Brasil, porém, o movimento de internacionalização está engatinhando. Além da falta de uma política de atração de estrangeiros, ensinar em português é um grande empecilho.
Em países como Holanda, Alemanha e Dinamarca, a maioria das universidades dá aulas em inglês, para permitir a o intercâmbio de alunos e docentes. Recentemente, até a vetusta Universidade Sorbonne aderiu a aulas no idioma de Shakespeare.

“A quantidade de disciplinas em inglês é o principal fator de internacionalização em universidades de países de língua não-inglesa”, analisa Laura Ripoll, da Universidade de Girona, na Espanha, que criou metodologia para analisar a internacionalização de universidades de seu país.

A ausência do inglês nas salas de aula é reflexo da pouca fluência nacional, como mostra o Ciência sem Fronteiras, programa federal que já enviou cerca de 50 mil alunos para o exterior e planeja chegar a 100 mil.

As seis universidades que mais receberam bolsistas brasileiros quando o programa foi lançado eram portuguesas. A campeã foi a Universidade de Coimbra (709 alunos). Portugal acabou sendo retirado do programa.


Mobilidade engessada


Enquanto em Harvard, nos EUA, a média de alunos estrangeiros chega a 20%, nas estaduais paulistas é de 2%. A maioria vem de países vizinhos, como Argentina, Colômbia e Portugal.

A universidade mais “internacional” do Brasil, UFABC, e a melhor do país, USP, ainda não têm planos de dar aulas em inglês. A Unicamp chegou a estudar a possibilidade, mas o assunto saiu da pauta do conselho universitário.

A resistência vem da própria comunidade acadêmica, que alega que aulas em inglês afetariam a igualdade nas condições de acesso e permanência na escola.

As estaduais paulistas já podem promover concursos para docentes em outros idiomas. “Nas universidades federais, no entanto, um estrangeiro teria de ser concursado em português para dar aula”, diz Leandro Tessler, ex-coordenador de relações internacionais da Unicamp.

Avalizado por especialistas, para quem a inserção internacional é uma necessidade imposta pela globalização cada mais acentuada de pesquisa e ensino, o RUF 2013 incorporou três subindicadores para aferir o grau de reconhecimento das universidades brasileiras no exterior.

Entre os líderes da lista desse indicador, há quatro universidades públicas e uma privada. Nenhuma delas têm aulas em inglês.

Sabine Righetti
(Folha de SP – 09/09/2013)

Alta do dólar ajuda exportador a fisgar bons negócios e recuperar mercados



 
 
O preço do produto brasileiro no exterior nos últimos três meses está 10% mais competitivo. Cálculos da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) indicam que o impacto maior da desvalorização do real se dará nas vendas de produtos manufaturados, e a perspectiva de alta no valor da receita exportada na balança comercial brasileira, no próximo ano, é de, no mínimo, US$ 7 bilhões.

Os cosméticos (foto) estão entre os setores beneficiados pela valorização do dólar frente ao real - a moeda norte-americana neste ano já acumula alta superior a 16% - ao lado de veículos, produtos químicos, máquinas, calçados, têxteis, joias e móveis. São beneficiados segmentos do agronegócio, como suco de laranja e açúcar refinado.

“Ainda temos um mercado internacional retraído e há outras moedas, além do real, desvalorizando-se. Não sabemos se o dólar ficará em R$ 2,30 ou R$ 2,40. Mas de uma coisa temos certeza: a situação está bem melhor para as exportações demanufaturados. Já começamos a ver luz no fim do túnel”, assegura o presidente da AEB, José Augusto de Castro.

De janeiro a julho, o comércio externo teve déficit de US$ 4,9 bilhões, com exportações de US$ 135,2 bilhões e importações de US$ 140,2 bilhões. 

Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, a partir do cenário atual já é possível projetar um incremento leve nas exportações do setor este ano. Ele observa que, nos sete primeiros meses do ano, o valor das exportações foi praticamente o mesmo do ano passado, que já havia sido o pior em 25 anos (US$ 1,09 bilhões). Por outro lado, em pares de calçados, a exportação cresceu quase 11% neste período. “O motivo é justamente o dólar valorizado, que fez com que o exportador brasileiro conseguisse um preço mais competitivo no mercado externo”, explica.

Ricardo Wirth, calçadista do Vale dos Sinos, ressalta que as empresas da região tentam voltar sua produção ao mercado externo. “O dólar desvalorizado foi o fator que mais nos prejudicou nos últimos anos. A curto prazo, a situação continuará difícil, mas acreditamos em melhora.”

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (Abit), Fernando Pimentel, reforçou a premissa de que as coisas vão, finalmente, melhorar para o setor. Ele lembrou que é preciso esperar para ver o que deve acontecer com a economia norte-americana. “A alta do dólar é favorável ao setor, mas não dá para prever ou fazer estimativas de curto prazo”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Moveleira (Abimóvel), Daniel Lutz.

As boas perspectivas quanto ao futuro animam micro e pequenos empresários, de acordo com o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. Ele enfatiza que, 
nesse primeiro momento, o impacto está ocorrendo principalmente na receita dos exportadores, que recebem mais em real pelos produtos. “Para as 
empresas que exportam, a alta do dólar já está contribuindo para tornar seus produtos mais competitivos”, acredita Barretto.

A área de comércio exterior do governo comemora a alta do dólar, e isso ficou claro na recente declaração do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. No dia em que a moeda norte-americana bateu R$ 2,45, Pimentel disse considerar “ótima” a cotação do dólar. Pela primeira vez em sete anos a diferença entre o total de empresas exportadoras que abriram as portas e as que encerraram atividades foi positiva. 
De janeiro a julho, surgiram 19 empresas.

Fonte: http://jcrs.uol.com.br

Impacto do dólar nas compras de brasileiros no exterior preocupa



 






A alta do dólar pode estar beneficiando os exportadores, mas, de outro lado, a forte dependência do país de insumos e bens intermediários importados preocupa a área econômica. Há produtos que não são fabricados no Brasil e precisam ser trazidos de fora. Mesmo com a queda das tarifas de importação de alguns produtos, a variação cambial tem sido pesada. Assim, será inevitável o impacto da nova realidade cambial nos preços ao consumidor no fim deste ano e a partir de 2014.

A indústria de veículos sente o impacto dos dois lados da balança. O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku, diz que o setor “festeja e chora” ao mesmo tempo o valor do dólar. 
 
No curto prazo, de acordo com ele, há impactos para a indústria automotiva porque grande parte dos insumos é importada. “Mesmo assim, o governo reduziu os impostos para parte desses insumos, diminuindo um pouco esse impacto.” Como ponto positivo do preço da moeda norte-americana, aponta o estímulo à retomada das exportações.
 
A exportação de veículos apresentou, em julho, o melhor desempenho para o mês de toda a série histórica. O volume de carros embarcados cresceu 2,4% ao chegar a 52.456 unidades, contra 51.233 em junho, segundo dados da Anfavea.
 
Na comparação do montante exportado em julho com o do mesmo mês do ano passado, o crescimento alcançou 75,9%. No acumulado do ano, o aumento foi 24,9%, com 318.610 veículos vendidos no mercado exterior, ante 255.194 registrados no mesmo período de 2012. De acordo com o presidente da entidade, este também foi o acumulado dos sete meses. A Anfavea revisou as projeções para as exportações, de 4,6% para mais de 20%.
 
Apesar do câmbio, compras no exterior seguem atrativas. Mesmo com o avanço do dólar este ano, o brasileiro tem motivos de sobra para fazer compras nos Estados Unidos. Em Miami, um dos destinos favoritos, uma cesta de 18 produtos - como tablet, perfume, tênis e produtos infantis - somava R$ 6.884,00 em janeiro, quando a cotação era de R$ 1,99. Quando a cotação chegou a R$ 2,37, o total subiu para R$ 8.199,00 - alta de 9%. Ainda assim, revela o levantamento, os mesmos produtos, se comprados no Brasil, custariam 59,8% a mais: R$ 13.105,00.
 
A diferença seria ainda maior se considerado o dólar do fim de janeiro de 2012 (a R$ 1,74), quando a mesma seleção sairia a R$ 6.019,00. Nesse caso, o valor no Brasil seria 117% mais caro.Um mesmo produto, se adquirido aqui, pode ser até três vezes (200%) mais caro do que nos EUA.
 
É o caso de um tapete de atividades para bebê (Gymini Amiguinhos da Natureza Tiny Love). No site do Walmart para entrega em Miami, o item sai a R$ 120,72; e em Nova Iorque, a R$ 123,66. Na versão brasileira do mesmo site, custa R$ 368,00. Segundo especialistas, além da alta do dólar, o varejo brasileiro sofre, sobretudo, com a carga tributária elevada. Para os brinquedos, diz o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), os impostos representam 39,7% do preço.
 
Os fabricantes brasileiros, sejam de brinquedos ou de  outro produto que sofre a concorrência dos importados, dizem que a tributação é positiva porque evita enxurrada de mercadorias de fora no mercado interno, fazendo concorrência predatória.Segundo Alípio Camanzano, presidente do site Decolar.com, o brasileiro consegue comprar com vantagem até a cotação do dólar chegar a R$ 3,00. Para ele, o pior é a volatilidade da moeda. 
 
“O dólar tem que parar de pular. Mesmo com o avanço atual da moeda, o poder de compra do brasileiro nos EUA ainda é um diferencial”, destaca Camanzano, lembrando que as vendas de passagens em agosto subiram 45% ante igual mês de 2012.A percepção de Camanzano está em linha com os dados divulgados pelo Banco Central (BC). 
 
Em julho, os brasileiros gastaram US$ 2,21 bilhões no exterior, alta de 10,1% em relação ao mesmo mês de 2012. Esse foi um dos motivos que ajudaram o País a registrar déficit em transações correntes de US$ 77,7 bilhões nos 12 meses encerrados em julho, correspondendo a 3,39% do Produto Interno Bruto (PIB). 
 
O número é maior que os 2,21% de julho de 2012.O fato é que os brasileiros vão cada vez mais para Miami e Nova Iorque. Segundo a Greater Miami Convention, entre 2002 e 2012 houve alta de 70,11% no número de turistas, para 689,9 mil. No ano passado, gastaram US$ 1,49 bilhão na cidade. Em Nova Iorque, diz a NYC & Company, houve avanço de 838,63% no fluxo em 10 anos, para 826 mil. Em 2011, os brasileiros gastaram US$ 1,62 bilhão na Big Apple. 
 
Mesmo com a cotação da moeda americana em alta, a empresária de moda Andréa Galvão é categórica ao afirmar que vai continuar viajando. Ela esteve em Nova Iorque em maio e vai a Miami em novembro. Com procura em alta, as agências criam pacotes. A CVC lançou uma viagem para Black Friday, queima de estoque do varejo norte-americano em 29 de novembro. “O brasileiro gosta de comprar nos Estados Unidos. Sempre foi mais barato.
 
Em média, as pessoas que vão para comprar ficam entre três e cinco dias. Mas é preciso contabilizar, por exemplo, gastos com passagem aérea, hotel e alimentação”, diz Maria Dolores, gerente de uma agência de turismo.Segundo agências de viagem, uma passagem de ida e volta para Nova Iorque custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil se comprada com um mês de antecedência. Três noites em um hotel três estrelas sai por R$ 1,5 mil. Para Miami, a passagem custa cerca de R$ 2 mil, e a estadia por R$ 1 mil. Segundo pesquisa da Decolar.com, passagem e hotel somam até 40% dos gastos de um viajante.    Fonte: redação com agências 

OMC revisa para baixo crescimento do comércio internacional em 2013 e 2014



 
 
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo (foto), confirmou nesta segunda-feira que a entidade revisou para baixo as perspectivas de crescimento do comércio internacional para 2013, que agora ficou situado em 2,5%, ao contrário dos 3,3% calculados anteriormente.

Os intercâmbios comerciais em 2014 também serão menores do que os esperados, com uma nova projeção de 4,5%, contra os 5% estimados. Em sua primeira entrevista coletiva como principal responsável da OMC, Azevêdo explicou que a principal razão desta revisão é que os analistas esperavam que a economia da União Europeia começasse a subir no segundo trimestre do ano, algo que não aconteceu.

Um ligeira recuperação foi recém observada no trimestre atual, comentou o diplomata brasileiro, que assumiu suas funções de diretor-geral da organização no começo do mês. Os analistas "esperavam uma recuperação mais rápida da economia europeia, que a melhora começasse no segundo trimestre e que como resultado o comércio iria melhor". No entanto, a economia europeia na realidade "chegou ao fundo do poço" entre abril e junho, e uma melhora "começou a ser vista no terceiro trimestre", explicou. "Essa brecha foi a causa que da projeção ser revisada para baixo, o que provocou um ajuste nos números", acrescentou.

A OMC apresentará neste mês, em uma data ainda por confirmar, seu relatório anual com as previsões completas da evolução do comércio internacional. 

Fonte: EFE