Chuvas intensas seguidas de longos períodos de seca impactaram a oferta de insumos e atrapalharam a distribuição das mercadorias
Quase metade das empresas da América Latina sofreu algum tipo de
prejuízo nos últimos cinco anos em função de eventos naturais extremos
causados pelas mudanças climáticas. Essa é uma das conclusões de um
levantamento inédito realizado pela consultoria PwC em parceria com os
conselhos empresariais para desenvolvimento sustentável da América
Latina. Foram ouvidos 205 executivos de algumas das maiores empresas em
operação em 18 países da região, incluindo Brasil, Argentina, Chile,
México e Panamá. No Brasil, o estudo foi realizado com apoio do Conselho
Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).
Segundo a pesquisa, 45% das empresas já sofreram com impactos
climáticos, que afetaram diretamente suas operações ou causaram
transtornos em algum ponto da cadeia de suprimentos. As chuvas intensas e
concentradas e os longos períodos de estiagem foram apontados como os
eventos mais preocupantes - entre outras coisas porque afetam os preços
das commodities, aumentando os custos gerais de produção. Quase 60% dos
entrevistados que alegaram ter tido problemas com as mudanças
climáticas relataram transtornos em função da mudança nos regimes de
chuva.
Há também as empresas (40% no total) que passaram por dificuldades
logísticas provocadas por alagamentos e a consequente interrupção de
estradas. Outros 27% apontaram prejuízos diretos ao negócio em função de
tempestades, com danos às fábricas.
“As empresas ainda estão muito despreparadas para lidar com eventos
naturais extremos”, diz Raquel Souza, coordenadora de assuntos para
energia e mudanças climáticas do CEBDS. “No geral, os gestores só passam
a ter clareza do que chuvas e ventos intensos ou mudanças bruscas de
temperatura podem significar às suas atividades somente depois de
passarem por algum problema.”
Segundo o estudo, embora 73% dos líderes entrevistados concordem que a
mudança climática é uma questão cada vez mais importante para o negócio,
apenas 24% deles incluem os riscos ligados às mudanças climáticas em
seu planejamento estratégico.
Na sala de aula
Nesta terça-feira (11/05), o CEBDS realiza pela primeira vez no Brasil
um curso para ensinar gestores a lidar melhor com os impactos das
mudanças climáticas. O evento acontecerá em São Paulo, no hotel WZ, nos
Jardins. Com 30 profissionais cadastrados, as inscrições para esta
edição já estão esgotadas, mas a instituição deve realizar novos
programas, em breve. “Para começar, é preciso que os líderes sejam
capazes de identificar o tipo de problema que as transformações do
planeta podem causar em suas atividades”, diz Raquel. “A partir disso,
cada unidade poderá desenvolver planos para diminuir eventuais
transtornos.”
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