NR-12: Mudança de comportamento é a chave de segurança
Até que a Norma Regulamentadora 12 (NR 12) seja revisada e a
cultura da segurança no trabalho seja respeitada, o assunto continuará
sendo pauta de discussões entre especialistas e entidades industriais. A
NR 12 é a regra que regulamenta as especificações que um equipamento
deve seguir para assegurar a saúde e a integridade física do
trabalhador. A última atualização da Norma foi definida em 2010 e desde
então a indústria discute seus pontos divergentes. No ano passado, por
exemplo, a CNI reiterou o desejo e a necessidade da revisão da NR 12
junto ao Ministério do Trabalho e Emprego.
Para o engenheiro e
diretor técnico da Usiforma Safety, Rodolpho Godoy Júnior, ainda que não
concorde com todos os pontos sugeridos pela Confederação, ele reforça a
necessidade de se discutir o assunto. O especialista palestrou sobre a
NR 12 nessa segunda-feira (19) durante a Feimafe 2015, que acontece em
São Paulo até o dia 23.
Baseado em dados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), que indicam que o Brasil está entre os
dez países com maior número de acidentes de trabalho, Godoy acredita ser
essencial que o empresário brasileiro mude seu comportamento em relação
à problemática. “Quando se fala em NR 12, se fala de mudança de
postura”, afirma.
O engenheiro lembra que, somente em 2013, foram
717.911 acidentes de trabalho registrados no País, dos quais 2.503
resultaram em vítimas fatais. Entre 2011 e 2013, 221.844 acidentes
envolveram máquinas. Esses números colocam o Brasil no ranking dos dez
países com o maior índice de acidentes.
Godoy acredita que a alta
complexidade textual dificulta a interpretação dos itens inseridos na
Norma. Somente um engenheiro capacitado pode interpretar a NR 12,
entretanto, o que acontece nas fábricas hoje em dia desrespeita essa
necessidade de capacitação. Godoy conta que muitas vezes o operário é
induzido a ler e entender a norma sem nenhum conhecimento prévio
adequado, o que aumenta os riscos de interpretações indesejáveis. Além
disso, o país conta com um parque fabril defasado, o que dificulta o
cumprimento das normas de segurança atuais.
Consciente de que a
fiscalização deixa a desejar, o engenheiro reforça a necessidade de
mudar a cultura e o comportamento dos brasileiros. Para ele, empresas e
funcionários deveriam ser os próprios monitores das normas. “Existe uma
mentalidade de se burlar a segurança no Brasil”, lamenta.
Assim
como a CNI, Godoy também deseja que as normas sejam diferenciadas para
fabricantes e usuários, bem como que uma linha de corte temporal seja
aplicada. Dessa forma, não seria necessário adequar máquinas antigas
baseadas em normas vigentes à época. Hoje, fornecedor e comprador seguem
a mesma norma.
“Está sendo gasto muito dinheiro no lugar errado”,
diz. No intuito de reforçar esse apelo, o engenheiro aponta os
prejuízos que uma empresa sofre no caso de um acidente de trabalho:
propaganda negativa, desmotivação dos colaboradores, prejuízo com perda
de produtividade, prejuízo com montagem e multas trabalhistas. No
Brasil, o custo de acidentes de trabalho chega a R$ 71 bilhões ao ano.
Andamento
No
dia 26 de setembro de 2014 foi publicado no Diário Oficial da União a
Portaria Interministerial Nº 8, que cria um Comitê de Segurança em
Máquinas e Equipamentos composto por representantes de três Ministérios:
do Trabalho e Emprego, do Desenvolvimento Industrial e Comércio
Exterior e do Ministério da Fazenda com a competência primordial de
acompanhar e subsidiar o processo de revisão da NR12.
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