quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Ex-diretores da Petrobras protestam contra leilão do pré-sal


 
DENISE LUNA
DO RIO



Ex-diretores da Petrobras, representantes de entidades do setor de petróleo e o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa se reuniram hoje no Centro do Rio, no Clube de Engenharia, para comemorar os 60 anos da empresa e protestar contra o primeiro leilão do pré-sal, o campo de Libra, previsto para 21 de outubro. 

O ex-diretor de Exploração e Produção, Guilherme Estrella, disse em seu discurso que Libra, na bacia de Santos, é a maior descoberta do país, e por isso seria mais seguro preservar o petróleo para o Brasil. 

"Do ponto de vista geopolítico seria interessante a Petrobras não ter sócios, ainda que sejam países amigos. Minhas esperança é de que a presidente da República, que é uma nacionalista, abra a discussão sobre Libra com a sociedade", afirmou. 

Ele traçou um paralelo com outra experiência vivida pela estatal, na década de 1970, no Iraque, quando teve que devolver um campo (Majnoon) por ter sido a maior descoberta feita até aquele momento no país. "Não houve problema, fomos indenizados e saímos", explicou. 

O campo de Libra foi descoberto pela Petrobras em 2010, por contrato com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), que contratou a estatal para encontrar reservas que poderiam ser usadas em troca de ações da companhia, a chamada cessão onerosa. Libra possui entre 8 e 12 bilhões de barris em reservas recuperáveis, segundo a ANP. Estão inscritas 11 empresas para o leilão de outubro, a maioria asiáticas, sendo três chinesas. 

O bônus de assinatura foi estipulado em R$ 15 bilhões e vencerá o leilão quem oferecer o maior percentual de lucro-óleo (produção menos os custos) para a União. 

De acordo com Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, a venda de Libra fragiliza a situação do país do ponto de vista estratégico e empresarial. Ele quer o cancelamento imediato do certame e vai amanhã à Brasília se reunir com parlamentares que também querem suspender o leilão, como Roberto Requião (PMDB-PR), Pedro Simon (PMDB-RS) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Ações na Justiça também estão sendo preparadas, segundo Sauer. 

"Em qualquer lugar do mundo, quando se descobre uma nova província se concluiu o processo exploratório antes, para saber quanto se tem de reservas. Não saber ao certo quantos barris tem Libra é uma vergonha", declarou, sobre a diferença de 400 bilhões de barris da estimativa da ANP. 

"Ninguém vende um conjunto de fazendas cheias de bois sem contar os bois. De 8 a 12 bilhões (de barris) é 50% de erro. 400 bilhões de barris valem US$ 300 bilhões. Como vai deixar no ar uma dúvida de US$ 300 bilhões num país miserável como o nosso?", perguntou. 

Para o diretor da Coppe/UFRJ, o físico Luiz Pinguelli Rosa, Libra é um ativo grande demais para ser vendido em leilão. Ele lembra que as reservas brasileiras atualmente são de 15 bilhões de barris, e o campo quase dobraria esse volume. 

"Não há necessidade, a não ser por um critério de atração de dólares externos, o que não tem nada a ver com a política de petróleo", disse, referindo-se à necessidade do governo de fechar o ano dentro da meta do superávit primário. 

"É muito petróleo de uma vez só, ainda mais para dar para os chineses, isso vai para o governo chinês. Os chineses são duros nas questões comerciais, eles jogam no interesse deles, eles são uma espécie de americanos soft", avaliou.

Infraestrutura concentra investimentos anunciados em SP


 


A maior parte dos investimentos anunciados no Estado de São Paulo em 2012 foi para infraestrutura. Serviços e indústria ficaram com a segunda e a terceira maior parcela, respectivamente, conforme dados da Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo (Piesp), divulgados nesta quinta-feira (3) pela Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados). 

No ano passado, o montante de investimentos anunciados foi de US$ 59,8 bilhões, com 66% disso (US$ 39,3 bilhões) envolvendo projetos de infraestrutura, divididos em transportes, saneamento, telecomunicações e energia. 

No setor de infraestrutura, transportes foi o subsetor que teve a maior parcela de investimentos anunciados, 74,4%, ou US$ 34 bi, seguido por saneamento (15,3%); telecomunicações (6,7%); e energia (3,6%). 


SERVIÇOS E INDÚSTRIA

 
No setor de serviços, que teve investimentos anunciados de US$ 12 bilhões em 2012 --ou 20% do total, o maior volume esteve direcionado às atividades imobiliárias (US$ 4,3 bi), sobretudo, para construção ou ampliação de shopping centers, alguns deles incluindo hotéis, edifícios residenciais e comerciais. 

Já na indústria, com investimentos anunciados de US$ 7,6 bi (13% do total), as atividades que tiveram maior destaque foram automotiva, metalurgia e celulose e papel. 

O bom desempenho do subsetor automotivo reflete os incentivos fiscais do governo, condicionados a conteúdo nacional e inovação, e pela oferta de crédito a juros baixos, revela a pesquisa. 

VEJA A DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS
 
Setor investimento em US$ bilhões Participação (em %)
Infraestrutura 39,3 66
Serviços 12 20
Indústria 7,6 13
Comércio 0,72 1,2
Outros 0,12 0,2
Total 59,8 100
FONTE: Fundação Seade. Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo - Piesp. 


PRAZOS

 
As informações sobre o período de duração dos investimentos mostram que US$ 37,4 bilhões (62,6% do total) têm previsão de término até 2016 e outros US$ 7,7 bilhões (12,9%) deverão ser concluídos entre 2017 e 2020. As inversões de longo prazo (10 anos ou mais) somaram US$ 14,6 bilhões (24,5%), relacionando-se a saneamento básico, aeroportos e frota de aviões. 

O montante total de investimento anunciado no Estado de São Paulo em 2012 cresceu 22% em relação ao ano de 2011, e alcançou o maior volume anual desde 1998, 

O objetivo da Piesp é contribuir para o mapeamento das principais tendências da economia paulista. A edição atual divulga os anúncios de investimentos feitos pelas empresas em 2012 e indica as expectativas sobre o futuro desempenho econômico do Estado.

Dona do JBS tenta ampliar negócios com banco no segmento empresarial


 


TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO



O Banco Original, que pertence à J&F (holding controladora do frigorífico JBS), anunciou nesta quinta-feira (3) a entrada no segmento empresarial. A estratégia é parte do plano de diversificação da instituição, que nasceu com foco no agronegócio e pretende expandir a presença também para as áreas de varejo, investimentos e seguros. 

"No longo prazo, pretendemos atuar como banco completo", diz Giuseppe Paternostro, diretor-executivo de Crédito do Banco Original. A estreia no varejo, segundo ele, pode ocorrer em quatro a cinco anos, dependendo do cenário macroeconômico. 

Segundo Matheus Oliveira, diretor-executivo de Corporate do Original, o foco do banco nesse segmento são médias e grandes empresas de capital nacional com faturamento anual acima de R$ 300 milhões. A média de empréstimo por cliente é de aproximadamente R$ 13 milhões. 

A carteira de crédito da área empresarial, que começou a ser formada no início deste ano, já soma cerca de R$ 500 milhões, praticamente a metade da carteira de crédito total do banco, de R$ 1 bilhão. 

"Ainda há uma possibilidade enorme de crescimento considerando o volume de crédito concedido e o nosso patrimônio líquido, de R$ 2 bilhões. Temos um alto índice de Basileia", afirma Oliveira. 

O Banco Original hoje oferece produtos típicos de banco comercial, como empréstimos, derivativos, hedge, investimento e crédito para a exportação. 

No próximo ano, pretende lançar produtos adicionais, como empréstimos ligados a repasses do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e financiamento de importação.

A UNIVERSIDADE MULTICULTURAL DE RIBEIRÃO PRETO

A Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, recebe anualmente 150 alunos estrangeiros, a maior parte da América Latina e Europa, para fazer cursos de graduação e pós-graduação.

“Eles vem através de convênios que a USP tem com as universidades no exterior e vice-versa”, diz Fernanda dos Reis Almeida, chefe da sessão técnica de apoio ao visitante estrangeiro. Ela trabalha em uma central do campus que faz o acolhimento dos estrangeiros.

Eles participam dos cursos de Verão, em janeiro, e dos de Inverno, em julho e agosto, promovidos pela universidade. Fernanda explica que um dos focos da USP é a internacionalização. “A USP tem intensificado estes convênios e tem aumentado a procura por quem vê no país um destino atrativo”, diz.

Ela também acredita que a USP de Ribeirão Preto é muito procurada pelos estudantes estrangeiros porque é uma cidade que tem facilidade de moradia, segurança e facilidade no trânsito.

“Este convívio entre os nossos alunos e os de fora é importante porque eles exercitam a diversidade cultural e todos adquirem uma visão de mundo diferenciada”, opina. Para ela, os dois estudantes ganham com a convivência e aprendem também a se adaptar em situações diferentes.

Alunos estrangeiros podem estudar na USP por meio do Programa de Estudante Convênio ou por vagas cedidas em casos de cortesia diplomática, oferecidas a funcionários estrangeiros de missões diplomáticas ou para seus dependentes legais.

No curso de medicina existe a possibilidade de fazer residência médica. Alunos de intercâmbio de graduação podem cursar de um a dois semestres que podem ser válidos para as escolas de origem.
Fernanda lembra que as atividades são em português, por isso, é bom o aluno ter conhecimento da língua portuguesa.


Evento ajuda a unir estrangeiros e brasileiros


A USP realiza todo ano o “Get Together” para unir estudantes estrangeiros e brasileiros e promover a integração cultural entre eles.

“Faz sete anos que o evento é realizado e cada grupo apresenta um pouco de sua cultura. Brasileiros e estrangeiros conhecem a cultura de cada povo”, diz Fernanda dos Reis Almeida, chefe da sessão técnica de apoio ao visitante estrangeiro.

Este ano, os alunos fizeram exposições sobre os locais turísticos, músicas, filmes e roupas de seus países.
Já os brasileiros falaram sobre os lugares que gostariam de estudar caso fossem para o exterior.
“A tendência é no próximo ano aumentarmos o número de alunos estrangeiros porque a procura já tem sido grande. É claro que a Copa do Mundo é um atrativo”, afirma.

Jucimara de Pauda
(A Cidade – 29/09/2013)

Petrobras chega aos 60 anos cercada de incertezas


DENISE LUNA
DO RIO



A maior empresa brasileira chega aos 60 anos com muitos motivos para comemorar, mas também com muitas incertezas pela frente.
Dona de valiosas reservas no pré-sal, com ou sem futuros leilões, a Petrobras está com o caixa fragilizado e depende de uma radical mudança na política de ajuste de preços dos combustíveis para evitar uma nova capitalização, medida que seria considerada trágica pelo mercado. 


Editoria de Arte/Folhapress

Na última capitalização, em 2010, a empresa conseguiu R$ 120 bilhões ao emitir mais ações. Mas diluiu os acionistas minoritários e fortaleceu a presença do governo no capital da companhia.

A nova injeção de recursos se faz necessária para garantir a realização do seu ambicioso plano de negócios, que pulou de um patamar de U$ 5 bilhões por ano na década passada, para US$ 42 bilhões em 2012. Sem uma nova política de ajuste de combustíveis, o mercado avalia que a capitalização será o caminho mais provável, mas só deve ocorrer depois das eleições presidenciais, em 2014. 

Este ano, a empresa já captou US$ 11 bilhões em bônus para cumprir os investimentos previstos de US$ 46 bilhões em 2013. A companhia não pode, porém, aumentar ainda mais a sua dívida, sob o risco de perder o grau de investimento concedido por agências de rating. De 2009 até hoje, o endividamento da Petrobras cresceu 210%. 


PERFIL DAS DÍVIDAS


A Moody's já classificou o panorama das dívidas da companhia como negativo, apesar de manter o grau de investimento. Preocupada, a Standard & Poor's convocou uma reunião com a presidente da Petrobras, Graça Foster, que pediu paciência à agência, "porque estamos chegando lá", argumentou Graça. Sem o grau de investimento, a empresa teria que captar recursos a um preço mais elevado no mercado. 

O temor do mercado é de que com o caixa enfraquecido e sem poder captar, a empresa tenha como único caminho a capitalização e, a exemplo do que ocorreu em 2010, os acionistas minoritários sejam diluídos, com o governo ganhando cada vez mais força no comando da petroleira. 


INSTRUMENTO DE POLÍTICA

 
Enfraquecida pelo seu constante uso como instrumento de política pública, a empresa negocia no momento possíveis mudanças nos ajustes de preços com o seu controlador majoritário, a União, que teme o impacto inflacionário que teria uma equiparação dos preços da gasolina e do diesel com o praticado no mercado externo. 

A defasagem, que vem oscilando de acordo com o humor do mercado internacional, chegou a significar uma diferença de preços de 30% para cada um dos dois combustíveis este ano. 

Hoje, por questões sazonais, gira em torno dos 11% para a gasolina e 18% para o diesel, segundo cálculo do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires. 

As perdas passadas por conta da defasagem, de cerca de R$ 1 bilhão por mês, não poderão ser recuperadas. O aumento de preços de combustíveis este ano, tema de todas as reuniões do Conselho de Administração da estatal, presididas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, guardião da inflação, não deverá passar de 5% a 6%, o que resolve apenas em parte o problema do caixa da companhia. 


60 ANOS EM SETE

 
Por outro lado, a Petrobras chega aos 60 anos com uma grande experiência em águas ultraprofundas, o que a habilita a comandar no país a operação das grandes descobertas feitas no pré-sal, um tesouro classificado pela presidente Dilma Rousseff como "bilhete premiado", e que vai levar a empresa a produzir em sete anos o mesmo volume que levou 60 anos para conseguir. 

Fundada em 1953 pelo então presidente Getúlio Vargas, para garantir a independência econômica do país, a estatal deu um salto tecnológico com o fim da ditadura militar e posterior quebra do monopólio do mercado de petróleo, em 1997. 

O patamar de produção passou de cerca de 600 mil barris diários na época do monopólio, para cerca de 2 milhões de barris em 2011, sofrendo depois disso um recuo para patamares de 2009 (1,9 milhão de barris) após uma série de paradas programadas para manutenção, atraso na entrega de novas plataformas, entre outros contratempos. 

A empresa, porém, tem como meta dobrar a produção até 2020, com ajuda do pré-sal, para 4,2 milhões de barris diários. Sem refinarias para processar todo esse petróleo no Brasil, a perspectiva é de que a companhia se torne uma grande exportadora nesse período, de pelo menos 1 milhão de barris de petróleo. 

Esse número poderá ser ainda maior depois que a empresa começar a produzir o petróleo do campo de Libra, daqui a cerca de cinco anos, a maior descoberta já feita pela empresa no país e que será leiloado no próximo dia 21 de outubro. 



Editoria de Arte/Folhapress

Professor não tem direito de “fazer a cabeça” de aluno




A questão do marxismo em sala de aula demanda maior atenção. A guerra é cultural, os defensores da liberdade precisam compreender isso. Nossos filhos são vítimas de doutrinadores que agem de forma imoral e, também, ilegal.

Segue um IMPORTANTE artigo, escrito por Miguel Nagib, que é advogado e coordenador do Escola Sem Partido, ONG que tenta desintoxicar as escolas e universidades da doutrinação ideológica.

O artigo merece ampla divulgação, e recomendo que todos aqueles que concordarem, repassem para suas listas. Muitos alunos desconhecem seus DIREITOS, e temem enfrentar seus professores doutrinadores, receosos da reação, da nota na prova, da pressão do grupo. Como disse Nagib, isso é “bullying político”.

Ficou claro que há muita gente cansada disso, pela quantidade de pessoas que gostaram do manifesto do aluno que se recusou a fazer mais um trabalho sobre Marx, sabendo o que o professor faria em caso de postura crítica. Isso não é ser professor, mas proselitista e explorador.
Leiam, reflitam, repassem!

Professor não tem direito de “fazer a cabeça” de aluno

Por Miguel Nagib

É lícito ao professor, a pretexto de “despertar a consciência crítica dos alunos” — ou de “formar cidadãos”, “construir uma sociedade mais justa”, “salvar o planeta”, etc. –, usar a situação de aprendizado, a audiência cativa dos alunos e o recinto fechado da sala de aula para tentar obter a adesão dos estudantes a uma determinada corrente ou agenda política ou ideológica?
Com outras palavras: é lícito ao professor tentar “fazer a cabeça” dos alunos?
A resposta a essa pergunta está no art. 206 da Constituição Federal, que diz o seguinte:
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;
Como se vê, ao lado da liberdade de ensinar dos professores — a chamada liberdade de cátedra –, a Constituição Federal também garante a liberdade de aprender dos estudantes.

Seja qual for, na sua máxima extensão, o conteúdo jurídico dessa liberdade de aprender, uma coisa é certa: ele compreende o direito do estudante a que o seu conhecimento da realidade não seja manipulado pela ação dolosa ou culposa dos seus professores. Ou seja: ele compreende o direito do aluno de não ser doutrinado por seus professores.

Esse direito nada mais é do que a projeção específica, no campo da educação, da principal liberdade assegurada pela Constituição: a liberdade de consciência.

A liberdade de consciência é absoluta. Os indivíduos são 100% livres para ter suas convicções e opiniões a respeito do que quer que seja. Ninguém pode obrigar uma pessoa, direta ou indiretamente, a acreditar ou não acreditar em alguma coisa. O Estado pode obrigá-la a fazer ou não fazer alguma coisa, mas não pode pretender invadir a consciência do indivíduo para forçá-lo ou induzi-lo a ter essa ou aquela opinião sobre determinado assunto. Isto só acontece em países totalitários como Cuba e Coreia do Norte.

Como o ensino obrigatório não anula e não restringe a liberdade de consciência do indivíduo — do contrário, ele seria inconstitucional –, o fato de o estudante ser obrigado a assistir às aulas de um professor impede terminantemente que este se utilize de sua disciplina, intencionalmente ou não, como instrumento de cooptação política ou ideológica.

Portanto, com base no art. 206 da CF, pode-se definir juridicamente a prática da doutrinação política e ideológica em sala de aula como sendo o abuso da liberdade de ensinar do professor em prejuízo da liberdade de aprender do estudante.

Esse abuso da liberdade de ensinar também compromete gravemente a liberdade política dos alunos, já que o fim último da doutrinação é induzir o estudante a fazer determinadas escolhas políticas e ideológicas. E como se alcança esse resultado? Mediante a desqualificação sistemática de todas as correntes políticas e ideológicas menos uma: aquela que desfruta da simpatia do professor.

Dessa forma, os estudantes são induzidos a fazer determinadas escolhas; escolhas que beneficiam, direta ou indiretamente, os movimentos, as organizações, os partidos e os candidatos que desfrutam da simpatia do professor ou que contam com a sua militância.

Sendo assim, não há dúvida de que esses estudantes estão sendo manipulados e explorados politicamente por seus professores, o que ofende o art. 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo o qual “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de exploração”.

É certo que o professor doutrinador não se vale da violência para constranger os alunos. Mas, ao estigmatizar determinadas perspectivas políticas e ideológicas, a doutrinação cria as condições para um tipo de constrangimento muito menos sutil: o bullying político e ideológico que é praticado pelos próprios estudantes contra seus colegas. Em certos ambientes, um aluno que assuma publicamente uma militância ou postura que não seja a da corrente dominante corre sério risco de ser isolado, hostilizado e até agredido fisicamente pelos colegas. E isto se deve, principalmente, ao ambiente de sectarismo criado pela doutrinação.

Professor doutrinador é aquele que usa suas aulas para tentar transformar seus alunos em réplicas ideológicas de si mesmo. Assim agindo, porém, o professor infringe o art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que garante aos estudantes “o direito de ser respeitado por seus educadores”. Com efeito, um professor que deseja transformar seus alunos em réplicas ideológicas de si mesmo evidentemente não os está respeitando.

Por fim, a prática da doutrinação ideológica configura uma afronta ao próprio regime democrático, já que ela instrumentaliza o sistema público de ensino e os estudantes com o objetivo de desequilibrar o jogo político em favor de um dos competidores.

Em suma, o professor que usa suas aulas para “fazer a cabeça” dos alunos, por mais justas e elevadas que lhe pareçam as suas intenções, está desrespeitando, ao mesmo tempo, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Cabe às autoridades educacionais e aos responsáveis pelas escolas adotar medidas eficazes para coibir essa prática covarde, antiética e ilegal. E cabe ao Ministério Público — a quem a Constituição Federal atribui “a defesa da ordem jurídica e do regime democrático” e a legislação ordinária, a defesa dos interesses das crianças e dos adolescentes e dos consumidores — exigir que essas medidas sejam adotadas.

E que medidas são essas?

Muito pode ser feito, sem dúvida. Mas o mais importante e urgente é informar os alunos sobre o direito que eles têm de não ser doutrinados por seus professores.

Trata-se, aqui, mais uma vez, de um direito assegurado pela Constituição Federal: o direito — que decorre do princípio constitucional da cidadania (CF, art. 1º, II) — de ser informado sobre os próprios direitos.

Conferindo efetividade a esse princípio, o Código de Defesa do Consumidor — que é aplicável no caso da relação professor-aluno, uma vez que o professor é preposto do fornecedor dos serviços prestados ao aluno — enumera entre os princípios da Política Nacional das Relações de Consumo a “educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres” (art. 4º, inciso IV).

Além disso, o art. 2º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) estabelece que uma das finalidades da educação é preparar o educando “para o exercício da cidadania”.

Assim, tanto por força da Constituição, como por força do Código de Defesa do Consumidor e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, as escolas públicas e privadas têm o dever jurídico de educar e informar os estudantes sobre o direito que eles têm de não ser doutrinados por seus professores.
Como cumprir esse dever? É simples: basta afixar em locais onde possam ser lidos por estudantes e professores (preferentemente nas salas de aula, mas também nas salas dos professores) cartazes com os seguintes preceitos:

1. O professor não abusará da inexperiência, da falta de conhecimento ou da imaturidade dos alunos, com o objetivo de cooptá-los para esta ou aquela corrente político-partidária, nem adotará livros didáticos que tenham esse objetivo.

2. O professor não favorecerá nem prejudicará os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, religiosas, ou da falta delas.

3. O professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas.

4. Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mesma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito.

5. O professor não criará em sala de aula uma atmosfera de intimidação, ostensiva ou sutil, capaz de desencorajar a manifestação de pontos de vista discordantes dos seus, nem permitirá que tal atmosfera seja criada pela ação de alunos sectários ou de outros professores.

Negar aos alunos o conhecimento desses deveres do professor é o mesmo que sonegar-lhes as condições mínimas necessárias ao exercício da cidadania dentro da própria escola!

Portanto, é necessário e urgente educar e informar os estudantes sobre os direitos compreendidos na sua liberdade de aprender, a fim de que eles mesmos possam exercer a defesa desses direitos, já que, dentro da sala de aula, ninguém mais poderá fazer isso por eles.

Endobranding: uma nova forma de reforçar a marca

Você já ouviu falar do branding interno? Ainda não? O novo conceito pode ser exatamente o que faltava para impulsionar os seus negócios

Fábio Bandeira de Mello, Revista Administradores, Share28 
 
 
Revista Administradores
 
“Endobranding é a forma de a instituição vender, humanizar e difundir uma mensagem, um determinado conceito ou uma ideia que a empresa acredite fortemente aos seus colaboradores"
 
 
Marcas, empresas, pessoas, ações, produtos, estratégias, criatividade, metas. Essas, sem dúvida, são palavras continuamente repetidas por todas as pessoas envolvidas com o marketing de uma organização. E, no fundo, os objetivos giram em torno de duas premissas básicas: despertar a atenção do público-alvo e fazer com que esse público lembre o que foi dito, mesmo inconscientemente. Afinal, ninguém quer dar um duro danado em planejar uma campanha para que ela seja completamente esquecida pelo receptor após dez segundos de vê-la. 

E quando se fala em público, pensar apenas nos consumidores fora da empresa pode ser um erro estratégico sem igual. Infelizmente, algumas empresas ainda investem muito em comunicação para o mercado, para conquistar clientes, mas nem sempre têm o mesmo cuidado em relação ao público interno. 

Afinal, aqueles que compõem o dia a dia de uma organização, além de colocarem em funcionamento o negócio, são a verdadeira imagem que a organização vai transmitir para as pessoas de fora.

“Vale destacar que temos um mercado consumidor cada vez mais exigente e mais informado. Um consumidor atento à postura e à atitude da marca. Um consumidor que não tolera um discurso dissonante da prática. Não há como esconder as incoerências estratégicas e os antagonismos existentes entre imagem e identidade. Uma empresa que fala em conexão e comunicação, por exemplo, e não abre espaço para o diálogo interno, certamente não sustentará a sua promessa”, indica Luciane Paim, sócia da agência Oito Endobranding.

Por isso, dar a devida importância ao público interno, seja através de um mix de ações, que podem ser desde o oferecimento de cursos, treinamentos, benefícios agregados e campanhas específicas se torna uma ferramenta para diminuir a rotatividade de pessoal e dar mais motivação, eficiência e qualidade de vida aos colaboradores.

Um conceito que surge como novidade e tem se mostrado eficiente ao trabalhar em conjunto com outras estratégias para o público interno é o endobranding. A ideia é fortalecer uma identidade interna a ser compreendida e valorizada por funcionários de uma organização.

“Endobranding é a forma de a instituição vender, humanizar e difundir uma mensagem, um determinado conceito ou uma ideia que a empresa acredite fortemente aos seus colaboradores. É trabalhar a mesma identidade visual e começar a ter uma estratégia de uniformização na marca para que ela tenha uma cara facilmente assimilada, memorizada e aceita pelo público interno”, indica Paulo Ricardo Meira, doutor em Marketing pela UFGRS e professor do Instituto Legislativo Brasileiro.

Na nova edição do livro Administração de Marketing, os renomados autores Philip Kotler e Kevin Keller já trazem esse conceito e destacam se tratar de “atividades e processos que ajudam a informar e inspirar os funcionários”. Sendo o endobranding o gerenciamento da marca, por exemplo, em um programa motivacional para funcionários, nos eventos que forem planejados, no plano de carreira estabelecido, ou em alguma outra ação envolvendo a organização.

Conheça bem a empresa

Assim como o desenvolvimento e a fixação de qualquer marca, os resultados do endobranding não são automáticos, afinal, não dá pra construir uma marca respeitada, seja ela para o público interno ou externo, em apenas uma ação. Um estudo desenvolvido pela Universidade da Califórnia confirma essa premissa. Os pesquisadores realizaram uma série de experimentos e constataram que frases repetidas, depois de um tempo, são absorvidas mais facilmente pelos ouvintes. Quem escuta, aos poucos, fica familiarizado com o argumento.

Quem trabalha no dia a dia com essa estratégia sabe que uma boa fixação não nasce do dia para a noite. “Endobranding é um processo que demanda certo tempo e envolvimento. Em geral desenhamos um modelo de trabalho em conjunto e vamos adequando as rotas de acordo com as necessidades e de forma integrada com o cliente”, conta Luciane Paim sobre o trabalho desenvolvido pela agência Oito Endobranding.

E para a implementação dessa estratégia, um passo se torna essencial. “A única etapa que é fundamental e não podemos abrir mão é iniciar todo e qualquer trabalho a partir de uma profunda imersão no contexto interno da empresa em questão através de entrevistas, grupos de discussão, observação participante, discussões informais e pesquisas online”, indica Luciane.

Uma das empresas que apostaram nesse conceito foi a Empório Body Store. De acordo com Tobias Chanan, CEO da companhia, uma marca se constrói nos detalhes do dia a dia e o alinhamento da comunicação entre a equipe interna é fundamental para que a entrega seja a esperada pelos clientes. “O aprendizado que tivemos foi comprovar que o alinhamento entre quem somos e porque existimos será decisivo para atingir dos objetivos da companhia”, destacou em seu depoimento ao Oito Endobranding.

A ideia é que as marcas não sejam parte das estratégias de comunicação, mas sim parte estratégica da consolidação da proposta do negócio como um todo. A verdade da empresa deve estar imbuída na atitude e na certeza de seus funcionários que criam e transformam juntos o resultado final, materializando mais que um produto: uma identidade.

NA PRÁTICA

Um exemplo do branding interno é a ação “Senado Solidário”, feito pelo Senado Federal. A imagem de uma flor buscou fazer uma associação positiva com cuidado e carinho e serviu de marca guarda-chuva para diferentes ações de solidariedade, reunidas no hotsite “Senado Solidário” (figura1). O símbolo é então desdobrado em campanhas específicas, como se percebe nas campanhas do Agasalho e Doação de Sangue, em 2012 (figura2 e 2.1) Ambas as campanhas, realizadas em 2012, superaram o êxito do ano anterior, no qual não havia ainda uma estratégia de branding organizada. A identidade visual prosseguiu em 2013 (figura 3), na qual foi possível maior identificação profissional às campanhas.

NÃO CONFUNDA

Endomarketing

Um conjunto de ações utilizadas por uma empresa para vender a sua própria imagem a funcionários e familiares. É a utilização de modernas ferramentas de marketing, porém, dirigidas ao público interno das organizações.

Endobranding

Atividades e processos de administração de marca em programas internos e motivacionais que ajudam a informar e inspirar os funcionários.

*Definição de Paulo Meira, professor e doutor em Marketing pela UFGRS