sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Com a MSTech, fechamos o 1º ciclo de aquisições, diz Amorim


Em entrevista a EXAME.com, Manoel Amorim, presidente da Abril Educação, comentou a compra de 22,7% da MSTech - empresa do setor de tecnologia educacional

Abril
Manoel Amorim, presidente da Abril Educação
Manoel Amorim, da Abril Educação: Ter uma líder mundial nos tomando como referência é honra

São Paulo - A Abril Educação anunciou a aquisição de 22,7% da MSTech, empresa de tecnologia educacional. O negócio foi anunciado 16 dias após a aquisição pela Pearson do Grupo Multi, que atua no setor de cursos de idiomas. E 10 meses após a Abril Educação comprar o Wise Up, rede de ensino de inglês. Qualquer semelhança pode não ser mera coincidência.

Pelo menos, essa é a opinião de Manoel Amorim, presidente da Abril Educação. Em entrevista a EXAME.com, o executivo comentou a última aquisição da sua companhia, os principais negócios fechados pela empresa em 2013, as expectativas para 2014 e negou planos de atuar no setor de ensino superior.
Segundo ele, seu bom trabalho vem sendo copiado pela Pearson, líder mundial no setor de educação. A seguir, leia trechos da conversa.

EXAME.com - O que a aquisição da MSTech representa para vocês?

Manoel Amorim - A MSTech é uma empresa focada 100% em desenvolver ferramentas tecnológicas para melhorar o desempenho escolar. Então, esse casamento tem duas pontas muito interessantes. A Abril Educação não tem a plataforma, mas tem o conteúdo; Eles têm a plataforma, mas não o conteúdo. Além disso, o foco de atuação deles está na rede pública - enquanto o nosso está no setor privado. Por tudo isso, trata-se de um bom casamento.

EXAME.com - E quais são os termos do contrato?

Manoel Amorim - A MSTech foi avaliada em 100 milhões de reais, tem um faturamento de 65 milhões de reais e ebitda de 25 milhões de reais. Como nós não seremos os controladores, assinamos um contrato que permite comprar a empresa daqui a cinco anos pelo equivalente a 70% do ebitda da Abril Educação. Se a empresa não crescer, podemos ainda devolver a participação e receber parte do dinheiro de volta dentro de dois anos.

EXAME.com - Que outros negócios fechados em 2013 pela Abril Educação merecem destaque?

Manoel Amorim - O mais importante foi a aquisição do Grupo Ometz, que é detentor da marca Wise Up. Ele permitiu que entrássemos de uma forma mais importante no mercado de idiomas. Fizemos duas aquisições importantes no ramo de colégios: o Sigma, em Brasília, e o Motivo, em Recife. Com a MSTech, encerramos nosso primeiro ciclo de fusões e aquisições. Essa foi a última das moicanas. Em 2014, vamos focar na integração.

EXAME.com - E quais são as expectativas da Abril Educação para 2014?

Manoel Amorim - Estamos muito otimistas para os próximos anos em relação ao desenvolvimento dos nossos negócios. Nosso mercado está cada vez mais demandado, com a população cobrando qualidade e tecnologia. Então, temos muito otimismo em relação às oportunidades em 2014. Com o portfólio bem complementar que temos é nisso que vamos focar no ano que vem: explorar sinergias em produtos e serviços.

EXAME.com - A companhia tem planos de atuar no setor de ensino superior?

Manoel Amorim - Olha, no mercado de ensino superior, não temos nenhum interesse. Mas, temos percebido uma maior demanda por qualidade nele não só por parte da população como também pelo governo. E, segundo um reitor de Harvard, uma boa instituição de ensino tem dois ingredientes básicos: os melhores professores do mundo e os melhores alunos do mundo. O que a gente faz é preparar bons alunos para as universidades. Esse é o nicho que pretendemos concentrar esforços.

EXAME.com - A chegada ao Brasil de gigantes como a Pearson intimida a Abril Educação?

Manoel Amorim - Ter uma líder mundial como a Pearson entrando no nosso mercado e nos tomando como referência para suas decisões é uma grande honra e não nos incomoda de forma alguma.

Embraer enfrenta lucro menor após explosão de vendas


Fabricante deverá ver suas margens de lucro serem espremidas depois que envio de uma grande remessa para os EUA deixou mercado saturado

Christiana Sciaudone, da
Nacho Doce/Reuters
Funcionários trabalham na montagem de um avião na fábrica da Embraer em São José dos Campos

Fábrica da Embraer em São José dos Campos: negócio foi considerado pela fabricante brasileira como "uma das mais importantes encomendas da história das duas empresas"


São Paulo - A Embraer SA, fabricante de jatos regionais com melhor venda no ano, deverá ver suas margens de lucro serem espremidas depois que o envio de uma grande remessa para os EUA deixou o mercado saturado de aeronaves.

Será difícil encontrar novos compradores antes da estreia de uma linha atualizada de jatos da Embraer, em 2018, após as vendas de 327 aviões regionais nos EUA neste ano, disse Eric Hugel, analista da S&P Capital IQ Inc. em Nova York. Ele disse que a Embraer pode precisar oferecer descontos em modelos mais antigos para que as fábricas sigam funcionando.

“Até que comece esse período dos novos jatos, quem diabos vai querer comprar os antigos?”, disse Will Landers, diretor-geral e gerente sênior de portfólio que gerencia US$ 4,5 bilhões em ativos latino-americanos na BlackRock Inc. e que recentemente vendeu as ações. “É um período de pressão sobre as margens, com certeza”.

A geografia e a aritmética dão forma à situação da Embraer: cerca de 80 por cento das aquisições da empresa vêm de cinco clientes americanos. A fabricante de aviões de São José dos Campos, também já está tomando pedidos para as versões atualizadas E2, que respondem por 150 aviões da remessa deste ano.

Com tantos negócios programados nos EUA, a Embraer passará por dificuldades para aterrissar os 40 pedidos por ano que terão que ser entregues a partir de 2015 para manter as atuais taxas anuais de produção de cerca de 90 a 95 jatos, disse Hugel, que classifica os recibos de depósitos americanos como “manutenção”.


‘Grande obstáculo’


“Eles têm um obstáculo bem grande para o agendamento de novos pedidos”, disse Hugel. “Eles não apenas terão que dar um preço mais baixo, mas também terão que olhar para onde a demanda está hoje. Eles estão posicionados para os aviões de 70 lugares, um produto com margem mais baixa que o de 90 assentos”.

Paulo César Silva, CEO de aviação comercial da Embraer, disse que “não há maneira” de a empresa reduzir os preços para vender jatos do modelo antigo. “Nós não esperamos nenhum impacto significativo sobre as margens”, disse Silva, ontem, por e-mail.

A Embraer devolveu alguns de seus ganhos de 2013 após recuperar até 50 por cento. As ações fecharam ontem a R$ 18,38 em São Paulo, com um avanço de 27 por cento neste ano. As ações Class B da Bombardier Inc., que tem sede em Montreal e é a principal concorrente da Embraer, subiram 22 por cento no mesmo período.

Cai Von Rumohr, analista em Boston da Cowen Securities LLC, disse que os pedidos recentes oferecem alguma segurança para ajudar a manter a produção futura, porque esses negócios incluem opções de aviões adicionais, assim como aquisições firmes.

"Estamos muito confortáveis ​​com as margens que atingimos e não vemos desafios para os próximos anos", disse Silva da Embraer. "É importante ressaltar que estamos bem posicionados".
Preço, preço


“A estratégia mais importante será preço, preço, preço, preço, preço, preço”, disse George Ferguson, analista sênior de transporte aéreo da Bloomberg Industries em Skillman, Nova Jersey, em entrevista por telefone. “Você vai vê-los dispostos a mexer mais nos preços para conseguir clientes para esses aviões antigos -- isso acaba reduzindo os retornos, mas é algo com que você tem que lidar nesse negócio”.

A Embraer tinha 140 unidades da versão atual do E-175 sob encomenda até o terceiro trimestre, juntamente com 100 do chamado modelo E2, uma referência à segunda edição da família de jatos E, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Ferguson disse que será fundamental para a Embraer assegurar que os acionistas, afora o governo brasileiro, entendam como a empresa lidará com o futuro. “A diminuição da rentabilidade normalmente traz uma demanda diminuída de investidores e, portanto, preços mais baixos de ações”, disse Ferguson.

Barreiras não tarifárias são vantajosas para o comércio brasileiro, aponta EESP

As barreiras não tarifárias são medidas e instrumentos de política econômica que afetam o comércio entre dois ou mais países e que dispensam o uso de mecanismos tarifários.
O Centro do Comércio Global e Investimento (CCGI) da Escola de Economia de São Paulo (FGV/EESP) divulgou um estudo que mostra ser melhor para o comércio do Brasil a inclusão de barreiras não tarifárias em acordos a serem negociados pelo país, em vez de negociações baseadas na redução de tarifas. As barreiras não tarifárias são medidas e instrumentos de política econômica que afetam o comércio entre dois ou mais países e que dispensam o uso de mecanismos tarifários.

Segundo o levantamento, um acordo com a União Europeia no esquema de redução de tarifas elevaria a exportação brasileira para europeus em 21,2%, enquanto as importações brasileiras com origem no bloco seriam elevadas em 43,7%. Porém, se o acordo incluísse também barreiras não tarifárias, a exportação avançaria 97,5% e as importações 101%.

Vera Thorstensen, uma das autoras do estudo e coordenadora do CCGI, explica que isso acontece porque mercados como a União Europeia e Estados Unidos não se protegem mais com tarifas, e sim com barreiras não tarifárias. "O Brasil só tem olhado para tarifas e imposto de importação, mas nesses mercados as tarifas são baixas. É preciso negociar as barreiras não tarifárias, que são as que impedem hoje a entrada de um produto”, afirma Vera em entrevista ao jornal Valor Econômico.

O trabalho tem como coautores os pesquisadores Emerson Marçal e Lucas Ferraz. O CCGI foi criado em setembro de 2010 com o objetivo de integrar as áreas de economia, direito e administração de empresas da FGV e oferecer uma abordagem diferenciada do comércio internacional, centrada na pesquisa e análise da regulação e competitividade do setor, nas suas diferentes esferas de atuação: multilateral, regional, bilateral e por país. 

Para saber mais sobre o CCGI, clique aqui.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Desmitificando o "elemento de empresa" na atividade intelectual exercida pelo empresário

Publicado por Marcelo Cometti -



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De acordo com artigo 966, § único do CC, não se considerada empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

O citado dispositivo legal exclui, portanto, do conceito de empresário aqueles que têm no exercício de atividade intelectual, sua profissão. É o caso dos médicos, dentistas, escritores, escultores, que mesmo exercendo suas profissões de natureza científica, literária ou artística com profissionalismo e de forma organizada, não serão considerados empresários.

Conforme Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Direito de Empresa. RT, 2010, p. 74), não é empresário quem exerce atividade intelectual por qualquer meio, organizadamente ou não, em caráter profissional ou não, qualquer que seja o volume, intensidade ou quantidade de sua produção. Neste sentido mesmo sentido, estabelece o Enunciado 193 da III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho Federal de Justiça, que “o exercício de atividade de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa”.

Portanto, a atividade intelectual, ainda que econômica e exercida profissionalmente e de forma organizada, não será considerada uma atividade própria de empresário, não sujeitando o profissional que a exerce ao regime jurídico do Direito Empresarial.

Neste contexto, as profissões intelectuais se distinguem da profissão de empresário devido a uma diversa valoração social. Em outras palavras, o acesso à profissão não é livre, como ocorre com a atividade empresarial, dependendo de formação intelectual muito mais severa e da inscrição do profissional na respectiva corporação; no exercício da profissão intelectual imperam premissas de decoro que impedem, por exemplo, a livre concorrência; e não existe no exercício de uma profissão intelectual a produção em massa, característica da atividade empresarial.

Ocorre, entretanto, que o citado dispositivo contém em sua parte final uma exceção. Trata-se do elemento de empresa. Assim, se o exercício da profissão intelectual constituir elemento de empresa, o sujeito que a exerce será considerado empresário.

A exceção contida na parte final do parágrafo único do Artigo 966 do Código Civil, tem gerado certa controvérsia na doutrina que, muitas vezes, associa o elemento de empresa à pessoalidade no exercício da profissão intelectual, ou mesmo à organização da estrutura necessária para a exploração da atividade. Não me parecem, contudo, acertadas essas opiniões.

Ora, se o elemento de empresa consistisse no exercício da atividade intelectual organizada com profissionalismo e finalidade econômica, o disposto no artigo 966, parágrafo único do Código Civil se faria letra morta, dada a sua absoluta redundância. Isso porque se a atividade intelectual não fosse assim explorada, já estaria excluída do conceito de empresário pela redação do próprio caput do citado artigo.

Talvez a razão da dificuldade na interpretação e conceituação do “elemento de empresa” esteja no fato de que, muito embora tenha sido inspirado no artigo 2.238[1] do Código Civil Italiano, sua versão para o nosso Código Civil sofreu uma supressão que pode ser a causa de sua equivocada interpretação por parte da doutrina. Neste sentido, tinha dado ao parágrafo único do artigo 966 (então artigo 1.027 do Projeto do Código Civil), redação muito parecida com a utilizada pelo Código Civil Italiano: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de atividade organizada em empresa”. No entanto, ao ser aprovado pela Câmara dos Deputados, sofreu uma simplificação com a supressão das palavras “atividade organizada em”, tornando-o mais lacônico e permitindo interpretações que não coadunam com a proposta do citado dispositivo legal.

No Código Civil Italiano, o trabalhador autônomo é disciplinado em capítulo distinto (Capo II – Delle professioni intellettuali) daquele que trata do empresário comercial (Capo I – Dell’impresa in generale), não sendo, portanto, submetido ao regime jurídico do empresário. O Capítulo II do Livro V do Código Civil Italiano disciplina o trabalho autônomo, ou seja, as profissões intelectuais, dispondo de forma detalhada sobre a atuação do profissional, suas relações com o cliente e suas responsabilidades. No entanto, nos termos do citado artigo 2.238, se o exercício da profissão constituir elemento de uma atividade organizada em forma de empresa, serão também aplicáveis as normas relativas a esta.

Conforme Alfredo de Assis Gonçalves Neto (ob. cit., p. 75), a profissão intelectual, no sistema italiano, não tem qualquer vinculação com a matéria relativa à empresa; se ela, entretanto, for exercida como parte de uma atividade empresarial, continuará subornada às regras do capítulo que lhe é próprio, sendo-lhe aplicáveis, então, complementarmente, as disposições referentes à empresa.

Para Francesco Galgano (Diritto commerciale – L’imprenditore. Zanichelli, 1986, p. 31), as normas sobre empresa não se aplicam, porém, aos bens organizados pelo profissional intelectual para o exercício de sua profissão. Mesmo quando os escritórios profissionais apresentam, sob muitos aspectos, semelhanças com a empresa; mesmo que, na prática, essas semelhanças tendam a se ascentuar, na medida em que cresce o espírito mercantil de muitos profissionais intelectuais, e os conceitos de “aviamento”, de “clientela”, de “cessão” do escritório profissional e de “preço de cessão” sejam frequentemente utilizados mesmo nesse campo, resta, porém o fato de que os profissionais intelectuais não são, pelo nosso código civil, empresários e que sua atividade profissional não é legislativamente qualificada como atividade de empresa”.

Na mesma linha, Tulio Ascarelli (Corso di Diritto Commerciale. Giuffrè Editore, 1962, pp. 161-185) adverte que a classificação legal dos que exercem profissões intelectuais entre os trabalhadores autônomos induz, frequentemente, a reconhecer na falta de organização a razão da sua exclusão do âmbito dos empresários. Isto, todavia, me parece em contraste com o artigo 2.238, primeiro parágrafo, que faz referência à aplicação das normas em tema de empresa só quando o exercício da profissão constitua “elemento de uma atividade organizada em forma de empresa”; trata-se, portanto, de uma hipótese distinta daquela da contratação de pessoal e, assim, da objetiva existência de uma organização, que pode até ser relevante e importar em uma certa “despersonalização”, perante a qual podem, na verdade, também propor-se problemas não distantes daqueles que se propõem com relação aos empresários. Não é, pois, uma pretensa constante falta de organização que leva a excluir os que exercem profissões intelectuais do âmbito dos empresários.

Portanto, ao contrário do que muitos “pretensos” doutrinadores e professores afirmam, o elemento de empresa não tem qualquer relação com a organização ou não da atividade intelectual, com o seu exercício ou não de forma profissional, com o número de empregados contratados ou mesmo o seu faturamento. Ser a profissão intelectual “elemento de atividade organizada em empresa”, ou simplesmente, “elemento de empresa”, significa ser parcela dessa atividade e não a atividade em si, isoladamente considerada. É o caso, por exemplo, do médico que agrega a prática da medicina um “SPA”, onde ao paciente se oferece repouso e alimentação; do veterinário que, além do seu oficio, em uma pet shop vende ração para os animais, medicamentos, bem como hospeda os animais na viagem de seus donos.

[1] Art. 2.238. Se l'esercizio della professione costituisce elemento di un'attività organizzata in forma d'impresa, si applicano anche le disposizioni del Titolo II (2082 e seguenti).

Itamaraty contrata sem pagar


19/12/2013 15:26
P9or Rui Martins, de Genebra

Itamaraty descobriu a mina - encarregar emigrantes de trabalhos importantes mas sem remuneração.

Itamaraty descobriu a mina – encarregar emigrantes de trabalhos importantes mas sem remuneração.

Na IV Conferência Brasileiros no Mundo, da qual participaram 90% de emigrantes pelegos e biônicos, convidados num hotel de luxo, na Bahia, nem brasileiro por sinal mas de uma multinacional espanhola, só havia uma condição aos participantes – aceitarem prestar obediência aos diplomatas do Itamaraty. 

E de bom grado aceitaram, pois para essa maioria, participar de uma Conferência oficial com o selo do Itamaraty, só é vantagem, nem entra em conta questões de independência ou obediência. Na verdade trata-se de um bom negócio, pois estão ligados ao grande mercado dos emigrantes e só podem aumentar seus lucros nessa parceria com os diplomatas. 

Uns são despachantes, outros advogados de emigrantes, outros tradutores para emigrantes, outros ajudam mesmo a dar golpe de Estado em país vizinho, outros representam conselhos de cidadania onde participam antigos colaboradores do Doi-Codi e amigos de Pinochet e, enfim, outros estão empenhados na salvação das almas dos emigrantes. Mesmo se Cristo disse que seu reino não é deste mundo, eles tratam de já ir tirando aqui mesmo algumas vantagens, antes daquelas futuras e difíceis de provar.

Assim, a política brasileira da emigração continua sendo aplicada, custando caro pois o hotel de luxo e as passagens para os biônicos custou quase um milhão de reais, e não dando em nada, mesmo porque quando for necessário decidir alguma coisa, quem decidirá serão os diplomatas. 

O Consulado de Genebra acaba de publicar um edital convocando os emigrantes para as próximas eleições do Conselho de Cidadania. E enumera quais serão as atividades dos futuros conselheiros, para no fim do edital lembrar que tais atividades serão voluntárias, ou seja, não existirá salário para esse pessoal.

Entretanto, lendo-se as tais atividades que incluem pesquisas, contatos com órgãos oficiais da Suíça, tomadas de iniciativas normalmente da alçada do Consulado, não se pode deixar de pensar que o Itamaraty encontrou a maneira de poupar seus diplomatas do contato com os emigrantes e do gasto de tempo e energia, servindo-se de alguns emigrantes bem intencionados, desejosos de fazer alguma coisa pelo próximo.

Mas se já falamos ter sido indecorosa uma Conferência com pessoas amigas dos cônsules locais, geralmente da classe alta e dificilmente podendo ser qualificada de emigrantes; de ser ofensiva aos emigrantes essa obediência devida aos tutores do Itamaraty, achamos mesmo um tanto imoral se pedir aos emigrantes que façam trabalho do Consulado, sem qualquer pagamento, aproveitando-se do entusiasmo de alguns idealistas.

É verdade que, não se pode esquecer, a maioria desses voluntários mamam no mercado dos emigrantes, seja em termos comerciais ou religiosos, ou ganham dinheiro com a terceirização dos serviços consulares. Portanto, para eles já é lucro pertencer a um órgão oficial funcionando junto ao Consulado. Isso dá prestígio, dá clientes e dá mesmo almas ao Criador. 

Penso estar vivendo um pesadelo, me belisco e constato ser a realidade, essa palhaçada e essa política irresponsável da emigração é aplicada por um governo de origem petista. Tentei mais de uma vez pedir ao governo para intervir, já que o PT tinha aprovado em Havana, no seu encontro com os Núcleos petistas do Exterior uma crítica severa ao Itamaraty, seguida da reivindicação de um órgão institucional emigrante, a Secretaria dos Emigrantes.

E ao terminar este 2013, sou obrigado a confessar de maneira pública minha decepção, frustração e mesmo revolta de diante de tanta coisa longe daquilo que esperávamos do governo. Tentam me acalmar dizendo que a necessidade de alianças (pelo jeito espúrias) exige serem esquecidas certas questões básicas de esquerda e que, os emigrantes não são prioridade. Será que 2014 vai melhorar ? Estou pedindo ao Papai Noel, pelo menos mais visível que Deus que a gente nunca sabe onde está, que ilumine nossa presidenta, que ela dê asilo para o Snowden, senão depois daquela bronca na Assembléia geral da ONU, vai pegar mal negar. Que sejam demitidos do governo a Helena Chagas, da Globo, e o Paulo Bernardo, coveiros da mídia de esquerda. 

E que alguém explique para dona Dilma que emigrante é emigrante e diplomata é diplomata, não são batatas do mesmo saco, têm genes diferentes. E que do Programa eleitoral Dilma2 conste a criação de um órgão institucional emigrante e o fim da tutela dos emigrantes pelos diplomatas. Que no seu programa não se cite como boa obra do seu governo a realização da Conferência Brasileiros no Mundo, no hotel de luxo com os biônicos. Porque daí, para mim e muita gente, será a gota d´água. (Publicado originalmente no site Direto da Redação).

Rui Martins, jornalista, escritor, líder emigrante, correspondente em Genebra.


Camex aplica medida antidumping para importações de pneus

Por Valor
 
 
BRASÍLIA  -  Após encerrar investigações, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu aplicar o direito antidumping definitivo, por um prazo de até cinco anos, às importações brasileiras de pneus novos de borracha de motocicletas originárias da Tailândia, China e do Vietnã e de refratários básicos magnesianos do México. As resoluções com a decisão da Camex foram publicadas, nesta quinta-feira, 19, no Diário Oficial da União (DOU).

O dumping — cobrança de valor inferior ao de produção, para conquista de fatias maiores do mercado — é considerado prática desleal de comércio. Por isso, o governo pode aplicar punições contra os exportadores para proteger a indústria nacional.

Segundo resolução da Camex, a Associação Nacional de Indústria de Pneumáticos (Anip) e Associação Brasileira de Fabricantes de Refratários (Abrafar) protocolaram, em dezembro de 2011, o pedido de investigação de dumping nas exportações de pneus e refratários para o Brasil.
(Valor)

Azul cria presidência executiva da holding para fundador da Trip

Por João José Oliveira | Valor
 
 
SÃO PAULO  -  A Azul Linhas Aéreas Brasileiras criou uma nova posição na estrutura da empresa, a presidência-executiva da Holding Azul, e apontou para o cargo o sócio da companhia e fundador da Trip, José Mário Caprioli dos Santos. O executivo vai se reportar à David Neeleman.

A aérea informa que a mudança “reflete a necessidade da companhia em fazer frente ao expressivo crescimento de suas operações”.

A malha da Azul hoje cobre mais de 100 cidades em todo o Brasil, com uma frota de 130 aeronaves e 31% dos voos operados no país. “Com esta nova dinâmica e tamanho, a empresa decidiu criar em sua estrutura uma forma de aprimorar sua gestão estratégica, suas demandas institucionais, a atuação em novos projetos, e sua representação junto ao governo, autoridades e associações”, aponta a empresa em nota.

Sócio da Azul e fundador da Trip, José Mario tem atuação de mais de 15 anos na indústria da aviação. Ele é também presidente do Conselho da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). 

“Trabalhando junto ao José Mário como meu sócio e executivo, sei que ele é a pessoa certa, na hora certa e no local certo para esta nova posição. Em seu novo cargo, ele poderá dedicar-se em questões mais estratégicas, cuidando sobretudo de nossa agenda institucional perante o governo, o mercado e as autoridades. A Azul irá ganhar muito com esta mudança”, diz David Neeleman, presidente e CEO da Azul.

De acordo com José Mario Caprioli, “o crescimento contínuo exige mudanças na forma de atuar, em vista  da enorme complexidade regulatória e de infraestrutura, que necessita intensa dedicação. A recém-fundada Abear também requer tempo para alinharmos as demandas do setor e alcançarmos avanços significativos na indústria”, diz.
(João José Oliveira | Valor)