sexta-feira, 18 de outubro de 2013

OGX está negociando com a Vinci Partners? Não? Sim? Talvez?


Em apenas um dia e meio, a Vinci negou “cabalmente” qualquer plano com a petroleira, a OGX afirmou que não havia nada entre elas e, agora, diz que sim

Eike Batista, CEO da EBX

Eike Batista, dono da OGX: a petroleira diz que fala com a Vinci; a gestora nega

São Paulo – Dizer que o mundo dos negócios é cada vez mais dinâmico e o cenário muda rapidamente é um chavão que executivos repetem para justificar muita coisa. Mas a mudança de postura da OGX em relação às conversas com a gestora Vinci Partners pode entrar para a história.

Em apenas um dia e meio, a OGX negou e, depois, admitiu que negocia com a Vinci, enquanto a gestora de fundos negou “cabalmente” qualquer intenção de assumir o controle ou aportar recursos na problemática petroleira de Eike Batista.

Tudo começou na manhã de quarta-feira, quando o site Infomoney noticiou, sem revelar sua fontes, que a Vinci Partners já teria acertado a compra do controle da OGX e 220 milhões de dólares entrariam no caixa da empresa.

Primeiro não
Em contato com a reportagem de EXAME.com, a assessoria de imprensa da OGX informou, naquele dia, que “a informação sobre a Vinci não procede.” Também por e-mail, horas depois, a Vinci Partners informou, numa brevíssima nota oficial, que “nega cabalmente as informações veiculadas hoje pela mídia de que poderia se associar ou mesmo realizar operação ou investimento de qualquer natureza na OGX.” A negativa da Vinci Partners foi reproduzida por jornais no dia seguinte, quinta-feira.

A negativa da OGX à imprensa foi repetida no esclarecimento enviado, na noite daquele mesmo dia, em fato relevante enviado à BM&F Bovespa, com cópia para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
No documento, a OGX afirmou que as informações que circularam “constituem suposições de profissionais da imprensa baseadas em rumores”.

Agora sim
O fato relevante foi enviado às 20h15 de quarta. Às 23h de quinta-feira, pouco mais de 24 horas depois, a postura da OGX havia mudado bastante. Depois de negar, a petroleira passou a admitir que negociava com a Vinci.

  
Em resposta a um ofício da Gerência de Acompanhamento de Empresas da BM&F Bovespa, com cópia para a CVM, a OGX passou a afirmar que “em linha com o fato relevante divulgado na data de ontem e no âmbito da revisão de sua estrutura de capital, a companhia, acompanhada de seus assessores, vem mantendo contato com diversos potenciais investidores, dentre eles a Vinci Partners” (grifo da própria OGX).
 
O desencontro de informações chamou a atenção do mercado. A avaliação mais benevolente é de que, em meio a tanta gente negociando o destino da empresa, ruídos e falta de alinhamento acontecem – mesmo esses tão gritantes entre a Vinci, que diz não negociar, e a OGX, que diz agora que negocia.
Dúvidas
Já os mais críticos já começam a suspeitar de que alguém pode estar ganhando muito dinheiro com informações que fazem as ações da OGX bombarem na bolsa, puxando, inclusive, o Ibovespa, principal indicador do pregão brasileiro. No blog O Mercado em 5 Minutos, de EXAME.com, Roberto Altenhofen, sócio da casa de análises Empiricus, destaca o desproporcional peso da OGX no Ibovespa.

Enquanto a petroleira, que vale pouco mais de 1 bilhão de reais, responde por 5% do índice, a gigante Ambev, maior cervejaria da América, com valor de 265 bilhões de reais, tem peso de 1,6%.
A Vinci Partners não havia retornado o contato de EXAME.com, em que a reportagem solicita uma posição da gestora sobre a mudança de posição da OGX que, agora, diz que elas estão, sim, conversando.

 
 

Infraestrutura terá R$ 30 bi do BNDES em 2013, diz Coutinho

Em 2014, o financiamento para o setor será de R$ 33 bilhões em 2014, ante R$ 24,5 bilhões em 2012, segundo o presidente do BNDES

Gustavo Porto, do
Paulo Whitaker/REUTERS
Luciano Coutinho, presidente do BNDES

Luciano Coutinho, presidente do BNDES: ele reafirmou que a redução dos aportes do Tesouro na instituição será gradual

São Paulo - O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, informou, nesta sexta-feira, 18, que o financiamento do banco direcionado à infraestrutura chegará a R$ 30 bilhões em 2013 e será de R$ 33 bilhões em 2014, ante R$ 24,5 bilhões em 2012.

Segundo Coutinho, a expectativa do banco é de que a logística amplie de 20,6% para 22,2% a taxa de investimento sobre o Produto Interno Bruto (PIB) até 2018.

Ele reafirmou que a expectativa é de ampliação da contribuição do mercado de capitais no investimento, e que "o BNDES terá níveis mais baixos de participação nos investimentos com o aumento do mercado de capitais".

O presidente do BNDES disse que o governo e o BNDES trabalham intensamente para que o mercado amplie a emissão de debêntures, e a expectativa é de abrir espaço para a participação de até 20% desses papéis em futuros projetos.

Ele repetiu ainda que a redução dos aportes do Tesouro na instituição será gradual. "Queremos combinar crescimento com gestão fiscal", completou.

5 perigos que cercam Libra e seu abundante pré-sal


O leilão da maior reserva do país, que ocorre nesta segunda, promete elevar o papel do Brasil entre os produtores mundiais, mas está também cercado de perigos

Alfredo Estrella/AFP
Plataforma de petróleo

Campo de Libra: a maior descoberta já feita no Brasil promete a produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia

São Paulo - Na próxima segunda-feira, dia 21, vai à leilão a "menina dos olhos" do governo brasileiro, o Campo de Libra. Localizada na Bacia de Santos, a região é a maior descoberta do pré-sal até agora e promete a produção de 1,4 milhão de barris de petróleo por dia, mais da metade do que o país produz atualmente..

Ao mesmo tempo em que as estimativas e promessas atingem números impressionantes, os perigos envolvidos em leiloar a maior descoberta de petróleo já realizada no Brasil através de um modelo inédito no setor preocupam.
Veja a seguir quais são os principais perigos envolvidos do leilão do Campo de Libra:


1 Sobrecarregar a Petrobras


A participação obrigatória da Petrobras na operação de todos os poços do Campo de Libra pode fazer com que a empresa deixe de lado outros campos – mesmo aqueles mais vantajosos do ponto de vista comercial e de produção – por falta recursos para investimento.

Como a petroleira já está bastante endividada - foi essa a razão para que ela tivesse, no começo do mês, a nota de crédito rebaixada pela Moody's - e com dificuldades para levantar recursos no mercado internacional, os investimentos necessários para a exploração do pré-sal podem sobrecarregar as contas da empresa, cujas dívidas aumentam a cada minuto com a política do governo de segurar o preço da gasolina.

Alguns especialistas apontam que a gigante Petrobras - e seu plano mastodôntico de investiomentos de 236 bilhões até 2017 - pode ter dificuldade para cumprir tudo que é esperado dela, agora com o peso do pré-sal.


2 Modelo de partilha não dar certo


O Campo de Libra é a maior reserva de petróleo já encontrada no Brasil e representa uma grande oportunidade não só do ponto de vista energético, mas também social. Nenhum barril foi produzido ainda, mas o dinheiro dos royalties já foi prometido para áreas prioritárias como saúde e educação. Por isso, parece delicado que se tenha escolhido um novo marco regulatório para fazer a licitação desta área.

Ao contrário dos leilões anteriores, o modelo em Libra é o de partilha de produção, e não concessão. O vencedor será o grupo que oferecer ao governo a maior fatia de "óleo lucro" – petróleo produzido depois de pagos os investimentos iniciais feitos pelas empresas - para vender por conta própria. 

O lance mínimo é de 41,65% de participação, mas o governo espera que as ofertas cheguem a 75% ou mais. 

O novo modelo é mais atrativo financeiramente para o governo, mas não para as empresas. O problema é que a alta taxa de participação do Estado nos lucros, somada a operação obrigatória e exclusiva da Petrobras, deixou as grandes petrolíferas internacionais receosas com o pré-sal. 

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) esperava que mais de 40 empresas se inscrevessem para participar do leilão, mas apenas 11 pagaram a taxa de R$ 2,05 milhões. Gigantes como Exxon Mobil, BP, BG Group e Chevron ficara de fora.

Liberação de carga importada pode demorar até 16 dias em alguns portos

Segundo pesquisa da Firjan, prazos estão muito superiores aos de outros países.



Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio mediu a redução no tempo de liberação de mercadorias em portos e aeroportos do país, depois que alguns órgãos do governo passaram a funcionar 24 horas. Mas, segundo a pesquisa, os prazos continuam muito superiores aos de outros países.

As novas regras mudaram a rotina nos principais portos e aeroportos do país. Órgãos do governo como Receita Federal e Vigilância Sanitária agora funcionam 24 horas.
No Porto de Santos, o tempo médio de liberação de mercadorias caiu de 20 para 16 dias. No Rio, de 18 para 15.

Mas terminais de contêineres continuam funcionando em horário comercial, e ainda representam um gargalo.
“Se o porto hoje é 24 horas, ele teria que estender um pouco mais para infelizmente não criar essa fila que você está vendo aqui fora”, diz o motorista Carlos Eduardo Silva Veiga.

A queda no tempo de despacho de carga foi maior nos aeroportos.  Em Guarulhos, a prazo caiu de oito dias para cinco. Em Campinas, de cinco para três dias.

Desde a implantação do atendimento 24 horas, o tempo médio de liberação de mercadorias no Terminal do Aeroporto do Galeão caiu de 11 para sete dias. Mas toda carga que chega ainda enfrenta uma imensa burocracia.

São mais de 115 declarações de exportação e importação que poderiam ser simplificadas em apenas um documento: o chamado guichê único, ainda em fase de estudos no Brasil. Torna mais competitivos aeroportos na China, em Cingapura e na Inglaterra, onde a liberação de mercadoria leva de quatro a oito horas.

“É fundamental no século 21 nós termos mais facilidades de transação do despacho de mercadorias. Apenas essa vontade administrativa de fazer com que os portos e aeroportos trabalhassem 24 horas fez com que fossem mais eficientes, sem investimento”, destaca Eduardo Eugênio Gouveia Vieira, presidente da Firjan.

A Receita Federal argumenta que um estudo, feito em 2013, mostrou que a logística é um problema mais grave do que a fiscalização. No Rio, por exemplo, um navio leva em média três dias para fazer o desembarque.

As empresas precisam de até mais três dias para entregar um contêiner ao fiscal.  Depois de liberada, a carga demora cinco dias para ser retirada do porto. De acordo com a Receita, a fiscalização na alfândega leva um dia e meio.

“Se nada fosse submetido à fiscalização, cerca de 90% do problema ainda continuaria existindo. Somente trabalharmos, no caso a Receita Federal, 24 horas, não representa a solução. Se fosse uma solução única para o problema seria mais fácil”, explica a chefe de Administração Aduaneira - RJ, Herica Gomes Vieira.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio contestou o estudo da Firjan e declarou que nenhuma mercadoria precisa de 115 licenças. Sobre a implementação do guichê único, o ministério afirma que trabalha no projeto, mas ainda não há prazo para que entre em vigor.

Como o leilão do Campo de Libra virou um cabo de guerra

Maior licitação de petróleo do país divide opiniões – se manifestantes gritam contra “privatização”, há quem diga que o “interesse nacional” nunca foi tão resguardado


Ex-diretor da Petrobras entra com ação para suspender leilão do pré-sal


FABIANO MAISONNAVE
DE SÃO PAULO



Ontem à noite, o ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras no governo Lula Ildo Sauer e o advogado Fábio Konder Comparato protocolaram na Justiça Federal, em São Paulo, uma ação popular pedindo a suspensão do primeiro leilão do pré-sal brasileiro, do campo de Libra, previsto para a próxima segunda-feira, 21.

De acordo com Sauer, atualmente professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, o leilão tem "ilegalidades flagrantes", sobre as quais não quis especificar, e contraria os interesses nacionais ao "seguir a política energética dos EUA e da China", para quem o objetivo é "a produção rápida para reduzir o preço".
Editoria de Arte/Folhapress  

"Para um país que pretende ser exportador, como é o caso do Brasil, interessa controlar o ritmo da produção e manter o preço elevado", diz a introdução da ação popular. 

Sauer e Comparato defendem que o campo de Libra seja repassado à Petrobras.
 

SEGURANÇA


A pedido do governo do Rio presidente Dilma Rousseff convocou o Exército, para garantir a realização do leilão na segunda. 

A partir de domingo, 24h antes do leilão, parte do bairro da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade, onde ocorrerá o leilão terá a segurança controlada por militares. 

Petroleiros da Petrobras, que iniciaram nesta quinta uma greve por tempo indeterminado contra o leilão, prometem levar "pelo menos mil" pessoas para a porta do hotel para tentar impedir a venda. 

A mobilização contará com 1.100 homens do Exército, das polícias Federal, Rodoviária Federal, da Força Nacional, além de agentes das polícias Civil e Militar do Rio. O planejamento será definido hoje e o efetivo ainda pode aumentar.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

'Greve dos petroleiros não tem prazo para acabar'', diz FUP


Coordenador na Federação Única dos Petroleiros afirma que trabalhadores só voltarão ao trabalho se reivindicações forem atendidas

Por Keila CÂNDIDO

A cinco dias do maior leilão de petróleo já realizado pela Petrobras, trabalhadores paralisaram as atividades nas refinarias e plataformas em vários estados brasileiros. A ação dos petroleiros pode ameaçar a realização do leilão do Campo de Libra, localizado na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, marcado para a segunda-feira 21. A suspensão do leilão é o principal motivo da greve. "Não vamos voltar ao trabalho enquanto o governo não atender ao nosso pedido", diz João Antônio de Moraes, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).  De acordo com a entidade, até às 14h desta quinta-feira 17, 39 plataformas da Bacia de Campos, responsável por 80% da produção da Petrobras, aderiram ao movimento.

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GREVE: trabalhadores querem suspensão de leilão de Libra
 
Três exigências compõem a lista de reivindicações dos petroleiros. A primeira delas é de que o leilão não aconteça. Segundo Moraes, ações movidas pela entidade pedindo a suspensão da rodada tramitam no judiciário e no legislativo. Na semana passada, sindicados filiados à FUP também entraram com a mesma ação. Moraes justifica a tentativa de impedir que o leilão aconteça: “O petróleo é da população brasileira e vamos lutar para que a governo não deixe isso nas mãos de empresas estrangeiras.”
  
Os trabalhadores querem ainda que o Projeto de Lei 4330, que permite a terceirização de todas as atividades da empresa, seja arquivado. "A terceirização torna precárias as condições de trabalho", afirma. De acordo com Moraes, uma pessoa morre, em média, por mês em acidentes de trabalho na Petrobras. De acordo com levantamento feito pela FUP, desde 1995, mais de 300 pessoas morreram em operações da companhia e muitos deles eram prestadores de serviço. Procurada, a Petrobras não quis se manifestar sobre o assunto, apenas disse, em comunicado, que o Projeto de Lei 4330, não cabe seu posicionamento.
 
Outra reivindicação é a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho de 2013 (ACT 2013), que rege as condições de trabalho da categoria. O acordo inclui o reajuste salarial que repõe a inflação, com 5% de ganho real.  A Petrobras, disse, em nota, que “realizou uma série de reuniões com as entidades sindicais e apresentou sua proposta ao longo das últimas semanas."
 
Segundo a companhia, foi feita uma proposta de reajuste de 7,68% e uma gratificação equivalente a uma remuneração e que as propostas também inclui cláusulas sociais relacionadas ao plano de saúde, benefícios educacionais, segurança, condições de trabalho etc. “A Petrobras afirma que está aberta ao processo de negociação com as entidades sindicais sobre o ACT  2013”, diz o comunicado.
 
Na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, a FUP cobrou da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a suspensão do leilão de Libra. Segundo a diretora-geral da entidade, Magda Chambriard, a rodada não será adiada. "Não existe nenhuma possibilidade de ser adiado o leilão", afirma. De acordo com Magda, haverá forte esquema de segurança.
 
Participam da greve trabalhadores filiados à FUP, que é ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e também operários ligados a cinco sindicatos independentes. Cerca de 150 manifestantes, pertencentes a movimentos sociais e trabalhadores do setor de petróleo, ocuparam a entrada do prédio do Ministério de Minas e Energia (MME). A Petrobras disse, em nota, que “tem como prática nesse tipo de mobilização tomar todas as medidas necessárias para garantir suas operações de modo a não haver qualquer prejuízo às atividades da empresa e ao abastecimento do mercado, sendo mantidas as condições de segurança dos trabalhadores e das instalações da companhia.”