Coordenador na Federação Única dos Petroleiros afirma que trabalhadores só voltarão ao trabalho se reivindicações forem atendidas
Por Keila CÂNDIDO
A cinco dias do maior leilão de petróleo já realizado pela
Petrobras, trabalhadores paralisaram as atividades nas refinarias e
plataformas em vários estados brasileiros. A ação dos petroleiros pode
ameaçar a realização do leilão do Campo de Libra, localizado na Bacia de
Campos, no Rio de Janeiro, marcado para a segunda-feira 21. A suspensão
do leilão é o principal motivo da greve. "Não vamos voltar ao trabalho
enquanto o governo não atender ao nosso pedido", diz João Antônio de
Moraes, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). De
acordo com a entidade, até às 14h desta quinta-feira 17, 39 plataformas
da Bacia de Campos, responsável por 80% da produção da Petrobras,
aderiram ao movimento.
GREVE: trabalhadores querem suspensão de leilão de Libra
Três exigências compõem a lista de reivindicações dos petroleiros.
A primeira delas é de que o leilão não aconteça. Segundo Moraes, ações
movidas pela entidade pedindo a suspensão da rodada tramitam no
judiciário e no legislativo. Na semana passada, sindicados filiados à
FUP também entraram com a mesma ação. Moraes justifica a tentativa de
impedir que o leilão aconteça: “O petróleo é da população brasileira e
vamos lutar para que a governo não deixe isso nas mãos de empresas
estrangeiras.”
Os trabalhadores querem ainda que o Projeto de Lei 4330, que
permite a terceirização de todas as atividades da empresa, seja
arquivado. "A terceirização torna precárias as condições de trabalho",
afirma. De acordo com Moraes, uma pessoa morre, em média, por mês em
acidentes de trabalho na Petrobras. De acordo com levantamento feito
pela FUP, desde 1995, mais de 300 pessoas morreram em operações da
companhia e muitos deles eram prestadores de serviço. Procurada, a
Petrobras não quis se manifestar sobre o assunto, apenas disse, em
comunicado, que o Projeto de Lei 4330, não cabe seu posicionamento.
Outra reivindicação é a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho de
2013 (ACT 2013), que rege as condições de trabalho da categoria. O
acordo inclui o reajuste salarial que repõe a inflação, com 5% de ganho
real. A Petrobras, disse, em nota, que “realizou uma série de reuniões
com as entidades sindicais e apresentou sua proposta ao longo das
últimas semanas."
Segundo a companhia, foi feita uma proposta de reajuste de 7,68% e
uma gratificação equivalente a uma remuneração e que as propostas também
inclui cláusulas sociais relacionadas ao plano de saúde, benefícios
educacionais, segurança, condições de trabalho etc. “A Petrobras afirma
que está aberta ao processo de negociação com as entidades sindicais
sobre o ACT 2013”, diz o comunicado.
Na manhã desta quinta-feira, em São Paulo, a FUP cobrou da Agência
Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), a suspensão do leilão
de Libra. Segundo a diretora-geral da entidade, Magda Chambriard, a
rodada não será adiada. "Não existe nenhuma possibilidade de ser adiado o
leilão", afirma. De acordo com Magda, haverá forte esquema de
segurança.
Participam da greve trabalhadores filiados à FUP, que é ligada à
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e também operários ligados a cinco
sindicatos independentes. Cerca de 150 manifestantes, pertencentes a
movimentos sociais e trabalhadores do setor de petróleo, ocuparam a
entrada do prédio do Ministério de Minas e Energia (MME). A Petrobras
disse, em nota, que “tem como prática nesse tipo de mobilização tomar
todas as medidas necessárias para garantir suas operações de modo a não
haver qualquer prejuízo às atividades da empresa e ao abastecimento do
mercado, sendo mantidas as condições de segurança dos trabalhadores e
das instalações da companhia.”
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