terça-feira, 25 de novembro de 2014

Pequenas e médias empresas espanholas partem novamente em direção à América Latina


Pymes

Antes de estourar a crise, foram inúmeras as pequenas e médias empresas (PMEs) espanholas que viram na internacionalização uma das melhores alternativas para crescer além de seu mercado interno. Pela proximidade e maturidade dos seus mercados, grande parte dessas PMEs escolheram a Europa; outras, pelo contrário, preferiram dar um salto em direção à América Latina, uma vez que se tratava de mercados em crescimento cuja cultura era mais parecida com a sua, o que, de certa forma, facilitava o estabelecimento de relações comerciais.

Com o advento das turbulências financeiras, a maior parte desses planos de expansão não progrediram, embora quem já os havia levado a cabo anteriormente tivesse mostrado que era capaz de resistir melhor à crise do que aqueles que dependiam de um único mercado. Esta é uma das razões pelas quais observa-se agora “uma segunda onda de pequenas e médias empresas espanholas que querem seguir em direção à América Latina”, assinala Juan Carlos Martínez-Lázaro, economista da Escola de Negócios IE. Além disso, segundo esse especialista, embora o aspecto cultural  continue sendo muito importante, já não é o principal motivo pelo qual as empresas escolhem esse destino: “Não se trata somente de uma mesma cultura, mas, principalmente, de mercados em crescimento, e é disso que estamos falando aqui.”

Além disso, esta segunda onda de internacionalização das PMEs espanholas em direção à América Latina terá um crescimento importante nos próximos meses, já que desde setembro de 2014 o governo espanhol pôs em prática o projeto Icex Consolida, cujo objetivo é financiar a expansão externa das PMEs do país. O Instituto do Comércio Exterior (Icex) arcará com metade dos gastos de constituição, promoção e defesa jurídica das empresas que decidirem exportar ou abrir filiais fora do país. Além disso, para compensar o fato de que 60% dos investimentos  dessas empresas no exterior destinam-se à União Europeia, a iniciativa leva em conta projetos em andamento no mundo todo, com exceção da UE, EUA, Noruega e Suíça. Portanto, a América Latina terá lugar prioritário na agenda das PMEs espanholas, já que, depois da Europa, é seu segundo mercado natural.

Martínez Lázaro explica que a questão mais importante na hora de planejar o destino de um investimento é “analisar sua rentabilidade”. Nesse sentido, são muitas as variáveis que entram em jogo, desde o gasto que se acredita ter de incorrer no país até os preços pelos quais poderão ser vendidos um produto ou serviço, bem com os custos de fabricação. Por exemplo, entrar nos EUA exige um investimento maior do que em qualquer país latino-americano, já que os gastos com pessoal, rede de distribuição ou, simplesmente, o aluguel de um escritório são mais elevados. Em contrapartida, Martínez-Lázaro observa que se trata “de uma economia cuja renda per capita é de US$ 40.000 anuais” e, portanto, é um mercado que está disposto a pagar mais por um serviço ou produto que não tenha. É uma oportunidade, por exemplo, para as start-ups de tecnologia.

Na América Latina, pelo contrário, os gastos são menores, assim como a renda per capita, que varia muito de país para país. Em tais casos, o mercado nem sempre está disposto a pagar por um serviço ou produto o mesmo que pagaria um cliente espanhol. Os especialistas observam que, sem dúvida, trata-se de uma região com um número em potencial de consumidores muito importante e, portanto, fundamental para empresas de setores como distribuição ou infraestrutura. Isto não quer dizer que não seja uma oportunidade para os serviços de valor agregado, e sim que se deve estuda a fórmula para entrar com sucesso nesses mercados, já que os desafios, especialmente para as PMEs, são muitos.


Setores complexos


O setor jurídico, por exemplo, é um dos que menos penetração internacional tem na América Latina dada sua complexidade, já que economicamente um escritório de advogados no exterior não pode manter o nível de salários que tem nos EUA ou na Espanha, dado o sistema de preços em vigor nesses países. Oriol Prósper, sócio e fundador do escritório Maio, explica que, há um ano, o escritório decidiu abrir sua primeira unidade fora da Espanha, no México. “A ideia inicial era criar uma sede própria com advogados locais”, disse. “Contudo, depois de vários meses de pesquisa de mercado, eles se deram conta de que a forma mais rápida e que lhe permitiria reduzi riscos consistia na fusão com uma firma local, porque a estrutura ali já estava criada e, além disso, já contava também com uma carteira de clientes. Desse modo, as condições financeiras necessárias para entrar nesse mercado eram menores. “Além disso, essa fórmula nos permite economizar tempo com a estratégia de expansão e crescimento”, observa Prósper. O Maio acaba de se fundir com a firma mexicana SL Sterling, criando um escritório com pouco menos de 50 advogados, mas com unidades nos dois lados do Atlântico, permitindo-lhe, de uma só vez, gerar negócios que se repetem com clientes locais nos dois países, além de ter acesso a grandes empresas dispostas a pagar pelo valor agregado de uma assessoria jurídica internacional.

O setor jurídico também serve como exemplo dos desafios enfrentados pelas PMEs na hora de se lançarem no exterior, já que além dos aspectos meramente financeiros, é preciso levar em conta o mercado. Por exemplo, um escritório de advogados no exterior não pode se estabelecer por lei no Brasil, já que se trata de um mercado regulado e fechado a empresas estrangeiras. Como os advogados estrangeiros não podem exercer ali suas funções, a empresa se vê obrigada a estudar outras fórmulas, como as alianças.


Países-chave


Atualmente, o Brasil aparece entre as prioridades de investimento das PMEs espanholas, mas é também um dos destinos mais complexos. De acordo com José Gasset, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Espanha, “o mercado brasileiro é um gigante impossível de abraçar em sua totalidade; por isso, é imprescindível decidir em que estado e em que região há demanda de um produto, analisar a capacidade logística da região, seus hábitos de consumo e seu poder aquisitivo”. 

Juan Manuel Recio, CEO da consultoria de tecnologia Vincle, diz que “entrar nesse mercado requer um grande investimento”. Em seu caso, sua empresa entrou no país em 2009. Para ele, o mais difícil foi entender a complexidade alfandegária e fiscal. Ele explica, por exemplo, que “as tarifas elevadas fazem com que seja difícil ser competitivo” nas exportações. Seu conselho: “Considerar todas as opções, já que são muitos os casos de investimentos malsucedidos”,  mas com um bom planejamento é possível ter sucesso.

A experiência de Recio deixa claro que o primeiro passo para uma PME que pretenda operar no exterior consiste em distinguir entre exportar ou se estabelecer. A primeira opção requer menos recursos econômicos e, portanto, constitui a fase inicial de sondagem do terreno. Nessa etapa, “é preciso analisar o produto e a área geográfica onde se deseja trabalhar para que se possa determinar o sucesso de um processo iminente de internacionalização”, bem como os recursos financeiros que serão necessários alocar, explica José Ramón Cobo, diretor do mestrado em direção de projetos internacionais da ESCP Europe. No caso do Brasil, é necessário saber que os principais centros de negócios se encontram no sudeste do país, já que é onde há mais oportunidades, uma vez que a renda per capita é maior: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Além de vários requisitos legais que se devem levar em conta, e que podem complicar a entrada da empresa no país, como o registro no Banco Central do Brasil ou a exigência de que o administrador de uma sociedade tenha residência permanente no país, há outros fatores a se levar em conta em se tratando de exportações. Conforme explica Recio, as tarifas são um elemento determinante. Embora nos últimos anos elas tenham sido reduzidas, em 2004 eram de 55%, atualmente mais de 1/3 dos produtos importados pelo Brasil têm tarifas entre 1% e 10% do seu valor. Para resolver esse problema, por exemplo, a Vincle decidiu estabelecer seu centro de distribuição na Colômbia para, de lá, chegar ao mercado brasileiro, já que entre ambos os países existe um tratado de livre comércio.

Entre Espanha e Colômbia não existe esse problema desde agosto de 2013, quando a Colômbia fez um acordo com a União Europeia. É isto, precisamente, que contribui para fazer do país um dos destinos mais interessantes para as pequenas e médias empresas espanholas.

Apesar do potencial brasileiro, o conselho dos especialistas diz que, em se tratando de PMEs, deve-se começar pelos países de menor dimensão que possam ser totalmente abarcados, sobretudo quando os recursos financeiros para a internacionalização são reduzidos. Seja qual for o destino, e até que se conheçam bem as peculiaridades de cada mercado, Ramón Cobo, da ESCP, recomenda que “para otimizar os recursos destinados à internacionalização do negócio, deve-se buscar uma possível associação, por exemplo, para compartilhar os gastos logísticos”. Além disso, essa aliança pode servir para uma segunda fase em que a PME considere a possibilidade de estabelecer uma filial própria, mas com o apoio de um sócio local.


Riscos geopolíticos


Juan Carlos Martínez-Lázaro, da Escola de Negócios IE, diz que as maiores oportunidades para as PMEs espanholas encontram-se atualmente no México, Peru e Colômbia, já que são os mercados que mais crescem atualmente. Além disso, oferecem outro elemento-chave para a internacionalização: segurança jurídica. É isto que, na opinião desse especialista, faz com que países como a Venezuela ou a Argentina sejam menos atraentes para as pequenas empresas que, de modo geral, estão menos dispostas a assumir riscos desse tipo, já que, diferentemente das grandes companhias, carecem da estrutura financeira necessária para suportar incertezas desse tipo.

Um exemplo foi o da crise da dívida argentina, no verão de 2014, quando se temia um possível calote por parte do governo de Cristina Kirchner. Em junho, um juiz federal de primeira instância dos EUA ratificou um veredito judicial que obrigava a Argentina a pagar US$ 1,3 bilhão a fundos de investimentos que não haviam subscrito a reestruturação da dívida feita pelo país depois do calote generalizado de 2001, em que foi aplicado um desconto de 65%. Quando o fantasma de outra nova suspensão de pagamentos surgiu no verão deste ano, deflagrou-se a crise.

O problema para as PMEs não consiste tanto em estar, ou não, situadas no país, e sim em que poderiam ser afetadas pelo simples fato de trabalhar em uma região vizinha, já que as economias latino-americanas estão bastante interligadas. De acordo com Tomás Guerrero, pesquisador da EsadeGEO, “na hipótese de um calote, o principal problema seria a possibilidade do contágio de outros países da região, uma vez que os principais portadores de títulos da dívida argentina são Brasil e Venezuela”. Para Martínez-Lázaro, um fato com essas características “poderia vir acompanhado de consequências já esperadas: calote, ainda que involuntário (como foi o caso da Argentina), fechando automaticamente os mercados, impedindo que se emitam títulos da dívida, inviabilizando a captação de dólares e isso em uma economia que já tem problemas para conseguir dólares seria algo muito sério, porque as empresas não poderiam funcionar, já que não teriam mais como pagar seus fornecedores”.

Por isso, os desafios geopolíticos são outro fator a considerar na hora de escolher o destino na América Latina. Por exemplo, 91% das PMEs de tecnologia espanholas planejam entrar no México nos próximos dois anos, conforme reportagem da revista América Economia. O Chile e a Colômbia, com 71% de empresas interessadas cada um, vêm a seguir no ranking. O Peru e o Brasil aparecem nos planos de 56% das start-ups espanholas. Argentina, Equador e Venezuela ocupam os últimos lugares no ranking, confirmando a opinião dos especialistas.

Ramón Casals, diretor da Combel Editorial, editora especializada em livros infantis, diz que embora o México ofereça maior segurança jurídica do que outros destinos, isso não facilita a internacionalização. Para ele, “a regulamentação jurídica e fiscal dificulta e atrasa o início das operações”, porém, uma vez superado esse trâmite, a experiência é positiva. Em seu caso, a empresa decidiu entrar nesse mercado em 2006. Para isso, foi feito um estudo de mercado e, finalmente, escolheram o México, já que “se trata do mercado latino-americano mais importante de língua espanhola” com 118 milhões de habitantes. Além disso, desde 2000 o país conta, a exemplo da Colômbia, com um tratado de livre comércio com a União Europeia que oferece isenção tarifária total em uma grande variedade de produtos e serviços (como os industriais).

Portanto, embora os desafios sejam muitos, desde econômicos ou culturais até geopolíticos, tanto especialistas quanto empresários concordam em assinalar a importância da América Latina para as PMEs espanholas, confirmando que a tendência de internacionalização na região continuará a crescer somando-se às diferentes iniciativas do governo para incentivar a busca de destinos no exterior.

Justiça de Pernambuco determina bloqueio de contas da Petrobras

Por Marina Falcão | Valor
 
 
RECIFE  -  A juíza Josimar Mendes da Silva, da 1ª Vara do Trabalho de Ipojuca (PE), determinou nesta terça-feira o bloqueio de ativos financeiros da Petrobras até o valor de R$ 126,66 milhões. O pedido tinha sido movido pelo Sintepav-PE, que representa os trabalhadores da construção pesada no estado, na semana passada, devido à falta de pagamento dos funcionários da Refinaria Abreu e Lima contratados pela fornecedora Alumini (antiga Alusa).

A Alumini tem um crédito de R$ 1,2 bilhão com a estatal, mas o atraso no desembolso impediu o pagamento dos salários e rescisões de mais de 4 mil trabalhadores da obra. No total, a dívida trabalhista com os funcionários da Alusa soma R$ 137,53 milhões.

A Justiça de Pernambuco já tinha determinado, via liminar, que a Petrobras depositasse, em juízo, o montante referente ao pagamento dos salários. No entanto, a Petrobras depositou apenas R$ 10,865 milhões, dos quais R$ 7,73 milhões foi retido exclusivamente da empresa Barbosa Mello, que participa do consórcio Alusa CBM, informa a juíza.

Segundo a juíza, a fiscalização da Petrobras quanto à execução dos contratos em curso e adimplemento dos mesmos “vem deixando a desejar”, ao ponto de ter culminado no atual processo.

Em sua decisão, a juíza considera “o perigo da demora”. Segundo a magistrada, 4 mil trabalhadores foram atingidos pela supressão de pagamento de suas verbas de subsistência, estando a ponto de se verem desalojados das acomodações que ocupavam para a realização dos serviços, sem recursos para retorno às suas residências e manutenção de seus dependentes, causando transtornos em todo o entorno da Refinaria e até mesmo nos municípios adjacentes. 

As novas armas da ciberguerra corporativa



iStockPhoto
As novas armas da ciberguerra corporativa
Ameaças virtuais: cada vez mais conectadas, empresas inovam em defesas
Conteúdo Patrocinado Embratel
Todos os dias, as empresas geram uma enorme quantidade de dados: informações de clientes, transações financeiras e mensagens de e-mail corporativo se multiplicam. O desafio é manter redes e sistemas a salvo de tentativas de roubo de informações, vírus ou queda de serviços por acessos maliciosos.

A expansão de dispositivos conectados à internet – com funcionários que aproveitam a mobilidade de smartphones, de tablets e da nuvem, inclusive por meio de aparelhos privados – abre ainda mais vulnerabilidades e aumenta a frequência desses ataques.

Mas se engana quem pensa que só o mundo virtual está exposto. A convergência de tecnologias leva ameaças também para as rotinas offline. Um caso é o das empresas de logística: como tudo hoje é conectado, atacantes podem acessar o controle central da empresa e desviar um caminhão de transporte para um lugar em que eles possam roubar a carga, segundo exemplifica Bruno Tasco, da consultoria de tecnologia Frost & Sullivan.

O especialista destaca que tais mudanças estimulam o avanço da terceirização da segurança. “Com a sofisticação diária dos ataques, mais robustos e inteligentes, é vantajoso para as empresas procurar profissionais atualizados com as modalidades de ataque cibernético e as tecnologias de proteção. Assim, elas ficam livres para focar o seu negócio principal”, afirma Tasco.

No Brasil, o mercado de segurança gerenciada tem ampliado seu alcance e somou 254,4 milhões de dólares em 2014, de acordo com a Frost & Sullivan. A projeção da consultoria é de crescimento para 371,9 milhões em 2019.

Outra solução que ganha espaço diminui a exposição aos ataques de negação de serviço, ou DDoS. Por meio deles, uma avalanche de solicitações de acesso supera a capacidade de sites e redes, tornando-os indisponíveis. A internet passou a disponibilizar ferramentas que facilitam esses ataques e levaram até ao surgimento de um mercado ilícito em que eles são vendidos. Os preços variam de acordo com a intensidade e o tempo de duração, e as motivações vão desde sabotagem competitiva até desmoralização de empresas.

Para combater esse novo cenário, surgem serviços que monitoram em tempo real o comportamento do tráfego e passam a bloquear acessos ilícitos, permitindo apenas o fluxo das informações válidas. Alguns permitem, ainda, que os clientes acompanhem os alertas numa plataforma que comunica as contramedidas enquanto estão sendo aplicadas.

“Para as empresas, essas inovações permitem escolhas mais inteligentes em relação aos investimentos em segurança”, conclui Tasco.

Justiça do Trabalho entrega notificações à Iesa Óleo e Gás

 
 
Por Sérgio Ruck Bueno | Valor
 


PORTO ALEGRE  -  A Justiça do Trabalho do Trabalho de São Jerônimo (RS) conseguiu notificar a Iesa Óleo e Gás das liminares concedidas contra a empresa pela juíza Lila Paula França, uma no sábado e outra na segunda-feira. A primeira suspendeu a demissão em massa de 950 funcionários do estaleiro no município vizinho de Charqueadas até a negociação de alternativas para recolocação do pessoal com o Sindicato dos Metalúrgicos. A segunda bloqueou contas bancárias e bens para garantir o pagamento das futuras verbas rescisórias.

Os oficiais de Justiça vinham tentando notificar a Iesa desde o fim de semana, mas nenhum representante havia sido encontrado no estaleiro nem no escritório da empresa na cidade de Canoas. Nesta terça-feira, uma advogada da empreiteira recebeu a notificação quando foi à Vara de São Jerônimo para uma audiência referente a outro processo, informou o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), com sede em Porto Alegre.

Segundo o TRT4, a Vara do Trabalho de São Jerônimo ainda aguarda o cumprimento da carta precatória expedida na segunda-feira para o TRT do Rio de Janeiro, para notificação da Petrobras e do consórcio Tupi-BV, liderado pela estatal e do qual também participam o BG Group e a Petrogal, sobre a decisão que determinou o bloqueio de valores e bens das duas empresas.

A Iesa havia sido contratada em 2012 pelo consórcio Tupi BV para construir módulos de compressão de gás para plataformas de petróleo, mas o contrato foi rescindido na semana passada devido ao envolvimento da empreiteira nas irregularidades apuradas pela Operação Lava-Jato e pelo descumprimento de prazos contratuais.

O grupo Inepar, controlador da empresa, apresentou nesta terça-feira o plano da recuperação judicial, deferida em setembro, na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo. 
(Sérgio Ruck Bueno | Valor)

Agora vai!

A presidente Dilma Rousseff anunciará a equipe econômica do segundo mandato na quinta-feira. Joaquim Levy está confirmado no comando do Ministério da Fazenda; Nelson Barbosa, no Planejamento; e Alexandre Tombini, permanece no Banco Central (BC) por mais quatro anos. 

Claudia Safatle apurou que os futuros presidentes do Banco do Brasil e da Caixa devem ser apresentados também na quinta. Fonte do Palácio do Planalto informou que Levy e Barbosa devem anunciar alguns dos seus secretários no mesmo dia. Com este (imenso) passo dado, a presidente falará das diretrizes econômicas do Dilma 2. E deve assumir um compromisso com o “controle rígido de gastos”. Paralelamente a essas decisões, mas parte de um arranjo ampliado, A Comissão Mista de Orçamento aprovou, ontem à noite, alteração na LDO 2014 proposta pelo governo e a Democracia Socialista (DS), conquistou dois postos no primeiro escalão do governo.

O relatório do projeto que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, o que permite ao Executivo abandonar a meta fiscal este ano, ao descontar do resultado os investimentos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e as desonerações de tributos concedidas ao longo do ano. O projeto segue para o plenário do Congresso, mas será votado após a decisão dos parlamentares sobre vetos da presidente que trancam a pauta de votação.

Nesta segunda-feira, de desalento no mercado financeiro ao longo do dia com o silêncio do Planalto a respeito da futura equipe econômica, a principal corrente de esquerda do PT, a Democracia Socialista (DS), conquistou dois postos no primeiro escalão do governo. Um dos coordenadores da campanha de reeleição, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto deverá assumir a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Gilberto Carvalho. Rossetto fará a interlocução com os movimentos sociais. A DS continuará no Desenvolvimento Agrário com Carlos Mário Guedes de Guedes, atual presidente do Incra, relata César Felício, do Valor.

Raymundo Costa afirma em sua coluna política publicada nesta terça-feira, no Valor, que é possível atribuir a vários motivos o adiamento do anúncio dos nomes dos novos ministros na sexta-passada. Lembra que é visível o dedo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na formação da equipe. Mas a presidente também saiu das eleições presidenciais de outubro convencida de que precisava fazer uma aliança para acalmar um setor refratário a seu governo. O PT não deve constituir problema para a nova equipe econômica em situação parecida com a de 2003, quando o presidente Lula assumiu o primeiro mandato e delegou a Antonio Palocci o ajuste necessário a ser feito na economia.

O roteiro é o mesmo. A inflexão à ortodoxia do governo Dilma pode dar problemas internos, mas deve ser assimilada, especialmente se projetar a perspectiva de que a presidente possa entregar resultados positivos em seus dois últimos anos de governo e fazer a transição para um novo governo do PT. Esse é o horizonte também de Lula, que fala em ser candidato em 2018. A sério, segundo ministros do atual governo que se mantêm próximos do ex-presidente.

Em tempo:  A Democracia Socialista (DS) também está representada no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff por Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional desde junho de 2007. 

Antes de assumir este posto, Augustin foi Secretário-Executivo Adjunto do Ministério da Fazenda.

Procuradores vão à Suíça rastrear contas


Por André Guilherme Vieira e Letícia Casado | De Curitiba
Divulgação | Petrobras


Investigadores que integram a força-tarefa da operação Lava-Jato embarcaram ontem para a Suíça com a missão de auxiliar autoridades financeiras daquele país a rastrear ativos supostamente remetidos ilegalmente ao exterior por Fernando Soares, o "Fernando Baiano", apontado por delatores como operador do PMDB na Petrobras. Soares está em regime de prisão preventiva na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba.

Os procuradores da República Deltan Martinazzo Dallagnol e Orlando Martello devem retornar ao Brasil na sexta-feira. "Temos indícios consistentes da existência de contas na Suíça destinatárias do dinheiro de Baiano e de [Renato] Duque [ex-diretor de Serviços da Petrobras preso preventivamente por suspeita de corrupção]", disse Dallagnol ao Valor PRO. "Há também informações sobre outras contas que restam a ser identificadas."

Os procuradores terão três dias para seguir orientações do delator Paulo Roberto Costa e encontrar documentos das contas mantidas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras naquele país. Há US$ 23 milhões identificados como dinheiro de origem ilícita e congelados por autoridades suíças.

 Os recursos estão em contas no Credit Suisse. Outros US$ 2,8 milhões também já foram identificados em contas do Royal Canadian Bank, no paraíso fiscal das Ilhas Cayman.

Costa disse em sua delação premiada que os recursos seriam propina paga pela Odebrecht no exterior entre 2010 e 2011. A empreiteira é investigada em inquérito à parte da PF, pois não aparece na contabilidade paralela do doleiro Alberto Youssef.

"Queremos buscar os recursos expatriados e recuperá-los. Eles serão depositados em uma conta judicial", disse Dallagnol. Como o dinheiro está na Suíça, a abertura de conta judicial ficará a cargo da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba. Mas, se o caso envolver valores expatriados por parlamentares, a conta será aberta pelo Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público Federal (MPF) também tem a meta de identificar outras contas do suposto esquema de cartel, corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras.

Paulo Roberto Costa e os executivos da Setal, Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, afirmam haver US$ 160 milhões e ainda o equivalente a R$ 50 milhões ou R$ 60 milhões escondidos fora do país.

Camargo também mantém dinheiro na Suíça, conforme contou aos procuradores em sua delação.

A Odebrecht negou "veementemente as alegações caluniosas" e "em especial, ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da estatal, seja no Brasil ou no exterior". Disse que seus contratos com a estatal estão dentro da lei e que está à disposição das autoridades.

Por sua meio de assessoria de imprensa, Renato Duque negou a participação em práticas criminosas envolvendo fornecedores da Petrobras ou ter recebido vantagens indevidas em contas no Brasil ou no exterior. A defesa de Fernando Soares nega que ele seja operador do PMDB.

Apontado como um dos "portadores" do doleiro Alberto Youssef, Adarico Negromonte se entregou à PF de Curitiba na manhã de ontem. Ele era o último procurado entre os investigados na sétima fase da operação Lava-Jato e estava foragido desde o último dia 14, quando sua prisão foi determinada.

Joyce Rosen, sua advogada disse que, em depoimento, Negromonte negou ter entregado dinheiro a agentes públicos a mando de Youssef.

Negromonte chegou de táxi à Polícia Federal acompanhado por Joyce Rosen. Os dois entraram no prédio da Superintendência da PF sem dar entrevista.

De acordo com as investigações, ele levava dinheiro do escritório do doleiro em São Paulo até os agentes públicos e partidos políticos supostamente envolvidos em esquema de cartel, corrupção e superfaturamento na Petrobras.

Adarico é irmão de Mário Negromonte, que foi ministro das Cidades na primeira gestão da presidente Dilma Rousseff.

Petrobras recebe intimação de regulador do mercado dos EUA


Por Camila Maia | Valor
Petrobras | Divulgação

SÃO PAULO  -  Atualizada à 0h05 - A Petrobras informou nesta segunda-feira que recebeu intimação da Securities and Exchange Commission (SEC, órgão equivalente à CVM nos Estados Unidos) requerendo documentos para a investigação interna sobre corrupção da estatal. A notificação foi feita no dia 21.

De acordo com a nota da empresa, os documentos solicitados pela SEC serão enviados pela Petrobras “após um trabalho conjunto com o escritório nacional Trench, Rossi e Watanabe Advogados e com o escritório norte-americano Gibson, Dunn & Crutcher, já contratados pela Petrobras para realizar uma investigação interna independente”.

A Petrobras reiterou ainda o “compromisso de atender as autoridades públicas americanas com o mesmo empenho com que vem atendendo as autoridades públicas brasileiras”.


SEC


A Securities and Exchange Commission (SEC, a CVM americana) informou que não vai comentar a informação de que requereu documentos à Petrobras para uma investigação sobre a companhia brasileira, divulgada nesta segunda-feira pela própria estatal brasileira.

A SEC e o Departamento de Justiça não se pronunciaram oficialmente sobre o caso da Petrobras, investigada pelos dois órgãos americanos no âmbito da lei americana contra a corrupção no exterior (FCPA, na sigla em inglês), segundo reportagem publicada pelo “Financial Times” no dia 9 deste mês. Judith Burns, uma das porta-vozes da SEC, disse por e-mail que o órgão não ia comentar a informação divulgada hoje pela Petrobras. 

© 2000 – 2014. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/empresas/3791722/petrobras-recebe-intimacao-de-regulador-do-mercado-dos-eua#ixzz3K6I4j546