quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Conheça a Nova Terceira Idade: um mercado com mais de 20 milhões de brasileiros e de 1 trilhão de reais


Italo Rufino - 10 de dezembro de 2014
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
Maria Correia, 70, com José Arcas, 76, o namorado com quem ela divide a porção de pastel com Malzebier (foto: Kalinca Maki).
 
A funcionária pública aposentada Maria Ruiz Correia, 70, é mãe de três filhas e avó de duas netas – a mais jovem tem 19 anos e está prestes a iniciar a faculdade. “Sou uma vovó, mas não me sinto uma velhinha”, diz ela. E não é para se sentir mesmo. Maria considera que começou a curtir a vida para valer após os 50, quando terminou um casamento de quase 20 anos e se aposentou. “Queria viver intensamente”, afirma. Ela mudou de casa e começou a cursar faculdade da terceira idade, onde participou de palestras sobre saúde da mulher e sexualidade. Também realizou um antigo desejo: fazer aulas de canto. Nos últimos anos Maria fez cursos de fotografia, informática, jardinagem e paisagismo. Pelo menos uma fez por ano, faz uma viagem internacional. Já foi a Portugal, França, Itália e Espanha.
“Viajo sozinha e gosto de fazer meus próprios passeios, não dependo de ninguém”
Três vezes por semana, Maria faz musculação e alongamento em uma academia, “ótimas atividades para enrijecer os braços”. Aos finais de semana, se diverte com amigos em bares da Vila Mariana, bairro da zona sul paulistana onde mora. Há cinco meses, passou a dividir o prato predileto – porção de pastel com cerveja Malzbier – com o novo namorado, o aposentado José Arcas, de 76 anos. “Ele é muito romântico e sempre me surpreende com flores e carinhos”, diz ela.

Maria conversou com o Draft durante o Lab+60, um encontro que reuniu cerca de 500 pessoas para colocar em evidência a nova dinâmica social de quem tem mais de 60 anos. Organizado pela agência de marketing digital Garage e pela consultoria corporativa Via Gutenberg, teve patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil, Mapfre e Plenitud, a marca de fraldas geriátricas da Kimberly Clark.

Selfie não tem idade, mostram os participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.): Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).
Selfie dos participantes do Lab 60+ (da esq. para a dir.) Maria Correia, Raimundo Moura, José Arcas e Renilda Moura (foto: divulgação).

Mulheres com blusas estampadas e homens de bermuda e camiseta eram figuras comuns no evento, que teve palestras sobre saúde, atividade física, programas culturais e consumo. Depois das apresentações, um grupo musical embalou o público com uma música que lembrava forró nordestino. Ninguém ficou parado. Foi também a hora de fazerem selfies e mostrarem intimidade com smartphones, apesar da idade. Mas, que idade? Terceira? Melhor? Idade de gente que continua trabalhando, se divertindo e tem agenda cheia. A faixa etária dos 60+ não é mais sinônimo de gente frágil que necessita de cuidados em tempo integral. A lógica é outra.

EM ÚLTIMA INSTÂNCIA, ESTAREMOS TODOS VIVOS

Aumento da renda, maior acesso à saúde, novos tratamento médicos e hábitos de vida saudáveis têm feito os brasileiros viverem mais e melhor. Há pouco o IBGE divulgou que a expectativa de vida no Brasil é de 74,9 anos – um aumento de 12,4 anos em comparação à média em 1980. Hoje, o país tem 20,6 milhões de pessoas com mais de 60 anos (quando o IBGE considera alguém idoso), o que representa 10,8% do total da população. Em 2060, serão 58,4 milhões de idosos – cerca de um quarto da população brasileira.

Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin. Pesquisa de mercado com pessoas maduras para as empresas desenvolverem e melhorarem produtos.
Roni Ribeiro e Benjamin Rosenthal, da Gagarin, que pesquisa o público maduro para empresas desenvolverem e melhorarem seus produtos (foto: Kalinca Maki).

Um estudo da consultoria paulista de geomarketing Escopo apontou que o consumo entre as pessoas com mais de 50 anos foi de quase 1 trilhão de reais em 2013. Desse montante, 135 bilhões de reais foram gastos em alimentos e bebidas, 64 bilhões em carros, 49 bilhões em artigos de vestuário, 24 bilhões em produtos de higiene e beleza. Ao todo, essa fatia foi responsável por 34% do consumo total da população, e esse número deve crescer para 44% em 2018.

Não é o caso de esperar. Hoje, os mais velhos já são um público consumidor relevante. Conversamos com alguns empreendedores que estão aproveitando esse mercado e criando novos negócios em torno dele.

Roni Ribeiro, 39, e Benjamin Rosenthal, 43, passam o dia conversando com pessoas maduras. Não que eles sejam psicólogos ou médicos geriatras – embora também acumulem conhecimento nessas áreas. São empreendedores e o motivo de tanto bate papo é conhecer seus hábitos sociais e de consumo para ajudar grandes empresas a desenvolverem ou aprimorarem produtos e serviços para os consumidores mais experientes. Eles são fundadores da Gagarin, empresa focada em pesquisa de mercado com pessoas acima de 45 anos e que tem como clientes empresas farmacêuticas, de cosméticos, planos de saúde e do mercado financeiro. Roni conta mais:
“Hoje é comum ver pessoas com 60 anos que trabalham, têm vida social ativa e estão no ápice de seu poder econômico. As empresas estão começando a entender isso”
Os dois sócios acreditam, por exemplo, que em breve o mercado de educação terá mais espaço para este público. Pessoas perto dos 60 anos estão iniciando novas carreiras em áreas que lhe dão prazer, como um engenheiro que começa a estudar filosofia. Por outro lado, também é comum profissionais experientes deixarem o mercado corporativo para empreender. “As universidades terão que olhar esse público com mais atenção”, acredita Rosenthal.

As pesquisas da Gagarin costumam durar de dois a oito meses, o tempo depende do objetivo do cliente: reformular uma embalagem para que seja mais aderente à mão do idoso ou criar um novo serviço de private bank, por exemplo. Para obter informações, a empresa faz entrevistas presenciais (conforme as respostas ficam homogêneas, as informações passam a ser validadas) e conversa com especialistas como médicos geriatras e pesquisadores em antropologia e etnografia.

Ao entregar os resultados aos clientes, Roni e Benjamin costumam esclarecer alguns mitos sobre a terceira idade. Por exemplo, a solidão. É comum achar que os mais velhos se sintam sós e, nesse caso, cuidar dos netos seria uma ocupação gratificante. “Não é bem por aí”, diz Rosenthal.
“Eles querem curtir os netos, mas sem a obrigação de serem responsáveis pela educação”
Na verdade, prossegue ele, muitos idosos querem ter sua própria agenda e não gostam de depender de ninguém – e nem que alguém dependa deles. Por outro lado, os mais velhos de fato se preocupam em deixar uma herança para os familiares. Além disso, pensam em qual será o legado após a morte e, por isso, muitos transferem recursos a entidades ligadas a causas sociais e empreendedoras. “É uma forma de se manterem vivos por meio de seus ideais”, acredita Rosenthal.

SMARTPHONE PARA TODOS

O Instituto de Artes Interativas, também conhecido como iai?, é uma escola de cursos livres focada em tecnologias móveis. Fundado em 2009 pelo engenheiro paulista Lucas Longo, 40, oferece cursos de programação, design e segurança de dados com ênfase em smartphones e tablets. Em 2011, Lucas percebeu que alguns clientes mais velhos procuravam o instituto para aprender funções mais básicas dos aparelhos.

Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos para tornar smartphones acessíveis aos mais velhos.
Lucas Longo, do Instituto de Artes Interativas, abriu cursos rápidos específicos para ensinar os mais velhos a usarem smartphones iOS e Android (foto: Kalinca Maki).

Muitos ganhavam os dispositivos de filhos ou netos e as dúvidas iam desde como tirar fotos e acessar a internet até como criar arquivos de planilhas. “Os próprios familiares poderiam ensinar”, diz Lucas. “Mas faltava paciência, pois o que é intuitivo para um jovem pode não ser para uma pessoa com mais de 50 anos.” Foi aí que o empreendedor enxergou uma oportunidade de negócio e criou os cursos “iPhone para todos” e “Android para todos”, para quem tem mais de meio século de vida.

Em média, o valor do curso é de 1.200 reais e as aulas são particulares, com duração de quatro horas, em duas sessões. Na primeira etapa, o professor ensina conceitos, como o funcionamento dos serviços em nuvem. Depois, é hora de aprender na prática a configurar e-mail, conversar por chat, tirar fotos e acessar redes sociais. “Uma dúvida bem comum é o que fazer caso esqueça a senha do e-mail”, diz Lucas.

Em 2014, os clientes acima de 50 anos representarão 5% do faturamento da empresa, estimado em 3 milhões de reais. Lucas acredita que essa participação vá crescer, acompanhando a popularização dos smartphones. Segundo a consultoria de tecnologia de informação IDC, em 2013 foram vendidos 35,6 milhões de smartphones no Brasil, colocando o em quarto lugar no ranking mundial. Nos EUA, segundo levantamento da consultoria Forrester Research, os gastos de pessoas entre 50 a 64 anos representaram 40% do mercado de produtos tecnológicos.

Nos últimos anos, algumas empresas desenvolveram aplicativos exclusivos para idosos, como o Pillboxie, que lembra a hora de tomar remédios. E há novidades a caminho, como a rede social Stitch, que visa conectar pessoas com mais de 50 anos para amizades ou relacionamentos amorosos. O site ainda está em fase de testes, disponível apenas para cidades dos EUA e da Austrália.

CURAR PARA FORTALECER, FORTALECER PARA CURAR

O médico ortopedista Benjamin Apter, que não revela a idade, pratica esportes desde a infância. Hoje, seus preferidos são surf e skate. Com 1,70m de altura e 68 quilos, exibe uma condição física invejável a muitos jovens. Benjamin tem um grande estímulo para manter a forma: é fundador da B-Active, a rede paulistana de academias terapêuticas que oferece musculação, pilates e fisioterapia para o público maduro. “Cerca de 80% dos nossos clientes tem mais de 60 anos”, diz.

O B-Active tem o conceito de ser um ambiente mais “médico” do que “fitness”: 80% dos 50 professores são fisioterapeutas que acompanham os alunos em atividades para tratar lesões musculares e nas articulações. “Mas a questão estética também entra em cena, pois muitos clientes querem ter um corpo mais magro e saudável.”
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou a B-Active, uma academia terapêutica para os público acima de 50.
Benjamin Apter, o médico ortopedista que fundou uma academia terapêutica para o público acima dos 60.

Benjamim decidiu criar a academia quando atendia idosos e atletas em uma clínica de ortopedia. Ele recomendava aos pacientes exercícios de musculação no pós-operatório mas, poucos meses após a alta, eles voltavam ao consultório com as mesmas queixas de antes. Foi quando vislumbrou a oportunidade:
“Percebi que as academias convencionais não estavam preparadas para tratar lesões ortopédicas. Enxerguei um nicho de mercado promissor”
Na mesma época, Benjamin fez pós-graduação no departamento de geriatria da Universidade de São Paulo (USP) para conhecer melhor a fisiologia do idoso. Também fez MBA em economia e marketing, para aprender a gerir uma empresa. Era o início da B-Active, fundada em 2004 com outros dois sócios, os médicos Ari Radu Halpern e Nelson Wolosker.

Os aparelhos da B-Active foram fabricados quase artesanalmente. Os sócios buscaram projetos de equipamentos já testados por grupos médicos em centros de pesquisa de universidades de diversos países. Depois, terceirizavam a fabricação aqui no Brasil. “Começamos com seis equipamentos, hoje temos 60”, conta Benjamin.

As mensalidades variam de acordo com a frequência do aluno, que precisa marcar as aulas com antecedência. O pacote com duas aulas semanais sai por cerca de 350 reais ao mês. A empresa também oferece serviços avulsos, como um programa de massagens para reduzir gordura visceral e localizada. Este ano, a B-Active deve faturar cerca de 6 milhões de reais – um crescimento de 10 %.

No ano passado, a B-Active iniciou a expansão por franquias. Além das unidades próprias, localizadas em Higienópolis e Perdizes, abriu franquias no Ibirapuera, em Moema e no Jardim Anália Franco. Em março de 2015, será a vez de inaugurar uma unidade em Campinas. “O próximo passo será chegar a outras capitais brasileiras”, conta Benjamin. Ou seja, mais “velhinhos” saudáveis e fortes estão por vir. Seu negócio está preparado para recebê-los?

Petrobras não aprova pagamento a trabalhadores da Iesa



 

Estatal e funcionários do estaleiro de Charqueadas vão discutir novo acordo




A diretoria executiva da Petrobras não aprovou o pagamento dos trabalhadores da Iesa Óleo e Gás, de Charqueadas (RS), acertado na última segunda-feira (15) em encontro entre a presidente da estatal, Graça Foster, e políticos e sindicalistas gaúchos.

A proposta de acordo entre a Petrobras e os trabalhadores incluía o pagamento do salário atrasado referente a novembro, verbas rescisórias, cestas básicas e ajuda de custo para os funcionários de fora do Rio Grande do Sul voltarem aos estados de origem. São mais de mil trabalhadores que a Iesa pretende demitir devido à rescisão do contrato de fabricação de módulos de plataformas de petróleo pela Petrobras. Com o recuo da estatal, um novo encontro entre as partes será promovido em busca de um novo acordo. Caso não ocorra um acerto, as dívidas serão cobradas judicialmente. A Petrobras ainda não se manifestou sobre a decisão.

Sul, o campo de provas dos vinhos estrangeiros


Região tem se destacado como local para testes de rótulos que sonham em ganhar o apetite dos brasileiros. A mais nova iniciativa do gênero coube ao administrador de empresas Andre Roso que planeja exportar a bebida de pequenas vinícolas italianas a partir de 2015

Por Marcos Graciani


blog-cepasRaramente o Atelier de Massas, um dos restaurantes mais conhecidos de Porto Alegre, abre aos domingos. Quis o destino que uma das exceções fosse a apresentação para um seleto grupo de consumidores de vinhos que provaram nada menos que mais de duas dezenas de rótulos italianos. A última vez que um fato desses se repetiu foi há praticamente três anos quando o local acomodou a apresentação de uma importadora. Agora, o local, que fica no coração da capital gaúcha, foi palco de uma apresentação conduzida pelo administrador de empresas Andre Roso (na foto, à esquerda, acompanhado do pai em Verona), um amante de vinhos e proprietário da Legno Brasile, uma construtora de São Leopoldo (RS). "Em mais de três décadas lidando com o segmento, nunca vi uma degustação de tão alto nível", opina Gelson Radaelli, artista plástico e um dos sócios do restaurante.



O objetivo de Roso, que tem como projeto comercializar vinhos sob demanda a partir do ano que vem, foi medir a temperatura de consumidores comuns, aqueles mais acostumados a beber vinhos – algo raro de acontecer tendo em vista que vinícolas e importadoras se satisfazem com as avaliações de técnicos. As fichas para os participantes do encontro eram muito simples. O visual pesava até 4 pontos, o aroma até 8 pontos e o gosto até 10 pontos, uma soma de 22 – bem distante do 100, o maior índice de pontos em concursos nacionais e internacionais, por exemplo. Do Paraná para baixo, a iniciativa de Roso é a mais nova proposição do gênero. Em solo catarinense, a importadora Porto Mediterrâneo já costuma fazer ações parecidas na região.



Na apresentação exclusiva de sete horas que Cepas & Cifras participou, a análise final dá conta que todas as amostras são de altíssima qualidade. E o melhor: os preços de mercado tendem a não ser abusivos. Tanto é verdade que o rótulo mais caro deve ser comercializado por algo em torno de R$ 420 – metade do preço cobrado por um grande Barbaresco hoje no Brasil. A Roso Azienda Alimentare deve trabalhar com margens entre 30% e 50%. Roso planeja trazer os vinhos italianos via transporte aéreo – o que deve preservar a qualidade dos rótulos. Em uma segunda fase do projeto o empresário deve apostar nas castas francesas. “Pretendo atender tudo e todos, pois teremos vinhos únicos e preços bons”, garante Roso. “Mas não podemos esquecer que vinho bom não é barato – e sim ´buon mercatto´ como falamos em italiano”, defende.



blog-enzo_bogliettiOs 15 seletos consumidores tiveram a oportunidade de provar 27 rótulos de seis pequenas vinícolas. Roso procurou escolher pequenos empreendimentos familiares que não produzem mais do que 170 mil litros anualmente. “Sono vini fatti a mano”, explicou Roso, que é também cidadão italiano, fazendo referência à produção da bebida feita em pequena escala. Na oportunidade foram apresentados rótulos de Dolcettos, Amarones, Barolos e Barbarescos. Na opinião de Cepas & Cifras, os rótulos mais representativos são os da vinícola Enzo Boglietti (na foto, à esquerda) – especialmente os Barolos 2008 e o 2007 (dos vinhedos Arione e Fossati, respectivamente). Outro que chamou a atenção foi o espumante extra Dry Pinot Grigio, da Benotto Luigino. Outra surpresa foi o assemblage de Cabernet Sauvignon com Cabernet Franc, produzido pela Corte Moschina. O Moscato Bianco, da Marcarini, também vale a pena ser provado. Por fim, o corte de Merlot e Cabernet Sauvignon, da Colli Vicentini, um ITG, também estava muito bom.



Tudo leva a crer que os três estados do sul continuam tendo potencial para se tornarem verdadeiros campos de provas para os vinhos estrangeiros e também os nacionais. Nós, paranaenses, catarinenses e gaúchos só temos a agradecer iniciativas como essas!

Por que a melhor construtora da Bolsa pode dobrar de valor nos próximos anos?



A Eztec mostrou que escolher pela regionalização foi a chave do sucesso

Por Infomoney


21-construtora-da-bolsaA Eztec (foto) tem provado que acertou sua estratégia ao concentrar suas operações na região metropolitana de São Paulo entre as classes média e alta. O resultado surpreende: enquanto o setor atingiu, em média, uma margem líquida com vendas de 8% de 2007 até o terceiro trimestre deste ano, a construtora alcançou uma margem de 35%. A alavancagem (medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido) foi de 4% no período contra 74% das concorrentes.

A empresa, que é considerada pelos analistas do setor como a melhor construtora da Bolsa, teve sucesso na sua estratégia de escolher pela regionalização. Hoje, 71% dos seus projetos estão na cidade de São Paulo, 20% na região metropolitana e 1% no litoral. Por conta disso, a Eztec conseguiu ganhar reconhecimento do mercado. Prova disso é que nenhum terreno vai à venda hoje na capital sem passar pela companhia. "Temos sempre a opção de comprar os melhores terrenos", disse Sílvio Zarzur, vice-presidente e diretor de incorporação da Eztec, durante evento realizado na terça-feira (16), quando foi entregue o mais promissor projeto da empresa: a torre A do megaempreendimento comercial EZ Towers, vendida por R$ 564 milhões à São Carlos.

A possibilidade de comprar bons terrenos permite que a companhia mantenha uma satisfatória velocidade de vendas – que ficou em 22,3% no terceiro trimestre – e consiga, principalmente, preservar a rentabilidade. A margem líquida do landback (estoques de terrenos) da companhia é de 40% e dos novos terrenos de 36%. O reflexo disso pode ser observado na Bolsa: atualmente, a ação da Eztec tem o melhor ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do setor, de 22,3% (contra média de 5,5%).

Com resultados consistentes nos últimos anos, o papel da companhia acumula ganhos de 1.300% do seu menor patamar atingido em 2008 até hoje, embora neste ano ela acumule queda de 29%, em linha com o desempenho do Imob (Índice que acompanha as ações do setor imobiliário e de shopping centers), que recuou 23% até terça-feira (16). A valorização, contudo, não é um sinal de que o preço potencial já foi alcançado. Embora a Eztec seja negociada em Bolsa R$ 5,44 acima do seu patrimônio líquido (um indicador muito utilizado por analistas de mercado para mensurar se uma ação está "cara"), Emílio Fugazza, diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, afirma que o papel ainda tem grande potencial.

Quando olha-se apenas para o P/L (Preço/Lucro), por exemplo, para medir em quanto tempo demorará para o investidor ter o retorno do seu capital, a primeira leitura pode ser oposta a essa, com o P/L da Eztec em 6,7 vezes, enquanto a média do setor é 4,9 vezes. No entanto, por trás disso há ainda muita oportunidade. A conta é simples: com resultado do backlog (R$ 604 milhões), estoques (R$ 1,3 bilhão) e landback (R$ 5,4 bilhões) – lembrando que esse último ainda deva ter um incremento de mais de R$ 600 milhões até o final deste ano com a compra de mais um ou dois terrenos –, a companhia tem um potencial adicional de R$ 25,90 por ação em relação a seu patrimônio líquido, que pode chegar a R$ 29,30, incluindo a venda da torre B do EZTowers.

Isto é, considerando que R$ 16,65 do valor da ação da empresa corresponde a seu patrimônio líquido, há ainda mais R$ 29,30 de valor adicional que o papel pode alcançar nos próximos anos, chegando a R$ 45,95. Levando em consideração a cotação do fechamento de segunda-feira (15), a ação tem potencial para subir 130%. Além do que já está "na conta", a companhia tem planos robustos pela frente. A conclusão do EZ Towers, localizado no bairro Morumbi, em São Paulo, colocou a incorporadora em um patamar ainda mais alto. O projeto é o mais importante empreendimento da empresa e sua execução deu a eles competência para replicá-lo em novas oportunidades. "São poucas as construtoras que possuem \'expertise\' para construir um prédio desses no Brasil. Estar entre essas poucas nos coloca muito à frente da concorrência", comenta Flávio Ernesto Zarzur, diretor vice-presidente e diretor de incorporação. O próximo grande projeto que a companhia pretende lançar é o "Chucri Zaidan", também no bairro Morumbi, com VGV (Valor Geral de Vendas) entre R$ 800 e R$ 900 milhões e lançamento previsto para início de 2017.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Cade condena 11 empresas e associação ortopédica por fraude




Antonio Cruz/ABr
 
Previdência Social - INSS
INSS: se a ação não tivesse sido identificada ,13 mil segurados teriam sido privados de receber próteses
Alex Rodrigues, da AGÊNCIA BRASIL
 
Brasília - Dez anos depois de instaurar um procedimento para apurar fraudes de fabricantes de órteses e próteses ortopédicas em licitações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) condenou, ontem (10), onze empresas pela prática de cartel.

O conselho também condenou a Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (Abotec) por elaborar e divulgar uma tabela de preços mínimos que, posteriormente, as empresas usaram para embasar as propostas apresentadas às gerências regionais do INSS no estado de São Paulo. Somadas, as multas aplicadas chegam a R$ 2,2 milhões.

Segundo o relator do caso, o conselheiro Gilvandro Araújo, durante a fase de cotação de preços, as fabricantes apresentaram propostas de preços estimados diferentes umas das outras. 

Nas fases seguintes da licitação para a escolha da fornecedora dos produtos, as empresas apresentaram novas propostas, nas quais, com base na nova tabela em que a Abotec apontava os custos, margens percentuais de lucro e despesas para a confecção de 130 tipos de produtos ortopédicos, os preços eram maiores.

“Após a elaboração da tabela de preços mínimos pela Abotec, as empresas a ela filiadas tiveram o incentivo de adotar preços similares, quando não idênticos, nas propostas ofertadas nos certames licitatórios”, afirmou o relator, apontando outras inconsistências no processo, como o fato de que empresas desabilitadas por terem combinado preços apresentaram recursos com redação idêntica.

O sobrepreço encontrado nas propostas vencedoras variava entre 18% e 31% e só não chegou a causar prejuízos aos cofres públicos porque as fabricantes foram desclassificadas.

A estimativa do Cade é que se a ação não tivesse sido identificada, 13 mil segurados do INSS teriam sido privados de receber as próteses necessárias à sua reabilitação.

Além de pagar as multas, as empresas estão proibidas de participar de quaisquer licitações realizadas pela administração pública federal, estadual e municipal e por entidades da Administração Pública direta pelos próximos cinco anos. A decisão será informada à Controladoria-Geral da União (CGU).

As empresas condenadas são a Mathias Ltda; Ortopedia Lapa; Kamia; Germânia; Fubelle; Americana; Ortopedia A Especialista; Ortoservice Comércio e Serviços Ortopédicos; Ortolab Órtese e Prótese; Casa Ortopédica Philadélfia e Estar Bem Aparelhos Ortopédicos e Podologia. 

A Agência Brasil entrou em contato com a Abotec, representante do setor, mas não conseguiu falar com seus representantes até o momento da publicação desta reportagem.

Procuradores vão propor pacote de medidas contra corrupção



AFP
Combate à corrupção - 69º lugar de 175 países
Corrupção: para procuradores, país precisa aprovar medidas para que ações não se arrastem até prescrição

Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
 
Fausto Macedo e Ricardo Chapola, do Estadão Conteúdo
 
São Paulo e Curitiba - A força tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato vai propor um pacote de medidas "para transformar o país". 

Com apoio expresso do procurador geral da República, Rodrigo Janot, os procuradores da força tarefa vão apresentar sugestões de alterações legislativas que darão eficácia ao combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito de agentes públicos e políticos.

"Esse caso (escândalo de corrupção e propinas na Petrobras) estarreceu a todos, mas não transformou o Brasil", na avaliação dos procuradores que integram a força tarefa. Eles querem contribuir para a mudança do país.

Os procuradores consideram que o escândalo na Petrobras "até agora só deixou o Brasil assustado, aterrorizado". Por isso, eles defendem mudanças imediatas na legislação.

Os procuradores entendem que o país precisa aprovar medidas para que as ações não se arrastem até a prescrição. Hoje tudo prescreve, desabafam.

Querem uma reforma geral do sistema recursal que, do jeito que está, empurra indefinidamente as ações contra corruptos.

Eles destacam a importância de medidas como as que vão propor para que "aí sim o Brasil seja transformado". 

Caso contrário, alertam, vão se passar mais 10 anos, 15 anos, e a prescrição "seguirá o seu rumo natural no Brasil". Eles querem mudar esse fluxo.

A força tarefa considera que outros grandes escândalos que abalaram o país nos últimos anos não chegaram a resultados efetivos. 

Como o episódio Banestado, evasão de US$ 30 bilhões nos anos 1990.

No caso Banestado, também desmantelado por uma força tarefa de procuradores da República e pela Polícia Federal, ações penais contra empresários, doleiros e agentes públicos não acabaram. 

Mesmo as que começaram não terminaram. Muitas estão caminhando para a prescrição - quando esgota-se o prazo que o Estado tem para punir um acusado.

Os procuradores acreditam que a Câmara e o Senado irão aprovar o pacote de medidas atendendo ao apelo público da presidente Dilma Rousseff (PT) que, nas últimas semanas, fez declarações enfáticas contra a impunidade e a corrupção.

Os procuradores miram o enriquecimento ilícito de agentes públicos e políticos. Eles querem criação de varas judiciais para ações de improbidade administrativa nas Capitais. 

Também vão sugerir propostas preventivas contra a corrupção "para tentar mudar o paradigma".

Falta de assistência de companhias aéreas lidera reclamações


Marco Antônio Carvalho

Mais de dez reclamações foram registradas diariamente nos juizados de aeroportos paulistas neste ano; queixas tendem a aumentar em período de final de ano

A falta de assistência de companhias aéreas é o principal motivo de reclamações de passageiros nos juizados especiais instalados nos aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e em Congonhas, São Paulo, os dois mais movimentados do País. Insatisfações dessa natureza são responsáveis por mais de 40% do total de 3.857 queixas registradas até agora em 2014; a média de queixas é similar à do ano passado.


Juizados especiais em São Paulo tiveram mais de 3 mil reclamações em 2014. Foto: Tiago Queiroz/Estadão.
Juizados especiais em São Paulo tiveram mais de 3 mil reclamações em 2014. Foto: Tiago Queiroz/Estadão.

São mais de 10 reclamações por dia nesse ano nos juizados paulistas que funcionam nos aeroportos e que, caso não atinjam uma conciliação, serão transformadas em processos judiciais. Falta de assistência é o termo utilizado pelo Poder Judiciário e engloba casos de ausência de atendimento diversos das companhias a passageiros que se sentiram prejudicados por problemas no voo e que não receberam pronta resposta.

Reclamações sobre falta de informação e atraso de voos aparecem na sequência dos fatos mais recorrentes registrados nos juizados, com 33% e 10%, respectivamente. Com a aproximação do final do ano e um maior fluxo de viagens, as ocorrências tendem a aumentar, especialmente de consumidores protestando contra voos que não decolam no horário marcado.

Instalados em 2010 em dois aeroportos de São Paulo e em dois do Rio de Janeiro, os juizados têm como principal objetivo auxiliar na conciliação entre passageiros e companhias, evitando a necessidade de processos judiciais para resolução dos conflitos.

Em 24% dos casos neste ano, os juizados em São Paulo conseguiram firmar um acordo entre as partes. O porcentual de acordos obtidos é o maior dos últimos três anos. Em 2012, a conciliação entre passageiros e companhias só foi atingida em 4,6% dos casos; no ano seguinte, a porcentagem foi de 9,2%.

“O que a gente implementou foi uma espécie de facilitação da interlocução entre os funcionários da empresa e os passageiros. As empresas têm interesse que depois a reclamação não vire processo porque haverá um custo”, disse a juíza Mônica Soares Machado Alves Ferreira, coordenadora dos juizados nos aeroportos de Guarulhos e Congonhas.

Esses aeroportos são os dois com maiores fluxo de passageiros em todo o País. Em Cumbica, passaram mais de 35 milhões de pessoas em 2013 e, em Congonhas, mais de 15 milhões. Com um fluxo maior, Cumbica registra até oito vezes mais reclamações e processos do que o aeroporto localizado na capital. Nesse ano, das 3.857 queixas, 3.338 partiram do juizado em Guarulhos.

Outros alvos de protesto por parte dos consumidores são problemas com bagagens, overbooking e cancelamento de voos. Em muitos casos, no entanto, nem sequer é preciso buscar conciliação e a atuação do juizado se resume a orientar o passageiro sobre como proceder diante do problema encontrado; em 2014, foram mais de 11 orientações por dia em São Paulo.

Hoje, essas estruturas estão presentes também nos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, em Cuiabá e em Brasília. Juizados temporários foram montados em todas as 12 sedes da Copa do Mundo de futebol, mas tiveram as atividades encerradas após o término da competição em julho. Em São Paulo, os juizados funcionam de forma temporária, com renovações periódicas do Tribunal de Justiça no Estado para continuar em funcionamento.

Para o conselheiro do Conselho Nacional de Justiça Paulo Teixeira, que autuou nos juizados durante a Copa do Mundo, as estruturas têm muita importância para os consumidores. “Não é interessante você ter de se deslocar para uma estrutura judiciária que não seja no aeroporto para resolver uma demanda relacionada à sua situação no próprio aeroporto. O  objetivo do CNJ é fazer com que essas estruturas possam funcionar sistematicamente”, disse Teixeira.

Impotência. Quando o advogado Arthur Mendes, de 35 anos, decidiu cancelar antecipadamente as passagens aéreas que havia comprado para sua mulher e suas duas filhas, o objetivo era evitar problemas com a companhia aérea e conseguir o reembolso dos valores dos bilhetes. A tentativa de conseguir de volta o dinheiro, no entanto, transformou-se em uma novela que se arrasta há mais de dois meses sem perspectiva de desfecho.

Advogado Arthur Mendes luta para reaver dinheiro gasto em passagem que foi cancelada. Foto: Alex Silva/Estadão
Advogado Arthur Mendes luta para reaver dinheiro gasto em passagem que foi cancelada. Foto: Alex Silva/Estadão

O advogado viajou para os Estados Unidos com a família, mas sua mulher e as filhas decidiram ficar por mais tempo além do previsto, o que o fez cancelar as passagens. “A palavra que pode resumir meu sentimento é impotência. A companhia aérea vai empurrando a gente com a barriga, vai enrolando. Não tive nenhum retorno efetivo e já tem mais de dois meses”, disse.

Mendes, que costuma viajar de avião pelo menos duas vezes por mês, diz também já estar acostumado a outros problemas com as companhias e os aeroportos. “Viajo bastante por conta de trabalho. Já estou acostumado com atraso de voo, problema em avião, troca de aeronave, esse tipo de coisa. A gente estranha quando o voo sai na hora”, disse.

O mesmo sentimento é compartilhado pelo administrador de empresa Carlos Nobre, de 45 anos. Recentemente, Nobre se viu vítima da falta de assistência de uma companhia aérea que o contatou para informar que o voo inicialmente previsto para o período noturno do dia marcado havia sido alterado para às 7h30 da manhã. Após reclamações e dores de cabeça, dois dias antes do voo ele conseguiu ser realocado para o  horário original.

“Sempre vou para o aeroporto com a certeza absoluta que o voo vai atrasar. Já estou predisposto a esperar e raramente isso não acontece. O que era exceção, agora é regra”, disse o administrador de empresas que viaja de avião uma vez por mês.

Meteorologia e infraestrutura. Para a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), menos da metade dos problemas apontados pelos consumidores é de responsabilidade das companhias. Na maioria dos casos de atrasos e cancelamentos de voos, segundo a Abear, estão ligados a fatores como infraestrutura aeroportuária ou meteorologia.

“Atrasos e cancelamentos somaram cerca de 40% das manifestações [a Procons dos estados] e, quando não estavam relacionadas a questões meteorológicas, estavam ligadas às obras de reforma dos aeroportos para a Copa do Mundo”, informou em nota ao Estado. A entidade representa as cinco maiores companhias aéreas brasileiras: Tam, Gol, Avianca, Azul e Trip.

O número de mais de oito mil reclamações a Procons brasileiros representa, de acordo com a Associação, apenas uma manifestação a cada 10 mil passageiros embarcados. A Abear reforçou que “a relação com o consumidor é uma das premissas do setor aéreo, tanto que vem aprimorando seus indicadores no atendimento a reclamações.” A Associação acrescentou ainda que está se preparando para o período de final de ano com remanejamento de escalas de pessoal e manutenção programada das aeronaves “para garantir que tripulações, agentes em solo e também a frota estejam totalmente a postos durante o período.”