Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
São Paulo – O Brasil ficou em 60º lugar no ranking mundial de educação elaborado pela OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), no qual
foram considerados 76 países. Divulgado hoje, o estudo é baseado no
desempenho dos estudantes em testes de matemática e ciências.
As primeiras posições na lista ficaram com países asiáticos – Singapura
conquistou o primeiro lugar, seguido por Hong-Kong, Coreia e Japão.
Dentre os latino-americanos, o Chile é o primeiro da lista, em 48º
lugar. Costa Rica, México e Uruguai também estão na frente do Brasil, em
53º, 54º e 55º respectivamente. Os estudantes brasileiros tiveram
desempenho melhor que os argentinos (62º lugar), colombianos (67º) e
peruanos (71º). O último lugar no ranking é ocupado por Gana, na África.
Segundo o relatório, o desempenho do Brasil em matemática, ciência e
leitura melhorou consideravelmente na última década. “A pontuação no
PISA na área de matemática subiu numa média de 4,1 pontos por ano – de
356 pontos em 2003 para 391 pontos em 2012”, diz o relatório.
A grife Zara, que produz e vende roupas masculinas e femininas e
pertence ao grupo espanhol Inditex, foi autuada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) por descumprir o Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) firmado em 2011 para corrigir condições degradantes que
caracterizaram trabalho escravo na cadeia produtiva da empresa.
De
acordo com a superintendência do órgão federal em São Paulo, uma
auditoria com 67 fornecedores da marca mostrou 433 irregularidades em
todo o país, como excesso da jornada de trabalho, atraso nos pagamentos,
aumento dos acidentes, trabalho infantil, além de discriminação pela
exclusão de imigrantes da produção, o que pode resultar em multa de mais
de R$ 25 milhões.
Há quatro anos, a Zara foi autuada por manter
15 trabalhadores de nacionalidades bolivianos e peruanos em condição
análogos à de escravo na atividade de costura. As oficinas
subcontratadas pela marca receberam 52 autos de infração. Entre as
irregularidades, foram constatadas jornada de trabalho excessiva,
servidão por dívida e situação precária de higiene.
Na época, a
empresa disse desconhecer esse tipo de exploração. Pelo TAC, assinado
com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Zara deveria ter detectado
e corrigido novas violações, por meio de auditoria interna, melhorando
as condições gerais de trabalho na empresa.
O relatório mostra
que mais de 7 mil trabalhadores foram prejudicados pelas irregularidades
em fornecedoras da Zara. Entre eles, 46 empregados estavam sem registro
em carteira, 23 empresas estavam em débito de Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) e 22 tinham jornadas excessivas, irregulares ou
fraudadas.
Em relação aos acidentes de trabalho, verificou-se um
aumento de 73, em 2012, para 84 casos, no ano passado. A auditoria foi
solicitada a partir da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Assembleia Legislativa de São Paulo que investigou trabalho escravo. As
fiscalizações ocorreram entre agosto de 2015 a abril deste ano.
Para
o Ministério do Trabalho e Emprego, a empresa não só continuou a
cometer infrações à lei trabalhista como utilizou as informações da
auditoria para excluir imigrantes da produção.
“Utilizou-se das
ferramentas de fiscalização de natureza privada para identificar
fornecedores com risco potencial de exploração de trabalho análogo à de
escravo, excluindo-os unilateralmente de sua cadeia produtiva, em vez de
identificar situações reais de lesão aos direitos humanos, corrigi-las e
comunicar às autoridades, de acordo com o que determinava o TAC”, diz
relatório da superintendência regional. Por conta da fiscalização, a
empresa transferiu parte de sua produção para outros estados, como Santa
Catarina.
Pelos cálculos do ministério, a empresa deve pagar R$
25 milhões pelo descumprimento do acordo e R$ 850 mil pela atitude
discriminatória. “Trabalhadores migrantes, notadamente de origem
boliviana, foram excluídos de sua cadeia produtiva, razão pela qual a
empresa foi autuada por restringir o acesso ao trabalho por motivos de
origem e etnia do trabalhador”, explica o relatório do órgão. A
estimativa do MTE é que 157 imigrantes que trabalhavam em 35 oficinas
foram desligados. O relatório aponta ainda que cerca de 3,2 mil postos
foram fechados em São Paulo por causa do deslocamento da produção da
empresa para outros estados.
O ministério destacou ainda que a
Zara foi omissa quando da contratação de uma oficina, onde se constatou
trabalho escravo em novembro do ano passado. Foram flagrados 37
trabalhadores em situação degradante, que costuravam para as Lojas
Renner. “A fiscalização constatou que, no período de 14 de agosto de
2013 a 23 de setembro de 2013, esse grupo de oficinas também havia
produzido 8.450 peças de roupas da Zara”, diz o documento. A grife
espanhola, no entanto, apesar do acordo firmado com o MPT, não informou
aos órgãos competentes as irregularidades deste fornecedor. A Zara não
foi responsabilizada por causa da ausência do flagrante.
Em
resposta à organização não governamental Repórter Brasil, que publicou
reportagem sobre o caso, a Inditex informou que está contestando
legalmente os autos de infração, pois considera que acusações infundadas
e que não contêm fato específico que viole o TAC.
Em relação à
prática discriminatória, a multinacional diz que não intervem no
recrutamento dos empregados de companhias com as quais mantém
relacionamento comercial. Acrescenta que a Zara é apenas um entre os
vários clientes desses fornecedores e que a empresa representa menos de
15% da produção desses fabricantes.
Sobre o fornecedor que foi
flagrado posteriormente empregando mão de obra escrava, a Inditex diz
que ele foi submetido a auditoria interna e não foram constatadas
situações de trabalho comparáveis a de escravidão. Para a empresa,
contestar esse fato é colocar em dúvida companhias especializadas em
autoria privada de “reconhecido prestígio internacional”.
As
demais violações, como trabalho infantil e funcionários sem registro em
carteira, são contestadas. Sobre jornadas excessivas e débitos de FGTS,
alega que medidas corretivas foram adotadas
O ajuste fiscal
proposto pelo governo federal deve elevar a carga tributária brasileira
em 0,8 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Isso
significa que, se tudo o que foi anunciado for colocado em prática, os
brasileiros pagarão 47,5 bilhões de reais a mais em impostos e
contribuições. E a projeção é que o adicional de tributos exigidos para
melhorar as contas públicas, por baixo, chegue a 100 bilhões de reais de
acréscimo até o final do atual governo.
Segundo os cálculos do Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), todas as medidas
anunciadas pela equipe econômica representam um adicional de 39,8
bilhões de reais à carga tributária. Outros 7,7 bilhões de reais virão
de Estados e municípios, que também reajustaram os impostos que lhes
cabem, como IPTU e IPVA. Confirmada a tendência, a alta de impostos em
2015 seria o dobro da registrada em 2014 e a carga tributária fecharia o
ano em 36,22%. “O governo não precisa negociar tributos e, assim, é
mais fácil empurrar a conta”, diz Gilberto Luiz do Amaral, coordenador
de estudos do IBPT.
O economista Mansueto Almeida também
estima uma alta de 0,8 ponto porcentual, mas incluiu também na
contabilidade outros 7,5 bilhões de reais correspondendo ao fim dos
subsídios ao setor elétrico. Na sua avaliação, a medida tem efeito
tributário: de um lado, alivia o Tesouro Nacional e, de outro, eleva a
conta de luz – e os impostos que recaem sobre ela. Por causa dos
reajustes, energia se transformou neste início de ano em um dos itens
que mais pesam no orçamento das famílias e na alta de custos das
empresas.
Dito isso, se todas as medidas
anunciadas forem implementadas, o custo para a sociedade neste ano será
de cerca de 55 bilhões de reais. Se todo esse dinheiro fosse usado para o
superávit primário (a economia para pagamento dos juros da dívida
pública), cobriria mais de 80% do total da meta que o ministro da
Fazenda Joaquim Levy estabeleceu.
Mansueto Almeida contemporiza que o
tamanho da contribuição tributária, ao final deste ano, vai depender do
fôlego da economia e da confiança dos consumidores. Com a crise, as
pessoas estão apertando o cinto, comprando menos e fazendo a arrecadação
cair muito abaixo do esperado. Mas ele prevê que, ainda assim, a alta
de impostos esteja apenas no começo.
“Ao longo de todo o mandato de quatro
anos, o ajuste vai exigir uns 200 bilhões de reais, e não há a menor
dúvida que no mínimo metade disso, uns 100 bilhões de reais, terão de
vir de aumentos de carga tributária”, diz Almeida. No fim, diz, a
história apenas se repete. Série histórica elaborada pelo economista
mostra que, após a Constituição de 1988, nenhum governo deixou de
herança um gasto público menor. “Quando todos os presidentes saíram do
Planalto, o gasto era maior, e o ajuste foi feito com aumento de
impostos”, conclui o economista.
Matéria publicada originalmente na edição de fevereiro de Época NEGÓCIOS
Você é maluco? Vai investir em um mercado em que está todo mundo
quebrando?” Não era exatamente isso que Antonio Setin queria ouvir de um
amigo engenheiro, quando lhe contou sobre seus planos de montar um
negócio na área de construção. O problema é que a desanimada reação do
colega fazia todo o sentido. E Setin sabia disso. Era final da década de
70 e, naquela época, ele trabalhava numa marcenaria, que entregava
produtos para grandes construtoras. Alguns de seus maiores clientes
estavam falindo. “Mas a vontade de ter a empresa era tanta que eu
simplesmente ignorei a reação do meu amigo”, conta Setin.
Foi uma aposta arriscadíssima. Mas deu certo. Um ano depois, o mercado
de construção virou. “Em 1980, quando minhas primeiras casas estavam
ficando prontas, eu tinha cliente correndo atrás de mim”, afirma Setin.
Em março, sua empresa completa 36 anos. A lição que ele aprendeu naquele
momento decisivo e que carrega desde então é que, às vezes, momentos
mais difíceis são ideais para começar um negócio. “Porque começar no
momento fácil todo mundo começa. Eu prefiro começar no momento árduo
porque você vai se beneficiar depois de uma retomada.”
Antonio Setin nasceu em uma família de trabalhadores rurais do Paraná
que veio para São Paulo na década de 60. Para ajudar na renda da casa,
começou a trabalhar ainda criança em pequenas fábricas.
Quando tinha 13
anos foi “recrutado” pelos irmãos mais velhos para ajudar na marcenaria
que eles acabavam de abrir no fundo do quintal da casa. A função de
Antonio era basicamente varrer e carregar madeira. De vez em quando,
atendia alguns clientes e entregava peças.
Aos poucos, a marcenaria cresceu e os Setin conseguiram se mudar para
uma loja no Bom Retiro. Com o dinheiro que sobrava no caixa, os irmãos
compravam terrenos e construíam casas populares na periferia da Zona
Norte de São Paulo “para multiplicar as moedas”. O lucro não ficava para
eles – era dividido com os pais para ajudar a criar os outros cinco
irmãos. Antonio fala com orgulho destes tempos. Lembra saudoso do
trabalho árduo mas recompensador, do hábito de acordar bem cedo, que
carrega até hoje (ele chega antes das 7h no escritório da Setin) e da
felicidade de ter participado da evolução daquele modesto comércio
criado pela família.
O começo e os planos
Aos 18 anos, Antonio Setin resolveu cursar faculdade de arquitetura. O
conhecimento do curso o ajudava a lidar com os clientes na hora de
planejar os móveis, ao mesmo tempo em que alimentava seu sonho de ter
uma empresa de construção. “Eu achava legal ver um terreno e pouco tempo
depois avistar lá em cima uma casa, outra casa, mais casas... E a
marcenaria podia subsidiar esse sonho”, diz. Foi o que ele fez. Abriu um
escritório na Casa Verde, onde atendia à demanda da marcenaria, ao
mesmo tempo em que fazia as vezes de arquiteto, engenheiro e mestre de
obras para erguer suas primeiras casas.
Por cerca de cinco anos, a empresa viveu de construir casas para a
classe média. O financiamento na época era complicado, então Setin
costumava aceitar um sinal dos clientes e depois os ajudava a negociar
com o banco. Mas havia momentos em que ele ficava com dezenas de casas
prontas e vendidas, mas não podia entregá-las porque as pessoas não
conseguiam crédito. “Chegou uma hora em que as casinhas estavam paradas,
sendo pichadas, os clientes desesperados, os bancos não liberavam o
financiamento”, diz Setin. “Aí eu falei, quer saber? Vou trabalhar para
rico.”
Como a marcenaria não tinha chuveiro, Setin precisava levar uma roupa extra na mochila para não chegar cheio de pó na escola
Na mesma época em que colocou à venda o seu primeiro prédio, no bairro
de Moema, o governo anunciou o plano Cruzado. Setin sentiu de novo que
tinha feito a aposta certa, vendendo sem dificuldade os apartamentos.
Com o dinheiro, comprou outros dois terrenos no bairro para continuar
construindo. Até que veio o choque de realidade. O plano fracassou, a
inflação voltou e tudo que ele havia ganho parecia perdido. Pela
primeira (mas não última) vez, ele achou que ia quebrar.
A economia ainda lhe daria muitos sustos nos anos seguintes. Durante a
hiperinflação, ele chegou a criar uma moeda interna para não perder
dinheiro com as vendas. Com ela, era possível reajustar diariamente o
preço dos imóveis, para evitar que os compradores chegassem no dia 30 de
cada mês comprando pelo preço do dia 1º – em um curto período de tempo,
os preços chegavam a variar 70%.
Em março de 1990, veio o plano Collor. Setin perdeu o sono pela
primeira vez na vida. Sua esposa estava no último mês de gravidez e o
dinheiro na conta não seria suficiente para pagar o parto. Talvez nem
mesmo o supermercado. Na empresa, não fazia ideia de como resolveria a
folha de pagamentos.
Passado o susto inicial, ele não só conseguiu
resolver a situação – do parto e da empresa – como ainda saiu da crise
com a ideia de um novo negócio. A proposta era diversificar os
investimentos para contar com um plano B em momentos difíceis.
O empresário era dono de um terreno na Vila Mariana e não sabia
exatamente o que fazer com ele.
Até que veio o estalo: por que não
construir um hotel? O estudo de viabilidade mostrou que a ideia era
factível. Negociou com a rede Accor a operação do empreendimento e fez
um Novotel (depois transformado em Pullman, que hospedou a seleção
brasileira durante a Copa). Logo em seguida, ele traria, em parceria com
a empresa francesa, as bandeiras econômicas Ibis e Formule 1 para o
país.
Atualmente, são quatro hotéis sob sua administração – e Setin diz
que dará cada vez mais atenção para esse mercado. “O Brasil é um país em
que a gente dorme de um jeito e acorda de outro. Não dá pra deixar
muitos ovos numa cesta.”
Os obstáculos
A partir de 2006, várias empresas do setor imobiliário começaram a se
aventurar em um ambiente desconhecido até então: a bolsa. Houve um boom
de IPOs e cada uma delas captava milhões com a abertura de capital. O
empresário percebeu que o movimento do mercado não deixaria espaço para
as pequenas. “Eu pensei, esses caras com dinheiro vão comprar terrenos
mais baratos que eu, vão dominar o mercado e eu vou quebrar.”
Não bastassem os maus presságios nos negócios, Antonio Setin viveu um
drama familiar: perdeu seu irmão Valdemar em um acidente de carro. Os
dois trabalhavam juntos desde o início da marcenaria e ele era uma de
suas grandes referências na vida e nos negócios. A morte de Valdemar
desencadeou uma disputa judicial na família. Sua ex-mulher reclamava
direitos na Setin e o clã não estava disposto a ceder. A pendenga causou
dissabores particulares e atrapalhou os negócios. Em litígio, a empresa
não poderia abrir o capital – uma das ideias de Setin.
O jeito foi buscar outra alternativa para não sucumbir aos rivais.
Setin contratou um banco de investimento para ajudá-lo nas negociações e
fechou uma operação de fusão com a Klabin Segall, que já tinha feito
IPO e precisava de fôlego para crescer. Setin se tornou sócio da empresa
ao lado dos irmãos Sérgio e Oscar Segall. As duas foram integradas –
exceção feita a alguns projetos e à parte de hotéis da Setin, mantidos
em um pequeno escritório separado. A vida parecia finalmente ter entrado
no eixo. Até que veio a crise de 2008.
“A empresa estava alavancada e com a dívida mal estruturada. Tivemos de
chamar os acionistas num momento em que estava todo mundo quebrando. No
banco, você não conseguia nem marcar reunião”, lembra Setin. Mais uma
vez, os dilemas com a empresa aconteciam em um momento complicado da
vida pessoal.
Polêmica
A Setin é dona do terreno do Parque Augusta, em São Paulo, que os vizinhos queriam que fosse desapropriado pela prefeitura
Uma de suas filhas foi sequestrada e ficou 29 dias no cativeiro. A
outra estava a dias de ir para a maternidade. Nem por isso ele deixava
de aparecer no escritório. “Eu ia ficar em casa chorando?
Meus sócios
não acreditavam. Talvez porque eu tenha passado por tantas experiências
difíceis acabei me tornando um cara mais cascudo”, diz. Segundo ele,
essa “casca” e sua paixão pelo trabalho o mantiveram empreendendo depois
de tantos altos e baixos.
Para a Klabin Segall, a solução para a crise foi a venda. Setin, porém,
não conseguiu ficar parado.
Voltou para o pequeno escritório onde
funcionavam os negócios que restaram da Setin, readquiriu o direito de
competir no mercado e recomeçou a empresa. Só que desta vez ela seria
apenas uma incorporadora. A parte de construção passou a ser
terceirizada, e a equipe exclusiva de vendas só começou a ser montada
novamente no ano passado, por conta da crise no mercado. Em 2014, os
empreendimentos lançados pela Setin somavam um potencial de vendas de R$
500 milhões, metade do resultado atingido em 2013. Para este ano, a
expectativa é chegar a pelo menos R$ 700 milhões.
O olho do dono
Depois dessa experiência, Setin hoje está certo de que nesse mercado é
importante que as empresas sejam “de dono”. Apesar de confiar em sua
equipe, ele diz ter um pouco de receio de deixar o que construiu na mão
de um executivo. O dilema que a empresa agora deve enfrentar é
a sucessão. Setin diz não ter pressa para se aposentar. “Eu não posso
morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca o empresário. De seus seis
filhos, a única que trabalha na empresa não tem vontade de ocupar a
cadeira do pai.
Enquanto a cadeira ainda é sua, ele planeja novos investimentos em
hotéis e continua fazendo prédios, a maior parte deles na Grande São
Paulo. Um dos segmentos em que a empresa tem apostado é o de
apartamentos compactos, especialmente na região central da capital
paulista. Ali, começará em breve a construção de um edifício com
apartamentos de 18 m² a 40 m². O menor deles custa R$ 270 mil.
“Eu não posso morrer agora, tenho de dar um tempo”, brinca Setin, quando o assunto é sucessão
E a marcenaria? “Vendemos”, responde Setin, com um ar melancólico.
Segundo ele, houve um momento em que as construções passaram a dar mais
dinheiro que os móveis. Mesmo assim, até o início dos anos 2000 ela
ainda tinha muita demanda, por conta dos hotéis. Quando a procura caiu,
achou que a melhor decisão era passar o negócio para a frente. Nas mãos
do novo dono, porém, não resistiu às crises e acabou fechando. Talvez
Setin esteja mesmo certo de não querer se aposentar tão cedo.
Lembra daquelas brincadeiras de criança em que alguém escondia algo e
desenhava um mapa para encontrar o "tesouro"? Às vezes era um chocolate,
outras um brinquedo interessante e no máximo um trocado que seus pais
te davam.
Um milionário resolveu levar a brincadeira para outro patamar. Ele
escondeu US$ 2 milhões (aproximadamente R$ 6 milhões) em um baú no meio
das Montanhas Rochosas, no Novo México, e publicou um livro com diversas
pistas sobre o local onde está o tesouro - que é composto por ouro,
diamantes, rubis e safiras.
O autor dessa caça ao tesouro é Forrest Fenn. Em 1988, ele foi
diagnosticado com câncer terminal e resolveu encher um baú com algumas
coisas valiosas que possuía. O milionário conseguiu se curar, mas em
2010 achou que seria divertido seguir em frente com a brincadeira.
O resultado disso tudo? O caça ao tesouro já levou mais de 30 mil
visitantes aos Estados Unidos. E o dinheiro arrecadado com a venda do
livro, que custa US$ 124,95 na Amazon, será doado a diversas instituições que oferecem tratamento para a doença.
Quase metade das empresas da América Latina sofreu algum tipo de
prejuízo nos últimos cinco anos em função de eventos naturais extremos
causados pelas mudanças climáticas. Essa é uma das conclusões de um
levantamento inédito realizado pela consultoria PwC em parceria com os
conselhos empresariais para desenvolvimento sustentável da América
Latina. Foram ouvidos 205 executivos de algumas das maiores empresas em
operação em 18 países da região, incluindo Brasil, Argentina, Chile,
México e Panamá. No Brasil, o estudo foi realizado com apoio do Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Segundo a pesquisa, 45% das empresas já sofreram com impactos
climáticos, que afetaram diretamente suas operações ou causaram
transtornos em algum ponto da cadeia de suprimentos. As chuvas intensas e
concentradas e os longos períodos de estiagem foram apontados como os
eventos mais preocupantes - entre outras coisas porque afetam os preços
das commodities, aumentando os custos gerais de produção. Quase 60% dos
entrevistados que alegaram ter tido problemas com as mudanças
climáticas relataram transtornos em função da mudança nos regimes de
chuva.
Há também as empresas (40% no total) que passaram por dificuldades
logísticas provocadas por alagamentos e a consequente interrupção de
estradas. Outros 27% apontaram prejuízos diretos ao negócio em função de
tempestades, com danos às fábricas.
“As empresas ainda estão muito despreparadas para lidar com eventos
naturais extremos”, diz Raquel Souza, coordenadora de assuntos para
energia e mudanças climáticas do CEBDS. “No geral, os gestores só passam
a ter clareza do que chuvas e ventos intensos ou mudanças bruscas de
temperatura podem significar às suas atividades somente depois de
passarem por algum problema.”
Segundo o estudo, embora 73% dos líderes entrevistados concordem que a
mudança climática é uma questão cada vez mais importante para o negócio,
apenas 24% deles incluem os riscos ligados às mudanças climáticas em
seu planejamento estratégico.
Na sala de aula
Nesta terça-feira (11/05), o CEBDS realiza pela primeira vez no Brasil
um curso para ensinar gestores a lidar melhor com os impactos das
mudanças climáticas. O evento acontecerá em São Paulo, no hotel WZ, nos
Jardins. Com 30 profissionais cadastrados, as inscrições para esta
edição já estão esgotadas, mas a instituição deve realizar novos
programas, em breve. “Para começar, é preciso que os líderes sejam
capazes de identificar o tipo de problema que as transformações do
planeta podem causar em suas atividades”, diz Raquel. “A partir disso,
cada unidade poderá desenvolver planos para diminuir eventuais
transtornos.”
Fábrica da Embraer: em 2014, a Embraer entregou 73 jatos leves Phenom
300; segundo a empresa, foi o jato executivo com o maior número de
entregas no mundo
São Paulo - A Embraer vai transferir a produção do avião executivo Phenom para sua unidade nos Estados Unidos
a partir de 2016. A informação foi divulgada pelo Sindicato dos
Metalúrgicos de São José dos Campos ontem e teria sido confirmada pela
própria empresa na última sexta-feira, durante reunião entre a companhia
e o sindicato. Procurada, a Embraer preferiu não comentar o assunto.
O sindicato informou que a alegação da fabricante é que a transferência
faz parte de uma estratégia de mercado e do projeto de ampliação do
espaço físico da matriz, em São José dos Campos (SP).
Mas a entidade considera que a medida faz parte do processo de
desnacionalização dos aviões da Embraer e trará consequências diretas
aos trabalhadores, como fechamento de postos de trabalho e interferência
no plano de carreira dos funcionários que hoje atuam na produção do
modelo.
"O Sindicato vai dar início a uma campanha, junto com os trabalhadores,
para manter a produção do Phenom no Brasil. Vamos fazer assembleias na
fábrica e lutar em defesa do emprego", afirmou o vice-presidente da
entidade, Herbert Claros, em nota. "É um absurdo a Embraer continuar com
essa política de desnacionalização, que tanto prejudica o País quanto
os trabalhadores."
De acordo com o sindicato, o setor que produz o modelo emprega cerca de 1,5 mil trabalhadores, direta e indiretamente.
O sindicato avalia que a desnacionalização dos aviões também trará
impactos para as empresas da cadeia produtiva do setor aeronáutico e
lembra que a C&D - que realizava em Jacareí (SP) a fabricação dos
interiores das aeronaves Phenom 100, Phenom 300 e dos E-Jets 170 e 190
-, já transferiu sua produção para uma joint venture entre Embraer e a
C&D Zodiac, no México.
Entregas
No ano passado, a Embraer entregou 73 jatos leves Phenom 300. Segundo a
empresa, foi o jato executivo com o maior número de entregas no mundo.
Além disso, a fabricante brasileira entregou outros 19 Phenom 100, jato
considerado de porte básico. Parte dessas aeronaves já é produzida na
unidade da companhia em Melbourne (Flórida), nos EUA.
O jato Phenom 100 transporta de seis a oito pessoas, enquanto o Phenom
300 transporta até nove pessoas e tem fuselagem e envergadura maiores e
maior alcance do que o Phenom 100.
De acordo com dados da Embraer, no final de 2014, a frota de jatos
Phenom 100 consistia em mais de 300 aeronaves distribuídas em 27 países e
a frota do Phenom 300 contava com mais de 250 jatos distribuídos em 23
países.